Midnight Dreamers escrita por Aimée Uchiha


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

OIS GENTE!!
Então, eu não morri... Sei que fiquei parada por quase um ano mas cá estou. Tenho a intenção de retomar MD e conto com vocês para que minha inspiração não morra :p

Espero que gostem do cap, e nos vemos em breve.

Beijinhos!



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O som estrondoso do tiro ainda ressoava em meus ouvidos, o lugar onde estava era estreito então era fácil de me apoiar. O timbre foi modificando para o som de trovões e a imagem de um Sasuke surgiu em minha mente, mais jovem e menos perturbado. Estava sentado ao meu lado rindo para mim... O som do trovão foi escutado novamente e dessa vez, o meu Sasuke menor se transformou no atual, me beijando sobre a cama, sussurrando palavras de amor enquanto fazia o tal. Fechei meus olhos contendo minhas lágrimas pela agonia de não saber o que fazer, mordi meus lábios tentando conter meus soluços. Ousei em tentar olhar para a fresta que me era oferecida, mas nada foi visto. Sasuke já não estava em cima de mim e nem Itachi sob meu campo de visão.

A luz da fresta iluminava o rosto infantil de Sasuke na foto em minhas mãos, os olhos ônix me fazia estremecer... Como se aqueles olhinhos jazidos num pedaço de papel fosse capaz de me enxergar por dentro, como se fosse confidenciar ao Sasuke atual a onde eu me encontrava. Eu estava em puro medo! Agindo como uma verdadeira covarde, por que no fundo era o que sempre fui: covarde. Deixei meu corpo deslizar sobre a parede fria até me sentar no monte empoeirado, fiquei só com minha consciência por alguns minutos até finalmente escutar a voz de Itachi baixa porém firme:

— Sei que não tenho moral alguma pra te pedir algo, afinal eu te abandonei e te deixei pra viver essa vida maldita. Mas Sasuke, eu me importo com você... Sempre me importei!

— Cala a boca. - Sasuke disse.

— Eu sempre acompanhei seus passos. Quando soube que finalmente iria sair da asa de nosso pai, virando o chefe, não me contive em te procurar. Eu estava ali de qualquer forma. - Itachi se calou, Sasuke também não me pronunciou. Então o mais velho prosseguiu: - Eu não fiquei apenas fugindo durante esse tempo todo, eu pesquisei sobre nossa família e descobri que nossa raiz é bem mais podre do que imaginamos. Você não quer matar essa garota.

— Quem é você pra dizer o que eu quero ou não? - Seu tom era de deboche.

— Sou seu irmão mais velho e -

— Você não me conhece. - Sasuke cortou-o. - Se você me procurou e me acompanhou como diz ter feito, deve ter visto tudo do que eu sou capaz. Eu tenho um objetivo e não meço esforços pra conseguir. Eu vou completar essa missão seja como for e se você não me entregar Sakura nesse exato momento, eu estouro sua cabeça sem misericórdia.

— O que lhe impede? Te disse que essa garota não está comigo.

— Não me provoque, Itachi. Estou sendo muito paciente com você...

Levantei-me e voltei a me posicionar sobre a fresta, dessa vez, Itachi se moveu até entrar no meu campo de visão. O seu olhar se encontrou com o meu por segundos e voltou a fixar em algo que estava fora de meu alcance. Itachi abriu um sorriso, igual ao de Sasuke quando era desafiado e se sentou numa pequena poltrona atrás de si.

— Você pode me matar a qualquer momento, mas tem certeza que quer isso? Possuo coisas valiosas sobre nossa família, que tiraria o senhor Fugaku do trono e esse Império seria todo seu. Ousado, não? Pena que está tudo aqui. - Itachi cutucou sua testa, indicando.

— Nossa família tem função de acabar com todas as bruxas malditas que querem fazer o mesmo com o nosso clã. Sakura foi designada inconscientemente a nos matar! - A voz de Sasuke fraquejou.

— Sasuke, presta bem atenção: você está atrás da garota errada. Eu poderia apenas deixar pra lá, por que pra você seria apenas mais uma missão qualquer mas sei que se você matar essa menina, vai acabar descobrindo isso e vai se arrepender amargamente disso.

— O que?

Silêncio novamente mas dessa vez demorou quase como um século, Itachi se levantou e entrou em um cômodo qualquer mas Sasuke não o seguiu. As lágrimas de meu rosto havia secado, ardendo meus olhos, um nó se formou em minha garganta e senti que aquele lugar estava me espremendo, causando um sufoco agoniante. Respirei fundo e me movi lentamente... Por mais espantada e amedrontada, não poderia deixar passar. Empurrei aquela porta, abrindo-o lentamente até sair do meu esconderijo. Sasuke olhou-me fixamente, como se soubesse que estava ali desde o primeiro momento. Bati em minha roupa afim de tirar um pouco do pó presa nela e retribui ao olhar dele, dei de ombros como se me rendesse ao destino a mim resignado.

— Eu nunca quis seu mal, nem te matar como você disse. - Minha voz estava baixa, insegura. - Te amei no momento em que coloquei meus olhos em você... Mas sinto que esse meu amor morreu no momento que você me apontou essa arma.

— Está aqui... - Itachi adentrou novamente na sala, se interrompendo ao me encontrar ali, entre mim e Sasuke.

Sasuke continuou com os olhos em mim, subiu de meus pés até minha cabeça conferindo se havia algum tipo de ferimento, parando em minha perna enfaixada. Seus dedos estavam brancos por apertar a arma e aos poucos levantou seu braço, apontando-a novamente para mim. Sua mira estava certa em minha testa, respirei fundo mas não desmontei. Senti que não havia mais lágrimas para ser derramada; Sasuke firmou seu braço e passou seu indicador sobre o gatilho, prestes a apertar a qualquer momento.

— Ela não é a garota, Sasuke. Eu posso provar!

— Não há nada a ser provado. Vou terminar o que você começou...

— Sasuke... - Sussurrei.

— Teve dois nascimentos em 28 de março de 1990. Duas meninas filhas de hippies. Uma deu a luz graças a minha ajuda, outra com sorte deu a luz bem longe do acampamento... Ela havia decidido seguir sua vida por si só. - Itachi disparou, como se não duvidasse da capacidade do irmão de atirar. - Houve um erro, Sasuke. Sakura não há descendentes diretos com bruxaria, seus avós paternos eram religiosos e os maternos prestavam serviços em hospitais, eram bem de vida. Mebuki sempre foi rebelde e Kizashi, um músico. Eles escolheram essa vida e não foram criados nesse meio. - A caixa que fora me trazido momentos antes, estava em mãos de Itachi novamente. - Está tudo aqui, eu roubei essas fichas em arquivos. Nosso pai não fez esse erro sem querer, ele sabia que Sakura não era a garota da profecia. - Tirou da caixa papéis e entregou para mim.

Folheei os papéis, ali continha todos os dados sobre mim e minha família. Sakura Haruno era meu nome verdadeiro... Continha tudo sobre meus pais, tudo sobre a condições dos meus avós com a assinatura do pai de Sasuke em baixo, confirmando os documentos. Ergui meus olhos para Sasuke, entregando as folhas com os meus dados, o olhar dele estava desacreditado, seu braço erguido logo foi se abaixando lentamente e sua outra mão se estendendo para pegar os papéis, assim como eu, folheou-as sem entender o que estava acontecendo. Suas sobrancelhas estavam unidas e sua feição finalmente relaxou, depois de muito tempo estava vendo o verdadeiro Sasuke... O que eu conheci logo em minha frente. Ele olhou para Itachi como se procurasse mais respostas mas o que recebeu foi o silêncio. Sasuke vacilou por alguns instantes e me olhou com seu olhar perdido.

Seus dedos firmaram contra a arma e sem pudor alguma, Sasuke deixou seu queixo tremer involuntariamente, com seus olhos cheios d'água com o sentimento de ter sido enganado. Foquei meu olhar no de Sasuke que ainda me olhava com intensidade. Ele deu um passo em minha direção e como reflexo, dei outro pra trás. Jogou a ficha no chão e com agilidade, apontou-me novamente a arma.

— Sasuke, não! - Itachi gritou e em seguida, ouvi um barulho ensurdecedor novamente.

Fechei meus olhos com força. Dois tiros. Morrer não era tão doloroso assim... Pelo menos não houve dor em minha pele e sim, um peso sobre mim. E algo macio. Meu corpo tombou em um monte de travesseiros empoeirados. Forcei-me abrir os olhos e encarei o teto cor bege, desci meu olhar encontrando o rosto de Itachi próximo ao meu e seu corpo deitado sobre o meu. Meus lábios estavam entreabertos e olhei sob ombro dele, encontrando Sasuke ainda com os braços esticados pronto a apertar novamente o gatilho. Porém, sua mira não estava em nós e sim para a janela.

— Fuja. Leve Sakura para algum lugar seguro... Em seguida encontrarei vocês. - Seu olhar preso para além da cabana, estava perdido. - Eles estão vindo. Ino e Naruto. Agora vá, Itachi.

Itachi levantou-se, pegou as fichas jogadas assim como a caixa e me entregou para poder agarrar minhas mãos, me ajudando a se colocar de pé e entrelaçou seus dedos nos meus. Aproximou de Sasuke, colocando sua mão livre nos ombros dele para sussurrar:

— Será uma missão de irmãos. - Abriu um sorriso calmo. - Tome cuidado, nunca se sabe quem está ao seu lado.

Sasuke assentiu, sua mandíbula travada me fez tremer dos pés a cabeça... Era sério. Queriam me matar realmente. Apertei meus dedos nas mãos de Itachi, sentindo minhas pernas fraquejarem e antes que Itachi e eu pudêssemos correr para fora da cabana, a porta foi arrombada com força. Itachi me empurrou para o cômodo do qual saiu com as caixas. Seu corpo ágil se pôs em frente da porta, observando em uma pequena fresta e me deixou agarrada em suas costas.

— Ouvimos os tiros, missão cumprida? - Uma voz feminina ressoou, era Ino. Nada foi dito, então ela prosseguiu: - Ótimo. E onde estão os corpos? Fugaku Uchiha ficará satisfeito.

— Queimei-os. - Essa foi a sentença de Sasuke.

— Como? Sasuke, fomos ordenados a levar o corpo em ótimo estado para seu pai.

— Não sigo ordens.

Itachi se afastou da porta para dar volta pelo cômodo, procurando algum lugar para podermos escapar sem sermos notados. Aproximei em passos leves até a fresta, sentindo minhas mãos tremerem por medo e observei Ino em suas roupas de látex grudada em seu corpo definido, ela parecia uma espiã como a dos filmes... Em suas coxas, havia um bornal com armas. Seus olhar estava fixo em Sasuke e demonstrava desconfiança.

— Desde quando?

— Desde quando o que? Está me chamando de marionete? - Sasuke deu uma risada sem humor, levando seus dedos em seu bolso e puxando entre seu indicador e médio um filtro de cigarro, levando até a boca e com a outra mão acendendo o isqueiro.

— Sim. - Ino disse.

— Gente, qual é... - Naruto interviu no clima tenso. - Qual a importância do corpo? Se Sasuke disse que concluiu, é porque concluiu.

— Não me convence. - Ela cruzou os braços ainda observando Sasuke.

— E felizmente isso não me importa. - Disse enquanto soltava fumaça dos lábios. Sasuke discretamente lançou seu olhar para o meu rumo, encontrando-se com o meu. Recuei aos poucos e me afastei da porta.

— Uma coisa que aprendi com os anos ao seu lado é que você só fuma quando está nervoso.

Sem qualquer aviso, a porta foi violentamente aberta e nela estava uma Ino arisca com uma arma igual a de Sasuke apontada para mim. Assim como a ação da porta, Naruto num pulo rápido, se colocou em minha frente dando um tapa sobre a mão de Ino, fazendo com que ela derrubasse a arma em outro extremo do quarto mas em sua outra mão encontrava-se uma faca e devo ressaltar: bastante afiada. Mas Naruto também estava precavido, devidamente armado com outra faca; ela avançou e ele retribuiu, o choque das lâminas era alto. Itachi segurou meu braço e me puxou para a saída do quarto - que já estava com passagem graças a Naruto -, Sasuke indicava o caminho ao irmão e eu só sabia seguir.

Os irmãos discutiam sobre alguma coisa mas em minha mente só ressoava os tiros que escutei. Quase morri diversas vezes essa noite e por duas pessoas! Sendo que uma delas é o amor da minha vida e agora está me ajudando... Isso se estava querendo me ajudar. Itachi falava gesticulando as mãos mostrando sua pressa em tomar alguma atitude, já Sasuke puxava a fumaça de seu cigarro com os seus olhos correndo pelo ambiente formulando algum plano. Jogou o cigarro no chão e apagou, soprou a fumaça e seus dedos firmes entrelaçaram sobre os meus.

— Vamos por esse lado, caso algo der errado, siga a trilha de trem que tem logo ali.

— Eu sei, conheço essa floresta como a palma de minha mão. - Itachi respondeu.

Seguimos entre os matos com passos apressados, havia algumas corujas nas árvores que me assustavam e me fazia apertar com força a mão de Sasuke. Ele estava em alerta, com os ombros eretos, dava atenção pra cada pio assim como Itachi. Não demorou muito pra um movimento constante se fazer entre algumas folhas, Sasuke soltou minhas mãos e foi para o lado contrário de onde estávamos.

Itachi e eu continuamos a seguir a mata até nada ser ouvido, senti meu rosto ser banhado por lágrimas que escorriam de meus olhos involuntariamente. Ele me lançou um olhar de compaixão mas não disse nada. Eu estava exausta, minhas pernas estavam dormentes e cansadas... Minha cabeça pesava e encostei meu corpo num tronco de árvore. Itachi parou de andar, olhou para os lados e arfou baixo:

— Aqui. Segure isso. - Entregou-me um pequeno canivete. - Sei que não é algo que possa fornecer muita ajuda, mas você não estará com de mãos vazias. Preciso encontrar algum lugar para te esconder, então não saia daí...

— Itachi, por favor... Não me deixa aqui sozinha. - Tentei dar um passo a frente mas minhas pernas vacilaram e ele me apoiou novamente no tronco.

— É mais arriscado ficarmos soltos por aqui. Sasuke vai dar um jeito na garota, temos uma vantagem enquanto Fugaku não sabe da real situação.

— Tudo bem, volta logo. - Fechei meus olhos e mais lágrimas banharam meu rosto. No momento seguinte, ao abrir os olhos, Itachi já não se encontrava mais ali.

Quando foi que tudo começou a virar um filme de terror? O que de fato estava acontecendo? O que iria acontecer comigo? O que aconteceu com Karin? Meu Deus! Karin! Se eles estavam querendo me matar, deveriam já tê-lo feito com Karin. Soluços apareceram em minha garganta e de um choro silencioso, se tornou alto e sentido. Eu estava com frio, fome, cansaço e... Medo. Estava sozinha. Eu só queria voltar para casa, queria alguém pra me cobrir a noite. Acordar desse pesadelo e continuar a viver minha vida.

Sentei em um monte de folhas, dobrei meus joelhos e abracei minhas pernas. Chorei enquanto as corujas continuavam a fazer barulhos, chorei ao constatar que perdi Itachi de vista. Chorei ao perceber que Sasuke estava demorando, chorei ao encontrar Ino logo a minha frente com alguns machucados no braço, rosto e com a sua arma em mãos. Não me movi, não iria fugir. E ela sabia disso.

Ela se aproximava em passos lentos e eu assisti; ao parar na minha frente, ela me observou. Talvez com pena, talvez fazia isso com suas vitimas. Encostei minha cabeça no tronco da árvore enquanto o soluço e o desespero voltar a tomar conta de mim. Sua mão com o objeto pontiagudo se ergueu em minha direção, julgo a dizer na mira de minha cabeça mas ela parou. Manteve seu braço erguido e seu olhar preso em mim, deu um sorriso de lado e sussurrou:

— Não é você. - E soltou a faca, deixando-a cair sobre as folhas. Logo em seguida, o cenário recebeu um Sasuke ofegante junto de um Naruto machucado. Ino se virou para os colegas e repetiu: - Não é ela. Naruto tinha razão.

— O que... - Foi a vez de Itachi reaparecer. - Que bom que vocês não tomaram a atitude errada. Encontrei um lugar e uma pessoa. Disse que podemos descansar ali, confio nessa pessoa. Mas não por muito tempo, algo me diz que o exército Uchiha já está em ação.

Sasuke se aproximou de mim, passou seus braços sobre minhas pernas e minhas costas e elevou-me até seu peito para me carregar enquanto Ino ajudava Naruto a caminhar e Itachi nos guiava até então novo esconderijo.

 

 

 


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