Sangue Divino escrita por Bianca Bittencourt


Capítulo 11
Cap.11 -O Sangue do Herói.


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem não ter postado semana passada gente! É que meus parentes estavam aqui em casa para meu aniversário de 15 anos e blá blá blá. Poxa... vocês não comentam, o numero de favoritados caiu... isso magoa okay? :' Faço o melhor que posso, mas se continua assim eu vou parar de postar e me concentrar no meu livro que eu tenho que terminar.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/517549/chapter/11

–O que você é? –Pergunto assustada e de olhos arregalados.

–Querida, isso não é importante, só se concentre na história, está bem?

–Não! Claro que não. Não consigo me concentrar em nada estando na frente de uma garota que tem uma fogueira interna. –Digo tentando parecer calma, mas com certeza de que pareceu forçado.

Ela permanece em silêncio. A fogueira diminui cada vez mais e o frio está aumentando. Não sei quanto tempo passou, talvez uns três minutos de silêncio, quando ela disse.

–Muito bem. Calma é uma boa virtude. –Na verdade acho que essa virtude me irrita, porque a maneira lenta com que ela fala me dá vontade de pular no pescoço dela, mas algo me diz que seria idiotice. –E não adianta ficar com raiva de mim. Sou imortal.

Agora parece que há uma fogueira na minha cabeça. Tudo está claro. Como não pensei nisso antes?

–Você é Hés...!

–Cuidado com o que diz, menina! –Ela diz rápido me cortando. –Palavras tem poder. Nomes também.

–O.k. –Digo meio constrangida. –Como quer que eu a chame?

–Não preciso que me chame de nada. Mas a final, quer me ouvir ou não? –A mistura de impaciência e gentileza na fala dela me confunde, porém, há uma deusa na minha frente, não escutar o que ela tem a contar seria total burrice, e... eu tenho que confessar que estou curiosa.

–Claro.

–Acho que já deve conhecer Hércules, não?

–Sim, claro.

–Bom... deve conhecer as bobagens que falam da história dele também. Poucos conhecem a verdadeira história. Foi uma polêmica olimpiana e tanto.

–E você deve conhecer a real historia...

–Isso.

–Mas... como isso vai me ajudar?

–Ah, não vai. Era só um exemplo de filho de Zeus que virou um deus, o que vai te ajudar é a história de um outro filho de Zeus, que não aceitou o dom da imortalidade por mais inevitável que parecesse. Posso começar a história?

–Pode.

–Há muito tempo, um filho de Zeus e uma filha de Deméter se apaixonaram, eles tiverem um filho, nomeado Pólux.

Antes que eu pudesse começar a questionar o fato de que Pólux deveria ser um filho de Zeus (com uma história estranho que envolve um cisne), ela me cortou –o nome deve ser uma homenagem a esse cara, não ele em si- dizendo:

–Ele foi tomado como descendente de Zeus, já que era forte e tinha certo controle em relação ao clima, mas ele começou a desenvolver muitos dons de jardinagem, evidenciando os poderes herdados do sangue de Deméter.

Tem muitas questões rodando na minha cabeça, mas não importa mais, eu só quero ouvir. Preciso saber de tudo. Só tenho medo de como isso pode ter acabado.

–O icor dourado começou a tomar conta de seu corpo. A imortalidade começou a dominá-lo. Até que ele começou a perceber que quanto mais ele usava os poderes, mais ele se sentia poderoso, e mais ele sentia os poderes dominando seu sangue. Era isso. A chave eram os poderes. Ele parou de usar eles imediatamente, e depois foi descobrir que o que realmente importava é que ele sufocasse seu lado relacionado ao deus maior em seu sangue, Zeus, ele não podia usar os poderes que vinham dele, e isso iria torna-lo mortal novamente. Ele nunca mais usou seus poderes.

E então... ela parou de falar. Acho que é minha deixa.

–Para sempre? E depois? Ele voltou mesmo a ser mortal?

–Ah. Sim. –Ela diz voltando ao tom avoado.

–E as histórias? Por que não a nada relatado sobre ele?

–Oh. São muitos os relatos, quer dizer, eram. Eles realmente existiram. Foram as missões que ele fez ao longo da vida. Menos a visita ao submundo... aquilo é bobagem. Ele se apaixonou por uma mortal, casou com ela, e sempre mantendo o cuidado de não usar seus poderes, teve uma vida muito boa e dois filhos, foi um herói marcado na história, que ficou um pouco aumentada ao longo dos tempos e com pontos que Zeus quis ocultar da história, já que esse era um neto dele que não queria ter imortalidade e ficar ao seu lado, era vergonhoso. Ao longo das décadas, o Rei dos Olimpianos conseguiu acabar com todos os vestígios da existência dele, e os que ainda persistiram foram atribuídos ao Pólux, filho de Zeus e Leda.

Provavelmente pela minha cara de perdida, Héstia prosseguiu.

–Acho que compreendeu o recado, pequena. –Isso soou irônico já que ela é aparentemente menor que eu. –Quer ser mortal e conquistar felicidade e talvez até gloria, então já sabe por onde começar, sabe o que fazer, não vai ser fácil considerando que você não pode sufocar o que o sangue de Atena te dá, querida. Vai ter que se esforçar.

Eu sei o que ela quer dizer. Eu me sinto assustada, mas também sinto muita gratidão. Ela é a deusa do lar, e veio me dar esperança. Gostaria de abraçá-la, mas não parece seguro por algum motivo. A sensação de conforto que ela estava me proporcionando sumiu e o frio voltou. A fogueira já está nas brasas.

–Hora de ir. –Ela diz já se levantando.

Apenas uma coisa passa pela minha cabeça, nem sei por que, posso nunca mais vê-la e tudo que pergunto é:

–Então, Pólux nunca cogitou ficar com a imortalidade? Por que?

–Acho que você sabe qual é a resposta. –Ela responde, objetiva. Só me deixa ainda mais confusa, eu deveria saber por que não quero imortalidade, não é? Eu tenho claro para mim que não quero, mas nem sei exatamente o por que.

Eu sorrio involuntariamente, e então eu percebo no que estou pensando: conheço apenas uma pessoa que desistiu da imortalidade, e foi pensando no amor. Essa pessoa foi Percy. Foi meu pai. Pela minha mãe.

A conversa foi curta, mas sinto que a ouvi por horas, como não percebi o quanto estava cansada? Preciso descansar. Será melhor se eu for para o Chalé 3, lá só vão haver duas, ou três, “pessoas” para reclamar do fato de que eu já devia ter dormido. Ando até o Chalé de Poseidon, sendo possuída pelo frio, sentido o cheiro de morango e a umidade do ambiente marítimo se aproximando cada vez mais.

O interior o chalé está bem quentinho, e o cheiro da brisa do mar quase anula o dos morangos, deixando o ambiente extremamente agradável. Enquanto me aproximo da cama, quase sonhando com a maciez da coberta uma frase percorre minha cabeça como um mantra “Por favor, que ninguém acorde” não estou a fim de falar nada, só descansar e pensar.

Mais de um(a) deus(a) está de bem comigo já que meu pedido foi atendido, pude deitar e dormir. Parece que passaram três segundos e eu acordei, não foi lá uma noite maravilhosa, mas acho que tenho energia para mais um dia agora. Fui poupada de explicações à noite, mas sei o que está por vir, mesmo que eles não descubram, eu preciso contar. Eu descobri como salvar... a mim mesma, e é estranho mas acho que eles estão mais interessados em me ajudar do que eu mesma em me livrar disso, mesmo que não por completo.

Sento na cama e tento focar minha visão em algum relógio, o que, pensando bem, nunca vi facilmente por aqui, mas deve ter algum. A pesar de não conseguir ver as horas exatas sei que passou das oito horas da manhã pela posição do Sol, porém meu olhar está focado em algo mais estranho. Mark está deitado ainda, ele sempre está treinando... o que ainda faz aqui? Forçando os olhos da para ver que Percy e mais dois garotos estão ao lado da cama dele falando coisas que meus ouvidos ainda dormentes não absorvem.

Meu pai percebe que eu acordei logo que abaixa os olhos, ele fala mais alguma coisa e vem até mim.

–Está tudo bem, querida? –Ele questiona.

–Sim... eu acho que sim. –Respondo, fazendo-o sorrir. –Eu preciso contar algo a vocês, –eu sei que ele sabe que quando falo “vocês” quero dizer “você e a Annie”- mas o que aconteceu com o Mark?

–Ele vai ficar bem, só está um pouco doente, não devia treinar tanto, ele sabe que não pode fazer isso... bom, mas isso não é da conta de mais ninguém. –Isso doeu, mas tudo bem.- Vou chamar a Annabeth, já volto.

Percy me dá um beijo na testa e sai. Estou muito curiosa para saber o que o Mark tem, mas os acontecimentos da noite passada começam a voltar para mim como flashbacks e me deixam tonta de novo... aquilo foi real... eu sei que foi... será que foi? Claro que foi! Se eu começar a me confundir vai ficar difícil de acreditar em qualquer coisa, mas há uma saída, Ela me contou.

Fecho os olhos e inclino minha cabeça para cima, apenas sentindo a brisa do mar, tentando esquecer tudo por um tempo, esvaziar minha cabeça, voltar à casa da vovó, acreditar que... e então meus vagos pensamentos são interrompidos pelo barulho da porta abrindo. Abrindo lentamente os meus olhos e consigo ver Annabeth caminhando até mim, ela está meio caminhando meio correndo, creio que seja mais ou menos isso: “eu correria, mas não quero parecer desesperada”.

–O que foi minha pequena? –Ela pergunta logo que se ajoelha na minha frente, como a vovó fazia quando eu machucava o joelho ou algo assim, nunca alguém além de Sally havia me chamado de ‘minha pequena’.

–Eu preciso contar uma coisa para vocês. Acho que descobri... –Começo a dizer.

–Está bem! –Minha mãe diz me cortando. –Mas antes mocinha, você tem que comer, e devemos conversar em um lugar mais privado se for importante. São 9h24 você tem que comer agora. –virando meu rosto para cima ela completa:- e lavar o rosto, está bem? Você não está com uma cara muito boa, se achar que pode estar doente fale comigo, por favor.

–Não estou. Não mais do que posso ficar depois que vi meu sangue escorrer em outra cor. Fora isso, acho que só estou cansada, vou lavar o rosto e vocês me encontram a onde?

–No refeitório. Esperamos você lá. Na mesa de Poseidon. –Ela diz rápido.

–Mas não é contra as regras... ah... deixa pra lá. –Digo.

Levanto e vou até o banheiro. Se os banheiros fossem internos aos chalés eu agradeceria muito, mas enquanto isso, tenho que enfrentar o frio de manhã até para ir ao banheiro. Depois de lavar o rosto –e pentear o cabelo, escovar os dentes, me trocar, etc.- vou até o refeitório, onde na mesa de Poseidon, meus pais me esperam.

–E por onde anda... o Ta..Tai...?

–Tayson? –Completa Percy, rindo. –Está na oficina, não sei se sabe, mas ciclopes são...

–Ótimos nas forjas? –Completo.

–E é claro que sabe... –Ele diz virando um olhar acusatório para Annabeth que sorri radiante, fazendo ele sorrir também. São muito bonitos juntos tenho que admitir, e isso me lembra o quanto são novos também. Mas não devo pensar nisso. Sei que não vão querer falar sobre.

Sento e conversamos casualmente como se fossemos só mais uma família normal numa manhã qualquer, isso me fez perceber o quanto nós poderíamos ter sido felizes, o quanto eu senti falta disso sem nem perceber. Peço para conversarmos na praia, então vamos todos pra lá. Quando todos estão olhando para o horizonte, sentados da areia durante um tempo, Percy fala:

–Então...?

–Eu... bem, não sei como começar isso, vamos tentar desse modo: ontem, Hés... digo, a Deusa do Lar falou comigo e...

–Tem certeza disso, filha? –Annie questiona com os olhos arregalados.

–Sim, sim. –Não sei se é para ela ou para mim que estou respondendo isso.- Ela me contou a história de um herói chamado Pólux, mas não o que nasceu de um ovo.

Conto resumidamente a história, e eles apenas escutam com atenção. Quando eu termino minha mãe passa um tempo calada pensando e meu pai apenas continua com a cabeça baixa e diz:

–Então... se você não usar seus poderes voltará a ser mortal. Isso não deve ser tão complicado.

–Cabeça de alga, não é isso. –Minha mãe rebate. -Não vê que os poderes concedidos a ela pelo meu lado não podem ser reprimidos? Está no intelecto dela. E mesmo que só baste reprimir os poderes pelo lado do seu pai, isso representaria um grande risco a ela já que é pouco treinada. Ela teria que abrir mão da melhor proteção que tem.

–A melhor? Acho que não... minha melhor proteção são vocês. -Afirmo.

Os dois parecem surpresos, não sei por que, eu sou péssima, não controlo meus poderes e luto pior que pelúcia.

–Querida... nos sentimos muito honrados com isso mas... -Diz Percy.

–Vão haver situações onde você não terá acesso a nossa ajuda. Odeio dizer isso, mas...para o seu bem, tem que aprender a se virar sozinha como todos aqui. -Annabeth completa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sangue Divino" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.