– Tudo bem... bom... eu sou uma pessoa tranquila. Não consigo me estressar. Sou simples, odeio exageros. Sou curioso, gosto de ler e ver bons filmes. Minha comida favorita é pizza e minha cor favorita é turquesa. Sei tocar piano.

Eu ri, ele riu também - EU AMO PIANO! Minha comida favorita também é pizza! E minha cor favorita é preto. Gosto de ler também, amo estrelas, amo flores principalmente os girassóis, e cartas... sou brega, né?

Ele riu. - Não, você é linda.

Eu sorri sem graça. - Meu pai ganha o suficiente pra poder me sustentar e sustentar ele, mas as vezes falta dinheiro, é por isso que...

Ele me olhou curioso.

– Que eu trabalho naquele lugar. Eu não queria. Eu queria mesmo era estar indo pra faculdade de Ciências Biológicas... mas meu pai não tem dinheiro suficiente pra pagar a faculdade... e isso o deixa muito mal.

– Entendo... sempre me perguntei por que você trabalhava lá... uma garota como você não tem cara disso.

– É, e ainda mais as influências das minhas amigas... enfim. Só estou lá por que é necessário. E você tem cara de ter uma família rica deeemaais!

– É... - riu - não gosto de falar disso, de falar que meus pais são ricos, por que é estranho. Não moro sozinho por causa de uns problemas.

– Perdoa-me, mas... que problemas?

– Só conto se me contar o por que queria extravasar ontem.

Não respondi.

– Gosto muito de cachorros, quero ter no mínimo dois filhos. Quero realizar todos os meus sonhos antes de morrer. - ele disse.

– AAAH! Eu tenho um pote com papeis escritos todos os meus sonhos. Bobo né? Mas também pretendo realizar todos.. Gosto de gatos.

– Eu também tenho! Somos bobos, Vic! Gatos são do mal.

– São nada - eu ri.

– Nunca namorei. - ele disse.

– Por que? Você é tão bonito aí, certeza que todas ficam caidinhas.

– Sim, mas não gosto de meninas que se dão rápido demais. Gosto de gestos simples, carinhos, fofuras... Pareço um viado. Meus amigos falam sempre! - riu

– Verdade - ele me olhou - sério - rimos - Ah tá, entendi. Também nunca namorei. Nunca fui apaixonada por ninguém.

Ele ficou me olhando sorrindo.

– Não tenho mãe - desviei o olhar e olhei para frente.

– O que aconteceu? Ela faleceu?

– Pior... me abandonou quando eu tinha 3 anos, e então eu nunca tive amor de mãe - abaixei a cabeça e meus olhos se encheram de lágrimas. Ele foi por atrás de mim e me abraçou, me fazendo deitar a cabeça no seu peito - Aquele garoto que você bateu foi o meu ex namorado... Por que você não gosta de se meter em confusões?

– Sinto muito, Vic. Digamos que... eu sou fraco, e tenho que guardar forças pra outras coisas.

Estava escurecendo e começou o pôr do sol. Ficamos em silêncio.

Você gosta do pôr do sol também? – ele sussurrou.

Sim... muito.

Ele me olhou nos olhos, por 5 segundos, depois desviou o olhar. Olhei pra ele também, dei um beijo em sua barba, sorri. Ele sorriu. Dei outro beijo, e foi quando ele virou o rosto e me deu um selinho demorado.

– Eu não tinha ideia de quanto tempo eu iria ter que esperar pra fazer isso.

– Então faz de novo.

Ele me deu outro selinho demorado.

Eu sussurrei: eu gosto da sua barba.

Ele riu, e fez carinho no meu cabelo - Eu gosto de loiras.

Uma hora eu teria que contar pra ele que estava grávida, e isso não ia dar muito certo.

Raphael narrando:

Eu sabia que essa menina era um mistério! Agora tudo faz sentido... o sonho dela é fazer faculdade e sair daquela merda de emprego, mas ter uma condição melhor pro pai...

Eu preciso dizer a ela que tenho câncer de pulmão...