Até o fim escrita por Isabella Cullen


Capítulo 18
Um minuto. Um silêncio. Uma explicação.


Notas iniciais do capítulo

Desculpa o atraso meus amores...



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Cansado dos pensamentos e lembranças ele se deixou vagar em outra coisa que não fosse seu passado ou casamento. Olhou novamente para ver se algo de novo tinha acontecido, mas não mudou muita coisa. A neve tinha parado e uma correria insana tinha começado. Finalmente olhou para o lado e viu uma mulher sentada segurando firmemente um pedaço de jornal, achou estranho demais, ela parecia doente. Os cabelos escuros tapavam seu rosto, mas aquela magreza não poderia ser normal e as mãos tremiam demais. Ela era estrangeira, não tinha o biótipo dos demais, assim como ele, olhou ao redor e ficou preocupado. “Será que ela está sozinha? Essa mulher não me parece bem para viajar”. Finalmente decidiu esperar para ver se alguém aparecia para acompanhar e se não houvesse alguém a acompanharia seja lá para onde aquela doida estaria indo.

Um sentimento estranho passou por ele, uma preocupação, uma vontade desesperada de ir até lá. Precisou se controlar para não fazer isso umas duas vezes. Depois de uma meia hora a mulher não parecia mais calma, ela agora se ajeitava na cadeira e os cabelos não tapavam mais o rosto, Edward foi tomado por um impulso. Levantou-se e chegou mais perto. Seu perfil.... sem pensar muito ele foi se aproximando lentamente e mais lentamente a medida que ela... a mulher de perfil conhecido ia ficando perto. A exatamente duas cadeiras atrás dela ele se sentou, o jornal tinha uma foto dele e ele ficou paralisado. Anunciava seu noivado com Giana e uma possível data de casamento, estranho demais ele pensou e recostou-se na cadeira. Quando olhou o perfil dela, magro e abatido pensou rapidamente e loucamente que era Isabella. Podia correr na direção dela, mas quando foi chegando mais perto a coragem se foi e percebeu a loucura que estava prestes a fazer. Abordar uma desconhecida e perguntar algo do tipo “Isabella?”. O cabelo não era igual o dela, era preto, mas sem vida e brilho. O perfil era o dela, mas magro demais. A foto era a dele na mão dela, “Qual a probabilidade...” Não quis completar o pensamento, era louco demais. Uma vontade enorme o tomou de chamar pelo nome dela ver se a mulher respondia. Chamaria por uma morta e uma desconhecida o atenderia, ele pensou, no entanto chamou e não estava preparado para a resposta.

– Isabella? – A voz era alta somente para a mulher que estava a duas cadeiras ouvir. Ninguém mais deu atenção ou pareceu perceber. Ela se arrepiou e tremeu ao nome. Edward observou a reação da mulher com aparência de doente, mesmo de costas a magreza se revelava ainda maior. Ele veria um fantasma, tinha certeza agora e seu coração se agitou, num impulso ele se levantou e foi até a mulher com sua foto e de Giana na mão. Parado e sem reação ele ficou por um minuto. Foram os sessenta segundo mais longos de sua vida, sentia cada segundo passar como se cada um deles fosse um ano, um mês, uma semana, um dia, o primeiro dia sem Isabella.

A mulher levantou a cabeça para ver a sombra que tapava a luz e com o mesmo rosto de surpresa encarou Edward. A vontade dela era de sair correndo e se meter em qualquer carro que a levasse de volta para Yunnan e seu coração acelerou com a figura de Edward. Edward reparou nos olhos, eram de Isabella, a única coisa reconhecível, inalterada pelos anos foram os olhos. Mas não havia sinal de vida neles, não brilhavam como nas suas lembranças e a cor... algo na cor deles talvez tenha mudado. Mas era ela e a medida que se encaravam num silêncio cheio de palavras a confirmação vinha.

– O que...Meu Deus! O que...

– Olha... – ela não conseguiu pronunciar as palavras, seu corpo fraco demais dava sinais de esgotamento.

Edward não pensou, a agarrou pelos braços e saiu puxando aquele corpo pelo aeroporto e se dirigindo ao portão mais próximo. Ela se deixou levar, não houve protesto nem forças para protestar. Haveria uma boa explicação para aquilo? Haveria a menor possibilidade daquilo ser verdade? A loucura tomou conta de seus pensamentos e ele entrou no primeiro taxi que viu, falando um nome qualquer ele a colocou de qualquer jeito dentro do táxi. O motorista estranhou, mas só seguiu para o hotel que Edward mandou. Isabella estava encolhida num canto do carro e não encarava Edward, mas ele a encarava numa mistura de raiva e ansiedade profunda. Batia com os dedos na porta do carro fazendo um barulho ritmado e assustava Isabella toda vez que saía do compasso, o hotel ficava perto do aeroporto e a corrida foi rápida. Ele pagou o motorista sem querer troco e saiu entrando puxando Isabella, pediu rapidamente um quarto e ela teve a impressão de ouvir “ Qualquer quarto” em inglês, mas estava nervosa e confusa para acreditar nos seus ouvidos.

Uma fraqueza a abateu no elevador e ela precisou se segurar para não cair, as mãos continuaram tremendo e tudo ia rápido demais para seu cérebro. Ela não lembrava direito como tinha chegado ali, a mente falhava e seus sentidos também. Edward fechou a porta do quarto com força e a colocou sentada na cama com fúria e seus ossos tremeram na violência dele.

– Eu quero uma boa explicação para depois de OITO ANOS, OITO ANOS! Uma morta estar na minha frente! – Ele gritou tão alto os anos que até ele teve medo do que poderia acontecer depois.

E ali estavam os dois depois de oito anos no mesmo quarto. Edward respirava como se estivesse vindo de uma maratona, ofegava e suava. Isabella se encostou à parede em frente e parecia cansada. Os dois em silêncio, ninguém conseguia organizar os pensamentos de maneira coerente. A situação não era nada coerente.

– QUE MERDA É ESSA? – Isabella se assustou com a quebra do silêncio e deu um salto. – Eu estou ficando maluco? Você...você está viva?

Se naquela hora houvesse a possibilidade dela fugir faria isso sem pensar. Ela avaliou a possibilidade disso acontecer e viu que não aguentaria uma corrida se caso conseguisse fugir dos braços dele. Respirou fundo, viva não descria nada, ela pensou.

– Você está viva? O que foi aquela palhaçada há oito anos? Você deixou todo mundo pensar que estava morta e foi curtir a vida do outro lado do mundo? Que merda é essa?

As palavras a cortavam como se fosse uma faca, ela não conseguiu se manter de pé, as forças foram acabando. Pensou se conseguiria explicar, deixou seu corpo escorregar pela parede até o chão. Edward se aproximou com passos firmes e rápidos a agarrou e olhou nos olhos.

– Me explica isso! Me explica por que nesses oito anos eu chorei por alguém que estava viva! Eu mereço isso! Mereço saber! – Ele a sacudiu umas vezes e ela ficou assustada demais para pronunciar qualquer coisa. Ele se afastou depois de perceber o medo nos olhos dela, olhou ao redor e viu uma mesa com algumas cadeiras e foi para longe. Ainda andou nervoso antes de conseguir se sentar. Edward estava vermelho e Isabella se sentou no canto da cama, o mais distante dele.

– Ele ameaçou vocês – as palavras vieram baixas, mas ele as ouviu sem dizer nada, queria uma explicação para aquela loucura – ele falou que iria com prazer matar, torturar, falir e outras coisas mais. Eu não ofereci resistência Edward, disse que só queria que parecesse um acidente. Pedi o direito da dúvida. Só que eu não contava com isso, não contava com estar viva. Era realmente para eu ter morrido ali, ele prometeu que você não iria morrer.

As lágrimas queriam ser liberadas, o coração disparou e suas mãos tremeram. Ele estava ali na frente dela, tudo o que ela mais desejou, tudo que ela sonhava. Os olhos, o cabelo, o corpo, o perfume invadiam seus sentidos e causavam ainda mais dor. Ele nunca a perdoaria, nunca compreenderia o que nem ela compreendia.

– Como você está então? Como veio para aqui? China? Que merda é essa? – A voz era baixa, uma raiva contida. Deu um soco na mesa com força e Isabella deu outro salto. – Você não tem noção do que passei esses anos todos, VOCÊ ME MATOU NAQUELE DIA!

– Eu morri naquele dia, morri Edward. – ela se levantou, queria usar todas as forças para explicar e iria, custasse a sua vida ele iria saber de tudo. – Você acha que vim para cá de uma forma planejada? Eu preferia a morte a esses anos, eu não tinha para onde ir ou voltar, TODOS ACHAVAM QUE EU ESTAVA MORTA... – ela respirou ofegante, mas se recuperou, precisava falar tudo. – Minha vida colocava a de vocês em risco e isso eu não podia aceitar. Era eu que ele queria e isso eu podia dar fácil. Só que eu acordei, acordei de um sono profundo e confuso. Numa casa com um casal no interior, numa província chamada Yunnan, não entendi o que estava acontecendo direito. Nunca falei Chinês, mas depois de algumas horas eles me entregaram uma carta. Não tinha o nome de quem escreveu e estava apenas digitada.

“Fique aqui, estará segura, não se preocupe e não entre em contato com ninguém. Você morreu no acidente.”

Isabella disse isso e se sentou na cama, a lembrança era dolorida e as lágrimas finalmente jorraram pelo seu rosto.

– Eu queria me matar, eu queria gritar, quis fugir, mas não sabia onde estava. Não tinha dinheiro e o casal sempre me acompanhava. Uma hora então eu percebi que não tinha para onde ir, iria colocar a vida deles todos em risco caso me mostrasse para qualquer um. Não restava mais nada para mim... eu morri realmente naquele acidente. – Ela não conseguia mais dizer nada, eram muitas lágrimas e muitos sentimentos. A mente falhou e ela desmaiou, foi demais para o corpo.

Edward entrou num desespero quando viu o corpo jogado na cama sem vida, ele se aproximou e ouviu o coração bater lentamente. Correu para a porta e pediu ajuda, gritou por ajuda e logo vieram algumas pessoas que trabalham no hotel e estavam no andar, alguns hóspedes também abriram a porta e viram a movimentação. Falavam rápido, gesticulavam demais e uma mulher apareceu na porta gritando algo incompreensível. Parecia que ela trabalhava lá e deu ordens para o caos que agora era o quarto.

Quando se deu por conta estava numa ambulância com paramédicos colocando tubos nela e falando coisas incompreensíveis, nervoso e apreensivo ele entrou no hospital e só parou quando um dos paramédicos apontou para uns assentos num canto. Eles entraram numa sala e o segurança barrou a sua entrada algumas vezes. Numa das únicas vezes que conseguiu entrar estavam reanimando ela, os tubos ainda estavam lá e ela estava no soro. “Eu vou perder ela de novo.” E deu um soco na parede que fez o resto das pessoas ao redor ficarem assustadas e chorou, chorou porque a tinha perdido e estava perdendo novamente.


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Notas finais do capítulo

E agora meninas? Me digam o que vocês acham que vai acontecer... beijos!



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