Eu revirei minha mesa inteira tentando encontrar onde eu tinha realmente colocado os esboços da nova campanha da Parker, tinha praticamente certeza de que tinha colocado tudo na mesa do escritório mas eles simplesmente tinham sumido. Desci as escada rapidamente tendo certeza de que eu estava atrasada e que meu pai iria enfrentar os dois minutos de atraso como se fosse like uma eternidade. Bem, esse era um problema dele, eu precisava antes de tudo achar os esboços. Entrei na sala de reuniões e praticamente corri até a mesa quando vi os papeis alaranjados espalhados sobre ela, como no inferno eles tinha ido parar ali? Resmunguei baixinho me xingando pela falta de atenção até que a risada baixa ecoou pela sala.

– Olha só, se tem uma coisa que eu nunca imaginei foi ver você assinando papelada de marketing, Megan. - Me virei seriamente irritada para encarar quem quer que fosse o culpado pelo comentário idiota, joguei o cabelo sobre o ombro e levantei o rosto. Primeiro minhas pernas fraquejaram, segundo meu coração acelerou em níveis ridículos e terceiro eu me xinguei mentalmente por ainda sentir alguma coisa depois de quase seis meses.

– Davi? O que faz aqui? Você só devia chegar no mês que vem. - Davi riu enquanto eu dava as costas e tentava me concentrar em organizar os papeis e não em esperar a resposta dele.

– Seu pai me pediu pra vir antes, aparentemente ele tem um monte de coisas que eu preciso ver e entender então eu tive que vir mais cedo. Não tá contente de me ver? - Seriously? Revirei os olhos e o encarei outra vez.

– Look baby boy, como vai sua sweet Manuella? - Davi me olha como se eu tivesse dado um tapa nele e não feito só uma pergunta sobre a garota por quem ele me deu um belo de um fora. Ergo a sobrancelha pra ele perguntando silenciosamente pela resposta e ele desvia o olhar enquanto coça a nuca.

– Manu e eu não funcionamos. Ela vai trabalhar aqui e eu vou ficar lá no Brasil, além do mais eu acho que era só fogo de palha sabe. - Ele disse enquanto se sentava na cadeira ao lado de onde eu estava.

– What? Fogo de que? - Serio, eu acho que preciso de um dicionario e um cérebro cinco vezes maior pra conseguir decorar tudo que os brasileiros dizem.

– É uma forma de falar que algo era passageiro, que não iria durar muito mesmo. Eu achei que a Manu era ideal pra mim mas parece que não é bem assim. - Encarei o cara que ainda mexia comigo e balancei a cabeça tentando ignorar a sensação instantânea de felicidade que tomou conta de mim com a história. Agarrei meus papeis e me sentei na cadeira ao lado dele.

– Well... Isso parece ter doído. Eu sinto muito. - Digo forçadamente enquanto tento conter o meu sorriso.

– Sente nada, Megan. - Davi riu e eu ri junto.

– Ok, not much. - Ele riu e o barulho da porta abrindo cortou o momento.

– E agora vamos ao trabalho, chega de diversão. - Ele sussurrou e eu revirei os olhos.

– Megan, você tem os números e os esboços pra próxima campanha? - Meu pai pediu antes mesmo de sentar e eu levantei da minha cadeira enquanto me esticava para entregar a ele do outro lado da mesa. Ele folheou as páginas e resmungou em alguns momentos. - Bons números, fez um bom trabalho.

– Obrigada, Daddy. - Dou a ele meu sorriso tímido e vovô Jack me elogia pelo desempenho. É bom que eles tenham realmente gostado já que eu gastei longas duas horas fazendo o maldito relatório enquanto poderia estar me divertindo por aí.

Não, eu não virei uma das gerentes de imagem do meu pai e da Marra em dois segundos. Foram longos três meses ajudando vovô Jack com a Parker TV e tentando manter a minha imagem um pouco mais fora do ar, era realmente difícil mas depois de um tempo eu só me acostumei a fazer as coisas de modo que elas não fossem descobertas tão facilmente. Eu continuo festejando, eu continuo comprando, eu continuo fugindo de tudo só que agora eu sei me proteger de publicidade ruim. Era parte do meu projeto "New Megan" e eu confesso que é difícil seguir com ele mas é mais fácil do que ser seguida por vários paparazzis enlouquecidos por uma foto de um momento decadente meu, então eu dei duro por algumas horas e dias e consegui fazer com que meu pai me aceitasse na Marra.

No dia seguinte a minha chegada em San Francisco eu me dediquei inteiramente a festejar. Não que eu estivesse feliz ou realmente tivesse um motivo, eu só não queria ficar em casa assistindo o reality e vendo a nerde sem sal usufruindo do que era pra ser meu, então eu consegui novos caras que foram meus de verdade por algumas noites até que eu decidisse me livrar deles. Obviamente eles não eram o meu Golias, e depois de um tempo eu só aprendi a superar e seguir em frente afinal quando se é Megan Lily Parker Marra não se sofre por um cara qualquer. Não se sofre por coisa nenhuma na verdade e se sofremos, curamos os males em uma noitada em Paris ou NY rodeadas de celebridades e pessoas loucas para agradar. Não é maravilhoso mas é oportuno.

– Megan? Acho que ela saiu do ar. - Davi balançou a mão na frente do meu rosto e eu a estapeei pra longe.

– Eu ouvi, só estava distraída. - Resmunguei e olhei ao redor da sala procurando meu pai ou meu grandpa, nenhum dos dois estava a vista. - Cadê meu pai e meu grandpa?

– Eles foram almoçar, alias nós dois deveríamos ter ido há uns longos minutos mas você ficou fora do ar.

– Nós? Isso foi um convite Golias? Cuidado baby boy, eu posso encarar isso como uma tentativa de se aproximar. - Eu disse sorrindo pra ele enquanto me apoiava nas costas da minha cadeira tentando ficar confortável.

– É só um almoço, Megan. Não seja presunçosa, eu posso retirar o pedido. - Ele riu e eu ergui a sobrancelha desafiando o grande Golias a me desconvidar. - Vamos logo, chave de cadeia.

– Chave de que? - Perguntei enquanto ele soltava uma gargalhada gostosa. - Ótimo, pelo menos eu sou engraçada.

– Não é nada não, Megan. Anda, vamos lá.

– Eu disse que você ia vir atrás de mim, não disse? - Eu sorri enquanto falava e ele resmungou fazendo uma careta. É melhor se acostumar Golias, porque Megan Lily não erra.