Tínhamos nos separado arfantes, nossas bocas ainda querendo uma a outra. Finalmente Edward tinha me escutado, suas mãos passearam duras pelo meu corpo, nossas bocas apressadas, meu coração palpitante, nossa respiração apressada. Um sorriso se esboçou no meu rosto.

“Queria saber o que você está pensando.” Murmurou, beijando meu maxilar,me apertando contra uma árvore.

“Eu achei que você pudesse me escutar.” Balbuciei,me deliciando com seus lábios frios.

Ele parou,se apoiando na árvore e me ajeitando no seu peito.  

“Mais ou menos.” Ele parou,provavelmente tentando explicar. “Pense em um rádio.”

“Hum.”

“Você muda as estações e todas estão em transmissão. Mas,sem querer, você coloca em uma estação que não está pegando direito. E ás vezes você escuta sua transmissão. Coisas curtas que você tenta encaixar em um contexto.” Ele me olhou. “Isso é o que acontece comigo quando estou perto de você.”

Parei,pensando na explicação.

“Mas as partes que você pega do meu pensamento... Como de repente você consegue escutá-las?” perguntei juntando minhas sobrancelha.

  “Normalmente, eu te escutava quando você estava nervosa ou com alguma emoção muito forte... Mas com o passar do tempo... Suas emoções foram se suavizando... E mal consigo te escutar agora...” ele parecia intrigado.

Suspirei levantando, olhando para seus olhos. Pense na maior torrente de emoções que eu conseguia... Era tão difícil com a presença de Edward, que me deixava em uma felicidade quase inexistente. Então me concentrei nessa felicidade,uma felicidade tão grande que mal cabia no meu peito. Pensei em algum lugar, desvendando o que mostrar a ele. Não quis mostrar a casa branca,apesar de estar quase na hora da ceia de Natal. Queria ficar mais tempo com ele. A felicidade explosiva me tomava, enquanto me lembrava da minha mãe.

“Oh Deus!” Escutei ele balbuciando. Canalizei a felicidade por todo meu corpo, pensando na minha mãe. Peguei sua imagem de uma foto antiga que tinha visto da minha mãe, pouco tempo depois deter vindo para Forks. E deixei uma pergunta subentendida.

“Como eu conheço sua mãe?” ele veio até mim,uma expressão de dor cruzando sua face.

Balancei a cabeça positivamente. Minha atenção tinha se esvaído e agora meus pensamentos estavam guardados para mim.

  “Primeiro tenho que te mostrar algo.” Ele disse,enquanto ia em direção à carcaça do animal.

Que merda que ele vai fazer?

Ao invés do que eu estava pensando (algo a ver com um ritual canibalístico ou de magia negra) ele apenas cavou um grande buraco na neve e empurrou o animal. Quando tudo estava mais parecido com o normal ele balançou a cabeça para mim,os olhos tensos.

“Vem.” Ele me entregou seu braço.

Pensei que íamos andando,mas ele me puxou para suas costas em um movimento rápido.

“Oi?” gaguejei, meio nervosa.

“Vamos ter que ir rápido para você não se atrasar para a ceia.”

“Nós, Edward.” Consertei.

Ele deu uma risada fraca enquanto disparava para floresta. Eu me senti tonta. Tudo era um borrão em minha volta, branco e marrom se confundindo. Coloquei minha cabeça em sua clavícula e suspirei, acalmando meu coração.

Eram muitas emoções. Tentei ignorá-las. Não queria Edward na minha cabeça. Saber cada pequena coisa que eu pensei dele...Humm...Acho que não.

Ele parou abruptamente, suas mãos me retirando de sua costa. Olhei para frente e me deparei com algo um pouco improvável no meio da massa de neve.

À minha frente estava uma pequena cabana, um pouco surrada como se estivesse por lá há muito tempo. Podia compará-la com a cabana dos sete anões. Era saída de um conto de fadas. Caminhei sobre o chão de pedra, ervas daninhas se embolando entre roseiras rasteiras, gotículas de gelo sobre elas. Andei até a porta  antes que eu pudesse abri-la, Edward fez isso por mim. Seus olhos continham uma tristeza que eu não sabia a origem.Minha felicidade ainda estava inabalável.

A cabana por dentro estava vazia. Vazia de um jeito como se há séculos ninguém visitava lá. Montes de poeira se acumulavam sobre as paredes e teias de aranha estavam nas quinas. A fraca luz entrava por uma janela de vitrais coloridos,colorindo a sala. Edward foi para perto de mim.

“Eu estudava em Forks quando eu conheci sua mãe. Ela era linda,tinha os mesmos olhos que você, e acabou chamando a atenção de todos em sua volta. E também chamou a minha atenção. Sua beleza e timidez eram intrigantes, mas o cheiro de seu sangue... Aquilo era a coisa que eu mais queria. Permanecerem uma sala fechada com ela era terrivelmente difícil. La tua cantante.” Ele murmurou me apertando em um abraço.

“Seu sangue não era o único que me fascinava. A mente dela era parecida com a sua.Não saía um pensamento de lá .” ele riu baixinho em meu cabelo. “ Ela era esperta e rapidamente descobriu o segredo de  nossa família e lidou com uma graça quase inexistente. Nos apaixonamos rapidamente e lutei com meu desejo.”

“Um vampiro, James, caçou-a e tentou matá-la. Mas o impedimos, ou melhor tentamos impedi-lo. Ele mordeu sua mãe, deixando uma marca.”

“A meia-lua.” Murmurei, absorta com a história.

“Eu chupei o veneno e consegui salva-la,mas quase não pude repetir o feito. No seu aniversário ela cortou o dedo e Jasper a atacou. Consegui impedi-lo de matá-la, mas notei que a convivência com minha espécie era perigosa para ela. Então a abandonei.”

Senti um frio percorrer meu corpo,pensando se ele era capaz de fazer isso comigo. Mas, tecnicamente, nó nem estávamos juntos...

“Sumi por um tempo,procurando a parceira de James que queria vingança. Só tive notícias dela quando Alice a viu pulando de um penhasco. Achei que ela estava morta.A razão de minha existência. E fui atrás dos volturi, nossos protetores e carrascos. Queria que tirassem a vida de mim. Estava quase tendo sucesso quando eu a vi,correndo para mim. Achei que eles tinham sido eficazes e eu estava junto coma mulher da minha eternidade.Mas,ao contrário, ela tinha me salvado.”

Ele parou para encarar meu rosto chocado. Sua testa se enrugou,como se estivesse lidando com algo acima de sua compreensão.

“Mas, como sua mãe era um alvo de má sorte, fomos capturados pelos Volturi que exigiram a transformação ou  a morte dela. É muito perigoso para um humano saber nosso segredo.” Sua voz tinha um nó estranho. “Fomos embora com a visão de Alice deque ela seria transformada. Só o que não esperávamos era a amizade dela com seu pai. Durante minha ausência ela tinha buscado apoio em Jacob e uma amizade,um amor nasceu de lá. Tentei lutar com essas circunstâncias, mas o amor por ele era muito forte. Cheguei a pedi-la em casamento e ela aceitou. Alice encontrou essa cabana para ser a nossa casa depois de casados e já preparava o casamento.”

“Victoria,companheira de James, lutou contra nós.Ela e um exército de recém criados. Ganhamos com a ajuda dos lobos. Na hora de Bella decidir seu destino,ela não resistiu e ficou com seu pai.” Ele me pegou no colo, assentando-se comigo abraçada a ele.

“Pensei em me matar, mas ela não deixou. Ela pediu, implorou que eu jurasse que estaria aqui quando ela precisasse.” Ele subiu uma tábua e retirou um papel de lá.

“Não me surpreendi quando recebi essa carta dela, me contando de tudo e fazendo um pedido.”

Ele me entregou a carta e li baixinho,olhando para a letra bonita da minha mãe.

Edward,

Preciso de sua ajuda. Antes preciso te contar a situação em que me encontro.

Jacob e a matilha encontraram um cheiro estranho no ar, cheiro de muitos vampiros. Lobos apareceram mortos na reserva e cada vez mais os assassinatos estão aumentando. Achávamos que era algum tipo de exército de recém criados, até eu recebera visita de Aro.

Ele queria provas que eu tinha virado uma vampira, como Alice tinha mostrado. Ele decidiu aniquilar comigo no momento e com minha família que estava na casa,para não ter nenhuma testemunha. Pedi-lhe mais tempo,para poder ajeitar a minha vida e de todos em minha volta e ele concedeu-me o pedido.

Edward,peço-lhe então, uma coisa:minha filha estará sozinha com minha morte e com a morte do pai (Jacob insiste em ir junto comigo). Cuide dela com carinho, Edward. Estou me sacrificando em prol da vida da minha filha, que quase morreu naquela tarde. Ela terá proteção dos lobos(Seth teve um imprinting com ela)e, com esse pedido,terá proteção dos vampiros. Tenho medo de que os Volturi voltem atrás da minha filhinha. Sua vida estará salva, assim.

Então cuide dela.Ame-a e tenha em vista o bem dela.

Eternamente grata,

Bella Black

Encarei os olhos, um misto de horror contido neles. Ele olhava para mim com um olhar aflito de dor. Agora entendi que El sofria ao pensar nela,assim como eu. Eles tinham se apaixonado,afinal. Ele falou,a voz um pouco embargada:

“Sabe a dor que some quando você está perto de mim?” ele murmurou, me apertando contra seu corpo. Balanceia cabeça afirmativamente. “Acontece a mesma coisa comigo.”

Olhei em seus olhos que pareciam ouro líquido.

“Você me tirada tristeza em que estou. Eu... eu acho... que me apaixonei de novo.”

Me joguei em seus braços, apertando meus lábios contra os dele, enquanto as lágrimas caíam sobre minhas bochechas. Um gemido saiu entre os lábios.

E eu soube.

Não soube somente os motivos que me levaram até lá.

Não somente os motivos pelo qual ele se apaixonou pela minha mãe.

Soube que a paixão era diferente do desejo. Era diferente da malícia. Era diferente da diversão.

Paixão era algo que eu tinha me entregado inteiramente de corpo e alma.Algo que tinha mudado meu jeito de respirar, mudado o jeito da batida do meu coração, mudado meu modo de ver, meu modo de sentir, meu modo de querer.

Meu modo de amar.

Por que amor e paixão são diferentes e iguais. Um é ardente, outro é singelo. Um é irracional.Outro é movido de fatos.

Mas ambos,ambos, são a coisa mais linda e bela que o mundo já viu.

E só quem já sentiu, sentiu de verdade, sabe o poder deles.

O poder de sentir-se acima de todos, de querer tudo, e não querer nada.

E de querer o bem de uma só pessoa. Para sempre.

Edward. Meu Edward.