O Diário Secreto de Anna Mei escrita por Fane


Capítulo 13
Uma noite na toca do Sakai


Notas iniciais do capítulo

Olá, pimpolhos! (meu professor de química chama os alunos assim XD)
Bom, marshmallowzinhos da Tia Ho, eu estou aqui, mais uma vez atrasada, porque enfim, ganhei um coelho (ele é preto, e o nome é Eddie Murphy), mas enfim, decidi postar logo três capítulos... Depois eu digo o motivo.

Curtam... e comentem.



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– Vou sair! – ela diz, parece brava ainda, preciso pedir desculpas?

– Olha, não precisa ir pra festas só porque eu disse que... – começo.

– Eu não vou pra nenhuma festa, a gerente da minha loja ficou doente, eu preciso ir até resolver algumas coisas – ela fala indo até a porta.

– Eu não quis dizer que você é encalhada, tem a vida pela frente – falo, mais parecendo minha vó.

– Se ficar quieta eu te dou isso – ela tira um ursinho Rilakkuma da bolsa enorme.

– Mas... Eu te chamei de encalhada e você me dá isso? – não consigo entender os adultos.

– Olha, shh, calada! – vejo a roupa dela, está com um salto alto, não tão alto, com um short jeans, uma blusinha e uma jaqueta, não parece ser a melhor roupa de trabalho. Além do mais, ela está usando um colar que eu nunca vi, até ontem.

– Não precisa esconder – eu pisco... eu sei piscar? – Me apresenta ele, algum dia...

Ela começa a gargalhar... Mas, eu achei que fosse... Estava... Eu pensei que, como ela vai sair hoje, tivesse algum namorado, ou sei lá... Mas...

– Sim, algum dia, quem sabe – ela pisca, peraí... Ela tem ou não tem namorado? Credo, isso é muito vago.

Só o que me resta é ver esses filmes de terror que Beatrice têm... Agarrada no ursinho que ela me deu.

*

Tem alguém me olhando... Eu acho, já faz três horas que eu estou vendo filmes de terror... Já está tarde e Beatrice não aparece... Estou com medo... Com medo de ficar sozinha...

Recobrando a dignidade, eu sou dessas pessoas que assistem ao filme inteiro sem medo e só vão sentir medo depois... O que é muito pior do que uma pessoa que sente medo durante e não fica com medo depois.

Só tenho uma escolha!

Abro a porta, agarrada no urso e vou até o fim do corredor, passo pelo 375 e fico em frente ao 374... Qual desses será a toca de Dennis Sakai?

Está tarde e ele é um mané, já sei o que fazer.

“Alô?” ótimo, ele tá super lesado.

“Quem fala aqui é a telemarketing dos... hum, correios, qual o número da casa, senhor?” imito a voz daquelas telefonistas chatas.

“Trezentos...” trezentos? “e setenta...” e setenta... “e cinco”

Yes! Consegui! Ah, está trancado... Toquei a campainha, depois de uns cinco minutos aparece um Dennis descabelado, usando um calção verde – eu gosto muito de verde, mas aquele verde e um verde cruz-credo, ninguém no mundo deve usar isso – e... ele estava sem camisa.

– Hãn? O que faz aqui?

– Tô com medo – passo por debaixo do braço dele.

– Medo?

– Fiquei até agora vendo filmes de terror, e...

– Pensei que gostasse de filmes de terror...

– Gosto, mas Beatrice não está em casa, e aquela casa grandona só pra mim me assusta... – ele levanta a sobrancelha – Eu não quero ficar lá e ponto!

– Por que... você ligou pra mim, certo?

– Credo, cara, você não tem meu número na agenda do seu celular? – ele diz que não – Como ligou pra mim da outra vez?

Ele não lembra... ótimo, Dennis passou de “O esnobe garoto rico” para “O lesado garoto rico”.

– Cadê o povo? – vasculho a casa, ou melhor, a sala, por que é muito grande, maior que a da Beatrice – Vai me dizer que mora aqui sozinho?

– Não moro, mas não tem ninguém aqui – ele diz.

– E quem mora aqui com você? – paro de espiar os cantos, lembro que os olhos dele ainda não estão mais azuis... e antes que ele possa responder eu interrompo – Ei! Espera! Tem uma coisa que eu quero te perguntar desde muito tempo.

– Fala – ele não parece atordoado e senta no sofá.

Chego mais perto, perto o suficiente... Olho nos olhos dele, fico olhando... como eu pensei... Espera, estou olhando tempo demais, ele está corado? Ah, deixe isso pra lá!

– Por que seus olhos não estão mais azuis? Sabe, como os da sua irmã e... mãe? – falo, porque é difícil dizer que aquela loira alta é mãe dele.

– Eu não tenho olhos azuis... – ele fala, saindo de perto de mim.

– Mas e a Lynn? – falo, rezando pra esse ser mesmo o nome da irmã dele.

– Ela também não tem os olhos azuis, e aquela mulher não é nossa mãe – ele parece emburrado, ah não, primeiro Beatrice e agora Dennis... Até quando as pessoas vão perceber que eu sou uma brincalhona e não falo coisa com coisa!

Ele faz um gesto para eu sentar no sofá, é enorme então não me preocupo, não tinha sentado até agora por pura educação – sim, minha mãe conseguiu por na minha cabeça, apesar de não ter conseguido por juízo.

– Então ela é sua madrasta – falo, uma afirmação idiota, já que está óbvio.

– Eu e Lynn somos filhos da primeira esposa de meu pai, eles se casaram e tiveram Lynn e logo depois que eu nasci, ficou doente e faleceu...

– Sinto muito...

– Então numa das viagens ao exterior meu pai conheceu Elizabeth, e se casaram e estão juntos até hoje...

– Você não gosta dela?

– Eu gosto muito dela, ela é legal e tem boas relações conosco e tudo, mas ela quer que as pessoas da empresa dela e da empresa do meu pai pensem que somos filhos dela, por isso usamos lentes quando vamos para festas, reuniões, para parecer que fazemos o tipo de “Família Perfeita”, mas eu não gosto disso, não podemos fingir que somos filhos de outra pessoa, ainda mais de uma que não nos aceita do jeito que somos, Lynn a ama também, e só por isso não veio morar conosco aqui.

– E quem mora com você mesmo?

– Minha tia, aquela eu que vi conversando com a sua irmã um dia, bom, você provavelmente a viu na festa da sua prima, ela deu uma passada lá – ele levanta e vai pra cozinha.

– Ah, sim.

– Já que vai dormir aqui... – ele me puxa para um corredor e abre uma porta, quarto de hóspedes? É lindo, simples, mas lindo, parece muito com o meu quarto, mas é mais... Bom, tem uma cama grande e um guarda-roupa na cor marfim – Esse seria o quarto da Lynn se ela viesse morar com a gente, mas já que não veio virou um quarto de hóspedes.

– Eu não quero dormir – aperto o ursinho.

– Então...

– Eu disse que vim pra cá por que estou com medo, como acha que eu vou conseguir dormir nesse quarto enorme, sozinha? – vou até o sofá e me encolho.

– Então, quer fazer o quê? – ele senta. Por favor, veste uma blusa logo!

– Não está com frio? – pergunto, esta noite não está especificamente quente para uma pessoa ficar sem camisa.

–Hãn? Não, eu sempre durmo sem camisa – ele fala, sorrindo, quase fechando os olhos – Quer acampar?

– Hãn?

– Aqui na sala, eu pego uns edredons...

– Tanto faz, eu não quero dormir – aperto mais ainda o ursinho.

Ele foi pegar, colocou dois edredons no chão e pegou dois lençóis e dois travesseiros, se deitou e depois de cinco minutos dormiu. Como pode alguém dormir tão rápido?

– Dennis... – cutuco ele com o pé. – Acorda.

– Que é? – ele fala, com os olhos fechados.

– Tá dormindo?

– Tô sim. – ele fala. Sinto a ironia dando um tapa na minha cara.

– Eu tô com fome...

Ele levanta, senta, fica um instante sentado e me olha semicerrando os olhos, juro que aqueles olhinhos parecem flamejar.

Ele vai à cozinha e eu vou atrás, ele pega dois copos de leite e põe Nescau, me dá depois de pegar alguns biscoitos.

– Coma e vá dormir – ele diz autoritário. Ah vá... Dennis, você pode ser o dono da casa, pode me mandar ficar na sala e tal, mas me mandar dormir você não pode.

*

Ele me mandou dormir, e me fez deitar nesse edredom, que mesmo sendo macio não esconde o fato de que ainda estou no chão duro e frio, por que não posso dormir no sofá, ele é mais macio! ­

– Dennis – cutuco ele com o pé, de novo.

– O que é dessa vez? – ele, que estava de costas para mim, se vira, apoiando-se no chão com o cotovelo.

– Não consigo dormir... Quando fecho os olhos penso nos palhaços do filme de terror...

– E por que foi assistir filmes de terror sobre palhaços? – ele parece se divertir... esse sádico.

– Eu não sabia que teria palhaços!

– Apenas durma!

– Eu não consigo!

– Tá bom, – ele levanta e liga o DVD, põe num filme de romance chato.

– Por que esse filme? – pergunto.

– Só assim você esquece aquele palhaço do filme de terror – ele senta no sofá e eu sento do lado dele, ainda abraçando o ursinho.

*

– Anna, acorda...

Acordo... Mais ou menos,

– Sabe, Bea...trice, tive um sonho estranho – falo, com os olhos quase fechados – Sonhei que tinha ficado com medo de alguma coisa e tinha ido pra cas... – abro os olhos e Dennis Sakai está bem na minha frente.

– Bom dia... – ele diz

– Ah! – grito. – Não foi um sonho?

– Vamos, acorde, está quase na hora de ir pra escola...

Levanto, Dennis já está vestido com o uniforme.

– E que horas são? – coço os olhos e bocejo.

– Sete e meia, para com isso, é contagioso! – ele boceja também, espera... Sete e meia? Tá quase na hora da aula começar!

Corro pra casa – sem esquecer meu ursinho – visto o uniforme rapidamente e tento ajeitar os cabelos, pego minha mochila e saio, Dennis está lá com os braços cruzados, impaciente.

– Demorou – ele diz.

– Não mandei você esperar... – falo, ui, se fosse em 3D ele teria caído no chão com a força das minhas palavras.

*

Chegamos na escola, todo ficam chocados por me ver – não é pra menos, faltei uma semana inteira – vou pra uma mesa qualquer e Dennis vai pro lugar habitual, a aula de filosofia está tão chata – fala sobre s importância da felicidade para com os seres humanos – Caio num sono sem perceber...

Vejo um abdômen, lindo, forte, com uma tatuagem de asas de libélula, minúsculas abaixo das costelas, está subindo... Gabriel? Ele está seminu! No meu sonho? O que é isso? Não pode! Ele é puro!

Sinto um sopro gelado no meu ouvido e por instinto humano sinto um arrepio que percorre o corpo todo, com uma sensação gelada e desconfortável, então levanto a cabeça de repente, batendo-a com toda força em alguma coisa pontuda.

– O que deu em você? – Dennis está lá, esfregando o queixo com a mão.

– O que deu em VOCÊ? – respondo, como teve a coragem de ficar sem camisa na minha frente – não que tivesse feito diferença na hora, mas ele me fez imaginar como seria o corpo nu do Gabriel, mas ele não pode, já que será meu futuro marido, tenho que respeitá-lo até a morte.

– A professora quase te acorda e te manda pra fora da classe... – ele para de esfregar o queixo e senta na cadeira da mesa da frente, de frente pra mim. – Por que acordou assim?

– Deixa pra lá, o que deu em você pra ficar me soprando...? – mudo de assunto pra não ter que falar no meu sonho nada decente.

– Nada... Não te soprei – ele fala, mas está tão óbvio que está mentindo que não vou nem discutir,

– Bom, não vou contar mais NADA sobre a Mandy...

– Eu não ia te pedir isso!

– Não? Tá doente? – ponho a mão na testa dele – Hum, não, é a mesma temperatura de todos os Dennis da terra... Ah, percebeu que seu nome está no plural?

– Tanto faz, que era mesmo aquele gorducho que fez a desgraça de matar a sua gata?

– Você não é nem um pouco delicado... – o assunto Mimi não foi trancado à sete chaves, ela pode ter partido, mas deve estar correndo atrás da alma de algum passarinho que ela matou... de um rato talvez.

– E aí, não vai querer outro gato?

– Só se for de pelúcia, não quero outro bicho, é divertido quando você tem e brinca, mas eles morrem, já basta a tristeza que é perder parentes, não quero a tristeza de perder mais um bichinho – momento poeta... Eu poderia ser uma poetisa laureada se eu quisesse.

– Você gostava muito da Mimi-chan... certo?

– É, ela era muito... espera, como sabe que eu chamava ela de Mimi-chan?

– Sua irmã me contou, ela me contou várias coisas sobre você...

– Beatrice... como? – Bom, ela mudou muito, eu sei, e até aprovo essa mudança, mas ela ainda tem o espírito “irmã mais velha da zoeira” que ela sempre teve.

– Sabe, a Bia é realmente legal – ele faz questão de deixar essa frase no ar.

– Bia? Legal? Quando ficaram tão íntimos?

– Bom, quando se joga com uma pessoa por quase uma semana, acho que isso as torna...amigas?

– Não torna, não! – quase grito. – Vivi com ela durante doze anos, e só fui gostar dela agora!

– Ela se parece muito com você...

Me pergunto como alguém como Beatrice – cabelos loiros (bom, agora estão pretos), de olhos azuis, com muitos atributos e medindo um e sessenta de altura – pode se parecer comigo – cabelos castanhos claros, olhos castanhos, com poucos (nenhum) atributos e medindo um e quarenta e cinco de altura.

– Ah, nós duas temos cabelos compridos... – murmuro, sabendo que essa é a nossa única semelhança.

– Não na aparência, na verdade, até que vocês duas são bochechudas – ele coça o queixo. – Mas não é isso, as duas são histéricas e barulhentas.

– Você disse que ela é legal – falo. – Então... – coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha, imitando a melhor Kotoko de todos os tempos, Honoka Miki. – Quer dizer que... – dou meu melhor sorriso. – Você me acha legal também... – tento piscar, mas acho que não deu certo, porque ele só finge estar segurando uma gargalhada, mas ele não quer realmente escondê-la.

– Não mesmo – ele faça, aproximando o rosto do meu.

Até que Mandy e Ellie chegam na classe.

No veem nessa posição.

– Puxa, não queria interromper, – Ellie murmura ironicamente.

Mandy se limitou a dar um risinho baixo, rindo mais de Ellie do que de nós... Se eu falei que não gosto da Ellie, agora eu digo que a odeio com todas as forças! E parece que é mútuo.

*

Estou em casa, mais precisamente no apartamento de Beatrice – ou apenas Bia, segundo Dennis – ela saiu e eu estou fazendo miojo, pelo menos aqui tem forno de micro-ondas... Minha mãe diz que não gosta de micro partículas cozinhando, ela prefere cozinhar por si mesma.

Estranho, dá pra ouvir uns barulhos estranhos do vizinho... Dennis não fica quieto nem à tarde, mas... tem murmúrios e grunhidos, de garotas? Eu, hein... Não me espantaria que Dennis tivesse um harém, eu já vi muitos casos assim em filmes... E na vida real também.

Cinco minutos depois – as risadas continuam – meu miojo está pronto! Sento no chão e coloco num programa qualquer, pego um pouco do macarrão com o garfo e...

A campainha toca... Quem, no mundo, está me perturbando às – olha o relógio – três e vinte e oito da tarde?

– Já vai! – falo, e corro para abrir a porta.

Não tem ninguém aqui... Olho para o chão e tem uma cesta enorme com uma bola verde de tecido, é cheia de frufrus e rendas com um mini panda de pelúcia, na alça – ou arco, aquele troço que a gente segura a cesta – tem um papel dobrado, acho que é um recado...

– Isso é pra você, sua insignificante – reviro os olhos, sei quem escreveu isso, não por causa da letra, mas eu também conheço esses garranchos – Por favor, não fique brava ou se revolte, é só um presente de Boas Vindas ao Prédio ou um presente Pós-PseudoDepressão.

Fecho o bilhete, achando incrivelmente estranho e tiro o tecido para ver o que tem embaixo.

Só pode ser uma pegadinha...

– Mas o quê? Ele não fez isso...


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Notas finais do capítulo

Eu poderia deixar vcs só com esse capítulo, mas não sou tão má... ou sou?
Bom, eu não sou má, então apenas comentem um "Sabão crácrá" e passem para o próximo capítulo shuaushuahsuahsua



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