You could be Happy escrita por Dizis Jones


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá, e mais um capítulo dessa fanfic.
Quero agradecer os comentários, e dizer que estou tão animada com essa com essa História,
boa leitura



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Capítulo 2

Há uma infinidade de pensamentos aos quais eu não posso revelar a quase ninguém, exceto a Veronica, a enfermeira mais sincera do hospital e a pessoa mais próxima que eu tinha de chamar de amiga.

Fiquei feliz quando cheguei ao hospital para retirar os pontos e vê que era ela quem estava de plantão.

— Bom dia Hazel! Eu achei que não te veria por um bom tempo!

— Retirar os pontos. — apontei para o centro do meu peito, não era grande coisa, mas a blusa que eu usava deixava um pedaço dela visível.

Era um corte que começava no alto de meu estômago até a base de meu pescoço, agora poderia parecer feio, porém eu vi muitas fotos que me animaram, ela ficaria visível, mas não tão notável.

Não tinha medo disso, era parte de mim, eu teria de aceitar e para quem aceitava até carregar cilindros de oxigênio várias vezes em crises pulmonares, uma cicatriz era simples.

— Como anda a nova vida? — ela me perguntou naturalmente enquanto preparava tudo.

— Estou me alimentando ainda com coisas leves, mas não vejo a hora de poder comer algo gorduroso.

Veronica caiu na gargalhada.

— Vai com calma garota, não quer deixar seu novo coração doente.

— Não, mas queria sentir o sabor de um hambúrguer, sei que vai levar mais algum tempo.

— Alguma novidade?

— Eu estou voltando ao meu antigo quarto! — falei animada, para mim era algo muito importante.

— Isso é maravilhoso!

Antes de eu ser diagnosticada, meu quarto era a segunda suíte da casa no segundo andar, era amplo arejado, e decorado feito o quarto dos sonhos, porém pela dificuldade das escadas meu pai fez da antiga biblioteca no primeiro andar um quarto provisório, porém eu passei dez anos nele.

— Sim é, depois que sair daqui, eu e mamãe iremos comprar tapetes e cortinas novas, precisava ver Veronica o papel de parede novo é fantástico!

— E a escola? Já pensou quando vai voltar?

Fiquei calada, esse era um assunto delicado.

— Não, eu queria terminar meus estudos online, já falei com a minha mãe, falta somente duas matérias eu estou adiantada, e termino logo, nem precisava ir a o colegial.

— Isso é muito bom Hazel, você é uma garota inteligente, mas o colegial não é somente para estudar, é um ambiente natural a jovens de sua idade, fazer amigos interagir, quem sabe um namorado?!

— Não sei, acho que a fase da adolescência é terrível, adolescentes podem ser maldosos. — minha boca se torceu.

— Isso acontece, mas creio que não deva fugir.

— E uma boa opção eu ir enfrentar somente a universidade, dizem que nessa fase é mais divertido e a permissividade é maior. — sorri para ela.

— Ah, faculdade lembro de que me diverti muito.

— Eu disse, olha só a dona Veronica na universidade, fez alguma coisa mais ilícita?

— Não sei onde anda fazendo suas pesquisas. — ela gargalhava. — Mas digo que vá e aproveite pelo menos o último ano, dizem que é o melhor. Todos são veteranos, e mais maduros, tem os bailes e festas.

— É tentador.

Pontos retirados, papel de parede comprado, de volta a segurança e tranquilidade de meu lar.

Depois do almoço fui tirar meu cochilo, minha mãe ainda insistia em manter essa rotina, eu agradecia, era só almoçar e meus olhos se fechavam onde quer que eu sentasse.

Acordei mais cedo que o habitual e ia descendo as escadas quando eu escutei que meus pais falavam de mim, eu não gostava de ouvir atrás das paredes, mas me mantive ali por algum tempo.

— Bem, ela vai ter que se acostumar a ideia, é bom sair da rotina.

— Sim, mas se ela não quiser, a faculdade seria uma boa opção. — meu pai sempre tentava ver minhas vontades.

— Olhe em volta, ela passou dez anos vendo essa casa e hospital, eu quero uma vida e sei que é um ano somente, mas pense, vestidos de baile, amigas vindo fazer trabalhos aqui!

— Você deveria pensar melhor, ela não vai chegar a ser a rainha do baile, isso não é um filme adolescente, é a vida real, pense na vontade dela.

Minha mãe queria ter uma adolescente normal, e eu nunca pude dar isso a ela, pensei por um instante, o que seria um ano?

Um ano para quem viveu dez achando que ia morrer, eu poderia enfrentar isso, enfrentar o colegial não seria tão diferente de ter enfrentado a morte.

Subi para meu quarto, era tudo novo, meu primeiro sinal da nova vida, eu havia escolhido o papel de parede com um tom lilás, as cortinas eu preferi elas de um roxo escuro, eu queria cor, queria vida nada que me lembrasse de hospitais!

Minha vida não ia ser totalmente normal, a recuperação levava algum tempo, eu teria de tomar medicamentos fármacos imunossupressores o resto da vida, eram remédios para que meu corpo não rejeitasse o coração.

Os anticorpos são estranhos, eles agem de uma forma estranha para defender o corpo, assim como temos febre que mata coisas ruins, mas também coisas boas, o coração novo pode ser considerado por meu corpo algo estranho e então de uma hora para outra pode ser rejeitado.

A primeira noite que dormi em meu quarto novo foi extremamente estranha, eu ouvia cada ruído que a velha calha do lado de fora fazia, as cobertas novas não tinham o velho cheiro que me deixavam aconchegada.

Por uma semana eu descia até a biblioteca e deitava no sofá dormindo até de madrugada, voltando a meu quarto antes de meus pais acordarem e se perguntarem o que eu fazia lá, mas isso foi passando, eu comecei a vagar na internet até altas horas da madrugada e isso me deixava cansada o suficiente para dormir até de manhã.

"Quero me sentir normal" eu dizia a mim mesma, todas as manhãs assim que iria pentear meus cabelos, eles eram curtos, eu os mantive assim, pois noites em hospitais não deixavam muito tempo para cuidar de sua beleza, então a praticidade era prioridade, me acostumei a isso meu rosto tinha traços definidos, eu gostava de meus olhos claros, e minha pele branca, meus cílios eram longos e minha boca tinha o lábio inferior um pouco maior que o superior, mas eu achava charmoso isso, meu nariz era preocupante eu pensaria em uma cirurgia plástica no futuro quem sabe, para afinar a ponta, mas quem sabe eu odiasse a ideia de depende de um hospital para algo tão fútil, depois de tudo que eu passei. As maçãs de meu rosto estavam mais coradas agora que a carne vermelha foi liberada em minha dieta, eu estava me vendo mais saudável, eu me sentia mais saudável.

Os meses pós-cirurgia se passaram, e eu via o verão dizer adeus, o outono chegaria, e junto com ele o ano letivo daria início. Meu pai chegou um dia dizendo que minha matrícula estava feita, e que eu ia amar o colégio, foi o mesmo que ele frequentou, e disse que era para eu passar na sala de troféus e dar uma bela olhada nas fotos e ver seu pai bonitão ao lado do time e das muitas vitórias.

— Com certeza ela vai achar você o mais bonitão de todos.

Minha mãe olhava para meu pai com ternura, eu sorria com a imagem, os dois se amavam, isso era visível, e o que eu mais admirava era que dez anos de luta não abalaram esse amor, ficaria extremamente triste se soubesse que eu fui responsável por algum dia abalar o casamento deles.

— Você que era a garota mais bonita de todo colégio, eu tive a maior sorte.

Sentei-me na varanda fechei os olhos e senti o sol bater em minha pele, eu poderia sentir a vitamina D entrando em meus poros, respirei fundo e espirei, era tão gostoso fazer isso sem cansaço.

A minha mão foi à cicatriz em meu peito, ela estava mais clara, não tanto, mas ainda tinha uma leve saliência.

Subi aquela noite até meu quarto com um objetivo: caçar pessoas, e se tem um lugar melhor a se fazer isso é em redes sociais.

Digitei no mecanismo de busca o nome do colégio e uma lista infinita de pessoas que passaram ou estavam estudando lá apareceu, comecei a eliminar ex-alunos, calouros até chegar a uma lista um pouco menor, mas nem tanto, composta dos veteranos deste ano.

Comecei pelas garotas.

Molli, era uma morena cheia de piercing sua página estava bloqueada somente amigos poderiam ver suas publicações e fotos então pensei que não deveria ainda mandar convite, ela parecia o tipo de pessoa que era reservada.

Christina, era uma garota alta e bela, sorriso bem simpático, seu perfil era aberto, o que me dava uma liberdade para "fuçar" sua vida.

Ela tinha fotos geralmente com um cachorro, seus pais, uma irmã, mas não muitos amigos, seu status de relacionamento era solteira, relutei, mas acabei clicando em pedir amizade.

Observei mais algumas garotas e fui verificar alguns rapazes.

Isaac era um rapaz bonito, ele usava óculos, mas suas fotos estavam sempre acompanhado por vários colegas e amigos. Também mandei pedido de amizade a ele.

Observei mais alguns e cheguei a Tobias Eaton capitão do time, sabia, pois sua foto de perfil era de uniforme do time e a faixa de capitão em seu braço.

Quando abri seu perfil, ele era livre nada bloqueado, a sua foto de capa estava abraçado com uma garota loira linda, bem eu reconheci alguns traços dela, poderia se dizer que se eu tivesse alguma irmã perdida seria ela, claro que de cabelos longos e mais vigorosos que os meus, curvas invejáveis, definitivamente não sei onde eu vi semelhança, ela era a perfeição em Beleza.

Desci sua página e não tinham muitas postagens recentes ou fotos, ele deveria ter viajado nesse verão e não usou muito a internet nas férias. Mas algo me chamou atenção, foram alguns recados na página dele de pêsames e condolências por sua namorada.

Então vi em seu status: relacionamento sério com Tris Prior.

Cliquei no nome da garota e uma página cheia de dedicatórias e pêsames, a garota havia falecido no final do ano letivo isso explicava a ausência de postagens de Tobias, ele não se ateve a internet deveria estar em luto.

Quem sabe se voltaria à escola, então resolvi não mandar convite a ele.

Uma dor em meu peito invadiu, sabendo que havia tristezas sempre ao redor, pessoas morrem.

Às vezes eu me pergunto se existe vida após a morte, seria hipocrisia se eu dissesse que acredito cegamente, eu não acreditava que depois da morte uma parte invisível de nós vagava para um além, mas no dia em que o telefone tocou na minha casa às três da manhã avisando que eu deveria me apresar e ir ao hospital que um coração compatível estava chegando, por um breve momento eu acreditei em Deus, e eu disse sinceramente "obrigada Meu Deus".

Um milagre havia acontecido, eu coloquei minhas roupas, escovei os dentes, penteei os cabelos e corri até o carro com meu pai.

Durante o trajeto até o hospital outra coisa me veio à mente, para eu ter esse coração outra pessoa teve que morrer então eu não achava justo isso, e se existisse um Deus como ele permitia que uma família chorasse a perda de alguém para que outra sorrisse com a nova vida de outra pessoa?

— Nervosa? — minha mãe perguntava, e eu sentia o tom animado dela, afinal estávamos indo até um coração novo.

— Não. — realmente eu não estava, meu atual estado era mais para apavorada, o que não me refreou a língua com minha mãe.

— Nosso milagre chegou filha! — ela apertou minha mão.

— Mas acho que isso é circunstancial, veja bem mãe uma pessoa morreu, está certo que eu vou viver e estou feliz com isso, mas alguém morreu aqui!

— Hazel pare com isso! Fique feliz uma vez por isso, aceite filha, veja bem, e se o tempo dela aqui na terra se esgotou? Você só está aproveitando parte do corpo que apodrece um dia, se o tempo dessa pessoa esgotou, ela ainda está te deixando bônus na sua vida, e se isso for a nossa vida após a morte e se isso for o que mais vale a pena fazer parte de algo importante?

Juro que eu queria ser tão otimista e pensar assim, mas como sempre deixar minha mãe chateada agora não era uma boa opção, então concordei e partimos rumo a meu internamento.

Era estranho como esses detalhes estavam ficando distantes, e a minha maior preocupação agora era: que roupa eu usarei amanhã em meu primeiro dia de aula.


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Notas finais do capítulo

é Hazel, e a Nossa preocupação também, como será esse ano letivo?
deixem suas opiniões
beijos