Irmãs Blood escrita por Raquel Barros


Capítulo 30
Teste


Notas iniciais do capítulo

Ultimo capitulo de Caryn



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Desci assim que terminei de tomar banho. O Cam já tinha me avisado de que iria tirar um cochilo no sofá da sala, então passei pela cozinha e coloquei uma pipoca no micro ondas, e um suco de caixinha que não durou nem os cinco minutos que o milho usa para pipocar. Como quero ficar um pouco na minha e reviver alguns bons tempos, encolhi um filme na bela e grande estante de filmes do papai, fui para o home theater, deitei no sofá, e comecei a assistir Uma linda mulher, com Julia Roberts. Estou de saco um pouco cheio de romance e tal, mas ou é romance, ou é ação. E eu também estou de saco cheio de ação. Essa semana só arranjei confusão. Apesar de que sempre arranjo confusão. Minha mãe entra na sala e encolho as pernas para ela sentar. Estava com cheiro de sabonete de erva doce, o cabelo loiro cor de areia bem lavado e com uma camisola de cetim vermelha que destacava sua pele branca. Aposto que a camisola foi o papai que escolheu.

–Oi mãe, quer pipoca.

–Seu pai não gosta do cheiro.

–Que sem graça. Mas, porque a senhora não esta com ele, agora?

–Bem, vim falar com você.

–Sobre?

–Algumas coisinhas.

Responde ela sorrindo um pouco. Meu alerta interior ligou-se automaticamente. Coisinhas? Ela vai conversar sobre coisinhas? Mas que coisinhas? Eu só espero que essas coisinhas não sejam sobre sexo. Sério, deve ser triste ter essa conversa com a mãe recém chegada de um seqüestro. Isso sem contar do constrangimento e etc, etc. E isso também ensina na escola.

–Como você sabe, eu tive vocês muito cedo.

–Por favor me diga que não vai falar sobre sexo.

–Não sobre sexo.

–Graças a Deus!

–Sobre bebês.

–Mas mãe, eu nem sei se estou grávida mesmo. E sinceramente eu nem lembrava mais disso.

Retruco tentando evitar essa tortura. Um castigo me parecia melhor do que isso. Quer dizer, eu nem me lembrava desse detalhe enfadonho. Eu poderia realmente esta grávida, mas não poderia, e sinceramente não e vejo mãe. Quer dizer, o Cam deve ser um bom pai, mas eu sou descuidada com tudo. Como é que vou ser mãe? Isso sem contar que sou nojenta, mimada e fresca.

–Eu sei, Caryn. Mas, se você realmente estiver, quero que saiba que não vamos abandonar você.

–Legal.

–E que vamos te dar todo o suporte para continuar sua adolescência da melhor maneira possível.

–Ou seja?

–Se vocês tiverem mesmo um bebê ou dois, ele e você terão de tudo de bom.

–Que legal, mas como a senhora ficou tão compreensiva?

Pergunto curiosa. Minha mãe começa a fazer trancinhas em meu cabelo, enquanto suspira pesadamente. Era uma longa historia. Não deve ter sido fácil para ela ter duas crianças tão cedo. E naquela época, não era tão comum a gravidez na adolescência. E não tinha tanto apoio.

–Bem, digamos que quando seu avô descobriu que eu estava esperando vocês, ele me expulsou de casa.

–Que horror!

–Sorte minha ter tido o seu pai, claro que Drakon ameaçou ele e tal, mas ele ficou perto de mim até vocês nascerem. Nós apaixonamos por vocês assim que as vimos. A Angel nasceu saudável, parecia uma sadizinha, já você teve que lutar para sobreviver nos primeiros dias. Acho que puxou a mim de qualquer maneira. E eu não quero que você ou o bebê passe o que eu passei nos primeiros meses.

–Acho que eu não estou grávida, mas esse é um tipo de susto para que eu não apronte mais uma dessas.

–É bom saber que esta crescendo, minha menininha.

–Sou muito madura, obrigada.

–Que os anjos digam amem.

–Ou os lobos uivem.

Concordo sorrindo, enquanto ela me abraça e me dá um beijo na testa. Depois sai sorrindo, enquanto deixava um teste de gravidez em minha mão. Eu não me daria à vantagem do susto, ou o benéfico da duvida. Até porque, era melhor ver logo, do que começar a ter sintomas e você esta grávida, parabéns. Não obrigada, isso não é para mim. Vou ao banheiro, faço o que as instruções mandam, e espero alguns minutinhos que parecem menores eternidades de 60 segundos. Espero, torcendo para que apenas um pontinho fique azul. Apenas o pontinho do não estava. Do negativo. Quando dois pontinhos aparecem juro que desmaio, ali no banheiro mesmo. Só acordo porque o Cam começa a bater na porta do banheiro desesperado. Olho de novo para o teste. Tinha dado positivo? Ma com? Não pode ser. Procuro no banheiro a caixa. É claro que esta com minha mãe, então abro a porta, e saio correndo para o banheiro da minha mãe lá em cima. O Cam não vem atrás de mim, deve esta confuso tentando entender o porquê do meu desespero.

–Mãe.

Berro chamando ela que aparece na porta de seu quarto, me olhando curiosa.

–Tem outro teste de gravidez aí?

–Comprei a caixa enquanto a gente estava vindo.

–Me dá a caixa toda.

Exigi. Só Deus sabe como vou ficar feliz se pelo menos um dê negativo. Um só. A boca da minha mãe abre em exclamação e quem aparece depois é meu pai.

–Deu positivo?

–O que deu positivo?

Pergunta Cam para o meu pai. Ele estava com o teste que eu tinha feito na mão. Mas que bichinho lerdo. Estava mais que claro o que estava acontecendo. Não estava?

–Esse negoçinho aí na sua mão.

–Aposto que ele nem sabe o que é isso.

–Fica quieto, Alef.

Pedi a Bev aparecendo na porta do quarto, enquanto o Alef revira os olhos acima dela. Ah é, eles tinham trocado de quarto, porque destruíram o quarto da Bev ontem. A Bev passa por debaixo do braço de Alef, que os cruza e escora na porta, enquanto fica encarando a Bev daquela maneira intensa como o Cam me encara muitas e muitas vezes. Apesar de ser um lorde Dark agora, Alef ainda nutre com a mesma intensidade seu amor pela Bev. Assim com o antigo Alef.

–Caryn fecha os olhos, por favor.

Pede a Bev segurando minha mão. Fecho os olhos e ela fecha os dela comigo. Aos poucos os barulhos exteriores vão ficando cada vez mais e mais baixos até sumi. Sobrou apenas um. Um coração batendo bem calmamente. Não era o meu, já que estou eufórica e desesperada. Mas era um som lindo de se ouvir.

–O que ouve?

Pergunta Bev calmamente. A voz dela estava estranhamente suave e musical.

–Um coração batendo.

–É o seu?

–Não.

Respondo abrindo os olhos. A Bev sorri de forma encorajadora. Olho para o Cam, e ele fica olhando para o teste do qual eu já sei a resposta. Positivo. Sinto uma confusão de emoções. É uma grande mistura de amor por esse desconhecido que invadiu a minha vida sem pedir licença, pelo Cam que esta com aqueles olhos azuis mais brilhantes que o normal cheio de amor e apoio, e o desespero. Eu vou ser mãe, e nem sei se vou sair desse estado catatônico que se aproxima de mim. Meu Deus! O que eu faço agora. Fiz o mais obvio, comecei a chorar desesperadamente. Cam ficou paralisado. Ele simplesmente parou de se mover. Estava confuso agora. Comecei a correr quando a ficha caiu. Eu vou ser mãe. O filho é de Cam também, mas isso apenas me deixa mais e mais desesperada. Eu não conheço o Cam. Fui para o meu quarto, mas Cam já estava em meu encalço e entrou comigo. Ele trancou a porta e ficou parado.

Então ouvi que Cam se movia. Ele pôs a mão sob meu cotovelo e me fez virar. Eu não conseguia olhar para ele. Fiquei olhando seus pés descalços. Ele colocou um dedo sob o meu queixo e tentou me fazer erguer a cabeça, mas ainda assim eu me recusava a olhá-lo nos olhos.

— Caryn, olhe para mim. — Levantei os olhos, eles seguiram dos seus pés para seu peitoral malhado e nu— Olhe para mim.

Meus olhos continuaram sua jornada. Deslizaram pelo branco neve de seu peito, seu pescoço e então pousaram em seu perfeito rosto. Os olhos azuis esverdeados encontraram os meus, com uma duvida. Ele deu um passo à frente, aproximando-se mais. Minha respiração ficou presa na garganta. Estendendo a mão, ele lentamente a deslizou em torno da minha cintura. Sua outra mão segurou meu queixo. Ainda examinando meu rosto, ele colocou a palma em minha bochecha a acariciou com o polegar. Seu toque era doce, hesitante e cuidadoso. A expressão dele era de espanto e compreensão. Ele sabia que qualquer expressão ou palavra errada que usar-se poderia desencadear meu eu fujão.

–Lembra de quando eu disse que não te beijaria a uma semana trás, e na mesma noite fizemos essa criança?

Estremeci apenas de lembrar. Impossível de esquecer era como eu definiria. Tinha sido maravilhoso enquanto a ficha não caia. Concordo com a cabeça.

–E não me arrependo Caryn, não me arrependo de ter tido você naquela noite, e não vou me arrepender nem de ter essa criança com você e muito menos de ficar com você. Esse era o plano original. Eu e você juntos.

–Mas eu nem te conheço.

–Prometo Carrie, que você vai me conhecer. Todas as minhas faces. O lobo e o homem. É só você querer que isso aconteça.

–E se eu não quiser?

–Eu não poderia te forçar a querer, poderia?

–Me convença Cam. Convença-me que vamos fazer a coisa certa juntos, e que podemos criar essa criança sem nenhum atrito.

Cam ficou parado por mais um momento, então sorriu com ternura, baixou a cabeça e roçou os lábios nos meus. Ele me beijou delicadamente, um beijo que era quase um suspiro. Sua outra mão também deslizou para minha cintura. Toquei seus braços com a ponta dos meus dedos. Ele estava quente e sua pele era macia. Ele me puxou devagar para mais perto e eu apertei seus braços. Cam suspirou de prazer e aprofundou o beijo. Eu me dissolvi em seus braços. Como eu estava conseguindo respirar? Seu aroma de macho me envolvia. Cada ponto em que ele me tocava, eu sentia formigar e ganhar vida.

Agarrei seus braços com ardor. Sem que seus lábios deixassem os meus, Cam pegou meus braços e os enroscou, um de cada vez, em seu pescoço. Então deslizou uma das mãos pelo meu braço nu, indo até a cintura, enquanto a outra escorregava até meu cabelo. Antes que eu me desse conta do que ele planejava fazer, ele me levantou com um braço e me abraçou de encontro a seu peito.

Não tenho a menor idéia de quanto tempo ficamos nos beijando. Parecia um mero segundo, ao mesmo tempo em que parecia uma eternidade. Meus pés descalços pendiam vários centímetros acima do chão. Ele sustentava todo o peso do meu corpo facilmente com um só braço. Enterrei meus dedos em seu cabelo e senti um ronco em seu peito, semelhante ao ronronar. Não a pude deixar de me perguntar se lobos faziam aquele som. Acho que não, mas sadic fazem, e é esse lado que Cam esta usando comigo. O lado homem, não lobo. Depois disso, todo pensamento coerente desapareceu e o tempo parou.

Em algum momento, Cam me pôs no chão, com relutância. Ele ainda sustentava meu peso, o que era bom, pois eu me sentia prestes a desmoronar. Com a mão em minha face, ele correu um polegar pelo meu lábio inferior, mantendo um braço em torno de minha cintura.

Então a outra mão se dirigiu ao meu cabelo e seus dedos começaram a retorcer os fios soltos. Precisei piscar várias vezes para clarear minha visão. Ele continuava a me olhar daquela maneira viva e pulsante que só ele conseguia.

–Talvez devêssemos ao menos tentar Caryn.

–Tentar o que?

–Ficar junto, para não ter o arrependimento do e se. E depois, quando nosso filho já estiver grande percebemos que poderíamos ter sido felizes quando éramos mais novos, e que perdemos nossa vida inteira, sem ao menos tentar fazer dar certo.

–E o que você propõe?

Pergunto quase cedendo. Cam sorri e me beija novamente. Agora eu tenho algumas certeza. Vou ter essa criança e vou ter meu lobo Alfa supremo do meu lado. E vamos ser felizes, pelo menos enquanto durar.


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Notas finais do capítulo

Penúltimo capitulo, gente. Comentem e recomendem a historia.



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