May abriu os olhos lentamente, esperando que a sua visão estranhamente embaçada voltasse ao normal. A dor excruciante na parte de trás de sua cabeça parecia travar uma luta com sua capacidade de pensar, impedindo – a de colocar os pensamentos em ordem. Ela podia sentir que estava sentada, suas costas apoiadas em algo duro, provavelmente uma parede. Sua boca estava amordaçada por um pano. Sua vista foi entrando em foco lentamente e ela pode ter o primeiro vislumbre de onde estava. Um quarto não muito pequeno, com as paredes já descascadas. Não possuías janelas e a única iluminação disponível provinha de uma pequena lâmpada pendendo no teto. Uma corrente estava presa em um lado da parede e subia até o teto, passando por dentro de um rolamento, que ficava perto da lâmpada, e caindo até quase o chão da pequena sala. E no canto, uma mesa de metal contendo algumas ferramentas que May não conseguiu identificar por causa de seu ponto de visão não muito privilegiado. A mulher tentou se levantar, mas descobriu que não podia mexer suas mãos e pernas. Ambos estavam amarrados por cordas fortemente apertadas que pareciam rasgar sua pele a cada instante. Seus braços estavam presos para trás de suas costas, tornando qualquer mínimo movimento ainda mais incômodo.

Ela respirou fundo algumas vezes. Só agora conseguia se lembrar de porque estava naquela situação. Os momentos de algumas horas atrás (Pelo menos era o que ela imaginava, já que uma noção de tempo estava uma verdadeira bagunça e não fazia ideia de quanto tempo havia se passado) vieram como uma inundação em seus pensamentos. A vídeo-chamada. O resgate. Simmons. Um leve tremor atravessou o corpo de Melinda quando sua mente reviveu aquela cena. Ela desejou com todas as suas forças que a bioquímica estivesse bem, que sua equipe estivesse cuidando dela. May suspirou. Como sentia falta deles. Sua equipe. Sua estranha, especial, problemática, deslocada e amada equipe. May era obrigada a admitir, havia se apegado àquelas pessoas de uma maneira que nunca achou que fosse possível. Por mais que não demonstrasse, eles haviam se tornado sua família. E ela se importava com eles. Muito. Ver Skye baleada, Simmons definhando, Ward e Fitz em perigo, tudo aquilo mexera com ela. Mas nada se compararia a ver, impotente e sem poder revidar, Coulson sendo levado. Parecia que um pedaço de seu coração havia sido arrancando e levado junto. Ela se agarrou à imagem de Phill, sempre sorridente e disposto a dar a vida pelo que acreditava. Ver o rosto dele em sua mente lhe deu forças para o que tivesse que enfrentar.

De repente, um barulho a fez sair de seus devaneios. O clique da maçaneta girando e o leve ranger da porta se abrindo chamaram sua atenção. Um homem de cabelos castanhos e bem penteados, mas barba por fazer, com calça jeans e jaqueta preta fechada, aparentando seus quarenta anos apareceu na porta. Sustentava um sorriso sádico e não desviava os olhos de May nem por um instante. Ela o conhecia, o que só aumentava o nojo por aquele homem, pelo que ele havia feito a Simmons. Pelo que ele estava fazendo a ela naquele exato momento e, principalmente, pelo que ele havia feito anos atrás.

- Melinda May. – Ele aproximou – se da agente, parando a apenas alguns centímetros de May e agachando – se para que pudessem ficar cara a cara. A proximidade era tanta que ela podia sentir seu hálito cheirando a cigarro. – Finalmente, depois de tantos anos, a cavalaria foi domada.

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24 horas antes...