Uma nova princesa para uma nova Illéa escrita por Snow Girl


Capítulo 13
Nova casa, novos irmãos


Notas iniciais do capítulo

Postando esse capítulo pq sim e.e



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Eu estava levando uma lavada de Pietra no xadrez quando uma criada por volta dos trinta e cinco anos entrou no Salão das mulheres e se encaminhou para mim.

— Senhorita Alexia, sua presença é requisitada no corredor.

Senti um formigamento nas mãos que repentinamente estavam geladas. Depois de quase uma semana sem eliminações, isso já era esperado. Engoli em seco e caminhei para porta.

— Lexi!

Olhei para o príncipe que sorria no corredor.

— Georgie! Foi você quem me chamou aqui?

Ele fez que sim.

Você pensou que foi o Caleb, né?

— Sim — admiti.

Ele riu um som alegre de criança.

— Eu não sou ele, mas quero que você faça bolo pra mim.

Ergui uma sobrancelha.

— Agora?

— É.

— As pessoas na cozinha não vão ficar chateadas? Eles devem estar fazendo o almoço.

Ele riu como se tivesse um segredo.

— Eles não ligam. A Paige me leva lá o tempo todo. Né, Paige?

A mulher que entrou no Salão das Mulheres para me chamar, a tal Paige, assentiu sorrindo e mostrando duas covinhas.

— Nós podemos fazer isso? — embora eu provavelmente fosse fazer de qualquer jeito, ter o aval legal é sempre melhor.

— Sim, senhorita.

Apesar de suas palavras de repente eu tinha a mesma sensação que tinha quando estava quebrando algumas regras: não era bem liberdade, era como satisfação.

— Então vamos lá — falei, agradecendo mentalmente a desculpa para me livrar da surra épica no xadrez. Esperava sinceramente que Pietra encontrasse alguém para jogar e não se chateasse por eu desaparecer sem avisar.

George pegou a minha mão e me puxou rindo através dos corredores. Enquanto passávamos reparei que alguns guardas jovens acenavam para ele sem a formalidade normalmente dirigida à família real.

Ao chegarmos na cozinha eu já estava no espírito alegre da cozinheira encarnada.

Dentro da cozinha estava um turbilhão de movimento, com pessoas correndo para todos os lados e gritando ordens umas para as outras. Era fascinante!

— Georgie! — cumprimentou um homem gorducho de bigode farto e vestido todo de branco.

— Oi Klaus — o garotinho se jogou nele. — Nós vamos fazer bolo.

O homem, Klaus, riu.

— Achou alguém que sabe cozinhar para brincar com você?

George riu e fez que sim.

— Essa é a Alexia. Ela é de Seleção — contou.

— Uma das namoradas do seu irmão? — fiz uma careta para as palavras dele. Uma das garotas submetidas aos caprichos do seu irmão seria uma descrição melhor. — Caleb sabe que ela está aqui?

O príncipe olhou para baixo, as bochechinhas vermelhas.

— Não. Você não vai contar, vai?

Klaus afagou o cabelo dele.

— Não vou dizer, garoto. — Ele se voltou para mim. — Paige pode lhe mostrar uma bancada limpa. Qualquer coisa é só dizer, senhorita.

— Com certeza — sorri. — Certo, Georgie, de que sabor você quer o seu bolo?

— Chocolate.

— E o recheio?

— Chocolate.

— E a cobertura?

Ele abriu um sorriso travesso.

— Chocolate.

Arregalei os olhos de brincadeira.

— Todo de chocolate?

— Sim!

— Ai meu Deus. Certo... Paige, você pode me ajudar? Eu vou fazer uma lista de coisas e você vê se temos tudo aqui. — Virei-me para a multidão de cozinheiros no lugar: — Alguém me arruma uma caneta?

Uma moça por volta dos dezenove me entregou uma caneta azul fazendo uma reverência.

— Não, nada de reverências pelo amor de Deus. Me deixem esquecer dessa competição por dois segundos.

— Um, dois — contou Georgie sorrindo.

Eu sorri pra ele enquanto alguém me passava um avental e uma touca. Devo dizer que ficou meio engraçada a combinação vestido chique e uniforme de empregada.

Paige me arrumou todos os ingredientes do bolo com uma velocidade impressionante. Até mesmo amêndoas e avelã tinha ali. Aquela cozinha era mais bem equipada que a padaria mais chique da minha cidade. Claro que é mais bem equipada, idiota! É a cozinha do palácio.

Devido à inacreditável insistência de Georgie, fiz bolo suficiente para três formas, embora eu não tivesse exatamente certeza se ficaria bom. Geralmente ficava, mas tudo era de tão boa qualidade que eu tinha medo de errar a mão.

— Lexi… como é o seu irmão?

Olhei para o garotinho encarapitado em um banco a meu lado e todo lambuzado de creme de avelã artesanal.

— Ele se parece muito comigo. Temos os mesmos olhos e o mesmo cabelo preto, mas o de Patrick é liso enquanto o meu é ondulado. Ele é muito inteligente e gosta de brincar, ler e cantar — sorri nostálgica. — O sonho dele é ser cantor e ele acha o máximo que eu seja. E o seu relacionamento com Caleb, como é? Eu não vejo vocês dois muito juntos — comentei batendo a massa do bolo.

— Eu amo meu irmão — declarou olhando para o chão —, mas ele não tem tempo para mim mais por causa da Seleção.

— Isso me parece meio triste, mas eu tenho certeza que ele te ama muito, também.

Georgie olhou para o chão.

— É…

Tentei animá-lo.

— Você precisa de um irmão mais velho, eu preciso de um irmão mais novo… eu posso ser sua irmã! Que tal?

Ele sorriu, novamente alegre. Era tão fácil deixá-lo feliz!

— Eu quero — disse me abraçando e me lambuzando de creme. Apesar do avental, o vestido claro que eu usava manchou um pouco. Minhas criadas iriam me matar, mas eu não conseguia me preocupar com aquilo enquanto Georgie me abraçava como um irmão abraça o outro depois de muito tempo longe.

Eu o abracei de volta, despejei a massa nas formas,coloquei para assar e dei instruções para os cozinheiros de como proceder depois que os bolos ficassem pronto — rechear e cobrir com o creme de avelã — então levei Georgie para fora, ao lado de uma sorridente Paige.

— Obrigada — agradeceu Paige baixinho para mim.

— Pelo quê?

— Eu sou a babá do Georgie desde que ele nasceu e eu não o via tão feliz desde que a Seleção começou. Obrigada por fazer meu menininho alegre.

Eu sorri.

— Sinceramente? Eu que agradeço. Georgie é uma criança adorável.

— É mesmo — concordou.

Quando paramos na frente do meu quarto para que eu tomasse um banho e ficasse “decente” para o almoço com a família real, me ajoelhei ao lado de Georgie.

— Olha só Georgie, você tem que me prometer que isso fica só entre a gente, tá legal?

Seus grandes olhos azuis se arregalaram em confusão.

— Por quê?

— Porque Maryse provavelmente vai me dar uma bronca se descobrir — disse olhando nos seus olhos.

— Eu prometo!

Abri um sorriso enorme para ele.

— Então eu te vejo no almoço, amigo. Tchau, Paige, foi um prazer conhecê-la.

— Adeus, senhorita. Foi um prazer para mim também — ela também sorriu.

Nenhuma das criadas estava no quarto, então eu simplesmente preparei meu próprio banho sorrindo de orelha à orelha.

Apesar de serem muito diferentes, Georgie era exatamente como Patrick e fiquei feliz por ter alguém tão doce por perto.

Gabe, Marcie e Diana me encontraram no banho e quase tiveram um ataque histérico coletivo.

— Senhorita! Não sabíamos que a senhorita precisava de nós. Deveria ter-nos chamado!

Achei graça da preocupação delas.

— Relaxem, eu sei tomar banho sozinha. Não queria incomodá-las.

— Nos incomodar? Senhorita, essa é nossa obrigação. Cuidar da senhorita.

— Fiquem tranquilas, se não querer incomodar incomoda vocês eu não farei mais, ouch.

— Melhor assim — disse-me Diana, tentando soar repreensiva. — Não gostamos de sermos inúteis.

Franzi o rosto.

— Não é nada disso. Eu acabei me sujando e achei melhor tomar um banho antes do almoço. Como não tinha ninguém aqui… — deixei a frase no ar enquanto me enxaguava.

Vesti-me o mais rápido possível com os olhares repreensivos delas me deixando infeliz e desconfortável. O que eu tinha feito era tão ruim assim? Era apenas um banho, pelo amor de Deus!

Sacudindo a cabeça para mim elas se sentaram no chão. Ótimo, agora além de ignorada por Caleb eu era a vilã da história com três das pessoas que mais gostava no palácio.

— Me desculpem, não queria chateá-las, só que eu passei a vida toda me virando sozinha. Se não tem ninguém para me ajudar, meu primeiro instinto é fazer as coisas por mim mesma — disse-lhes. Aquilo não era um pedido de desculpas, apenas estava explicando a elas o meu ponto de vista.

— Está tudo bem, senhorita, mas não torne a fazer isso. Caso precise de algo e nenhuma de nós estiver aqui, toque a campainha — ralhou Diana com aquele ar maternal.

Mostrei-lhe a língua.

— Como queiram.

Dei uma olhadinha no espelho para checar se eu estava bonita — olha até onde a estupidez feminina vai: aquele ser não fala comigo e sequer olha na minha cara há três dias e eu me preocupo em estar apresentável para ele — e saí mandando beijinhos para minhas criadas que riram da minha cara por eu me arrumar para Caleb. Et tu, Brute?

Desci à sala de jantar e milagrosamente não fui uma das últimas a chegar.

Sentei praticamente na ponta da mesa, novamente entre Beatrice e Kayla e próximo à família real. Georgie abriu um sorriso de quem andou aprontando. Acenei discretamente para ele.

Assim que todas chegaram, a refeição foi servida pelos mordomos bem treinados.

— Essa comida não é maravilhosa, Beatrice? — questionou Kayla por cima da minha cabeça como se eu não existisse. — Lá em casa nossos empregados infelizmente não estão à essa altura. Acho que direi a papai que mande-os treinar aqui.

Beatrice apenas sorriu e fez algum comentário genérico sobre o quão deliciosa era a comida do palácio. Eu sabia que ela detestava Kayla então simplesmente apertei sua mão por baixo da mesa.

— É claro que — continuou Kayla levemente desdenhosa — algumas pessoas precisam aprender a se portar à altura da refeição que tem à frente.

Virei-me para ela.

— Escuta aqui, ô coisinha, quer parar de falar por cima da minha cabeça? Fala com o seu cão adestrado aí — gesticulei para Emily que estava emburrada a seu lado — ou troca de lugar comigo e fala com a Beatrice.

Emily protestou dizendo que não era cãozinho de ninguém enquanto Kayla guinchava:

—Coisinha? Escuta aqui, querida, olha bem o jeito que fala comigo.

Cerrei os punhos para não socar aquela fuça de modelo de produtos eróticos.

— Primeiro que querida é a senhora sua...

— Sobremesa — exclamou Caleb. Aparentemente ele, assim como todo mundo, estava prestando atenção em nós. Fiquei vermelha e abaixei a cabeça. Que péssimo exemplo para Georgie eu era. — Eu estou faminto, vocês não?

Morrendo. Mas não é de doces — disse Kayla piscando para ele.

— Eu queria que fosse um pouco mais literal — murmurei.

Kayla me olhou com aquela cara de cabrita no cio.

Todos se serviram, eu peguei um pouco de mousse de maracujá e comi lentamente, aproveitando o momento e aproveitando a concnetração para não voar na pessoa a meu lado..

— Esse bolo está gostoso — disse Georgie.

— Realmente está ótimo — disse a rainha, pensativa. — Acho que devemos chamar Klaus para elogiá-lo. Faz bastante tempo que eu não via um bolo de chocolate por aqui.

Ouvi bolo de chocolate e tive um estalo. Olhei para onde Georgie estava. Diante dele estava o bolo que eu havia feito mais cedo, já coberto e recheado. Era só o que me faltava.

Georgie riu. O sorriso dele antes realmente foi o de quem andou aprontando. Aprontando comigo!

— Não foi o Klaus quem fez esse bolo, mamãe.

Eu ia esganar uma criança!

A rainha ergueu uma sobrancelha cor de bronze. Aparentemente ela também achava que ele andou aprontando.

— Então quem fez?

— Foi a Lexi!

Senti meu rosto ficar quente. Que falta o bom e velho cabelo solto não fazia. Se eu pudesse soltá-lo ele iria esconder meu rosto cor de tomate.

— Lexi? — o rei perguntou.

Ergui a mão discretamente.

— Alexia Piper, Lexi para os amigos mais íntimos e familiares. — Georgie riu ainda mais, acho que gostou de eu tê-lo enquadrado entre meus amigos. — E eu pensei, Geo... príncipe George, que você tinha dito que não iria contar para ninguém.

Ele cobriu a boca, com um sorriso nos olhos.

— Ops.

Sacudi a cabeça, mas fui incapaz de não sorrir.

— Esse bolo está ótimo, Alexia. Adoraria aprender a fazê-lo.

Meu sorriso desapareceu.

— Qualquer dia desses eu ensino a você, Kayla. Certamente tem uma ou duas coisas que você pode aprender comigo.

Seus olhos violeta se estreitaram.

— Você também pode aprender muito comigo — ela abaixou a voz para um sussurro envenenado: — como aprender a manter a boca fechada, por exemplo.

Ui, que medo!

Bem, tenho certeza que as senhoritas poderão ensinar algumas coisas umas às outras durante sua permanência aqui — disse Caleb, os olhos brilhando como se tivesse fogo dentro deles. — Senhorita Alexia, gostaria de falar com a senhorita.

— Sem dúvida, Alteza. Estarei em meu quarto.

— Estarei lá em alguns minutos.

Vi de canto de olho Kayla abrindo um sorriso vitorioso.

Se ele me chutar hoje, eu vou ficar só o suficiente para acertar um murro nela, prometi a mim mesma.


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Notas finais do capítulo

Ai minha mão vai cair pq precisei revisar manualmente esse capítulo ç.ç