Meu coração está acelerado no peito. Eu não sei se o motivo dele está assim, é pelo fato de meu irmão estar prestes a ir para guerra e sofrer uma morte eminente, ou por eu ter dormido, pela primeira vez, com Katniss ao meu lado, ou se é por estar preocupado pelo fato dela falar com o pai carrasco, sobre a situação de meu irmão. Talvez seja por tudo afinal, já que tudo que tem haver com as pessoas que eu amo me afetam de tal modo grandioso.

Adentro pelo portão de minha casa tentando fazer o mínimo de barulho possível. Pois minha mãe nem imagina que passei a noite fora. Se ela souber de tal coisa capaz de sofrer um infarto ou se sobreviver, me trancar dentro de casa para resto da minha vida. Já que ela preza muito por minha dignidade e minha reputação. Por que é isso que conta para continuar naquela escola de gente rica. Mas não reclamo, só assim consigo ficar perto da minha namorada.

Peguei a chave extra debaixo do tapete e abri a porta da frente adentrando com todo cuidado em minha casa, tranquei a porta novamente. Subo as escadas para meu quarto. Xingo mentalmente quando chego ao corredor e a madeira range por meus passos. Mando a cautela para o raio que o parta e corro pro quarto abrindo a porta em um rompante, fazendo o mesmo ao fecha-la.

–Estava onde Peeta?

Salto para trás pelo o susto e encaro meu irmão sentado na cama.

–Lá embaixo... Estava com cede.

–E trocou de roupa e calçou botas para beber água?

Disse ele apontando para meu pé.

–É !Eu decidi me arrumar mais cedo.

–Sei...

Ele se levanta e bate em minha cabeça.

– Ai Cato! Está louco?

Digo passando minha mão na cabeça.

–Eu sei que você não dormiu em casa Peeta. Eu durmo no mesmo quarto que você e notei que não estava, já que você ronca igual a um cachorro velho. Fora que você foi sutil como um elefante para entrar em casa.

Ele ri alto e eu reviro os olhos. Eu não ronco... Claro que não! Oh meu Deus! Será que eu ronco mesmo? Será que ronquei ontem com Katniss? Deus queria que não.

–Eu não ronco.

–Como sabe?

Ele pula na cama e coloca os braços atrás da cabeça.

–Sabendo oras.

Sento-me em minha cama e arranco minhas botas.

–Katniss te disse?

O encaro e um sorriso se forma em meus lábios sem querer.

–Como a Kat saberia disso Cato?

–Ah irmão! Não esconda de mim. Eu sei que você foi dormir com a Kat.

Disse ele enfatizando a palavra “dormir” e “Kat”.

–Eu não...

–Eu sei que você gosta dela, alias eu vejo vocês todos os dias voltando da escola juntos.

Eu abaixo minha cabeça e acento.

–É tão óbvio assim?

–É! Você baba pela garota... Mas eu acho melhor você tomar cuidado, porque o pai dela não é flor que se cheire. E se me lembro bem, o próprio veio aqui em casa uma vez falar com o papai sobre vocês pararem de andar juntos.

–É, mas ele não manda em mim. Eu não vou me afastar dela. Nunca!

Agarro a beirada da cama, a raiva percorrendo por meu corpo. Eu odeio-o infinitamente .

–Uou! Calmo irmão! Sabia que gostava dela, mas não que era tanto assim.

–Nem imagina o quanto.

–Já que é assim. Vai fundo irmão. Não deixe esse velhote enrugado estragar seu namoro. Corra atrás do amor de vocês... Faça tudo que eu não poderei fazer.

Ele abaixa a cabeça. Eu suspiro e sento ao seu lado colocando uma mão em seu ombro.

–Tudo vai ficar bem! Eu tenho um plano. Não se preocupe.

–Que plano Peeta? O que aprontou?

–Você vai saber se der certo.

Cato suspirou.

–Irmão não faça nada que vá lhe comprometer! Quero que você esteja bem para cuidar da mamãe e da Prim.

–Nós! Nós vamos cuidar delas cara!

–Peeta...

–Está tudo bem Cato. Prometo que eu não vou me comprometer.

Bom eu acho que não. Pensei.

–E mesmo que isso não dê certo, eu vou fazer de tudo para você não ir. Porque eu te amo e eu não quero que você corra o risco de morrer.

Digo sentindo lágrimas brotando no canto de meus olhos.

–Caramba!

Encaro-o com um sorriso. Acho que eu nunca disse que o amava.

–Meu irmão é gay.

Cato solta uma gargalhada estridente e eu nego com a cabeça dando um tapa na testa dele.

–Estou falando sério Cato!

Sua gargalhada morre e ele me encara.

–Eu sei. Foi só uma brincadeira. Eu não sei lidar muito com esses tipos de sentimento...

Ele abaixa sua cabeça. Desde que nosso pai morreu. Cato tem problemas com a palavra amor.

–Mas... Eu também te amo irmão...Eu agradeço, por seja lá o que esta aprontando. Obrigado por não desistir de mim!

–Nunca vou desistir das pessoas que amo, irmão!

–Promete?

Disse ele me estendendo a mão.

–Prometo!

Digo pegando sua mão e selando minha promessa.