O reflexo da Princesa escrita por Lola


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Hey! Eu tô postando um cap por dia, mas não se acostumem! kkkkk Assim que minha aulas voltarem vou postar menos ;-;



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“Cuidado, filha. Você está se apaixonando pelo irmão errado.”
Dois dias se passaram desde que minha mãe falou isso e eu não consigo parar de pensa nisso. Só agora percebo o quão “errado” é o meu romance com Felipe. Ele é o irmão do meu noivo e como se não bastasse é um mago! Não que seja proibido um mago se relacionar com uma humana, só não é comum (eu pesquisei sobre isso, só para ter certeza).
Será que está tão na cara assim a ponto da minha mãe perceber?! E se ela percebeu, quem mais pode ter percebido?! Com essas e mais outras perguntas atormentando minha mente e a possibilidade de que esse romance traga prejuízos para ambos os lados, eu comecei a cortar minha relação com Felipe. Tentei ignora-lo e evita-lo durante esses dois dias e, para minha surpresa, até que foi “fácil”. O que me levou a outra questão: será que ele sente o mesmo ou é tudo minhoca da minha cabeça?
Fácil no sentido de eu ter encontrado ele poucas vezes e quando aconteceu ele parecia nem notar minha presença. Por outro lado, não foi nada fácil conviver com essa dorzinha no coração, apesar de eu tentar ignora-la, ela estava sempre lá lembrando que faltava alguém ao meu lado para tudo ficar completo.
Agora, sentada no meu sofá em frente à janela (ele se tornou meu lugar favorito do castelo) no meu quarto. Observando as estrelas e a Lua, percebo o quanto me apeguei a Felipe. Sem que eu possa evitar, tudo o que eu sinto se transforma em lágrimas que rolam continuamente pela minha face.
Nunca pensei que eu fosse dizer isso, mas eu sinto falta da minha antiga vida pacata, nela eu só tinha que me preocupar com notas e com que roupa eu ia para a festa no fim de semana. Sinto falta das minhas amigas, dos meus tios, das aulas chatas de matemática, sinto falta das tardes de tédio (aqui tem sempre algo para fazer, mal dá tempo de se coçar!), sinto falta até de Alan, um menino que parece ter nascido para me irritar, porém lá no fundo eu sei que ele tem uma queda por mim e eu estava até começando a enxerga-lo com outros olhos.
Suspiro frustrada comigo mesma. Eu não sou garota de ficar chorando pelos cantos. Chega de me preocupar com minha vida amorosa, vou focar no que realmente é importante: sair daqui.
Vou ao banheiro e lavo o rosto bem a tempo de minhas criadas chegarem e avisarem que eu tenho que descer para jantar. Ajeito meu vestido que amaçou um pouco e vou para a sala de jantar. O jantar é o mesmo de sempre e como de costume eu não presto atenção em nada. Concentro-me apenas em evitar aquelas (lindas) íris azuis. Aos poucos as pessoas vão saindo da mesa e só sobra eu, Felipe e Steven. Steven levanta e eu o sigo porque 1) não quero ficar sozinha com Felipe 2) eu preciso falar com Steven. Quando saímos da vista de Felipe e passamos em um corredor vazio, eu o seguro pelo braço.
“Você sabe.”
Falo em um tom acusador.
“Do que?”
“De onde eu vim.”
“Sim, eu sei.”
“Então me explica.”
“O que?”
“Por que eu vim parar aqui, como eu vim e como eu volto!”
Ele me olha sério.
“Eu também gostaria de saber! Só te digo uma coisa: você corre perigo.”
Ele entra no quarto sem me dar mais explicações. Se antes eu já estava confusa, imagine agora! Ele não ajudou em nada falando que eu corro perigo, só adicionou mais uma coisa à minha lista de preocupações. Tento voltar para o quarto, mas acabo me perdendo. Deveria ter trazido meu mapa comigo. Depois de dar voltas e voltas, encosto-me a uma parede e sento no chão para descansar. De repente, a parede começa a se mover e um buraco se abre na mesma. Uma passagem secreta! Achei que isso só existisse nos filmes e livros! Curiosa, entro pelo buraco e assim que o faço, a parede se fecha me deixando em um completo breu.
Escuto vozes bem baixinhas e procuro de onde vem o som. Encontro uma pequena janela com grades um pouco acima da minha cabeça. Flexiono os joelhos, dou um impulso e pulo. Felizmente, consigo alcançar as grades e me agarro a elas. Por incrível que pareça, a visão do Rei e seus ministros conversando aos sussurros em uma sala de reunião secreta não me surpreende nem um pouco. Eu sei que esse homem esconde alguma coisa! Apuro meus ouvidos para escutar o diálogo.
“Eu acabei de receber a carta. Eles vão invadir o castelo.”
O Rei fala.
O QUE? Quem vai invadir o castelo? Quando? Não posso negar que fico com medo. Queria ser uma daquelas personagens corajosas dos livros que eu leio, mas não. Se alguém ameaçar invadir o castelo, eu junto minha trouxinha e vou embora! Deixo o heroísmo para outra hora, quando minha vida não correr risco!
“Não podemos fazer nada para impedir? O que eles querem?”
“O poder de volta, claro. Nós podemos lutar, mas o exército deles é mais forte. Afinal, eles são magos.”
A palavra ‘magos’ veio acompanhada de uma careta de todos. As pecinhas começam a se encaixar na minha cabeça. Os magos querem tomar o poder de volta e vão invadir o castelo se for preciso.
“Quando?”
Alguém faz a pergunta que eu tanto quero saber.
“Não sei, porém não vai ser por agora. Eles querem nos dar um tempo para pensar.”
Meus braços começam a doer e minhas mãos a suar. Acabo escorregando e caio no chão provocando um baque. As vozes se calam e eu posso ouvir perguntas como ‘quem está ai?’, prendo a respiração e vou recuando até que minhas costas batem em uma maçaneta, reprimo o grito de dor e giro-a. Felizmente, ela não está trancada. Adentro em um cômodo pequeno, iluminado apenas pela luz bruxuleante de uma vela. Apesar da baixa luminosidade, consigo enxergar muitas prateleiras cheias de líquidos em potes de vidro que eu julgo serem poções. Ao fundo da sala há um cofre.
Entediada, porém com medo de sair e dar de cara com o meu pai. Começo a olhar as poções. São variados potes e cores, tem poção para todo tipo de coisa, cada uma com uma etiqueta falando do que é a poção. Assusta-me saber eu posso falar a verdade, me apaixonar ou ficar triste se alguém simplesmente injetar uma coisa dessas em mim.
Um líquido alaranjado me chama a atenção. Sua etiqueta diz: invisibilidade. Meu coração se enche de esperança e alívio ao ver nesse pequeno pote a possibilidade de voltar para a segurança do meu quarto sem que ninguém perceba que eu estive aqui. Pego o potinho com um pedaço do meu vestido para não deixar digitais. Eu sempre reparo nos detalhes para não deixar vestígios dos meus “crimes”. Eu seria uma boa detetive, ou uma boa assassina.
Bebo apenas um gole do líquido (sem encostar a boca no gargalo, claro, eu não sou idiota). Sinto a magia tomar conta de mim e quando olho para minha mão de novo, ela não está lá. Quer dizer, está lá só que invisível. A primeira parte já consegui, porém não vou cantar vitória cedo demais.
Abro a porta devagar e espio o corredor. Ao constatar que ele está vazio, saio hesitante e fecho a porta atrás de mim sem fazer barulho. Vou para a parede onde eu entrei aqui e toco nela na esperança de que ela se abra magicamente, só que isso não acontece. Escuto vozes se aproximarem e penso em me esconder, mas aí lembro que estou invisível. O Rei se aproxima da parede segurando um caco de vidro. Ele corta palma da mão e derrama sangue da parede que se abre, todos (inclusive eu) passamos logo atrás dele, os ministros seguem o Rei e eu vou para o lado contrario.
O cheiro inconfundível de tempero indica que estou próxima à cozinha. Inspiro o aroma delicioso e sigo em frente e entro em um banheiro, espero o efeito da poção passar. Como eu bebi pouco, em cinco minutos mais ou menos eu volto ao normal. Saio do banheiro e vou para o meu quarto, o cansaço do dia me vence e eu acabo dormindo.


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Notas finais do capítulo

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