O Diário Secreto de Anna Mei escrita por Fane


Capítulo 49
O Ataque – Socos, Beijos e Abraços XOXO


Notas iniciais do capítulo

O negócio tá bugado, então não vai dar pra escrever muita coisa aqui...
Escutem essa musiquinha pra combinar com o título
https://www.youtube.com/watch?v=vdj6R-Etk3k
Boa leitura^^ bjo da tia Ho, até as notas finais ♥



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Chego na sala de aula bem na hora que o sinal toca, mas Taylor aparece antes pra me atormentar.

– Onde você enfiou o Dennis, sua carequinha? – ela chega, com aquela voz irritante de sardinha enlatada.

– No meio do seu nariz! – murmuro.

– Ele me disse que gosta de garotas com cabelos compridos, sabe...? – ela passa a mão nos cabelos alaranjados.

– Ei, ei, o que está acontecendo? – Katlyn e Loiza chegam, e só não estapeiam a Taylor por ia parecer covardia, já que Taylor é tão miúda.

– Suas amigas ogras chegaram! – ela ri. – Eu poderia até marcar o salão de cabeleireiro pra vocês três, mas os cabelos de vocês são tão ridículos que... – ela começa a falar, mas para assim que a Kat joga o resto da geleia de uva na cabeça dela.

Começamos a rir até eu lembrar da conversa estranha que acabei de ter com o Dennis, foi esquisito, mas parece que ele acha mesmo que eu gosto de outro cara além do Matheus.

Idiota, se ele não tiver se tocado que eu gosto dele eu derreto o nariz dele, mesmo não sabendo como fazer isso.

A aula começou e o Gabriel deixou de ser malvado e resolveu sentar perto de mim e abandonar o seu melhor amigo Tyler só por hoje.

– Qual o problema, Meizinha? – ele pega uma mecha minúscula do meu cabelo. – Você não me deixou ver direito, mas ficou muito legal.

– Qual o meu problema? – resmungo e bato minha cara na mesa. Muito mais forte do que eu pretendia. O baque foi tão forte que chamou a atenção da sala quase toda.

– Anna? Você está bem? – a Lianna perguntou, da fila da frente.

– Hãn? Tô ótima – mesmo com a cabeça doendo, o que provavelmente vai inchar, eu estou bem. Bem, bem, bem incomodada.

Por exemplo, Dennis... ele sempre é o motivo das minhas preocupações, e por que? Porque eu me importo com ele, certo? Mas de agora em diante vai ser diferente, porque eu não vou mais me importar com esse ser imundo!

Digo e repito, Dennis Sakai não é mais nada para mim!

Mas dizer isso não significa que ele era alguma coisa? Bom, antes éramos “melhores amigos”, agora esse lance cor de rosa acabou! Melhor amigo é coisa de unicórnio alado! Eu só tenho um melhor amigo, e é um loiro que, por acaso, gosta de me encher.

Gabriel está me cutucando há uma hora, parece que ele não entende minha angústia. Claro que não entende, não é ele quem está passando por dramas clichês da adolescência.

– Pare com isso! – bato na mão dele, agora que meu cabelo está curto, as pessoas têm livre acesso ao meu pescoço, e parece que se sentem atraídas por ele, amam cutuca-lo, daqui a pouco alguém casa com meu pescoço e leva ele pra longe.

– Seu pescoço é bem branco, Meizinha – ele sussurra, rindo.

– Falta quando pra aula terminar? – Tô quase putrificando na cadeira quando o sinal toca.

Agora só falta criar a coragem pra levantar. É o intervalo milagroso onde algumas pessoas comem, outras dormem e outras – raramente – estudam.

Estou comendo animadamente um enroladinho de salsicha – que eu acho alguma coisa alienígena, porque... tipo, quem foi o gênio que inventou isso? É simplesmente incrível! – quando Ellie aparece na minha frente.

– Vem comigo – ele diz, com aquela cara de sempre.

– Tô comendo, não enche – digo com a boca cheia. Será que ninguém entende que comer é uma hora sagrada? Ah, a Ellie é modelo, modelos não comem, mas espere, desde que eu conheci a Ellie não vi ela fazendo nenhum tipo de esforço pra se manter magra e perfeita... Ela deve ser uma daquelas pessoas mutantes que comem de tudo e não engordam meia grama, é isso, como explicar? Pessoas assim são mágicas? Onde se escondem? Como vivem? Sexta-feira, no globo repórter, não percam.

– Come logo ou enfio isso na sua goela – ela murmura, sorrindo. Um aviso, nunca mexa com uma Ellie sorridente.

Engulo aquilo e me levanto rapidamente, ela me puxa e me leva até o banheiro, está limpo, mas aquele eco sempre presente nos banheiro é o que me dá medo. Aliás, eu já tive uma conversa no banheiro com ela, por que tenho que repetir a dose?

– Que falar comigo como sua cunhada ou como sua “abiguinha”? – murmuro fazendo caretas.

– Cale a boca – ela revira os olhos (mas cora um pouco, awn) – Me escuta...

– Tô escutando, madame.

– Olha, se não acabar com isso logo eu vou te jogar naquela privada e dar descarga vinte e cinco vezes – ela grita. – Dennis tá murmurando e resmungando há horas dizendo que você gosta de outro cara e não para de me pedir pra falar com você, ele tá surtando e só você pode fazer ele se calar!

– Por que vinte e cinco vezes? – murmuro. – É um número especial? Por que não vinte e sete? É muito mais bonito de se dizer... – continuo falando enquanto a cara dela fica ainda mais vermelha. – Aliás, vai gastar muita água, acho que não seria muito ecológico fazer isso – posso ver as veias da testa e pescoço dela pulsando – e também, por que logo numa privada? Por que não num poço e...

– Cala essa boca! – ela grita e a voz dela ecoa.

E eu? Eu estou num cantinho, perto da pia. Outro aviso, uma Ellie furiosa é muito pior do que uma Ellie sorridente. Dois pontos. Nunca mexa com uma Ellie, seja lá como ela estiver. São imprevisíveis.

Ter uma Ellie de estimação é como ter um macaco prego. Sei lá o que isso quer dizer.

– Fala sério, gosta mesmo de outra pessoa? – ela suspira. – Tipo, esse enrola-enrola todo não é por gostar do Dennis?

Suspiro. Eu gosto dele? Quero dizer, eu ainda gosto dele?

– Se gostar de outra pessoa, tudo bem, mas por que tudo aquilo? – ela põe as mãos na cintura. – Pra quê criar um vínculo desses pra depois... puff.

– Olha, eu não fiz nenhum puff – reclamo. – Eu peidei na cara dele, por acaso?

Ela quase me bate, sinto que a paciência milagrosa que ela juntou até agora se quebrando em mil pedacinhos... Ai, eu tenho que juntar os caquinhos senão ela me mata.

– Ele gosta se você e por mais que seja um mané por não admitir... – parece que juntar a paciência dela deu certo. Levante as mãos pra cima e dia ô, ô ♪♫.

– Ele disse que somos melhores amigos – murmuro.

– Melhores amigos é essa mão na sua face! – ela perde a paciência e avança em mim.

– Socorro! Jeová! – me encolho até ela respirar pesadamente e recuar.

– Sabe... Quando fez tudo aquilo... pra me juntar com o... seu irmão – ela cora. Hmmmm, fica tão inocente e fofa corada, nem parece que tentou me matar alguns segundos atrás.

– E daí?

– E daí que eu vou fazer a mesma coisa com vocês dois – ela cruza os braços, – pode apostar!

E ela sai, desfilando como sempre, confesso que isso dá medo. Meu celular apita, vejo rapidamente quando o nomes “Dennis” aparece no visor. Uma mensagem, o que ele quer?

“Oie, Annie, quero falar com você depois da aula :3”

Como é? Dennis me chamando de Annie, colocando emoticons fofos e tudo mais...? Isso cheira mal.

O sinal toca e eu corro pra aula, Gabriel senta comigo e continua me cutucando, oh, Deus, eu mereço isso? Lembro da mensagem esquisita que o Dennis me mandou mais cedo.

– Gabriel – agora sou eu quem cutuco ele. – Vai fazer alguma coisa depois da aula?

– Não... talvez... – ele parece pensar, mas depois murcha. – Não vou não.

– Ok, vamos comprar doces – eu aperto o braço dele. – Vamos comprar...

– Você não prefere comprar roupas? – ele quase grita. – Isso é muito mais divertido.

– Mas eu não... – murmuro. Comprar roupas é um sacrifício pra mim, que tenho o corpo muito pequeno pra alguém da minha idade, mas qualquer coisa pra não ter que lidar com o Dennis. – Tá bom.

Quando volto a prestar atenção na aula, várias menininhas me olham como se fossem arrancar minha cabeça fora. Tudo bem, o Gabriel é popular com as meninas, mas ele não gosta necessariamente de meninas, então essas coitadas estão sendo iludidas pelas próprias esperanças, tenho pena delas... Bom, talvez seja porque eu também já me iludi com minhas esperanças. Sei como vocês se sentem, mas a diferença é que eu sou a melhor amiga dele e posso agarrá-lo, vocês não! Ok, sou muito maléfica. Essa frase soou muito... Gabriel.

O sinal toca e todo mundo corre, como se houvesse um tiroteio, mas não, é apenas a hora de ir pra casa, eu agarro no braço do Gabriel e passo pela porta, observando tudo como se estivesse prestes a ser sequestrada.

– Mei – Kat aparece. – Eu acho que estou meio mal, vem comigo.

Ela me puxa, e Gabriel vem junto, mas quando vê que estamos indo na direção do banheiro feminino ele se solta, me fazendo parar.

– Opa, acho que isso é coisa de menina – ele parece envergonhado, ok, gostar de meninos não quer dizer que você seja menina, queridinha, palavras do Gabriel – Meizinha, depois a gente vai as comprar, ok?

Entristeço, bom, mesmo assim me livrei de falar com o Dennis.

– Você é doida, por acaso? – Katlyn surta. – Vai sair com outro cara quando... Você é retardada? Sua demente, nunca pensei que poderia agir assim! Você usa o menino, tira a pureza dele e depois parte pra outro como se fosse simples assim? – ela quase quebra o pescoço de tanto gestos que faz – Eu nunca pensei que poderia fazer isso, Anna Mei! Nunca! Decepcionei...

Ela diz isso tudo, mas me puxa pro banheiro, onde Loiza e Mandy estão esperando, e Ellie está serrando as unhas enormes ao fundo.

– Mas o quê? – deixo escapar.

– Seu plano de fuga deu errado, opa – Ellie fala, fingindo tristeza.

– Mei – Mandy agarra meus ombros – Vai que é tua!

– Como?

– Simplesmente peguei o celular do Dennis e te mandei aquela mensagem, depois falamos pra ele que você queria vê-lo, agora vá e seja feliz! – Loiza diz tudo muito rápido.

– Já demos um jeito na Taylor – Mandy sorri inocentemente,

Um jeito?

– Vocês... vocês deram um jeito na Taylor...? – murmuro, não sei se fico feliz ou se fico com medo.

– Sim – Katlyn sorri. – Ela foi pra casa porque a geleia grudou no cabelo dela.

Ah, pensei que tinha sido algo extremo, mais aterrorizante.

– Parece decepcionada – Ellie ri. – Eu também tô.

– Mas agora é a sua chance! – Loiza me empurra.

Todas saem do banheiro e vão em direção ao portão de saída, e eu vou na direção oposta, pro ginásio, ele tem que estar lá, não sei o que essas doidas disseram, mas eu preciso saber o que ele queria me dizer há tanto tempo... e também preciso esclarecer que não gosto de outro cara, como a Ellie disse que ele pensa.

Também tenho que descobrir se ele é idiota ou só finge ser. Se for fingimento vou perguntar se ele não quer ser ator, porque essa idiotice é muito realista!

– Dennis? Alou – murmuro, enquanto atravesso o mato e vou em direção até a parte de trás, até me sentir puxada e alguém tampa a minha boca com a mão.

Grito e esperneio tanto que fico cansada, mas a pessoa que me segura não solta, só o que me resta é... Espere...

– Não grite... – Dennis sopra perto demais do meu ouvido. Sinto que até os melos no meu nariz ficaram em pé.

– Por que fez isso?! – grito, me afastando dele.

– Eu disse pra você não gritar – ele faz um facepalm. – Suas amigas disseram que...

Mostro a mensagem enviada do celular dele.

– O quê? Eu não escrevi isso! – ele quase pula pra trás.

– Eu sei, foi a Loiza, você nunca colocaria emoticons fofos... – resmungo. – Colocaria...?

– Qual o problema?

– Ok, eu desconfiei porque só a Lo me chama de Annie... – me encosto no muro de concreto.

– O que a gente vai fazer? – ele suspira.

É, o que vamos fazer? Nos juntaram como se fossemos dois jegues no mesmo curral... O que eu posso fazer? Não posso ir de cara dizendo “Oi, cara, eu não gosto de mais ninguém, só de você, beleza?” isso seria muito indiscreto e... vergonhoso.

– Sabe... – puxo a coragem do poço e quase engasgo. – Lembra que eu disse que gostava de uma cara idiota, mas que ele era retardado demais pra entender?

– Lembro... – ele suspira.

– O cara era você – digo, com os olhos fechados.

– Tá brincando? – ele pula. – Sério?

– Pois é... – passo a mão pelo cabelo curto, corando mais.

– Eu também te amo, Anna – ele me abraça. – Somos melhores amigos, não somos?

Melhores amigos... Melhores... Amigos.

Balanço a cabeça tirando esses pensamentos dela o mais rápido possível... Isso iria mesmo acontecer se eu dissesse que gosto dele de novo? Tipo, eu perdi a conta de quantas vezes levei um fora... Isso acaba com a dignidade da gente.

– O que você ia me falar quando eu fiquei de detenção? – suspiro depois de um século de silêncio.

– Dizer... quê? Detenção? – ele estava viajando muito mais longe que eu... puxa.

– É, você ia dizer alguma coisa quando a Taylor chegou... – murmuro. Falar nessa menina me dá náusea.

– Esquece, não era nada demais – ele se segura. – Vamos, se alguém pegar a gente aqui vão pensar bobagens.

Ele me puxa até a saída, e vamos pra minha casa, ele está escondendo alguma coisa... Será que ele matou alguém e ia me dizer, mas agora não quer mais porque eu posso surtar? Se fosse isso, eu surtaria mesmo e sairia gritando pela rua “socorro, jeová!”, porque esse sempre foi meu sonho... Digo, sair correndo na rua.

– E nós vamos pra minha casa fazer o quê? – me espreguiço.

– Não sei... comer? – ele ri.

– Jogar – começo a rir feito um porco saído do hospital e sinto que estamos sendo seguidos.

Olho pra trás, mas não vejo ninguém na rua.

– O que foi? – Dennis para e encara o nada, assim como eu.

– Tem alguém seguindo a gente... – murmuro.

Ele faz uma careta, apoia o braço na minha cabeça e me puxa.

– Não é nada, Anninha – ele faz uma voz como se falasse com um bebê, e mesmo assim parece estar ajudando uma velhinha a andar.

Sinto os passos atrás de nós, como ele pode ignorar uma coisa óbvia dessas? Vai que é algum perseguidor de verdade... apesar de ainda nem ser quatro horas da tarde pode ter algum doido por aí que acredita muito na sorte e vai tentar no atacar... Tenho que lembrar que minha vida não faz parte de um filme de ação...

Quando chegamos na minha rua ouço um barulho esquisito perto da lata de lixo... Respiro fundo, tentando me convencer de que é só um gato de rua e vou pra casa, bom, se fosse mesmo um sequestrador... iria nos seguir pra saber qual caminho a gente toma todo dia pra depois no sequestrar! Eu tô ficando paranoica!

– Anna...? – Dennis me cutuca como se eu fosse um pedaço de amoeba.

– O quê?! – grito. – Ah, nada, é que o sol de três horas me deixa meio tonta.

– Tá nublado – ele olha pro céu, completamente cinza.

Ah, que estúpida, resisto ao impulso de meter a mão na minha própria cara.

– Ah, você entra primeiro, eu tenho que ver como o cachorro da vizinha está... – murmuro qualquer coisa e Dennis entra na minha casa.

Assim que ele sai de vista a coisa acontece muito rápido, Ellie sai detrás do poste, Mandy pula da lata de lixo – com Loiza do lado – e Katlyn sai das moitas.

– Eram vocês! – eu já desconfiava.

– Claro – Ellie murmura. – Mas não foi porque eu quis.

– Foi sim – Kat diz e leva um beliscão.

– Olha, a gente não podia deixar vocês dois sozinhos – Mandy começa.

– Vai que você dava uma de Anna Mei e estragasse tudo... – Loiza continua.

Uma de Anna Mei? O que tem de tão ruim em ser eu? Fora o fato de que sou histérica e escandalosa... Disso nem eu posso me esconder, por isso o “escandalosa”.

– Vão entrar? – pergunto, levantando uma sobrancelha.

– Nem pensar! – Loiza taca a mão na cara da Kat, quando ela faz menção de ir até o portão. – Não vamos atrapalhar, nos conte tudo amanhã – ela pisca.

Como se elas não fossem ficar espiando.

Reviro os olhos e entro em casa, Dennis está murmurando coisas sobre a coleção de cristais que minha mãe deixou à vista outra vez...

– Era um perseguidor? – ele sorri.

– Era – jogo minha mochila no sofá, ao lado da dele... folgado.

– Sério?! – ele corre até as janelas.

– Um bando de perseguidoras retardadas, apenas ignore – puxo ele até a sala pra me ajudar a conectar os fios do Xbox que a Beatrice me deu.

O jogo é o mesmo daquele dia... Corrida, carros, zumbis e tudo mais, quero as piadinhas de volta!

– Ganhei de novo – grito, pela terceira vez. Acho que tem a possibilidade dele estar me deixando ganhar, isso me enoja. – Está me deixando ganhar?

– Quê? – ele pula, parece estar pensando. Quem é você e o que fez com o Dennis retardado que eu conheço?

– Tá me deixando ganhar, seu idiota! – bato com a caixa na cabeça dele.

– Ai – ele murmura, voltando a pensar.

– O que foi? – agora é sério, Dennis parece estranho... digo, mais do que o normal.

– Nada – ele sorri forçado. – Não vou mais deixar você ganhar.

– ~idiota~idiota~idiota – vozes e sussurros soam do nada. Hãn? Aquelas doidas estão sussurrando pra deixar o coitado doido como elas?

– O que foi isso? – ele diz.

– O cachorro da vizinha – murmuro. – Ele tem... radiocupinodiose... – invento.

– O que é isso? – ele desconfia, lógico que desconfiaria, eu sou retardada demais!

– É uma doença que afeta as coisas vocais e faz parecer que os latidos dele são sussurros do além – digo bem rápido, talvez se ele não prestasse tanta atenção...

– Anna... – ele murmura.

– Quê? – viro devagar. Ele está muito perto.

– Posso...? – parece que até falar dói.

Ele se aproxima muito! Ai, socorro, estamos muito perto. Tomara que elas vejam isso e pensem que estamos nos beijando, assim elas vão embora e vão nos deixar em paz.

Ele fixa nossos olhos como se fosse aquele jogo de quem piscar perde. Mas, de repente, e bate palmas, me assustando.

– O que? – digo, quando ele se afasta. – O que foi isso? – rastejo até a parede perto da cozinha.

– De quem você gosta? – os olhos dele brilham, como se fosse um cachorrinho pedindo pra brincar.

Olho pros dois lados, elas estão olhando.

– Não estamos seguros aqui em baixo – sussurro.

– Quê?

– As perseguidoras “E”, “K”, “L” e “M” estão por toda parte – sussurro ainda mais baixo.

– O alfabeto tá te perseguindo? – ele murmura.

– Vai se danar – resmungo, puxando a mão dele e subindo as escadas em silêncio até o meu quarto, espero que ele não esteja pensando nenhuma safadeza... Sei lá o que os meninos pensam. Pelo menos não tem como elas subirem no telhado pra ouvir a conversa alheia.

– Percebi que está se coçando pra me perguntar certas coisas – suspiro e me sento, ele abana a cabeça e senta junto. – Comece – reviro os olhos.

– De quem você gosta? – ele diz com falsa animação.

– Não digo.

– Ah, qual é? – ele balança meus ombros. – Eu sou seu melhor amigo!

– Não é, não! – cruzo os braços e ele parece tomar um susto. – o Gabriel é meu melhor amigo.

– Me trocou por ele? – ele arfa, fingindo estar preocupado. – Isso não é importante agora, por que não me conta de quem você gosta?

– Porque ele é um idiota que pensa que somos melhores amigos – digo muito rápido. – E tipo... faz coisas que amigos não devem fazer.

Me encolho e abraço minhas pernas.

– Você... – ele murmura. Ah, ele descobriu... finalmente. – Gosta do Matheus?

Joga esse menino no poço da inteligência porque aí já é demais! Se eu falar mais uma vez eu juro que eu explodo.

– É – levanto, me segurando pra não jogar ele pela janela. – Eu gosto do Matheus, amo tanto ele que acho que posso morrer se ficar longe dele por míseros segundos.

– Anna...? – ele murcha, mas fica assustado.

– Você é idiota ou se faz? – empurro ele da minha cama e ele cai sentado no chão, fazendo um estrondo ecoar pela casa. – Sabe qual é a única coisa que diferencia seu cérebro da sua bunda? A sua bunda serve pra alguma coisa!

– Pra quê tudo isso? – ele se ajeita, ainda atordoado.

Respiro com dificuldade, esse idiota, me fazendo ser mais estranha do que eu já sou!

– Morra devagar – suspiro. – Eu quero que tenha uma morte lenta, e que sofra! Sofra bem muito, vou gravar tudo e ver todo dia pra me divertir com o seu sofrimento! Sofra... sofra... – minha voz falha. Estou chorando?

– Ei... Por que está...? – ele se apavora quando eu caio sentada perto dele.

Eu vou pifar de novo, faz séculos que isso não acontece, e sempre é por causa dele.

– A culpa é sua, seu bosta estragada! – tento socar ele, mas os socos são fracos demais.

– Tudo isso por gostar do Matheus? – ele deixa escapar. E isso me dá força.

Meu punho fechado para bem na bochecha dele. Um soco? Sim! Bem dado! Ah, me sinto bem mais leve.

– Eu não gosto dele, seu imprestável! – grito.

– Mas então...? – ele esfrega a bochecha que está vermelha.

Me inclino pra frente e encosto nossos lábios. Anna Mei um, Dennis Sakai zero.

Parece que meu cabelo não fez tanta falta assim.

Assim que eu me afasto percebo o que acabei de fazer, meu rosto esquenta e eu volto a tremer.

– Eu... eu... – ele gagueja.

Olho pra ele e parece que está delirando. A bochecha ainda está vermelha.

– Eu gosto de um idiota – respiro fundo – você é o idiota.

– Gosta de mim... – não foi uma pergunta. – do jeito... daquele jeito?

– Se for dizer besteiras eu não vou escutar, vá pra casa e seja feliz – levanto e abro a porta do quarto.

Ele se aproxima e me abraça.

– Vou passar aqui amanhã – ele me solta e sorri.

Não posso deixar de ficar vermelha, esse idiota tem um sorrisinho bonito.

*

– O que veio fazer aqui? – quase grito, na verdade eu grito mesmo.

– Eu queria te falar uma coisa, mas você saiu correndo naquela hora – Matheus entra na minha casa, sorrindo.

– Você queria que eu ficasse sabendo de alguma coisa... – murmuro.

– Sim... – ele olha pro chão.

– Que coisa?

– É meio complicado, eu me sinto assim faz um tempo, mas parece que só admiti que era isso pra mim mesmo há poucos dias – ele parece determinado. Isso me assusta. – Bom, você tem que ser a primeira a saber.

– O que seria? – falo, quase tapando os ouvidos.

– Eu acho que gosto de uma pessoa acolá... – ele gagueja.

O quê?

– Não... Não gosta de mim? – gaguejo de felicidade. Matheus é um garoto legal, seria ruim deixar ele da friendzone.

– Não... quero dizer, sim, mas eu sempre gostei de você como... – ele pensa. – Bom, você é como uma bonequinha de chaveiro de carro.

– Não sei como devo interpretar isso – murmuro.

– Você sabe que nunca tive uma irmã mais velha – ele murmura. – E você sempre me ajudava quando estávamos no fundamental.

– Entendo... mas continue...

– Eu me sinto estranho e...

– Gosta da Loiza? – ataco. Tem que ser ela, não é?

– Não, não, lógico que não, nunca, Jesus, jamais! – ele fala, nervoso. – Como sabe? – ele choraminga.

– Intuição – sorrio. – Parece que ela gosta de você também... Mas não posso falar mais nada.

– Ela vai me matar se souber – ele rói as unhas.

– Não vai, Loiza é assim por fora, mas ela é mole por dentro – murmuro, tentando pensar em algo para compará-la.

– Como uma trufa recheada? – ah, sempre comida...

– É... é bem assim – murmuro. – Você podia começar convidando ela pra tomar sorvete amanhã.

– Eu não consigo fazer isso – ele se joga nos meus braços, como uma criança chorona.

Minha mãe chega e nos vê naquela posição, no sofá.

– Mas o quê...?

– Tia! – ele pula. – Pode fazer bolinhos?


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Notas finais do capítulo

O que eu devia ter colocado nas notas iniciais... Eu tô quase morrendo pela archangel of darkness ter recomendado a fic mesmo me ameaçando por não escrever um romance que preste aushauhsuahsuah ai, socorro. Muito obrigada, quase botei meus bofes pra fora!
Agora podem me dar parabéns ^^ mas se alguém me detestar e mesmo assim quiser deixar um "feliz aniversário" nos comentários temos outras opções, tipo, o D.O. do EXO faz anos hoje, a fic faz sete meses amanhã, e o Kai do EXO também faz ano dia 14, então podem escolher à vontade ^^



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