Forgotten escrita por Donatela


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Às pessoas que estão acompanhando a história: PERDOA-ME! Eu demorei, eu sei. Mas eu não gosto de escrever sem inspiração e ela só chegou hoje. Peço desculpas do fundinho mais obscuro do meu coração por isso. Espero que gostem.
^^



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Minhas noites de sono bem dormidas estavam com os dias contados. Disso eu sabia. Só não sabia por quê. Costumava a ficar assim nas semanas de provas, quando eu ficava tardes e tardes estudando e noites em claro por causa da ansiedade pura que corria por minhas veias. Mas agora pesadelos tomaram conta das minhas madrugadas e essa noite não foi nada além do esperado. Dessa vez, eu estava sendo torturada e a dor me fazia gemer em agonia. Levava golpes na barriga, me contorcendo em uma cadeira com as mãos amarradas nas costas. Depois de muito esforço entrei no limbo, aquele estado de subconsciência quando não se está nem dormindo nem acordado e de algum modo vire-me na cama desconfortável. Meu pai sempre dizia que se eu tivesse pesadelos, era para apenas me virar para o outro lado e por incrível que pareça, funcionava. Mas hoje não resolveu.

Eu continuei sendo espancada violentamente e eu senti minha respiração ficar mais pesada e rápida. Tentei passar as mãos na cabeça, mas elas estavam presas. Finalmente despertei, esfregando as mãos aparadas nos olhos e tentando me sentar, mas a dor do pesadelo continuou e piorou quando tentei me mover.

Eu fiquei parcialmente sentada, apoiada com as minhas mãos amassando o colchão abaixo de mim. Olhei ao redor, procurando ajuda. O quarto estava iluminado pelos primeiros raios de sol que teimavam em passar através da cortina fina. Tentei controlar minha respiração contando até três tantas vezes que tinha perdido a conta. A dor era constante, mas aumentava regularmente e diminuía até voltar ao normal. Comecei a me desesperar e a contagem da respiração já não estava fazendo efeito e eu ouvia meus batimentos cardíacos no meu ouvido e parecia que a qualquer momento meu coração iria pular da minha boca. Meus braços enfraquecidos estavam quase desistindo de suportar meu peso e enfim o fizeram quando uma dor dilacerante veio e por fim eu me permiti gritar. Deitei-me repentinamente de novo e mordi meu lábio inferior para conter a dor. Minhas mãos procuraram qualquer coisa para se segurarem e encontraram o lençol que forrava a cama. Essa tortura real durou mais alguns minutos e quando ela se transformou no incômodo inicial eu gritei por ajuda. Gritei o mais alto que eu pude e parei quando vi a movimentação fora do quarto. Minha testa estava molhada de suor, que escorria aos poucos por minhas bochechas e pescoço. Quando eu menos esperava um grupo de pessoas vestidas de jaleco branco e uniforme verde entrou no cômodo, mas não pude prestar mais atenção porque a dor tinha voltado. Essa dor tinha um efeito equivalente a um soco no rosto, te deixava tonto, desnorteado, sonolento e confuso.

Mantive meus olhos e dentes bem cerrados enquanto a equipe de desconhecidos fazia todo o trabalho. Mais uma vez, gritei, mas tentei abafar mordendo o lábio. Senti que eles estavam me movendo, cada um falando uma coisa diferente ao mesmo tempo, o que me deixava ainda mais confusa. A dor deu um tempo e encostei a cabeça no travesseiro e vi as luzes do teto passando correndo acima de mim, como se estivessem apostando uma corrida comigo. Eles colocaram alguma coisa no meu nariz que me fez ficar mais amortecida do que eu já estava. Minha visão começou a ficar embaçada, mas bem a tempo de eu ver minha mãe do meu lado com lágrimas nos olhos. Ela estava dizendo alguma coisa, mas eu só via seus lábios se movimentando. Apenas acenei a cabeça afirmativamente momentos antes dela desaparecer novamente. De repente, me levaram para outro ambiente, cheio de aparelhos metálicos e luzes para todo lado. Então me transportaram para outra cama maior e muito mais clara, com as luzes apontando para mim.

– Já podem retirar o oxigênio e dar a sedação.

Um homem de óculos tirou os canos do meu nariz e me virou de lado. O pavor tomou conta a partir do momento que eu estava fraca demais para me virar de volta sozinha e eu percebi que não conseguia ver as ações do tal cara. E então eu senti a agulha perfurando minhas costas e o líquido invadindo a corrente sanguínea. As lágrimas de dor que já estavam escorrendo sem permissão rolaram soltas agora. O mesmo homem me virou novamente, me deixando em uma posição que eu tivesse que encarar as luzes ofuscantes presas no teto. Agora eu estava mais desperta, mas em compensação não conseguia mexer meu corpo. Todos na sala estavam fazendo alguma coisa em mim, ao mesmo tempo. E não sentir nada era perturbador. Eu vi uma mulher furando o dorso da minha mãe e injetando um líquido denso, provavelmente soro, enquanto outra prendia um lençol do teto até a altura do meu rosto, tampando toda minha visão do pescoço para baixo. As luzes saíram da minha cara e se posicionaram além do lençol azul-escuro, permitindo apenas ver a claridade. Olhei para o lado e vi minha mãe através de um vidro, com seu lencinho enxugando as lágrimas que a vi segurando há poucos minutos. Depois de alguns segundos meu pai chegou e a abraçou e em seguida acenaram para mim. Gostaria de acenar de volta, mas mal tinha controle de minha cabeça, quem me dera as minhas mãos.

O que estava acontecendo? Quero dizer, eu sabia o que acontecendo. Eu já havia assistindo aqueles programas no Discover Home&Health para saber o que estava acontecendo, mas o que eu gostaria de saber é como isso aconteceu. Eu pensei que eu estava tendo um pesadelo e de repente cá estou, numa sala de cirurgia, dando a luz. Como isso aconteceu?? Nem namorado eu tinha. Minha cabeça começou a rodar e decidi não pensar nos acontecimentos. Fechei meus olhos e pensei em coisas boas e que me faziam sentido, tais como sorvete de flocos é o melhor. Ou como pipoca com molho inglês e manteiga é deliciosa. Ou como o céu azul. Ou como o bebê que estava sendo retirado de mim agora iria ser.

Em pleno século XXI e ainda não criaram uma anestesia que permita que você não sinta nada. Pelo menos essa que me deram não deixava sentir dor. Eu acompanhava os motivos dos médicos de acordo com o que eu sentia com seus toques. Primeiramente, eles cortaram as sete camadas de pele até chegar ao útero e apenas alguns poucos mililitros de sangue foram desperdiçados nesse ato. Depois, eles chegam à bolsa amniótica e cuidadosamente a cortam, sempre tomando cuidado com o bebê. Parei de encenar mentalmente porque eu estava quase vomitando. E então, o milagre aconteceu.

Aquele choro agudo e característico.

– Parabéns, mãe. É uma garota.


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Notas finais do capítulo

Bom, espero que tenham gostado. Irei tentar postar o próximo assim que possível.
Beijinhnos



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