Contos de Terror escrita por mariechampz


Capítulo 2
Conto 2: Estrada para o medo.


Notas iniciais do capítulo

http://www.youtube.com/watch?v=KoeXCqw_OrM
Quem quiser conferir a música citada neste conto.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/51695/chapter/2

 

            Já era noite. Cedo, provavelmente não passava das 7 da noite. No entanto, já estava escuro. Um breu terrível e macabro, onde não dava sequer pra distinguir uma árvore e uma passagem livre. Assim estava aquela floresta que de manhã costumava ser frequentada por jovens de vários tipos.

              Mas não vamos entrar em detalhes sobre a floresta, certo? Não vou lhe dizer se a terra em que Harrison pisava era macia ou não, ou se até mesmo dava pra ver o céu dali.

               O rapaz estava com pressa, precisava entregar as malditas roupas limpas da avó que não servia mais nem pra limpar as próprias ceroulas. Odiava também o fato de ser ele quem deveria andar pela aquela floresta que parecia ter vida. Sim, ouvia gemidos vindos das árvores, era quase que aterrorizante. Mas era corajoso, digo, quase. Pelo menos não se tremia pelo nada. 

             Após uma hora de uma caminhada exaustiva já não sabia mais se estava perto ou longe, se estava vivo ou morto. Estava tão gelado que nem seu casaco longo e vermelho lhe aquecia. Apertou o tecido contra o corpo, mas isso de nada adiantou. Como uma floresta podia ser tão gelada daquele jeito? E o pior, à medida que ia andando, a neblina ia aumentado. Deixando-o quase sem visão.

                Então, foi aí que escutou um sussurro. Sentiu um reboliço em sua barriga por causa do susto. Ouviu-o novamente e desta vez ouviu claramente alguém chamar seu nome.

- Avó Janice? – Indagou alto, pensando ser a velha caquética que ele odiava. Pensou que não fosse ter uma resposta, porém teve. Uma mão ossuda e grande tocou-lhe os ombros. Virou pra trás bruscamente e deu de cara com um homem branco e alto, os olhos ao menos naquela escuridão aparentavam ser vermelhos. Não gostou de sua aparência demasiadamente magra e nem de sua expressão presunçosa, e por isso mesmo afastou-se bruscamente do mesmo.

 - Do que tem medo garoto?

- Não tenho medo, o que quer? – Foi rude e antipático. Não tinha por que ser gentil com alguém que não tinha gostado.

- Sua alma. – Harrison riu. Provavelmente era algum drogado, entortou os lábios num riso debochado e retomou sua caminhada para casa de sua avó. Pelo menos ele pensava que ainda havia uma casa de uma senhora pra se ir.

         Quando olhou pra trás o homem estranho já não estava mais lá, sentiu-se mais aliviado. Ah... Mas pobre Harrison, o que lhe esperava era ainda pior. O caminho que havia tomado não lhe traria uma avó de pijamas. E não tinha mais como voltar atrás, estava preso num labirinto cheio de coisas desconhecidas. Logo o ar tornou-se insuportavelmente frio, e um vulto passou correndo a sua frente. Derrubando-lhe.

            Seu coração se disparou na hora. Sentiu medo, sentiu pânico. Tinha certeza de que tinha alguém chorando ali. Era um choro tão angustiante, tão triste. Mas ao mesmo tempo tão bizarro. O vultou voltou, mas desta vez ia pro lado contrário de antes. Não perguntou quem era, porque sabia que não se tratava de um ser humano. De forma alguma, era só como um rastro de luz.

              Analisou melhor o local. Com certeza já mencionei o quão escuro era, mas com as pupilas já acostumadas com a iluminação, podia ver a silhueta da àrvores e até mesmo a de alguns pássaros. Mas isso era o máximo que sua visão conseguia captar: silhuetas.

- Merda, merda. Aonde eu fui me meter? – Tentou se levantar, mas foi aí que o desespero tomou conta de seu corpo. Não conseguia, seus ossos pareciam ter “congelado”. – Mas por que diabos essa mulher resolveu se isolar nessa floresta?!

- Pra morrer só. Da mesma maneira que você morreu. – Escutou a voz do homem novamente, mas ele não estava ali. Aquela voz parecia estar somente na sua cabeça. – Dê-me sua alma e eu lhe tiro do inferno.

 “Então isso aqui é o inferno? Mas...”  O grito, antes um choro, penetrou em seus ouvidos de tal forma que atrapalhou seu raciocínio. Era horrível, agora sim desejava estar morto e ter sua alma longe dali.

      Impossível.

      Agora não era somente um choro, eram vários. Um mais aterrorizado e mais desesperado que o outro, logo o grito de Harrison se juntou aos outros. Se estava morto, por que sentia que alguém ainda estava brincando com sua cabeça?

        Passos. Gritos. Passos. E os mesmos estavam se aproximando cada vez mais, e quanto mais se aproximava, o volume da canção que saía entre seus lábios aumentava.
Um pequeno homem está na floresta, sem dizer nada, ainda de pé,
Ele tem um manto vermelho.”
 Apesar de aparentemente ser uma cântica infantil, naquela voz fina e infantil, naquela situação; a música era somente assustadora.

 “ Diga-me, quem é aquele homem pequeno, que fica em silêncio na floresta, com seu manto vermelho? Não conseguia respirar mais, a mulher já estava perto de si. Agora Harrison era só mais uma alma que se perdera naquela estrada sem fim. Mais uma alma inocente entregue às mãos de um demônio que partir daquele momento, iria cantar aquela canção de ninar para Harrison por toda eternidade, enquanto atormentava com o seu consciente.

           O demônio ergueu a faca, a única coisa reluzia naquele escuro e abaixou com toda força, acertando Harrison. Gritou, chorou, esperneou. Mas do que adiantava? O máximo que teria em resposta seria:
   “ Diga-me, quem é aquele homem pequeno, que fica em silêncio na floresta, com seu manto vermelho?
 
 

     


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Isso foi algo bem louco que saiu da minha mente, não? :OO" De qualquer maneira espero ao menos ter agradado. " A música eu ouvi no filme Hannibal, e sei lá, achei que poderia combinar... Obrigada a quem leu. (