Irmãs Blood escrita por Raquel Barros


Capítulo 27
Perdendo


Notas iniciais do capítulo

Oiii sadizinhos, não demorei dessa vez, não é? Com esse capitulo vem uma novidade: estamos nos últimos capítulos do livro.



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Angel, Dexter e William foram do nada engolidos pela própria terra. Olhei para meus pés, esperando minha vez. Nada aconteceu, a não ser é claro todos os convidados que sobrou na porcaria do salão ter se transformado em zumbis. Captei o olhar histérico de Beverly antes mesmo de Alef ao lado dela. Ou ele também estava histérico. Cam atrás de mim rosnou, mostrando todos os brancos e afiados dentes. Sinceramente eu não tinha mais nada o que fazer a não ser uma careta por causa do horrendo odor que vinha daqueles mortos.

–O odeio.

Comentou Bonnie pegando o que parecia uma pistola. Não sei muito de armas, é claro, mas sei que elas fazem um estrago em humanos e não humanos.

–Tem uma dessas para mim também?

–Para você atirar em seu próprio pé?Não.

–Eu não faria isso.

–Eu não quero apostar para ver.

–E não vai precisar querida Bonnie, quero o sangue desses quatro intactos. Sem nenhum vírus circulando nele.

Avisou Drakon aparecendo novamente do nada. Dessa vez, mais informal, com calça jeans Black e suéter. Acho que ele ficou melhor assim. Igual meu pai quando troca seus caros ternos riscados por alguma coisa velha e normal.

–Por quê?

Perguntou Beverly de maneiro curta e grossa. Drakon a olhou como quem esta sempre há dez horas na frente, antes de sorrir de forma irônica.

–Meus planos são meus planos.

–E meu sangue é meu sangue.

Alfinetou Bev de volta. É engraçado como minha irmã se tornou fogo na palha em tão pouco tempo. Se fosse antes ela teria ficado sem saber o que falar e resmungando alguma coisa incompreensiva.

–Sua mãe esta parada na beira de um penhasco, e seu ponto fraco esta bem do seu lado, não tem escolha.

Avisou Drakon com um sorriso mais que vitorioso no rosto. Beverly olhou para o lado e deu de cara com um zumbi estatua. Foi à vez de ela sorrir como uma garota traquina, e seus olhos azuis celeste brilharem em determinação. O sorriso de Drakon foi embora assim que ele percebeu o que ela iria fazer.

–Se você, garota impertinente, ousar se infectar com uma misera gota desse vírus, ele, seu amadinho é quem vai sofrer.

Ameaçou Drakon apontando para o Alef. A probabilidade dele esta blefando era menor do que zero. O cara fazia tudo o que cumpria. Beverly semicerrou os olhos e perguntou:

–Se eu fizer-se isso, o que você faria?

–Sabe as asas que deu para ele? Eu faria questão de arrancá-las pessoalmente, e na sua frente. Posso te garantir que não vai ser uma situação agradável para ele. E nem para você, por causa da maldita ligação que meu ex-companheiro de trabalho fez.

–Você é um monstro.

–Fala como se você não estivesse apaixonada pelo monstro que este bem escondido nos genes de Alef. Você é meio masoquista, Bev. O que é realmente impressionante para uma dama da luz. E você já conheceu o lado mais escuro de seu Alef.

–O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta.

–É claro que é. Faz parte de meu trabalho evitar que os genes de William se espalhem. E se vocês tiverem filhos amaldiçoados, que vão ter filhos, e os filhos de seus filhos terão filhos e prontos: já um clã inteiro com esses genes meio sadic, meio humano. Meio luz e meio trevas. Muitos neutros em uma guerra significam problemas. E neutros que podem mudar de lado a qualquer momento é pior ainda. E eu avisei, não era para você se apaixonar pelo Alef, muito menos se entregar a ele de corpo, alma e coração.

–Você é um sádico.

–Isso não é novidade. Agora vamos, ou nem direito a despedida eu vos darei.

Impôs Drakon marchando para fora do salão. Bervely engoliu seco, o desespero embebedando seus olhos junto à falta de esperança e soluços tomando conta de seu corpo sem aviso. Alef segurou a mão dela, abraçou-a e beijou em consolo.

Olhei para o lado e dei de cara com a forma lobo de Cam. Acariciei a grande cabeça negra dele, que fechou os olhos azuis. Ninguém tocaria no meu lobo. Era uma questão de necessidade. O que é meu é meu. E eu sou muito cuidadosa com o que tem valor para mim.

–Vamos logo!

Chamou meu pai, passando o braço ao redor de meus ombros e beijando minha bochecha.

–Você parece sua mãe.

Sussurrou ele, com ar de sonhador. Enquanto caminhávamos. Ítalo realmente parecia muito apaixonado por minha mãe. O que era bom. Se ela sobreviver eles vão poder finalmente ficar juntos. Um final feliz em um mundo onde finais felizes deixaram de existir a um bom tempo.

Depois de um tempo caminhando por uma planície chegamos a uma trilha que levava a uma das montanhas. Direto ao pico. Cam fez um resmungo canino impaciente que seria engraçado se não fosse à situação critica em que estávamos.

–Deixa de resmungar totó. Caminhar vai fazer bem para suas patas. E se rosnar para mim, eu vou arrancar seus dentes. Só avisando.

Pediu Drakon caminhando pela trilha. E eu achando que os zumbis fanáticos dele iriam carregá-lo. Beverly e Alef reviraram os olhos juntos depois de olharem um para o outro. E Cam fez o que parecia outro resmungo, um pouco mais alto sem dó nem piedade. Imagino que talvez ele esteja xingando Drakon de tudo quanto é coisa em idioma canino.

–Desnecessário.

Comentaram por fim, voltando a caminhar de mãos dadas. Eles eram tão fofos que até enjoava. Talvez falte calor nessa relação. Ou até um pouco de discórdia. Sei lá. Eles são muito iguais. Ou parecem muito iguais. Como espelhos. Um faz o outro repete. Deve ser chato.

Quando chegamos ao topo da montanha, tinha o que parecia um pequeno lago. Se não fosse pelo fato que ele era cor de ouro meio esverdeada.

–Eu não acredito seu filho da mãe.

–Não acredita no que Ítalo? Que estou quase conseguindo refazer o soro Delta original? Talvez você tenha me subestimado, irmão.

–Como conseguiu?

Perguntou Bonnie não acreditando no que via. Mas nem a Bev, que tem a melhor imaginação aqui estava acreditando. Isso tudo era para Drakon refazer o soro Delta? Tipo, ele roubou minha vida por causa do maldito soro? O cara é louco mesmo. Eu já tinha certeza antes, mas agora eu tenho certeza absoluta. Mas que é um louco genial, ele é. Usou os últimos quinze anos de sua vida para conhecer os inimigos e explorar suas fraquezas. Que não poderia ser menos do que emocionais. Alef e Bev, Ítalo e Antonieta, Dexter e Angel, Cam e eu. Todos somos um a franqueza do outro.

–Cem anos de muita procura. Finalmente teremos os sadics de volta e em escala mundial.

–O que quer dizer?

Perguntou Beverly confusa. Nem tanto já que era quase claro, mas a Bev é um pouco lerda.

–Não fui claro querida? Os sadics vão dominar o mundo.

–E para que precisa de nosso sangue exatamente?

Perguntou Alef, com estranha mistura de incredulidade e raiva. Ele estava um pouco impressionado também. Mas quem não estava? Até Ítalo com seu olhar meio caído não acreditava, quanto mais o resto.

–O soro não estar completamente pronto. Preciso de uma gota do sangue dos quatros.

–Eu disse exatamente.

–Vocês quatro são filhos de sadics primórdios alfa. Nessa mistura de genes, tem muito do soro sadic original. E alguns ingredientes não existem mais hoje em dia. É a maneira mais pratica de cumprir meus planos ainda hoje.

–E o que você vai fazer conosco depois que ter nosso sangue?

Perguntei entrando no dialogo. Era uma pergunta retórica. Estava mais que obvio o que ele faria conosco depois de ter nosso sangue. Mataria-nos de maneira mais sádica possível sem nenhum dó nem piedade. Mas preciso ouvir da boca dele a confirmação do que eu acho que vai acontecer.

–Acho que você já sabe a resposta.

–Então essa palhaçada toda vai acabar com nossa morte? Vai nos usar e depois nos matar?

–Sim, e que bom que você percebeu. Mas qual é a graça? Morrer não me parece algo engraçado, ainda mais a morte que eu planejo para você.

–Você é pior do que eu imaginava. Seu coração é podre.

–Falou o filho do Lord Dark.

–Seus antepassados não definem quem você é.

–Diz isso porque não tem idéia do que o sangue é capaz.

–Não se passa personalidade por genética.

Retrucou Alef irritado. Agora que sabemos quem é o pai dele, Alef ficou bem parecido com o Lord Dark. O namorado de Bev parece uma versão nova, mais bonita e morena do pai. E talvez até mais perigosa e simpática.

–A não ser que sejam suas filhas.

Completou Beverly, fazendo com que Drakon faça uma careta. Nem ele deve gostar de suas superficiais filhas, ou do fanatismo que elas têm pelos Gardens.

–Com humanos é assim. Mas em sadics, muita coisa é passada por um simples código genético. Genes bons e ruins. E pelo que me consta você tem mais genes ruins do que bons.

–Duvido com todas as minhas forças.

–Vou te dar um empurrãozinho básico, assim como eu fiz com seu pai, e depois você me fala se tem ou não tem genes maus.

–E você acha que eu vou deixar você dar uma animada no lado mau do Alef sem ele consentir?

–Você esconde o lado mau dele, e porque estamos falando disso agora? Vamos continuar com o plano, sem mais papo fiado. Vou começar com você indagadora, levanta a mãozinha.

Ordenou ele pedindo a mão de Bervely. Na outra mão de Drakon se materializou uma adaga de ouro preto. A Bervely não gostou da idéia de ser cortada por uma adaga decorada com caveiras de olhos vermelhos e rosas mortas. Ela segurou as mãos perto do peito, e fez uma expressão de desafio e rebeldia antes de retrucar com o mesmo tom de rebeldia que estava estampada em seu rosto:

–Para de falar como se eu fosse uma criança! E eu não vou deixar você me cortar. Sei lá que tipo de veneno colocou na lamina.

–Não tem escolha.

Exigiu ele em um rosnado, pegando de maneira bruta a mão de Bervely e pressionado a lamina contra a palma dela até uma grossa linha vermelho escuro se desatacar em sua pele branca. Depois ele fechou a mão de Beverly que fazia uma expressão mista de dor e raiva, enquanto o olhava como se pudesse matá-lo apenas o encarando.

Parei de olhar a cena. Sangue me deixa um pouco tonta. Na verdade, até o cheiro de ferrugem que vem do sangue me deixa tonta antes. Ironicamente tenho algum tipo de fobia a sangue quando meu próprio nome significa sangue. A vida realmente é um grande poço de ironia, com humor acido e falta de escrúpulos. Não que não seja prazeroso viver, temos momentos bons e ruins, é que de vez em quando cansamos de sentir dor, e tudo parece que perde o sentido. Mantive os olhos fechados, enquanto um a um tinha pelo menos um pouco de seu sangue recolhido. Meu pai segurou minha mão, confortando-me. Logo percebi que ele tinha colocado algo ao nela. Passei meu braço para trás, e peguei o quer que ele tenha colocado da mão, e coloquei no bolso do paletó que Cam me arranjara.

–Sua vez, loirinha.

Avisou Drakon. Parece que ele esqueceu que também é loiro, ou platinado. Mas dá na mesma.

Caminhei até a borda do lago lentamente. Minhas mãos suavam e tremiam, e meu coração palpitava a mil. Cam resmungou alguma coisa. Talvez um apoio. Mas foi tão baixo que eu nem conseguir ouvir direito. Ele estava na sua estupenda forma humana, mas parecia que seu corpo não percebeu que ele não era mais um lobo e não liberou sua língua.

Entreguei minha mão a Drakon quase desmaiando. Mas tinha que ser eu? Não poderiam ter me mandado no lugar da Angel. Ela gosta de fazer drama, e essa me parece à situação mais que perfeita. De vez em quando é um porre ter uma irmã gêmea.

–Vai ser apenas uma picadinha.

Sussurrou Cam, claramente mentindo. Olhei para ele tentando imitar a expressão de Angel quando ela fica com raiva, o que fez Cam sorrir, aquele misero e encantador sorriso torto de conquistador que me tirou de orbita tempo suficiente para Drakon fazer um corte sem mais tamanho em minha mão. Não olhei para minha mão, ou vou acabar desmaiando. E quem vai me acordar se todos vão lutar por suas vidas em breve.

O lago dourado esverdeado tornou-se dourado como ouro líquido assim que meu sangue foi se diluindo no líquido. Drakon gargalhou de prazer e vitoria. Ele tinha ganhado? Mas que porcaria de vida injusta. O bem sempre ganha do mal. Apesar de que nós não somos exatamente do bem. Somos os maus do lado bom. Meus pais mentiram a minha vida toda, a Angel tem humor acido, o Dexter é amostrado, o Cam é rebelde, o Alef é filho do Lorde Dark e bem provavelmente tem mais chances de ser mal do que os outros, eu sou medrosa, o William é o Lorde Dark, a Bervely é vingativa e a Bonnie não sabe guarda segredos em momentos de pressão. Não somos bem a liga da justiça mais justa, ou o lado bom mais bondoso. É quase como se tivéssemos do lado errado da guerra. A não ser, que essa guerra não tenha exatamente um lado bom e um mal. À definição certa seria, guerra de interesses. Cada lado tem um interesse diferente e ocorreu um atrito que gerou a guerra. E somos da mesma espécie, e da mesma família. Não faz sentido. Apesar de que o lado de lá tem muito mais desvio de caráter do que o de cá. E dominação mundial é algo que só os vilões querem. Na verdade, os vilões querem tudo, e os heróis não são as pessoas mais santas do mundo, são? Não. Heróis têm desvios de caráter também. Alguns bem sérios. Eles só têm atitudes que os tornam heróis.

–Eu venci.

Disse Drakon eufórico. Ítalo parecia que estava em estado catatônico. Comecei a ficar com medo de que ele enlouquecer. Já bastar-se o ar pesado que se formou por Drakon ter ganhado.

–Bem, agora chegou à parte mais divertida do plano.

Avisou Drakon ainda mais animado esfregando as mãos. Um minuto depois sua mão desapareceu dentro do peito de Alef que estava perto dele. Alef arfou, com os olhos arregalados. Definitivamente aquilo não deveria ser nada confortável.

–Lordes sóbrios não precisam de coração, Alef.

Informou Drakon tirando o coração de Alef de maneira surreal.

O coração do anjo de Bev era roxo e brilhante. Drakon ficou-o observando bater cada vez rápido, enquanto Alef desmaiava. Ele tinha morrido? Logicamente sim. Ninguém sobrevive sem o coração. Mas os sadics tem cada bizarrice. Talvez,, não precisar do coração no corpo seja uma delas.

–Alef.

Gritou Beverly horrorizada, enquanto Alef tinha o que parecia uma convulsão rápida. Uma nevoa negra o envolveu, e todas as luzes da cidade se apagaram. A única luz que tínhamos era a do lago que reluzia a luz que a lua proporcionava. Quando a convulsão acabou, ele nós olhou confuso, como se não nos conhecer-se. Seus olhos azuis tinham se tornado negro como o céu sem estrelas. A doçura, o fanatismo e todo o sinal de bondade tinham sumido. Sobraram apenas trevas.

–Quem é Alef?

Perguntou o filho do Lorde Dark.


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Notas finais do capítulo

Quem esta ansiosa por ver nosso ajo Alef do mal? Eu estou muito. Comentem e dê opiniões. Ate a próxima.