Um pedido, um tempo e um casamento escrita por Alexandra Watson


Capítulo 16
Primeiro aninho


Notas iniciais do capítulo

Então gente, eu fui e li os comentários e devo dizer que vocês quase me fizeram chorar, de verdade...
Amei os comentários e por causa disso tive inspiração pra escrever um outro capítulo..
*Divirtam-se*



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[Dia vinte e sete de março. Casa.]

Acordei com um barulho vindo do quarto de Zoe. Percy não estava do meu lado, então me dirigi até lá. Chegando lá, não estava surpresa ao ver que Percy estava sentado na poltrona ao lado do berço com Zoe no colo e uma mamadeira caída no chão. Já havia me acostumado com ele indo fazer ela dormir e acabar dormindo com ela no colo. Por ele estar muito cansado quase sempre, eu ia ver Zoe nas noites em que ela chorava (que se tornaram raras conforme ela foi crescendo, mas as vezes ela tinha umas recaidas), mas ela gostava mais quando Percy ia porque ela não precisava dormir no berço. Ou ele a levava para nossa cama com pena, ou acabava dormindo ali mesmo.

Zoe estava acordada e parecia meio assustada e Percy ainda estava acordando.

– Bom dia pra vocês dois.

Zoe desceu do colo de Percy e veio engatinhando até mim. Ela estava quase andando sozinha, mas caia de vez em quando, então preferia engatinhar. Peguei-a no colo e me virei para Percy.

– Você não se esqueceu de que dia é hoje, certo?

– Que dia exatamente é hoje?

– Dia vinte e sete. Pense um pouquinho.

Ele pareceu pensar e quase pude ver fumaça saindo de sua cabeça. Até que ele arregalou os olhos.

– Deuses, como pude esquecer?! – ele se levantou e veio em minha direção – Me desculpe, Zoe. Eu sou um pai terrível.

– Calma, Percy. Ainda não passou o aniversário dela, sabia?

A realidade pareceu cair sobre seus ombros e ele pareceu relaxar.

– Ah, nesse caso, o que estamos esperando? Não íamos passar a manhã no shopping?

– Sim, mas não vamos poder demorar, lembra? A noite tem a festinha dela.

– Tudo bem – ele pegou ela do meu colo. – Eu dou um banho nela enquanto você toma o seu.

– Acho que eu prefiro dar um banho nela e ter menos bagunça pra limpar depois. Não me leve a mal, amor, mas quando você dá um banho nela o banheiro fica completamente cheio d’agua.

– Mas eu seco depois ...

– Depois que eu mando, você quer dizer.

– Ok, ok. Dessa vez eu juro que seco sem você mandar, pode ser?

Estreitei os olhos para ele.

– Ok, dessa vez como um teste. Não falhe.

– Eu não vou, pode deixar – passei a mão pelos cachinho de Zoe e ele saiu, dando um beijo em minha testa no caminho.

Fui para meu banheiro tomar meu banho. Saindo de lá, de roupão, fui para o banheiro de Zoe e, surpreendentemente, ele estava seco. Fui para o quarto de Zoe, onde Percy estava sentado na cama, com ela no colo. Ela ainda estava molhada.

– Vamos, Zoe. Você consegue.

– O que a Zoe consegue? – perguntei me sentando do lado dele e secando Zoe com a toalha.

– Se secar. Ela sabe mas não está fazendo.

– Percy, ela é um bebê. Ela só vai se secar quando quiser – peguei-a em meu colo e continuei a seca-la. – Vai tomar banho.

– Tá bom, eu vou – ele me deu um beijo e saiu.

Terminei de secar Zoe e coloquei-a no berço. Peguei a blusa de acampamento de Zoe e um shorts jeans. Troquei-a e fui para meu quarto, deixei-a em cima de minha cama e fui me trocar. Dei um travesseiro pequeno pra ela brincar, assim não teria perigo ela cair da cama, já que estaria entretida em como o travesseiro é fofinho. Estava procurando um vestido meu, quando escutei a porta abrir e Percy sair de lá.

– Estão prontas?

– A Zoe sim, mas e não encontro meu vestido azul e branco.

– Olhe no meu lado do guarda-roupa – ele se jogou na cama ao lado de Zoe e começou a fazer cócegas em sua barriga. Achei o vestido e fui ao banheiro arrumar o cabelo. Escutei a gargalhada de Zoe e quando sai de lá, ela estava quase se matando de tanto rir.

– Percy, não faça tantas cócegas nela. Ela é só um bebê.

Ele fez mais um pouco de cócegas e parou. Zoe olhou desapontada pra ele e ele olhou pra mim.

– Viu? Ela gosta.

– Tá bom, vai em frente. Eu vou descer e fazer o leite dela. Leva ela daqui a pouco.

– Sim, senhora – sai do quarto. – Zoe, o que acha de nós brincarmos de avião?

Sorri e, chegando na cozinha, coloquei o leite de Zoe para esquentar e água para ferver. Quando estava colocando o leite dela na mamadeira, escutei ela e Percy descendo as escadas. Dei a mamadeira para Percy e ele entregou-a para Zoe. Quando já estávamos todos alimentados, saímos e fomos em direção ao shopping mais próximo dali.

Zoe quis ir andando e não no carrinho, então deixei Percy dar a mão a ela e eu fui levando o carrinho caso ela se cansasse.

– Onde você quer ir primeiro, amor? –perguntei a Percy.

– Não sei. O que você acha Zoe? – ele olhou pra baixo e ela olhou pra cima. Os dois pareciam se conectar ás vezes. Ela tinha uma ligação muito forte com Percy e ele com ela, claro. – Ok, vai andando que nós vamos seguir você – ele soltou a mão dela e ela foi andando.

Em determinado momento ela deu uma bambeada e caiu e, antes que Percy pudesse correr para pega-la, eu coloquei a mão em seu peito para interceptá-lo.

– Deixa ela se levantar sozinha, Percy. Ela já está bem grandinha.

– Mas ela caiu, Annie. E se ela tiver se machucado?

– Percy, ela já está até de pé. Pare de se preocupar tanto.

– Tá bom, tá bom. Olha, ela está indo em direção a aquela loja ... de brinquedos.

Fomos atrás dela e, quando entramos, ela já estava perto da sessão de bichos de pelúcia, que ficava bem na entrada. Tinha uma moça ao lado das prateleiras e, vendo as mãozinha de Zoe indo em direção aos bichinhos, pegou-a no colo.

– Oi, garotinha. Gostou de algum por aqui? – ela virou-se para a estante e deixou Zoe pegar um dos bichinhos. Ela pegou uma girafinha de pelúcia e mostrou pra mim. – Esses são os seus pais?

– Somos nós mesmos. Fez uma nova amiga, meu amor?

Ela sorriu pra mim e esticou os bracinhos. Peguei-a e agradeci a moça.

– De nada. Muito linda a filha de vocês. Como ela se chama?

– Zoe. É em homenagem a uma amiga nossa que faleceu.

– Eu sinto muito. Mas o nome dela é lindo e ela também – ela disse fazendo cosquinha levemente na barriga de Zoe.

– Obrigada – olhei para Zoe. – Você vai querer a girafinha, Zoe? Como presente?

Ela balançou a cabeça e eu entreguei a girafa a Percy. Ele foi pagar enquanto eu conversava com a moça da loja, que eu descobri se chamar Carmem.

– Pronto, Annie. Vamos?

– Vamos. Foi ótimo conhecer você, Carmem.

– O prazer foi meu. Até uma próxima.

Saímos da loja e Percy quis ir em uma loja de jogos ali perto. Mesmo com vinte e três anos, casado e com uma filha ele ainda era um crianção. Mas isso relaxava ele as vezes, quando ele tinha que ficar mais tempo no trabalho ou alguma coisa de última hora.

– Bom, pode ir atrás do que você quer que eu e Zoe vamos esperar sentadas ali no banco.

– Tudo bem. Me dê dois minutos.

Ele entrou na loja e Zoe e eu nos sentamos no banco. Ela começou a brincar com sua nova girafa no chão e, quando viu Percy saindo da loja, deixou-a de lado, se levantou e foi em direção a ele.

Minha preocupação no momento foi que havia várias pessoas passando por ali, mas elas pareciam abrir caminho para que ela passasse. Percy, quando viu que ela estava vindo em sua direção, se abaixou e esticou os braços. Várias pessoas que passavam por ali, ao invés de darem a volta por ela, parara pra observar ela andando e sorrindo. Não sei, Zoe era um imã para pessoas. Ela era uma criança muito linda (e não digo isso porque ela é quase uma cópia minha). Seu olhinhos eram milhões de vezes mais brilhantes que os meus, seus cabelos eram perfeitamente cacheados, mas tão perfeitamente que um dia me pararam na rua para perguntar se eu enrolava os cabelos dela todos os dias. Seu sorriso era idêntico ao de Percy, a não ser por ter somente alguns dentes, por isso era lindo e engraçadinho ao mesmo tempo. Enfim, é claro que Afrodite fez questão de dar uma benção enquanto Zoe ainda estava em minha barriga, mas ela me disse, depois que terminou, que Zoe não precisaria de uma grande quantidade de benção pois já era linda de nascença, ela previra. Até o momento ela estava absolutamente certa.

Voltando para o momento presente, Zoe chegou até Percy sem cair nenhuma vez e ele a pegou no colo, veio em minha direção e se sentou.

– Podemos ir almoçar? – ele pegou a girafa do chão e entregou a Zoe.

– Você já está com fome?

– Uhum.

– Então vamos –me levantei e peguei a sacola da mão dele pra pôr no carrinho. – O que você comprou?

– Um novo jogo pro vídeo game.

– Que consiste em ...?

– Não sei, quando chegar em casa em eu descubro e te conto.

– Percy, por que você ... quer saber, deixa.

Ele estava com uma cara de desentendido, mas colocou Zoe no outro braço e pegou minha mão. Fomos até a praça de alimentação e Percy foi fazer os pedidos enquanto eu alimentava Zoe. Quando ele chegou na mesa, já com seu prato, fui buscar meu prato. Voltei e Zoe já estava com uma batata frita em cada mão.

– Percy, ela acabou de comer.

– Mas ainda parece com fome. Olha só – e ele deu outra batata na mão dela.

– Pare de dar batata frita pra ela senão ela não toma leite a tarde e ai ela não vai dormir.

– E o que que tem?

– Que ela fica irritada a noite se não dormir de tarde. E a noite, como é o aniversário dela, eu não quero que ela fique emburrada. Senão ela não aproveita a festa, Cabeça de Alga.

– Tudo bem, já entendi. Se ela comer batata ela vai ficar chata de noite.

– Resumidamente é isso.

– Só mais uma então.

– Ok, só mais uma.

Ele entregou outra batata pra ela e ela abriu um sorriso enorme. Não fosse por eu ser resistente (ás vezes) a esse sorriso, Zoe já estaria obesa com todos os tipos possíveis de doença devido ao açúcar, sal e gorduras existentes. Percy, ao que parece, não podia resistir ao próprio sorriso e sempre dava parte da sua comida a Zoe. Na sua cabeça cheia de algas, isso era o certo.

Depois de almoçarmos, demos uma volta no shopping, passando pela livraria e depois pelo parque, onde Percy conseguiu um panda de pelúcia para Zoe.

Ás duas voltamos para casa e eu fui dar um banho em Zoe e coloca-la pra dormir. Voltei para a sala, onde Percy estava sentado no sofá, procurando alguma coisa pra assistir.

– Ela dormiu?

– Dormiu sim. Achou alguma coisa pra nós assistirmos?

– Tem aquele filme antigo que você gosta, mas já começou a algum tempo.

– Tudo bem, põe lá.

Ele mudou de canal e eu me sentei ao seu lado, ao passo que ele colocou um braço em meus ombros e o outro em meu joelho. Encostei a cabeça em seu peito e começamos a ver o filme. Ele tinha só umas duas horas, o que significa que só depois de ele acabar e de nós termos visto um episódio de uma série de comédia, é que Zoe acordou. Fiz menção de me levantar, mas Percy foi mais rápido do que eu.

– Deixa que eu busco ela.

– Mas eu já ia dando banho nela.

– Annie, ainda são quatro e meia. Ela vai se sujar de novo até sete horas.

– Ok, então. Pode buscar ela.

Ele saiu e voltou minutos depois com uma Zoe bocejando.

– Bom dia, Zoe – disse pegando-a em meu colo. Sabe aquela vozinha boba que você sempre faz quando fala com bebes? Então. – Dormiu bem, princesinha?

Ela me olhou por alguns segundos e fez menção de se deitar de novo em meu ombro, mas eu a detive. Me sentia um monstro fazendo isso, privando minha filha de seu soninho, mas se ela dormisse mais, não ia dormir à noite e isso seria um problema.

Percy, vendo que ela ia acabar dormindo de novo, pegou-a do meu colo e se sentou com ela no chão, para brincar. Aproveitei e fui buscar alguma coisa pra ela comer. Zoe tinha um apetite enorme (puxado do lado masculino da família) e se, enquanto estivesse brincando, percebesse que estava com fome e não tinha comida, iria começar a chorar. Adiantando isso, e prevenindo a choradeira, eu já dava sua comida antes de ela chorar, óbvio.

***********************************

Eram sete horas e depois de dar banho em Zoe, ter colocado Percy pra tomar banho e ter tomado o meu, estávamos prontos pra ir pro local da festa. Percy colocou Zoe no carro enquanto eu ligava para Thalia, que havia pedido para eu o fazer. Sete e dez nós estacionamos na rua ainda vazia que ficava em frente ao salão e fui conferir se estava tudo certo. A festa de Zoe não tinha um tema definido, eu só havia pedido por alguma coisa azul e fofa.

E ela estava exatamente assim. Azul e fofa. Coloquei Zoe no chão enquanto Percy ia conversar com um funcionário que estava ali e Zoe ficou em pé me olhando.

Dei minha mão a ela e dei uma volta pelo salão. Então Thalia e Nico chegaram com Luke e Silena e eu não vi Zoe até que os outros convidados foram chegando e Percy e eu tivemos que ir recepciona-los, com a aniversariante.

A festa correu normalmente a não ser por um quase acidente envolvendo uma filha da guerra/ladinos, uma filha do céu/submundo e uma filha da sabedoria/oceano. A questão é que tinha um pula-pula com as três dentro e duas primas querendo brincar com a menor e a menor querendo brincar sozinha. Nossa sorte foi que não haviam armas, água e nem eletricidade por perto ou poderíamos ter problemas em explicar para os convidados mortais (vizinhos e amigos de faculdade/trabalho) o porquê de três crianças normais estarem atacando umas às outras com espadas, raios e borrifos de água.

Chegamos em casa ás onze e meia. Zoe estava super elétrica ainda no banco de traz e não estava dando sinais de que ia dormir tão cedo. Dei um banho nela (afinal ela estava imunda de tanto brincar) e ela pediu pra ver TV. Sim, eu estava cansada (e Percy também), mas Zoe não estava dando sinais de que iria dormir tão cedo, aparentemente.

– Zoe, não podemos ver amanhã esse filme?

– Não, mamãe.

– Certo, então Percy, posso tomar um banho rápido? Depois você pode ir e dormir.

– Ok, Sabidinha. Vamos Zoe – ele pegou a mão dela e começou a descer as escadas. Me dirigi para o banheiro e tomei um rápido banho. Já com meu pijama, desci até a sala e achei Percy dormindo no sofá com Zoe deitada em cima dele. Ela estava quase dormindo, mas estava lutando contra o sono.

– Zoe, você não quer ir dormir e amanhã vê esse filme? Você está quase dormindo no sofá.

– Tá bom, mamãe.

Ela esticou os braços e eu a peguei. Cutuquei Percy e ele acordou num pulo.

– Pode subir, Cabeça de Alga. Você me deve essa.

Ele esfregou os olhos, assentiu e subiu. Fui atrás dele e, depois de entrar no quarto de Zoe, escutei a porta do banheiro se fechar. Coloquei Zoe no berço e lhe entreguei sua manta, a qual ela não conseguia dormir sem.

Liguei a babá eletrônica e fui para meu quarto. O chuveiro ainda estava ligado, eu percebi pelo barulho, então me deitei na cama esperando por Percy. Me virei de lado quando escutei a porta abrir e vi ele saindo lá de dentro, já com a calça do pijama.

– Ela dormiu? – ele perguntou se deitando na cama.

– Sim, eu sabia que ela não ia aguentar ver dez minutos de filme – eu disse chegando perto dele e me recostando em seu peito.

– Uma pena que nós estejamos com tanto sono. Já que Zoe vai dormir feito uma pedra e não vai acordar até amanhã de manhã – ele disse em meu ouvido.

– É, uma pena que você esteja com sono, Cabeça de Alga, porque eu estou super disposta – me apoiei em meu cotovelo, olhando pra ele.

– Sério, Sabidinha? Que boa notícia, por que eu tenho um presente pra você.

– E o que é?

– Isso – e ele me beijou. Sim, estávamos cansados. Sim, precisávamos dormir. Não, nós não íamos parar.


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Notas finais do capítulo

Ok, talvez eu tenha pulado um grande período da vida de Zoe, mas é que os bebês vão ficando mais divertidos quando eles vão crescendo. E eu não vejo a hora de ela crescer e começar a sair, tá? Vai ser no mínimo diferente..
Beijinhos
— A