Uma nova princesa para uma nova Illéa escrita por Snow Girl


Capítulo 4
Jogue o o jogo


Notas iniciais do capítulo

Amores & amoras, essa capítulo é meio insonso. Mais de apresentação de alguns personagens que serão muito presentes na fic.
Como dito no outro capítulo, eu vou atalhar o negócio da preparação para a Seleção, aquela frescura de maquiagem e blablabla.

Divirtam-se ;)



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Não havia nenhuma outra palavra para descrever o palácio, ele era simplesmente magnifico. As paredes era de um amarelo muito claro, as portas e janelas eram brancas e amplas e o jardim era estonteante.

Fomos conduzidas por um corredor até uma sala enorme cheia de espelhos, pessoas e roupas.

— Este é o Salão das Mulheres, onde vocês vão passar por uma sessão de embelezamento. Geralmente o salão não é assim, mas é provavelmente o único cômodo que poderia ser usado com essa finalidade. Aqui também o o lugar onde vocês passarão mais tempo durante seu período no palácio, mais até do que passarão nos quartos.

Vi Emily e Aubrey trocarem um olhar. A mulher loura cujo nome eu não me lembrava continuou, dessa vez se dirigindo para algumas pessoas próximas a nós:

— A estação seis está livre para a senhorita Emily, a sete para Aubrey e acho que a quatro para a senhorita Alexia.

Os assistentes assentiram e levaram cada uma para a estação indicada, não sem antes nos fazer parar em uma pequena cabine para tirar as “fotos de antes”.

O processo consistia em esfregar a minha pele até ficar vermelha para “desentupir os poros”, depois lambuzar um creme que tinha cheiro de chocolate. Isso tudo levou menos de dez minutos e então chegou a segunda equipe: cabeleleiros.

— Então, querida o que vai ser?

A pergunta foi feita por uma mulher jovem de cabelos curtos e castanhos com quase nenhuma maquiagem. Ela parecia linda e descolada.

— Não quero que mudem muita coisa. Acho que só deixar ele mais curto e com movimento. Acho que não fiz um bom trabalho como cabeleleira. — Na verdade, agora que eu estava pensando, fazia quase três meses que eu não mexia no cabelo e ele estava sem absolutamente nenhuma forma.

Ela riu.

— Realmente poderia ter feito um trabalho melhor. Mas não se preocupe, você vai parecer uma princesa quando eu terminar isso.

Primeiro ela lavou-o e passou vários produtos, à medida que os passava ela explicava para que serviam: limpar, hidratar, proteger. Então ela passou outro hidratante e me fez ficar com uma touca térmica por trinta minutos. Depois foi a vez de tirar o produto e finalmente cortar. Eu não vi o resultado final mas a maquiadora elogiou o trabalho.

Ao contrário da cabeleleira, ela estava extremamente maquiada e isso conferia um ar de diva sem parecer forçado.

Mais uma vez eu avisei que não queria muita coisa. Afinal, qual seria a finalidade disso quando eu voltasse para casa dali a uma semana? A maquiadora fez um ar sofrido mas fez o que foi pedido.

Também haviam as manicures, muito dispostas a deixar minhas unhas com cores neutras. Pude ouvir claramente alguém gritando com as manicures em outra estação e acusando-as de arrancar um pedaço do dedo.

As manicures que estavam comigo pareciam ter ficado temerosas de que eu fizesse o mesmo. E eu certamente não o faria, elas eram cuidadosas como se minhas mãos fossem feitas de seda. Era tão delicado que quase me irritava.

Por fim fui dada por perfeita e aceitei me olhar no espelho.

Eu estava simplesmente deslumbrante: o cabelo preto havia recebido uma franja e ele agora caia pouco abaixo dos ombros, os cachos estavam muito bem definidos, a maquiagem era branco e prata e meus lábios estavam rosados. Ainda parecia comigo, porém numa versão mil vezes melhor.

Depois de pronta, a garota que estava me acompanhando levou-me para escolher um vestido e eu peguei um rosa-ostra de comprimento mediano, no qual foi imediatamente colocado um broche com meu nome e ela me entregou um sapato de salto enlouquecedoramente alto que recusei. Estava certo que eu não era uma das mais altas ali, mas não ia quebrar o meu pescoço por causa de um homem que eu nem mesmo queria. Por fim ela me entregou um sapato rosa claro com um salto muito mais razoável. Eu o calcei.

Naquele momento eu realmente parecia com uma princesa.

Então eu fui chamada para fazer as “foto de depois” e responder algumas perguntas: “O que foi feito em você?” “Gostou do resultado?” “ O que espera do embelezamento das outras garotas?” Fui completamente sincera e a entrevistadora pareceu ter gostado disso. Me perguntei se alguém não tinha sido.

Como tinha que sair com outras garotas, sentei em um dos inúmeros sofás fofos que tinha na área de espera.

Só havia uma garota lá e ela estava estonteante. Apesar de não ter muita certeza, eu sabia que era Pietra Savagoni. Estava bem diferente da foto na ficha, porém os olhos e o sorriso eram os mesmos, além de ser esse o nome no broche.

Ela sorriu para mim.

— Oi! Você é Alexia, né? — ela estava puxando assunto quase ao gritos.

— Sou — confirmei, meio assustada com o entusiasmo dela.

— Eu sou Pietra — falou esfuziante. — Ai meu deus, dá para acreditar que estamos na Seleção? Isso não é fabuloso?

— Realmente, eu ainda não acredito.

Ela riu, e eu também. Seu humor elétrico era contagiante.

— Você está tão linda, Alexia! Eu não queria mudar muito também, mas a cabeleleira não concordou muito comigo. No fim fiquei melhor assim, não acha?

Ih, pergunta capciosa. Se eu dissesse sim pareceria que eu a achava feia antes, se dissesse não pareceria que eu estava dizendo que ela estava feia agora.

Fui salva de responder graças à chegada de outra Selecionada.

Pietra olhou intimidada para Kayla Newsfit. Kayla tinha os cabelos tão escuros quanto os meus e olhos violetas, que haviam sido realçados por seus cílios muito longos. Ela era tão bonita que chegava a ser artificial.

— Oi — Pietra tentou bravamente iniciar uma conversa. Eu não podia culpá-la por sua voz tremer ligeiramente.

Kayla apenas a olhou como se fosse um inseto. Aquilo me irritou. Porque Kayla não podia ser uma vaca com outra pessoa?

A mulher que nos levou até ali voltou. olhou para nós três e deu de ombros.

— Sigam-me, senhoritas.

Passamos os próximos vinte minutos zanzando pelo palácio. A loura nos mostrou que haviam alguns lugares que tinham atalhos, como o Grande Salão que tinha um atalho que levava ao jardim, e a sala de jantar que levava à uma das inúmeras bibliotecas.

Nós não podíamos passar do segundo andar, pois a partir dali ficava os quartos onde a família real dormia.

Finalmente pudemos ir para nossos quartos. O meu era o último do corredor e o de Pietra o primeiro. Isso me deixou um pouco triste, queria ter a alegria dela por perto.

Dentro do quarto estavam três mulheres com roupas em preto e branco. Lembrei que no primeiro dia de toda aquela loucura de Seleção fui avisada que cada uma de nós tinha três criadas para cuidar-nos no palácio.

— Oi — cumprimentei com um sorriso.

— Olá, senhorita — respondeu a mais alta delas com uma reverência. — Eu sou Diana. Essas são Gabe e Marcie.

As outras duas também me reverenciaram.

—Eu sou Alexia — falei dando uma batidinha do meu broche. Elas deram risadinhas nervosas. — Vocês se importam de me deixar um pouco sozinha? Preciso… pensar.

Quando saíram, fazendo mais reverências tudo o que eu fiz foi tocar violão. Eu não sabia o que fazer. Deveria tentar me apaixonar pelo príncipe? Deveria pedir para voltar? Eles deixariam? Não sabia o que fazer então fugi para a música, o meu refúgio nos últimos seis anos.

Naquela noite, no Salão das Mulheres, assistimos TV. O jornal foi praticamente dedicado à Seleção e eles mostraram imagens de nossas despedidas.

Eu fui a primeira. Estava com Patrick em meus braços, meus lábios a centímetros de sua orelha.

— Esta é Alexia Piper, ela está se despedindo de seu irmãozinho, Patrick. Aparentemente a postura carinhosa gentil da senhorita Piper vai render a ela o posto de favorita para muitas pessoas.

Várias garotas olharam-me com acusação. Para a irritação delas eu apenas dei de ombros. O que eu podia fazer?

Pietra passou um braço nos meus ombros e falou baixinho no meu ouvido:

— Não ligue, é só ciúme.

Fiz que sim e continuei prestando atenção ao programa.

— Já a senhorita Kayla Newsfit se despediu de seu fã-clube em grande estilo, as pessoas não queriam deixá-la partir! Essa claramente é outra favorita do público.

As imagens eram muito intensas, pessoas berrando o nome de Kayla como se ela fosse alguém muito importante, milagrosa até. Ninguém olhou feio para ela. Me lembrei que Kayla era da mesma província que a rainha America. Será que eles achavam que um raio podia cair duas vezes no mesmo lugar?

As outras despedidas foram mostradas. Na de Pietra ela gritava para a plateia palavras de agradecimento.

Por fim, o jornal acabou e pudemos jantar. Graças a Deus.

A comida do palácio era simplesmente inacreditável. A carne estava bem passada e suculenta, os vegetais estavam perfeitos e as tortas pareciam feitas no céu. Eu comi mais naquela noite do que provavelmente naquela semana inteira.

A sobremesa consistia em muitas frutas e sorvete. Tudo era tão maravilhoso que garota a meu lado, Coubie Fants, acabou por derrubar um pouco de sorvete na roupa na pressa de servir mais e Kayla riu com maldade no que foi acompanhada por Aubrey e Emily, que aparentemente a idolatravam. Me perguntei o que Kayla fazia para ser tão famosa, talvez fosse o fato de ser má. Ninguém quer se indispor com uma pessoa má.

Algumas das outras garotas as olharam com repreensão.

Ajudei Coubie a limpar o vestido, apesar de ele ter ficado um pouco manchado não estava ruim pois ele era bem claro.

A partir daí as conversas foram feitas em voz baixa, como se estivéssemos em um enterro.

Fomos despachadas para nosso quartos com ordens para dormir bem e confortavelmente.

— Afinal, amanhã é um dia importante.Vocês irão conhecer o futuro marido de uma de vocês!

A maioria das garotas deu risadinhas ou arregalou os olhos em esperança, mas algumas pareceram tão desconfortáveis quanto eu. Aquelas seriam as que eu tentaria fazer amizade. As que não se sentiam bem no palácio e com a competição. Não que fôssemos muitas, mas existíamos.

De volta a meu quarto, as três criadas estavam lá para me ajudar, tentei despachá-las mas não deu certo. Elas insistiam em pelo menos me ajudar a tirar a roupa e preparar o banho antes que elas voltassem para a área dos empregados.

Essa havia sido uma das mudanças que a rainha America havia implantado na nova Seleção: nenhuma criada ficaria no quarto das Selecionadas depois das 22h a não ser em algumas circunstâncias especiais.

Por fim acabei cedendo, o que é claro foi um sacrilégio. Não que eu não gostasse de ser paparicada, mas porque sabia o que viria.

Minhas três criadas ofegaram quando tiraram-me o vestido. Eu sabia perfeitamente o motivo do horror delas.

— Senhorita… o que é isso?

— São cicatrizes — falei tentando soar desinteressada. — Aparecem quando você se machuca. São efeitos colaterais da sua pele tentando se juntar.

Apesar de estar claramente aterrorizada, Marcie, soltou uma risada trêmula pelo nariz.

— Se não for falta de educação, como isso aconteceu, senhorita?

Oh-oh. Não queria mentir, então contei a verdade parcial.

— Ah… eu era uma criança meio rebelde. Fazia tudo que não devia — ri um pouco. — Não se preocupem, queridas. Na maior parte do tempo eu nem lembro que elas existem. Seria agradável se isso ficassem só entre nós, sim?

As três assentiram e não fizeram mais perguntas.

Aparentemente eu não conseguia me lavar sozinha e elas me ajudaram a tomar banho em uma banheira que mais parecia uma piscina no banheiro que era provavelmente maior que a minha casa.

Assim que eu estava vestida em uma camisola preta e curta e com o cabelo preso em uma trança longa e firme, elas me deixaram.

Desabei no instante em que fui deixada. As lágrimas caiam de forma suave. Eu não sabia porque estava chorando. Saudade de casa? Medo do que aconteceria comigo e com as pessoas que eu amava? Eu era egoísta o suficiente para estar sentindo alívio de ter saído um pouco da minha vida?

Chorei por uns bons dez minutos até me acalmar. Lágrimas não fariam o tempo voltar e não mudariam o fato de eu estar ali.

Já que eu estava no jogo, iria jogá-lo até onde desse.


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Notas finais do capítulo

Admitindo que ele ficou meio que muito chato talvez eu poste outro capítulo hoje. Tudo depende da flexibilidade do rabo da lagartixa.



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