O Diário Secreto de Anna Mei escrita por Fane


Capítulo 11
Mimi, a gata


Notas iniciais do capítulo

Olá, marshmallows da Tia Ho!!!!!!!!
Bom, a grande ironia dessa frase é que estou com um pacotão de marshmallows pela metade aqui comigo... Mas não se preocupem, não comerei vocês! >

Bom, aproveitem o capítulo, até as notas finais!



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Já é noite, acabo de chegar em casa com a cabeça doendo, cabelos emaranhados com pedacinhos de renda e laços, digamos que Kate e Liza não tem vocação para serem cabeleireiras, disso eu não tenho dúvidas. Consegui me desvencilhar de Dennis, dá uma vontade de dar uma voadora nesse menino! Que coisa! E o pior foi que eu não consegui perguntar o porquê dos olhos dele não estarem mais azuis como da primeira, segunda e terceira vez que nos vimos.

Bom, agora deitada na minha cama, depois de tentar, inutilmente, desembaraçar meu cabelo, observo Mimi, ela está agitada hoje, acho que um rato, - não, não temos ratos em casa – estranho, nunca vi ela assim.

Meu celular toca, quem será? Hãn? É melhor deixar tocar um pouco, quando minha parte favorita da música passar eu atendo. Pronto...

– Alô?

Desliga. Ah, esse meu mato! Deixa eu ver de quem é esse número...

Confidencial. Acho que teve gente que tirou o dia pra me atazanar.

De repente alguém me chama – tão de repente que quase jogo o celular pela janela.

Desço as escadas e me deparo com uma mulher loira que me olha, sorrindo.

– Beatrice? Não devia estar no Kuwait?

– Na verdade, é Kraków – ela diz.

– Tanto faz, o que ela tá fazendo aqui? – pergunto à D. Mãe.

– Mei, deixe de ser chata, sua irmã voltou porque estava com saudades...

– Sei! Saudades...

Subo para o quarto, não quero saber de conversa, nem vou descer pra jantar – tenho uns bolinhos guardados.

Quarta-Feira/5 de Fevereiro

Mundo cruel, além de ter de aguentar as batidas na porta, a voz insuportável dessa loira de farmácia – sei que ela não é tão loira assim – eu tenho de aguentar a escola. Me visto como sempre e desço assim que tenho certeza que Beatrice não está mais lá, mas ela está na sala, apenas com uma roupa diferente, ontem ela estava com calças jeans e uma camisa comum, hoje botou um vestido rosa e sapatos de salto baixo – agora sei porque minha mãe me vestiu de Lolita.

– Mei, eu... ai mãe, fala aí – ela diz, hesitando.

– Falar o quê? Detesto não saber das coisas – resmungo.

– Filha, você vai morar com sua irmã num prédio novo, ela vai cuidar muito bem de você, tenho certeza que se darão bem... é uma ótima maneira de se socializarem e colocar o papo em dia.

Não ouvi mais nada depois do “morar com sua irmã”...

– Quê?

– Você vai morar comigo – ela fez aquele olhar cruel – só nós duas – ela falou pausadamente.

– Mãe... – suplico.

– Sem mais, Mei, eu adorei a ideia.

Tenho que aguentar a mudança sem reclamar.

E a escola.

As pessoas da escola.

E o pior de tudo: Dennis.

Ver aquele garoto sem querer dar uns tabefes é tecnicamente impossível.

Se ele vier falar comigo de novo, eu esmago ele. Hoje eu não tô legal.

Morar com a Beatrice? Nunca, prefiro beber água de um aquário cheio de peixes podres.

Aula de história agora, a professora só fala sobre amizades perdidas e tá começando a falar da vida dela... Vou dormir que eu ganho mais.

– Anna, Anna! Taiga, acorda!

Sinto um solavanco e o impacto. E logo em seguida a dor. E logo depois, a fúria. Sento no chão, ainda confusa e olho em volta, Amandha me olha de longe, está conversando com Ellie, que me olha também, sorrindo, Dennis está logo a minha frente, na minha cadeira, provavelmente me empurrou. Querendo ou não, eu estou com muita preguiça pra fazer algo, estão só levanto e o empurro, volto a dormir.

No caminho de casa ele foi comigo, calado, mas foi, ficou quieto com medo que, se ele dissesse algo, eu daria um chute nas partes especiais, eu estava aliviada por não ter que ouvir ele me perguntando montanhas de coisas sobre a Mandy que até deixei ele me acompanhar, chegamos em casa, procurei um pouco e achei a Mimi no chão, dormindo, quando ela acorda começa a fazer ruídos e a mostrar os dentes – deve ser por causa do Dennis – então eu ponho ela no colo. Volto para a sala, me preparando mentalmente para a enxurrada de perguntas que Dennis provavelmente se segurou para não fazer no meio do caminho, mas quando chego...

– O que faz aqui?

– Não devia falar assim com velhos amigos, Anninha... Estive te procurando desde ontem.

– Você me ligou, não foi? Ah, esquece, não me chame assim, não estamos mais no fundamental!

– Quem é? – Dennis sussurra.

– É um qualquer – sussurro de volta – Pedro esse é Dennis, Dennis esse é o Bolota.

– Não repita isso!

– Por que? Acho que não perdemos a intimidade com o tempo... Ainda anda com esse rato, Bolotinha?

– Não é um rato! É um furão, perdoe-me se é sofisticado demais pra você.

– Furão? Quando eu bater com um prego na sua cara, isso sim vai ser um furão.

– Eu não tenho que...

Nem deu tempo do “Senhor-eu-tenho-um-rato” terminar a frase, Mimi saltou dos meus e literalmente voou contra o Bolota e seu furão, que saiu correndo, atravessaram a minha sala e saíram pela rua, só ouvi o barulho de um carro freando, mas já sabia...

– Mimi? – falei e corri até o lado de fora, ela estava caída no chão, ao que parece ela bateu no para-brisa de um carro e coou seis metros – Por quê? Por que não poderia ter sido a doninha do Bolota?

– É furão! – ele fala, ainda na minha casa.

– Sai da minha casa! – não consigo segurar, começo a chorar, por que Mimi, estamos juntas há tantos anos, eu já esperava que um dia você morresse, mas não tão cedo! Talvez não seja cedo, considerando sua idade, mas...

– Mas como é um gato... – Dennis se aproxima.

– Gata.

– Que seja, ela deve ter muitas vidas, certo? – ele está tentando ser legal, pare com isso, eu não vou gostar de você!

– Mas ela nem têm tantas vidas! – falei aos soluços – Minha mãe tinha um perfume francês, Mimi bebia isso direto, ficava doente, melhorava, bebia mais, ficava doente, melhorava, e assim por diante, até que o perfume acabou.

Fui onde ela estava, ainda respirava, mas o vizinho – veterinário formado, mas sem emprego, por isso tem uma espécie de consultório em casa – disse que ela tinha fraturado uma costela.

Ele a levou e fez todos os check-ups e quando ele acabou Mimi estava com uma faixa na cintura, lambendo uma patinha.

– Ela vai precisar de repouso absoluto – ele diz, e meio receoso – Não crie muitas expectativas, foi um grande choque pra uma gata dessa idade.

Pego ela no colo e, assim que chego em casa coloco ela na minha cama, e fico cantarolando umas músicas que ela gostava de ouvir comigo, entre elas uma da abertura de Dragon Ball.

– Seu sorriso é tão resplandecente, que deixou meu coração alegre, me dê a mão pra fugir dessa terrível escuridão...

Quando acordei Mimi ainda estava lá, mas tinha um problema, ela não estava se mexendo...

Ela não está respirando!

– Mimi? – falo, não pode ser...

Ela ainda abre os olhinhos, lambe meu rosto e apaga de vez...

Eu me lembro do dia em que minha mãe me trouxe ela, como era a gata de estimação da D. Luiza, Mimi passou um bom tempo na casa de minha avó quando minha mãe estava grávida, e só quando eu fiz cinco anos foi que ela me deu a gatinha, Mimi confiou em mim rapidamente e me trazia ratos mortos e passarinhos, eu sempre sorria quando ela fazia isso, significava que ela gostava mesmo de mim... Ela tem mais de vinte anos, é de se esperar que...

Quinta-Feira/5 De Fevereiro

Não vou para a escola hoje! Não quero ir! D. Mãe entende, porque ela está igualmente triste – Mimi também era dela – e me deixou ficar em casa.

Segunda-Feira/10 De Fevereiro

Faltei na sexta semana passada, também não vou hoje, a mudança pro apartamento da minha irmã vai ser amanhã então vou ter que sair de casa, andar cinco metros até o carro e andar mais cinco metros até o prédio, depois andar mais e ir para o apartamento.

Terça-Feira/11 De Fevereiro

Dennis me ligou perguntando se eu queria o caderno dele emprestado... Na verdade ele me mandou uma mensagem perguntando isso, já que não atendi nenhuma ligação até agora.

Quarta-Feira/12 De Fevereiro

Lar Doce Lar, não, acho que não.

Estou no apartamento de Beatrice, é um daqueles apartamentos modernos, onde tudo é grande, de onde ela tirou dinheiro pra fazer isso tudo? Não se ganha tudo isso com turismo. Deve ter casado com um velho rico krakówano (ou seja lá o que as pessoas sejam quando nascem em Kraków) e matou ele com veneno de rato.

Quinta-Feira/13 De Fevereiro

Sem ir pra escola, estou me acostumando mal, eu mal saio do meu novo quarto, todo desarrumado pelo visto, por que não quero tirar minhas coisas das caixas, então fico olhando para o teto, deitada na cama box, bem grande por sinal.

Sábado/ 15 De Fevereiro

Outra semana sem ir pra aula, tenho que ir segunda senão eu reprovo por faltar demais...

Não quero sair desse quarto... Ouço a campainha, provavelmente minha irmã vai atender, ouço vozes:

“Ela está no quarto desde quarta-feira”

“Posso ir lá?”

“Fique à vontade”

Ouço a porta do meu quarto abrir, Dennis entra, sorrindo...

Só quero ficar sozinha!

– Oi – ele fala.

– Sai – jogo um travesseiro nele.

– Eu não vou sair até me contar por que não quer falar mais com ninguém, sei que está triste porque Mimi morreu, mas, ei... – ele para de falar, estou chorando de novo.

Ele fica me observando com cara de um mendigo que foi urinado por um cachorro vira-latas, estava atordoado e provavelmente não sabia o que fazer ou dizer.

Depois de dez minutos tentando parar com os soluços – sem lágrimas, minhas glândulas lacrimais acabaram de esgotar e estão se aposentando – Dennis cansa de ficar olhando e me puxa pelo pé, me dá alguns livros e uns cadernos, peraí... São MEUS cadernos.

– O que – soluço – o que estava fazendo com meus cadernos?

– Fiz todos os seus deveres! Devia me agradecer, copiei tudo e respondi algumas questões das atividades – ele diz.

– Algumas? – falo, finalmente parando de soluçar.

– Não sou bom em gramática, nem em literatura, faço o que posso em história e geografia... – ele diz.

– São as matérias que eu mais me dou bem – sorrio, sinceramente pela primeira vez em dias – Como... Como conseguiu imitar a minha letra? Como conseguiu pegar meus cadernos?

– Passei na sua casa e sua mãe disse que você tinha se mudado, e eu, por acaso, vi sua irmã falando com alguém que eu conheço sobre você, disse que era um colega e ela me deu seus cadernos – ele responde – Quanto à letra, foi bem fácil fazer, pra quem tem talento é fácil copiar essa... caligrafia.

Semicerro os olhos.

– Muito engraçado – cruzo os braços e ele faz uma cara de “não vai agradecer?” Tudo bem, Sakai-sama, quer agradecimento? Pois terá agradecimentos! – “Muito obrigada, gentil senhor que copiou toda lição do quadro branco que os professores – sem noção alguma do que o senhor estava fazendo – mandaram fazer”, gostou?

– Foi razoável – ele diz e eu mostro a língua. – Enfim, você não quer arrumar esse quarto? Está uma bagunça!

– Pode se, mas, primeiro: Como descobriu que Beatrice era minha irmã?

– Eu disse, não sabia que ela era sua irmã, apenas vi ela conversando com uma tia minha, e ouvi seu nome no meio, você sabe, não é toda garota que se chama Mei por aqui – ele fala.

– Uma tia sua?

– É, eu moro no fim do corredor – ele diz.

Quê?

– Isso quer dizer que...

– Somos vizinhos – ele sorri.

Ignoro o sorriso e começamos a esvaziar as caixas, me sinto bem melhor agora, com o aposento das minhas glândulas lacrimais eu fiquei mais alegre e, pelo que todo mundo percebeu, mesmo triste minha ironia é que nem Rexona, não me abandona.

– Ei, uma coisa que eu achei estranho – Dennis fala, quando acabamos.

– O quê? – deito na cama, totalmente acabada.

– Sua irmã não era loira?

– Sim...

– Na primeira vez que eu vi, ela era loira, mas...

– Mas o que?

– O cabelo dela agora está preto...

– Beatrice está morena? Essa eu preciso ver...


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Notas finais do capítulo

Vamos à notícia bombástica!
Tia Ho fez um instagram *-------------*
Enfim, se quiserem seguir é xolovecatstalk (sim, eu sou dessas)
Lá tem fotos das minhas netinhas Wick e Soony (princesinhas da vovó)..
Só não tem foto do Rich pq ele é muito reservado... Wick nasceu pra ser modelo, essa guria...

Bom, até o próximo capítulo...



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