Sangue Divino escrita por Bianca Bittencourt


Capítulo 37
Cap. 37 – Novo Começo.


Notas iniciais do capítulo

E é o fim da linha pessoal...
Vou sentir falta de vcs e dos comentários :'( só tenho a agradecer.
Boa leitura, espero que gostem.
Postarei o epílogo, ainda hoje, em breve.



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– O que eles querem? – Indago.

– Querem falar com você. – Percy responde.

– Eu? Como assim? Por quê?

– Ainda não disseram o porque, mas querem você. Sua mãe acha que deve ser algo sobre sua missão. Os doze olimpianos, incluindo Hades, estão lá, Kera e Hécate também estão.

Balanço a cabeça. Não é possível. O que eles podem querer a essa altura? Minha vida já está uma bagunça o que tem de errado agora? Por que eu não posso ter uma semana de estabilidade aqui? Deuses! Ah, é, vocês são a questão da vez, nem adianta pedir ajuda divina.

Depois de alguns minutos, estou reunida com os doze olimpianos, e meus pais... e Nathan, que devido a uma fofa insistência teimosa conseguiu ficar, a coragem dele de discutir com os deuses era de espantar. Estou sentada ao lado de Nathan encarando os quatorze deuses a minha frente, Annabeth e Percy estão de pé e não param de observar os pais.

– Vamos logo com isso porque tenho mais coisas a fazer. – Diz Zeus. – Atena, por favor.

– Numa decisão de consenso geral, decidimos interferir no seu caso, Courtney Marie. – A deusa da sabedoria se dirige a mim.

Levanto-me e Nathan me segue.

– O que quer dizer com isso? – Questiono.

– Quer dizer que você provou seu valor e merece que concedamos seu desejo. – Explica minha vó.

– Vocês vão... – gaguejo.

– Vamos fazer de você uma criança normal. Sem maldição, sem imortalidade, se for o que desejar.

Ouço alguns murmúrios de reprovação e vejo Zeus revirar os olhos.

– Sim! – Digo meio tonta me voltando a Atena. – Vão mesmo fazer isso por mim?

– Foi o decidido. Hécate veio até mim para relatar toda sua missão e as impressões que teve em relação a você, foi ela que pediu a reunião para que pudéssemos votar a respeito do que fazer com seu caso. Como Hécate poucas vezes vem a nós, décimos acatar o pedido, sem contar que, Héstia também se manifestou a seu favor. – Não acredito que a deusa da magia intercedeu por mim, achei que ela só sentiu pena de nós e nos ajudou na missão por capricho. E Héstia, sempre tão reservada, se apresentou diante os irmãos a meu favor? – Observando sua trajetória durante a missão, foi concluído que é uma garota esperta, corajosa, fiel e abnegada. O fato de ter sacrificado seu maior desejo e sua missão por um amigo, sem pensar duas vezes, contou muito a seu favor, Courtney. Foi uma atitude e tanto.

– Atitude estúpida. – Comenta Ares. – Estúpida, mas brava.

Sorrio e Atena continua:

– Acabamos por decidir que o que Nyx fez com você não foi justo e que como prêmio pela bravura que mostrou em missão pode decidir se quer ou não imortalidade.

– Que fique claro que votei contra isso. Não devíamos desestabilizar nossa relação com uma importante deusa por causa de uma garota meio-sangue. – Afirma Hera. Vaca.

– Como se Nyx se relacionasse bem conosco. – Deméter revira os olhos.

– Mas você foi a única. – Diz Afrodite. – Todos nós reconhecemos que as qualidades e feitos da garota merecem ser levadas em conta.

– Na verdade eu só acho que devíamos mesmo lutar com Nyx... – Rebate Ares dando de ombros.

– Eu só quero dar um basta nisso já que ando muito cheio de tarefas e não posso me dar ao luxo de continuar com isso. – Diz Hades.

Mesmo cada um tendo motivos variados, onze olimpianos decidiram me ajudar por decisão própria. Isso é incrível.

– Se for o que quer, então iremos atrás de Nyx e sua imortalidade será tirada. – Conclui Ártemis.

As palavras ecoam em minha cabeça de maneira abafada... realmente vou ser recompensada, finalmente tenho uma chance de ser normal... na medida do possível.

– E tudo que mais quero no mundo.

– Tremenda ingratidão. – Diz Zeus revirando os olhos. – Mas se é o que deseja, terá que abrir mão de um de seus lados.

Mordo o lábio. Já tomei minha decisão, mas não sei se vai soar bem em voz alta.

– Escolho abrir mão do que me foi concedido pelo lado de Atena. – A deusa me olha de maneira neutra. – Acho que os poderes relacionados ao lado de Poseidon me serão mais úteis ao longo das batalhas em minha vida, até porque, o meu lado esperto já faz parte de mim, o que eu tinha para conquistar do lado da minha avó, já conquistei. Mesmo que digam que tiraram minha sabedoria de mim isso nunca vai acontecer, os meus poderes podem ser tomados de mim, mas meu intelecto está pregado a quem eu sou. O que Atena me concedeu faz parte de minha alma, por isso sei que o mais sábio vai ser abrir mão disso, porque é o que na verdade, nunca poderão tirar de mim.

Annabeth e Atena sorriem orgulhosas. Fiz mesmo a decisão certa. Deuses! Minha vó está orgulhosa de mim!

– Tanto faz. – Diz Hades. – Vamos logo com isso.

Atena e Zeus se aproximam de mim. O deus dos céus transforma seu raio em um cajado com uma águia na ponta, sua filha pega minha mão ainda sorrindo e murmura algumas palavras. Uma luz cinza sai do meu peito e se conecta ao cajado, como se estivesse sendo sugada pela boca da águia. Sinto como se tivesse levado uma facada quando a luz some. Tombo e teria caído no chão se Nathan não tivesse me pego. O olhar dele parece tão desesperado que me forço a murmurar “estou bem”. Ele acaricia meu cabelo e me senta.

– Olhem, eu realmente tenho muitos projetos para terminar... – começa Hefesto.

– Eu tenho muitas almas para controlar. – Diz Hades.

– Eu só quero sair daqui. – Diz o Sr.D.

– Estou esperando a parte em que diz que já podemos ir ao Palácio de Nyx. – Diz Ares.

Deuses chatos.

– Preciso partir com minhas caçadoras. – Explica Ártemis.

– E por mais que eu adore ver a demonstração de carinho desse herói pela mocinha, tenho um horário a cumprir. – Diz Afrodite.

Mocinha foi a pior descrição de todas. Quase morri pelo herói que está me segurando agora, está bem?! Mocinha não faz meu tipo. Não faz nem o tipo da sua filha, senhorita. Reviro os olhos.

– Tá! Já entendemos que vocês tem que ir. Vocês têm algo mais à dizer para minha filha? – Questiona Annabeth.

– Apenas que Apolo, Ares e Zeus irão pessoalmente tratar do problema com Nyx, amanhã de manhã, quando Apolo estiver mais forte. – Responde Atena. – Reunião encerrada. Boa sorte, menina. – Ela pisca para mim e desaparece.

– Obrigada. – Sussurro.

Todos vão se retirando ou desaparecendo. Poseidon acena para mim e ao meu pai antes de se tornar brisa do mar. Zeus quase faz um terremoto enquanto se junta ao seu raio e sobe ao Olimpo. Kera, que sei que é neutra e só deve ter vindo assistir o desenrolar dos fatos, sai calmamente ao lado de Héstia, que passa ao meu lado para me dirigir um sorriso terno.

Apenas Apolo fica – e meus pais. Nathan senta ao meu lado e passa o braço pela minha cintura.

– Desculpa não poder fazer nada sobre isso. – Lamenta o deus se dirigindo a mim. Encaro os cabelos loiros bagunçados de maneira planejada e o corpo atlético e esbelto a minha frente.

– Tudo bem. Sei que vai passar logo. – Apesar de a dor estar bem aguda ainda...

Percebo o olhar afiado que Nathan lança a ele.

– Ei! Relaxa, até parece que eu faria mal a ela. – O deus sorri, é o sorriso mais branco que já vi na vida. Vou ficar cega se ele continuar tão perto. Aperto os olhos.

– Eu sei que não faria nada contra ela. – Diz Nathan. – Meu problema é com você.

– Não devia ser tão malvado com seu próprio pai garoto. – Apolo rebate com um olhar descontraído. Ele ainda não entendeu que esse é o problema?

– Você não é meu pai. – Ele diz calmamente. Meus olhos encontram os olhos de Nathan e tento dar algum suporte a ele. O deus do porte atlético arqueia as sobrancelhas. – Essa é a primeira vez que te vejo, nunca ligou para minha existência, nunca se preocupou comigo quando estava num maldito orfanato, nunca me ouviu, nunca apareceu para ajudar minha mãe. Você não se importa! – Grita. – Aquele homem, - ele aponta para Percy que está ligeiramente espantado – é mais meu pai do que você pode sonhar em ser um dia. Sou grato pela herança que me deu, mas não quero ser associado a você além disso.

– Percy sempre foi um homem de sorte. – Diz Apolo num tom baixo. Ele não parece abalado, mas com certeza não está feliz com o discurso raivoso do filho. – Você é um garoto incrível. Sinto muito ter te decepcionado tanto. Espero que seja feliz, vou garantir pessoalmente que a garota que ama tenha o que deseja, é o mínimo que posso fazer.

O deus se vira e sai do recinto. Percy se aproxima.

– Pode ser a última vez que vê seu pai e é isso que quis dizer? Que o odeia? Todos os deuses têm defeitos, Nathan. Não podem ser presentes na vida dos filhos, mas não tem muita opção. Apolo não é um cara ruim.

– Então onde ele estava enquanto minha mãe morria? Ele não me ouviu. Nunca vou perdoá-lo por isso. Talvez eu consiga perdoá-lo em parte se ele cumprir o que prometeu, vencer Nyx e permitir que vocês sejam uma família do jeito que sempre quiseram.

– Você disse que... disse que nunca tinha conhecido sua mãe. Disse que por isso não se sentia mal em relação a isso, por isso nunca pensei em associar sua mãe ao seu ódio por Apolo.

– Eu menti. Me desculpe, mas eu mal te conhecia e odeio falar disso. Quando perguntou sobre minha mãe preferi deixar subentendido que ela morreu no parto. Disse isso a muita gente, quando digo que não a conheci, não tenho motivos para sentir falta dela. – Ele respira fundo. - Ela não morreu no parto, ela morreu quando eu tinha quatro anos, me lembro de muito pouco.

– Oh, Nathan... – digo.

– Mas nunca vou esquecer do rosto dela quando me colocava para dormir e me falava sobre meu pai. – Continua. - Nunca vou esquecer o quanto chorei vendo minha mãe naquela cama, e quantas vezes pedi a meu pai que aparecesse e curasse ela. Ele nunca apareceu, e ela morreu de tuberculose. – Ele conclui com a voz amarga.

Lembro-me de quando ele me disse para não sentir muito e sei que sentir dó dele só o fará sentir fraco e ficar pior.

– Então entendo porque não quer aceitá-lo, eu também não o faria. – Digo.

Ele me olha e sei que seu olhar é um agradecimento silencioso.

– Sua mãe estaria orgulhosa do homem que é. – Afirma minha mãe. - E ela pode ficar em paz onde está porque mesmo sem Apolo, você tem uma família aqui. Tem ao Percy, tem a minha filha, tem seus irmãos. E quero que saiba que também vou estar aqui se precisar.

– Agradeço muito, Annabeth.

– Agora, me corta Nathan. – Digo subitamente.

– O quê? – Ele indaga ligeiramente assustado.

– Só faz isso.

Ele pega minha adaga e corta de leve meu dedo. Sorrio enquanto observo a gota sangue escorrer. Vermelha. Abraço o pescoço de Nathan e fico por assim um tempo, me permitindo pensar no meu futuro, pela primeira vez desde que descobri quem eu era, me permito sonhar sobre meu futuro.

Desenterro minha cabeça do pescoço de Nathan e digo com uma voz meio entediada:

– Aliás, espero que estejam de acordo com meu novo namorado.

– Claro que estamos. – Afirma Annie.

– Eu não teria escolhido melhor namorado para você. – Diz Percy com falsa seriedade.

Eu e minha mãe damos risada e Nathan dá um sorriso torto meio sem graça.

Tenho um namorado incrível, pais maravilhosos e uma melhor amiga leal. Tenho o agora e as chances de um ótimo futuro, é o que basta. Eu tenho tudo que preciso. Tenho família.

O tempo voltou a correr para mim. A partir de agora, cada minuto conta, e vou fazer valer a pena.


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Notas finais do capítulo

=D



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