Circus escrita por Black


Capítulo 1
Infernal


Notas iniciais do capítulo

Olá, bom está pequeno não é? Mas, é apenas um trecho do que pode acontecer. E essa ideia nasceu agora, não tinha pensado em muita coisa. Mas espero que gostem >.
PS: Sim, o Hades perfeito para mim é o Ian, e apesar de todo mundo colocar a Perséfone como morena, eu prefiro a Kaya para fazer o papel dela. Me julguem?



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Frio, foi a primeira coisa que Perséfone sentiu quando suas costas se chocaram com o chão duro. Seu primeiro estimulo foi de que deveria abrir os olhos, mas os mesmos se encontravam tão pesados, quanto o cesto de cereais que a mãe lhe mandava carregar.

Sabia que deveria abrir os olhos, mas quem disse que possuía coragem para tal ato? Não se lembrava de ter adormecido nos campos do Olimpo, pelo contrário, estava tudo muito claro quando passeava pelas grandes plantações de Deméter. Então, por que tudo parecia simplesmente gelado e sombrio ao mesmo tempo?

Será que já era noite ou que sem mais nem menos, uma tempestade atingira todo o Olimpo? Ignorando os protestos de seu corpo, sentou-se. Não havia palavras para expressar seu choque, não estavam em casa, longe disso. Olhou ao redor, grandes colunas se erguiam em tons escuros e mármore negro, o chão estava cercado de pequenos desenhos dourados, como se tivessem pintado espirais com tinta de ouro sobre ele. Esqueletos formavam um arco no teto, olhar para aquela junção de ossos e aço negro fez um calafrio subir pela coluna da Deusa.

Por Zeus, onde estou?

As paredes eram adornadas de quadros, fixando seu olhar neles descobriu que não eram só pinturas renascentistas, eram mortes. Anjos negros segurando corpos de pessoas, as imagens se moviam mostrando exatamente o momento em que um deles cortou a garganta de uma garotinha.

Seu corpo se retesou, o pânico aflorava pelas veias de seu ser, podia senti-lo por seu sangue, fazendo com que seu corpo tremesse e que a vontade de chorar atingisse níveis críticos dentro de si.

Olhou para as mãos, as juntas estavam brancas e os dedos adquirindo a coloração azulada, tentou relaxar e quando as abriu sentiu uma leve ardência na palma das mesmas. Tinha fincado as unhas nelas e icór escorria dos minúsculos círculos em meia lua.

Ignorando o sangue em suas mãos, seguiu o olhar para frente. Seus olhos se arregalaram ao fitar um trono todo e completamente feito de ossos e couro negro, e sobre ele um homem que a fitava com certo divertimento no olhar.

Perséfone não pode deixar de notar o quão bonito ele era, rosto aristocrático, maxilar quadrado, pele branca como um mármore ou algo mais, talvez neve,. Coberto de preto dos pés a cabeça e os cabelos tão negros, que só destacavam a palidez mórbida do sujeito, mas os olhos foram o que mais lhe chamaram atenção, eram negros.

Como olhos de demônio, pensou a garota se levantando com dificuldade e se apoiando em um nos pilares daquela sala fria.

Hades não pode deixar de notar o quão pequena ela era, mais ainda do que Hipnos e Tanâtos tinham dito, e bonita. Ela parecia assustada e isso não o deixou surpreso, era assim que muitos ficavam em sua presença, assustados, acovardados ou amedrontados. Era de se esperar que fosse temido, afinal era o Deus da Morte, senhor do Submundo.

Levantou-se de seu trono, seu manto negro se arrastava pelo chão de acordo com que se aproximava da pequena filha de Zeus. Ah Zeus, o senhor do Olimpo, que lhe oferecerá um acordo como esse. Não queria essa garota em seus domínios, Deméter com certeza iria cuspir fogo quando descobrisse que sua filha única estava no mundo inferior.

Mas, olhando-a de perto descobriu que ela se parecia bem menos com Zeus do que pensava. Tinha a pele branca como ele e isso era tudo, os cabelos castanhos eram como uma cachoeira pelas costas, as mãos pequenas estavam fechadas nas laterais do corpo e não pode deixar de notar que um líquido dourado escorria delas. Deve ter se machucado. Hades pensou esticando a mão para toca-lá, mas parou à alguns centímetros de Perséfone, ela tremia da cabeça aos pés por sua aproximação, certamente tinha medo dele.

O sorriso torto que estava prestes a escorrer por seus lábios, sumiu. A postura fria e arrogante se fez mais forte, de modo que ficou a encará-la de longe, como se fosse um animal acuado e machucado, o que de fato não deixava de ser verdade.

– Had... Hades – Sussurrou, sentindo o frio lhe rasgar a garganta.

– Perséfone.

Escutar sua voz amedrontada só comprovou o quando ela o temia. Isso ao contrário de alimentar seu espírito gelado e egocêntrico, o incomodou. Ele não era um monstro, fora apenas injustiçado pelos anos e pelas histórias sem cabimento que os deuses do mundo de cima inventavam a seu respeito.

– Onde estou? – Perguntou baixo, parecendo uma ratinha.

– No mundo inferior – Respondeu sem alterar sua voz, sempre séria e contida.

Nada de demonstrar emoções, era esse o seu legado. Mas, ao olhar para a pequena a sua frente percebeu que ela não compartilhava desse mesmo feito. As lágrimas que Perséfone lutou tanto para segurar agora escorriam livremente por suas bochechas, os soluços que tentou guardar no peito saiam baixos pela boca.

– E por que estou aqui?

– Porque eu quis. – Disse sendo mais arrogante do que pretendia. – Agora venha, vou te mostrar o seu quarto.

Em passos largos e sem olhar para trás, Hades seguiu pelos corredores de seu belo e escuro castelo.

Muitos o chamavam de solitário ou até mesmo de nomes piores, mas não ligava, a família sempre o perturbará de todas as formas. Agora por exemplo estava sendo obrigado a receber uma filha de Zeus em sua casa, por ordem do mesmo é claro, mas sendo sensato não seria bom declarar uma guerra ao Olimpo agora, não com seu próprio reino em conflito.

Perséfone quase corria para acompanha-lo, Hades era muito maior que sua pessoa e não se importava em andar devagar para espera-la. Mas, nem mesmo ela sabia que se gostaria da companhia do moreno agora, suas lágrimas ainda manchavam suas bochechas e milhares de dúvidas nublavam sua mente.

Porque eu quis. O que o Deus do mundo inferior poderia querer com ela? Tão fraca e desprovida de poderes que nem mesmo Ares gostava de sua companhia, talvez a aguentasse porque eram irmãos ou por ordens de seu pai.

O manto negro de Hades se arrastava sobre o chão, delineando os ombros largos do deus, e Perséfone curiosa como era não pode deixar de notar que rostos agonizantes estavam gravados no tecido negro.

Encolheu-se, tudo aquilo parecia um show de horrores, desde seu anfitrião as paredes que a cercavam. Era como estar dentro de seu próprio pesadelo, com direito ao rei dos demônios e tudo. Perguntava-se quem estaria sentindo a sua falta ou se estariam, porque ela era apenas Perséfone, uma das muitas filhas de Zeus.

– Esse é seu quarto. – Hades disse, parando de súbito na frente de uma porta.

Perséfone estava tão alheia ao que acontecia a sua volta que nem percebeu quando se chocou com as costas do deus. Saindo de seu estado de topor momentâneo a realidade lhe acertou como uma tapa na cara, Hades a fitava com uma das sobrancelhas levantadas e esperou calmamente que ela se desgrudasse de suas costas.

– Quanto tempo eu vou ficar aqui? – Perguntou sem olha-lo nos olhos.

– Talvez tempo o bastante para perceber que o inferno é gelado, deusa.


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Notas finais do capítulo

Aguardo os reviews e até semana que vem.

" O frio, nem sempre é algo ruim. Ele mascara aquilo que não desejamos que os outros vejam e assim como o frio queima, ele destrói na mesma intensidade." - BLACK.



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