Sangue Divino escrita por Bianca Bittencourt


Capítulo 17
Cap.17 –Para lutar é preciso ser preciso.


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde^^ Espero que gostem do capitulo.



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Eu e Sophie nos aproximamos de Nathan, quando ele percebe que estamos indo em direção a ele diretamente para de atacar furiosamente o boneco, abaixa a espada e nos encara, esperando. Fico de frente para ele, como se fosse confronta-lo, minha expressão não deve estar demonstrando algo melhor, tento sorrir, mas acho que deve ter soado falso. A filha de Afrodite apenas se encolhe atrás de mim, quieta, mas logo abaixa os ombros e levanta o rosto com a mesma expressão focada que a minha.

Nathan franze a testa e diz cautelosamente:

–Oi.

–Olá. –Respondo.

–Oi. –Murmura Sophie.

–Preciso falar com você. Perguntar algo na verdade. –Ele levanta uma sobrancelha, entendo isso como uma indicação a Sophie, então, aponto para ela e completo: –Ela está incluída no assunto.

–Está bem. Pergunte.

–Bom, para começar, recebi uma missão. –Ele agora levanta as duas sobrancelhas e me encara perplexo. –Não que eu esteja muito feliz com isso de me colocar em perigo e levar gente comigo mas eu preciso de dois acompanhantes, você vive aqui a mais tempo que eu, deve saber. Gostaria de saber se você iria à missão comigo.

Nathan me encara, e esboça um sorriso com o canto da boca, entretido. O que ele tem?

–Só há um jeito de saber, não é? Pergunte-me.

Reviro os olhos, mas não estou com tempo para brincadeirinha.

–Você quer ir à missão?

–Hum. E onde a princesinha entra nisso? –Ele indaga, indicando Sophie.

–Sou a acompanhante número um. –Sophie responde, confrontando-o a zombar.

–Já fui rebaixado a dois?

–É... –Ela diz, fingindo teatralmente sentir muito.

–Sim ou não? –Pergunto impaciente.

–Deixe-me ver. Temos uma deusa novata privada de poderes, uma boneca Barbie e um, um guerreiro. Acho que seremos o trio de ouro do ano.

Olho para Sophie, ela se mantém neutra, como sempre em situações e que deveria se sentir honrada, apesar de que foi para zombar dela o comentário, e se bem que ela é mesmo uma boneca, não deve ser muito novo. Já os adjetivos ao meu respeito não foram lá muito legais. Pressiono os lábios, mais nervosa do que apreensiva.

–Eu aceito. –Nathan afirma.

–Acabou de dizer que estamos fadados ao fracasso. Por que, então, quer ir? –Questiono em desdém.

–Primeiro, não disse isso, disse que somos um time aparentemente fraco, e que claramente pioraria sem mim. Segundo, seu pai é um dos homens que eu mais respeito, devo muito a ele, o mínimo seria proteger a filha dele enquanto posso, e isso será uma ótima oportunidade. –Ele explica. Não posso negar que soou ligeiramente fofo apesar de convencido. –E por último, nenhum guerreiro de verdade nega ou teme uma missão, independentemente das circunstancias.

–Soou convincente. –Constato.

Sophie sorri, provavelmente só para parecer simpática e esconder a empolgação. Nathan levanta um canto da boca em um sorriso torto, debilmente sedutor.

–Etapa um, concluída. –Afirmo.

–O quê? –Indaga Sophie.

–Arranjar acompanhantes!

–Ah... claro.

–Vamos à etapa dois.

–Que é...?

–Se é a que estou pensando. Adoraria acompanha-las, senhoritas. –Diz Nathan.

–Deve ser o que está pensando. Mas não nos chame de senhoritas soa muito formal.

–Está bem, Courtney Marie.

Ótimo. Ele claramente quer me irritar. Não vou me irritar. Respondo com calma:

–Também não use meu nome composto.

–Entendido... –Ele começa a dizer.

–E corta! –Digo. –Vamos às armas.

–Muito bem.

–Percy! –Grito, fazendo olhar para mim. –Vou para o arsenal. Você vai ter que treinar sem mim, desculpa!

–Tudo bem. –Ele grita de volta. Sorrindo. Poucas vezes ele deve se deixar abalar, parece sempre alguém com quem você pode ficar se precisar de companhia.

Sorrio de volta e acompanho Nathan, que anda na frente, rumo ao arsenal. Ele não demonstra, mas pela pressa, está muito empolgado em ver as armas. Eu nem sei o que pensar, cada um vai ter que escolher uma arma específica, e é claro que quero levar adagas, mas ter um estoque de facas provavelmente não é a melhor opção.

No arsenal, tudo cheira a pó e metal, não que metal tenha um cheio muito específico, mas tenho certeza de que é isso. Um amontoado totalmente desorganizado de armas está na nossa frente. Nathan é o único que parece confortável nesse lugar que mais parece um caverna de dragão, daquelas amontoadas de riquezas; ele parece bem familiarizado, não ficaria surpresa se ele dissesse que sabe o nome de todas essas coisas.

–Querem ajuda meninas? –Nathan questiona com um ar de instrutor. Sinto-me muito tentada a dizer não na cara dele mas Sophie se pronuncia antes de mim:

–Claro.

–E o que você sabe fazer princesa?

–Muito pouco na verdade. –Ela confessa com inocência. Entendi. A tática do “preciso de um príncipe que me instrua e proteja”. Patético.

–Você parece ter mãos leves, apesar de não ser muito precisa pelo que vi em aula.

–Sim. –Ela confirma sem se abalar. Sophie mal é afetada pelo orgulho, invejo isso.

–O problema é que não deve ter encontrado algo com o que seja precisa. Vasculhe a sala, e pegue a arma que mais te chamar a atenção, a que você mais gostar. –Ele instrui.

Ela assente com a cabeça, sorri, e sai andando pela sala, atenta aos objetos. Enquanto olho para ela mal percebo que Nathan passou a me encarar.

–Já sei no que sou boa. Só não sei se é prático. –Eu me apresso em dizer.

–Levar um monte de adagas realmente não será muito prático. Mas eu tive uma ideia melhor. Suas habilidades são resumidas em mira a distância, não?

–É. –Respondo. É verdade, mas isso faz com que eu me sinta diminuída, é tão pouco.

–Eu vi você na captura. É muito boa. –Ele elogia.

Franzo a testa e encaro ele. Nathan apenas sustenta meu olhar, quieto. Ele não é muito de falar, constato, só se sente obrigado a nos instruir precisamente, por isso sei que foi um elogio técnico, ele continua com a expressão firme.

–Obrigada. –Agradeço.

–Venha. –Ele pede, e eu o sigo até um canto da sala onde há estantes por toda parede, e as estantes estão cobertas de caixas, ele pega uma caixa que parece um pequeno baú vinho com alça de couro. –Sabe o que são shurikens?

–Sim... –Digo enquanto me lembro. –Shuriken significa lamina que se atira, as adagas que atiro podem ser consideradas shurikens, mas existem várias diferentes... não sei porque ainda não tinha pensado nisso!

–Provavelmente porque estava sem tempo. Mas tudo bem. Bom, nessa caixa há diversos shurikens planos em forma de estrela, alguns com ponta de meia lua outros tem pontas que parecem mais com garras. Você deve gostar, são mais leves que adagas e mais precisos, todos são de bronze celestial. Experimente.

–Obrigada. Isso deve ajudar bastante.

A sombra de um sorriso passa pelo rosto dele.

–Tem mais uma coisa. –Ele continua. –Se você é boa com mira a distância, deve não só ser boa com shurikens como deve ser boa no arco e flecha, apesar de terem modos diferentes de arremesso e exigirem diferentes forças é um principio semelhante, deve conseguir também. Há um arco curto composto de osso e uma alijava de flechas com ponta de bronze celestial naquele canto, deve gostar.

–Faz sentido. –Digo. –Mais alguma ideia? –Sinto-me tentada a acrescentar “instrutor” mas não quero irrita-lo, ele está fazendo isso com boa vontade, fiz uma boa escolha, Nathan pode ser distante, mas ainda sabe muito bem o que faz.

–Na verdade, sim.

–Então diga. –Falo um pouco empolgada, quero soar amiga não comandante.

–Vocês duas podem não ser muito boas com espadas, mas deviam aprender um pouco, já que são armas comuns em batalha e as vezes não temos escolha. Nem é uma ideia, é só um comentário.

–É um bom comentário. Vou tentar. –Digo.

Ele assente.

Sophie aparece diante de nós com um objeto brilhante no pulso, um bracelete? Não, são diversos fios finos envolvendo seu pulso frouxamente. Ela está segurando um chicote.

–Deuses! Ótima escolha, Sophie. –Afirma Nathan, ele deve estar mesmo surpreso para chama-la pelo nome.

–Um chicote? –Pergunto me direcionando a ela.

–Sim. –Ela responde feliz. –Foi o que mais me chamou a atenção, é bem bonito e parece ser algo prático se eu souber usar.

–Eu acredito que tenha encontrado seu objeto de precisão com sucesso. –Diz Nathan. –É algo que pode ser usado a longa distância, e esse em especial é bem potente.

–Sério? –Indaga Sophie.

–Sim. Está vendo como ele brilha em tons diferentes?

–Claro, é o que mais me chamou a atenção. –Ela responde, ainda sorrindo por ter sido parabenizada.

–Bem, não é decorativo. Esse chicote não é só feito de bronze celestial, é feito também de ouro imperial, ferro, prata e diamante, portanto pode ser usado para muita coisa, mas exige precisão, porque pode ferir mortais. Foi feito por Hefesto, para Afrodite, por isso é uma arma tão bonita, mas Afrodite negou usa-la.

Sophie parece meio espantada. Não deve ter sido intencional ela ter escolhido essa arma, mas até eu estou impressionada e me sinto tentada e questionar, o quê acabo fazendo:

–Por que você não a usa, Nathan?

–É realmente uma arma única, mas esse tipo de arma exige mais delicadeza e precisão do que força, por isso é mais bem utilizado por mulheres. –Ele responde de maneira sensata. Gostei de como soou “mulheres”.

–Não sei... –Começa Sophie.

–Se essa arma acabou indo até você, é porque consegue, sim. Esse é o seu pior defeito, insegurança. Você não confia em se mesma! Mas se confia em mim, posso dizer para você que eu tenho total fé de que você consegue usar isso. –Digo.

Ela parece surpresa por um segundo, retira a arma do pulso, estou pronta para protestar para que ela fique com a arma quando percebo que ela agarra o cabo e observa enquanto deixa a cauda escorrer reluzente pelo chão.

–Confio em você. –Diz Sophie. Ela levanta a cabeça e nossos olhares se encontram, eu sorrio e ela sorri de volta.

–Então... –Nathan pigarreia. -Acho que devemos treinar, não?

–Hum, não. –Ele me encara, confuso. –Primeiro, porque temos que comer antes de treinar. Segundo, porque ainda não vimos você fazer sua escolha.

–Está bem.

E sem dizer mais nada ele vaga pela sala com o olhar vazio, provavelmente em busca da arma que já escolheu mentalmente. Eu e Sophie nos encaramos, apreensivas. Quando Nathan volta, está segurando duas espadas adornadas curtas com a mão direita e, na esquerda, segura uma espada com duas laminas, parece ligeiramente com um “S” e o local onde ele segura é bem no centro, são armas bem... cinematográficas.

–O quê é isso? –Questiono sem conseguir me conter.

–Minha escolha. –Ele afirma. –Isso, -ele levanta a mão com as duas espadas curtas de bronze celestial, curvadas na ponta, com laminas adornadas e empunhadura contorcida formando a forma não muito clara de um dragão- são duas cimitarras curtas para serem usadas em conjunto, e isso –ele levanta a mão com a outra lamina, a curvada com empunhadura no centro, agora que observo melhor posso ver que é dourada, ouro imperial, sem dúvida- é uma espada de duas lâminas. Essas armas exigem manejo com tática, não costumam ter muito disso entre os gregos,-Nathan dirige o olhar para cima, provavelmente resgatando lembranças- mas Percy me ajudou bastante estudando diversas técnicas comigo, provavelmente deve ter ajudado ele ter passado um tempo ressaltando o lado romano no passado. O Acampamento Júpiter é bem legal, mas cada um sente seu lugar acho, e para mim, nada consegue ser melhor que aqui.

E, então, ele abaixa o olhar e nos encara.

–Parecem armas legais, não faço ideia de como usar mas se você faz, deve ser demais. Agora acho que devemos comer e nos encontrar de novo na arena em uma hora para começarmos a treinar conhecer e combinar nossas habilidades. –Digo.

–Não teria dito melhor. –Afirma Nathan levantando as sobrancelhas, provavelmente impressionado antes de se lembrar que sou neta da deusa da estratégia, não é como se não estivesse na minha natureza.

Seguro a caixa com mais força e vou até o canto, pego o arco de osso e a alijava, até já tinha pensado nisso, parece legal.

Como na mesa de Poseidon, meu pai não está aqui, ainda deve estar treinando, ou já comeu e voltou para arena, sendo fim de semana ele não tem aulas para dar. Eu prefiro essa mesa porque é a mais vazia e não quero responder muitas perguntas sobre as armas que estou carregando, não são tão discretas quanto o chicote de Sophie, que ela recolocou no pulso com cuidado. Para minha surpresa, Mark aparece e se senta ao meu lado, ele parece mais a vontade, não consigo impedir me sentir feliz por isso.

–Olá. –Ele cumprimenta. –Arco e flecha?

–É, estou tentando coisas novas para missão. –Digo, sem perceber que citei a missão como impulso. Droga.

–Missão? –Mark indaga.

–É. –Afirmo. Não posso mentir a essa altura.

Ele continua a me encarar confuso, então acrescento:

–Recebi uma missão.

–Oh. Eu nem sei se eu te parabenizo ou se sinto muito.

–Eu também não sei. –Afirmo.

–Já escolheu que vai te acompanhar? –E era o que eu temia...

–Na verdade, sim. –Ele não parece magoado. Bom. –Vou com Sophie e Nathan. Por favor, não se sinta mal por não ter escolhido você, não é porque eu não acho que você não consegue ou porque tenho dó de você. De jeito nenhum. Eu acredito que você seja muito capaz, só não quis envolver você nisso, de verdade, você é ótimo Mark, mas já tem problemas o suficiente para que eu te ajude a se jogar no perigo.

Ele ri bem brevemente e diz sorrindo:

–Ei. Calma. Tudo bem, eu entendo.

Sorrio. Ufa, estava com tanto medo de magoa-lo, ele já é tão reservado.

Termino de tomar meu café da manhã e vou para a arena com minhas novas armas. Nathan e Percy já estão treinando juntos. Não, não tenho ciúme... talvez, só um pouco. Sophie chega logo atrás de mim e nos aproximamos deles. Percebo que Annabeth também está aqui, pela cara dela parece que foi a um enterro, quando ela avista a mim e a Sophie sua expressão ameniza um pouco, mas não muito. Começo a me dirigir à Annie, mas ela levanta antes e nos conduz a ir até os “meninos”.

Logo que Annabeth chega perto deles, Percy para de lutar e coloca tampa na espada que imediatamente vira uma caneta -isso nunca deve deixar de ser impressionante-, e passa um braço em torno da cintura dela. Parecem tão jovens. Nathan pare de luta logo em seguida, abaixando as duas espadas –cimitarras- com que estava treinando. Quando todos estão perto, formando um círculo, minha mãe diz firme:

–Falei com o Quíron. Vocês partem amanhã. De manhã. –Penso em quanto esforço ela deve ter tido para falar isso em um tom tão normal.

Todos apenas a encaram, e então, Nathan assente de leve e Sophie faz o mesmo, eu não, apenas encaro meus pais, eles devem estar acostumados com missões e mandar pessoas para elas, mas eu sei o quanto já fizeram por mim, sei que significo muito para eles, não deve ser fácil eles se manterem tão neutros. Não consigo dizer nada além de:

–Então temos que treinar bastante hoje.

Annabeth sorri e responde:

–Com certeza. –A ideia de me preparar deve tê-la animado.

Nathan demonstra habilidades impressionantes tanto com uma como com duas espadas. Eu descobri que ele tinha razão, as laminas com esse formato são mais precisas e leves para mim. Sophie está se saindo muito bem, mais do que o esperado. No inicio, a filha de Afrodite estava bem insegura e assustada, acertando tudo menos o alvo, o que era meio perigoso para todos, mas agora ela está indo incrivelmente bem, acertando sequencialmente o alvo, meus gritos de apoio devem ter parte nisso, não parei de gritar “Você consegue!” por uma meia hora. Ela dilacerando os bonecos de aço, o que é ao mesmo tempo impressionante e um problema, deviam ser bonecos quase indestrutíveis, mas o material do chicote envolve diamante. Fiz uma nota mental de nunca passar perto do alcance disso enquanto estiver sendo usado.

Fomos obrigados a parar, parte por que Sophie estava estragando bonecos de mais e parte porque Annabeth já estava pirando dizendo que tínhamos que almoçar e estava ficando tarde para isso.

Não tenho nem palavras para descrever o quão péssimo soa toda vez que eu me lembro que amanhã terei que partir.


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