Ótimo.

Almoço de Natal com os Clearwater. Era tudo que me faltava.

Não me entenda mal... Posso parecer rabugenta e tal... eu não sou assim! Adoro os Clearwater, Seth, Sue... Meu problema é com a Leah.

Eu devo ter sido muito chata com ela... Vai ver que ela está acertando as contas...

Sei.

“Eu sei que você não gosta da Leah... Mas você é uma Cullen agora! Mantenha a postura!” Rosalie disse, quando tentava arrumar meu longo, liso e impossível de fazer penteados cabelo.

“Mas eu ainda tenho o sangue Black, Rose...”murmurei, enquanto Esme me entregava um chá. Às vezes ela era tão britânica...

“Nem me lembre! Nunca mais vou tocar em você desse jeito.” Rose rosnou, largando meus cabelos.Eu tinha avisado.

“Francamente, Rose! O que você tinha contra o meu pai?”perguntei, franzindo minhas sobrancelhas.

“Além do cheiro?” ela se virou para mim,a expressão se tornando triste. “Oh, querida! Eu te ofendi? Sinto muito...” ela me abraçou.

Eu me desvencilhei do seu abraço, desconfortável. Ela era igual a minha mãe. Adorava me abraçar. Sempre achei que era um tipo de problema psicológico. Parece que isso tem mais a ver com gênero...Como dizia meu pai:...mulheres!

“Cheiro?” perguntei, passando perfume quase que instantaneamente.

“É,querida.” Carlisle disse,largando o jornal. Ah, lá vem explicação... “Os lobos, ou melhor, os transmorfos, como seu pai e Seth, tem um cheiro insuportável para nós vampiros. Uma maneira da natureza nos salvar, na minha opinião. Sentimos o cheiro deles e fugimos. Transmorfos são mortais para nós.” Ele parou, me olhando com interesse. Ele ia falar algo, mas Edward o interrompeu.

“Transmorfos? Mas...”

“Você achava que eles eram mesmo filhos da lua? Lobisomens?” Carlisle continuava me olhando com expressão de interesse.

“Sim...” Edward parecia ofendido.

“ Bem, eles só se transformam em lobo. Os lobisomens são mordidos por outro lobisomem e se transformam na lua cheia. Eu já tinha te explicado isso Edward!”

Ele parecia mais ofendido ainda. Seus olhos pareciam procurar algum assunto,quando cruzaram o de Carlisle.

“Por que você está olhando todo curioso para ela?” Ele perguntou,parecendo aliviado.

“Sangue transmorfo está correndo na veias. Uma convivência tão... próxima a vampiros... Já devia tê-la transformado...” Carlisle murmurava intrigado, se levantando e caminhando em direção à biblioteca.

Levantei uma sobrancelha.Vampiros podiam ser muito estranho às vezes...

“Que nem Leah...” Edward estava ficando que nem o pai. Aproximei-me dele, meus olhos faiscando sedutoramente.

Nada.

Doutor, perdemos mais um...

“Nem me fale de Leah.” Não eram eles que iriam aturá-la durante um almoço inteiro de Natal, fingindo gostar ela.

“Nem me fale de você se transformando em uma loba.” Rose grasnou, com um ar de diversão que eu, Emmet, Alice e Edward achávamos que fosse impossível.

“Você ia ter que virara a janta.” Jasper disse,rindo um pouquinho.

Era uma brincadeira,certo?

Certo?

“Jaz, querido, depois do pequeno acidente na festa da Bella, acho melhor você manter suas opiniões para si mesmo...” Alice murmurou,puxando Jasper para longe.

Hum... Isso foi estranho...

“Vem, eu te levo para seu almoço!” escutei Emmet me chamando em direção à garagem.

Desci as escadas apressada em direção o Hammer enorme.

“Não sei porque você gosta desse carro...” comecei a conversar,quando saímos pela estrada. Adoro o Emmet, ainda mais quando Edward fica pensativo demais.

“Eu gosto ele porque...”ele parou bruscamente, pegando o pequeno celular prateado com as mãos grandes.

“Alôôô?” ele perguntou no bocal. Uma voz irritada saiu de lá, exclamando furiosa Eu apostaria cem dólares que era o Edward.

“Cara,eu estou levando ela para o almoço. Você pensa demais...”

É. Acertei.

“Qualquer dia desses você vai perder a namorada...”

A voz do outro lado da linha se tornou mais colérica.

“Ei! Ninguém vai escutar! Não cheguei em La Push ainda... Juro que um dia você vai ter um AVC.”

“Eu sei que vampiros não tem AVC! Você entendeu! Desculpe-me Sr. Me-formei-em-medicina-mas-continuo-indo-para-o-colegial.”

Ficou um silencio no carro quase instantâneo.

“Edward?” Emmet balbuciou nervoso o bocal.

“Aqui fora!” escutei uma voz gritando do lado de fora. Abri o vidro procurando pelo meu lado.

“Eu estou aqui!” escutei ele falando para mim, seus olhos com um pedido de desculpas mudas.

“Parece que alguém foi ressuscitado.” Murmurei, sorrindo de leve para ele. Ele levantou uma sobrancelha, daquele jeito sexy que eu amava. “Deixa pra lá... Como foi que você entrou no carro?”

Ele me deu aquele sorriso que tanto gosto.

“Técnicas de ataque com Jasper.”

Mordi os lábios, lutando com um sorriso. É oficial: Jasper é muito estranho.

“Você vem me buscar aqui?” perguntei, enquanto percebia que estávamos chegando em frente à casa verde desbotada.

“Claro.”

Pulei para fora do carro, sendo arremessada por um Seth muuuuuuuito animado.

“Feliz Natal para você também, S.” grasnei, tentando respirar.

“Feliz Natal,babe!” Ele murmurou para mim, tentando fazer um voz rouca e sexy. Más notícias,cara: meninos de 15 anos não conseguem ser sexy. Isso é um fato.

Seus lábios grudaram nos meus momentaneamente, me levando a aquele torpor maravilhoso.E lógico que a  Leah tinha que aparecer.

“Ih, A-mal-amada! Ou é Amanda? Tanto faz...” seus cabelos curtos grudados à face a deixavam muito mais maldosa.

“Eu acho que a piadinha não dá mais certo, Leah.Eu estou com eu irmão, esqueceu? Faz uns 6 meses que eu te digo isso!” falei com jeitinho, piscando meus olhos. Eu sou uma Cullen agora, certo? Vou me portar como tal.

“Eu sei,bestinha. Você acha que eu sou retardada?” ela vociferou, chegando perto de mm.

“Hum... Isso foi um pergunta retórica?”

“Ora, sua...”

Seth me empurrou para dentro da casa. Era pequena e aconchegante , como todas as casas daqui. Sue m esperava com os olhos brilhando, Charlie e Billy assentados ao seu redor. Seus olhos vagaram até minha mão, onde o anel de Seth estava enfeitando.

“Graças a Deus, Seth! Estava demorando demais para pedir logo a ela! Como ou conhecer meus netos?”

Que?

Oi?

ALGUÉM PODE MEXPLICAR O QUE ESTÁ ACONTECENDO???????

“Sue, você está assustando nossa neta.” Billy me salvou, piscando um olho para Charlie.

“Mãe...” Seth implorou, suas bochechas corando.

Sue arregalou os olhos.

”Você ainda não fez a proposta?”

PROPOSTA? QUE PROPOSTA?

“Mãe,será que a gente poderia almoçar primeiro?” Seth murmurou, suas bochechas corando de um jeito super bonitinho. Ele fica parecendo um...

Foco. Isso. Foco.

O que estava acontecendo? Qual é essa proposta?

Não responda. Eu prefiro não saber.

“Pela cara de pavor da sua namoradinha, você não vai desencalhar tão cedo...” Leah sussurrou.

“ Como você não fosse a maior encalhada.” Respondi,cheia de fel. “Não liga para sua irmã não, S.Ela não sabe o que está falando.”

Seus olhos pareceram brilhar por um momento, meio fascinados. Ops.

“Então, Amanda, já pensou em que fantasia vai usar na festa de ano novo aqui?”

Nem havia me lembrado da festa de ano novo. Parecia um passado tão distante quando eu e meu pai nos arrumávamos para o Ano Novo.

Como minha mãe não gostava de nenhuma festa (em especial o Halloween e seu aniversário)ela me deixava fantasiar de qualquer coisa no Ano novo e, bem, as pessoas começaram a aderir e acabou virando uma grande festa à fantasia.

E eu não sabia o que eu ia vestir.

OH DEUS!

“Ainda não...” droga do que eu ia me fantasiar? Já fui bruxa, vampira (a muito contragosto da mamãe),múmia, princesa, fada,odalisca, havaiana, gatinha e no último ano, pirata (eu sei,ridículo...). O que eu seria?

“Eu acho que ela seria uma ótima vaca!” Le riu,enquanto colocava uma porção de rabanada em seu prato.

“Nossa, que legal Leah! Por que você não vai na parte de trás da fantasia? Eu não vou tirar a sua fama.” Ri,enquanto dava uma garfada. A mão de Seth na minha mão estava tensa.

“Por que você gosta de me chamar de vaca?” ela gritou, colocando suco em uma jarra.

“Porque você é uma!” me virei para Sue “Sem querer ofender, Sue.”

“Oh querida...”Sue murmurou, seus olhos voltando para Billy e Charlie.

“O que é que eu te fiz, garota?” ela berrou, seu corpo tremendo.

“O mesmo que eu te fiz, parece!” gritei, nem um pouco envergonhada com a cena.

Parei olhando para o corpo dela que tremia incansavelmente.

“O que eu te fiz, Leah?” funguei. “Eu te insultei na primeira vez que nos vimos? Eu nem sabia falar ainda! Eu te ofendi alguma vez? Eu magoei seu irmão?” Não que ela saiba. “ Eu acho que na verdade você é uma mulher ranzinza e mal-humorada, que não sabe aproveitar a vida e que por isso fica me enchendo o raio do saco!”

Eu tinha me levantado da mesa, junto com ela. Seu corpo tremia mais do que nunca.

“Você é igual a eles. Uma sanguessuga. Você acha que ninguém vê,mas eu vejo o esforço que você faz para ficar perto do meu irmão.Você queria ficar perto mesmo do seu precioso Edzinho... Igual a sua mãe. Ela precisou que seu pai fosse ferido para ficar claro que ela era dele!” Ela urrava na minha cara coisas que eu nunca ousei pronunciar.

“Você se aproveita do meu irmão por peninha ou por pura carência, já que o Edzinho não consegue te deixar satisfeita como o Seth. Eu vou te contar uma coisa, colega: desde o momento que eu te vi nos braço do meu irmão, s olhinhos dele brilhando que nem de criança, eu sabia que dali ia sair merda. Você é igual a sua mãe, garota. Faz a merda para depois tentar consertar. Você não me engana...”

“Então por que você não volta para sua família se sanguessugas aproveitadores? VOCÊS SE MERECEM!”

Ela gritou tão forte a última parte que as lágrimas que eu tentava lutar saíram sem querer. Me virei para a platéia boquiaberta.

“Com licença.”

Saí correndo trôpega pela escada da pequena varanda da casa verde em direção à floresta. Não me importei com a chuva normal de Natal que caía. Eu só queria entrar na floresta, meu lugar protetor para me sentir ridícula o suficiente por entrar tantas vezes em um choro ridículo.

Apoiei minha testa em um abeto enorme, respirando com dificuldade. Ela tinha ido longe demais. Longe demais.

“Ei, você está bem?” uma voz grave e bonita perguntou. Olhei para meu lado e lá estava Seth, todo molhado pela chuva.

“Me des...” comecei a falar. Se elet tinha escutado toda a verdade, então é melhor admiti-la. Será que se eu me ajoelhasse e pedisse perdão eu ia ser muito desesperada?

“Desculpar pelo que? Por minha irmã ser uma bruxa destruidora de corações? Eu é que me desculpo,ok?” Ele parou, me olhando nos olhos. “ Tudo vai ficar bem entre nós!”

Eu sorri, enquanto ele me abraçava apertado. Parece que eu estava ferrada de novo.

Ótimo.

“Hum... Acho que você precisa de um banho! Você está fedendo a vampiro!”

Ri baixinho, meio confusa.

“Estranho... Ninguém me abraçou, nem nada. Só Rosalie...”

“Não, não é o cheiro dela. É mai acobreado... Diferente de todos que eu já senti...”

De repente, abri os olhos, a corrente de adrenalina atravessando meu corpo. Parado entre as árvores, a figura pálida e imóvel me observava atenta, um sorrisinho sarcástico nos lábios.

“Corre!” gritei em plenos pulmões me dirigindo em direção à casa.

Em um minuto estava chorando eu nem uma criança e correndo desesperada com o saltos enterrados em lama. No outro, estava nas costas de um enorme lobo cor de areia que se precipitava em alta velocidade para a sua casa.

E eu só tinha um coisa a fazer.

“Carlisle?” gritei sobre o rugido do vento e o barulho da chuva batendo em meu rosto. “ Temos um problema!”