POV Riot

Já tinha escurecido. A lua chamativa estava enorme no céu negro, junto com suas fiéis estrelas que brilhavam distantes de nosso pequeno mundo, iluminando a noite escura. E Amy ainda não tinha chegado da sua reflexão com as estrelas. Não me pergunte o por que dela fazer isso e como ela faz, afinal ela herdou a parte sábia, eu herdei a força.

Me sentei em minha cama e fiquei observando o ponteiro maior do relógio dar voltas e voltas em torno do seu eixo. Pareceu uma eternidade quando minha irmã finalmente abriu a porta da casa se jogando na minha cama e colocando a cabeça no meu colo. Ela fechou os olhos e suspirou, massageando as têmporas:

– E ai? Como foi lá com as suas amigas?

– Que amigas?- Ela me olhou confusa- Ah, sim. As estrelas... Bom, elas falaram um monte coisas sobre essas pessoas que estão vindo pra cá.

– E...- Incentivei ela a continuar

– Parece que eles estão a procura de nós dois, mas não sabem disso.

Soltei uma risada pelo nariz(?) e disse:

–Nossa, agora entendi tudo.

– Olha, elas me disseram que eles estão aqui por engano, mas não é de todo engano porque o que eles procuram está aqui, isto é, nós. Mas ainda é um engano porque não era para estarem aqui e sim em portal que levaria pro lugar certo. Mas o lugar certo é aqui de uma forma errada. E eles acham que estão procurando um objeto e não pessoas, e também não sabem onde procurar, além de não saberem que estão no lugar certo/errado. Entendeu?

–Hã.... Você entendeu?- Minha cara devia estar numa expressão muito confusa, porque ela riu brevemente.

– Esquece... Então, o que quer fazer agora?- Ela perguntou sorrindo pra mim.

Sorri sarcasticamentê e a peguei no colo enquanto ela segurava em meu pescoço surpresa. Sai correndo pra fora de casa e segui o caminho tanto conhecido por nós dois enquanto Amy ria por causa do balanço do meu corpo. Atravessei a campina espantando alguns pássaros das árvores e fui em direção ao lago. Quando Amy viu onde eu queria chegar, começou a me bater e espernear tentando em vão se soltar. Só a apertei mais forte enquanto ela me xingava e a atirei com tudo na água morna do lago.

– Por que você fez isso?- Ela gritou se levantando, a água batendo em seus ombros

– Porque é legal. Você anda muita extressada ultimamente. Precisa relaxar um pouco

– E a sua idéia de relaxar é me atirar com tudo na água? Meu braço tá ardendo por causa do impacto, sabia?

– Desculpa! Pera, eu vou entrar ai com você...

Me atirei na água e voltei a superfície sorridente, vendo Amy com a roupa toda enxarcada e com seu cabelo cor mel (ou loiro escuro) por estarem molhados, grudados em sua cara.

– Você sabe que eu vou me vingar, não sabe?- Ela disse com os dentes cerrados. Deu até um pouco de medo, mas geralmente Amy nunca faz nada muito malvado.

Só uma vez ela encheu minha cama com formigas cortadeiras. Aquilo foi uma experiência que a gente só tem um vez na vida. Foi bem.....intenso e doloroso. Também estas formigas tem a 4° picada mais dolorida do mundo.

– Eu vou me arriscar, maninha.- Sorri debochado

Ela me encarou com um olhar mortal e pulou em cima de mim, tentando me afogar.

Então tudo aconteceu muito rápido.

Em uma hora ela estava com os punhos na minha cabeça me empurrando pra baixo e quando eu vi estava com os joelhos nos meus ombros(?) e nós afundando na água.

Então a lua ficou quadrada, as estrelas pegaram fogo, o céu ficou vermelho, a água começou a flutuar, as árvores ficaram de ponta cabeça e se corujas começaram a balir.

Não, não de fato. Aconteceu algo muito mais errado e louco.

Agente se beijou.

Sim, deste jeito.

Acidentalmente, que fique bem claro. E de uma hora pra outra. De repente.

Agente arregalou os olhos e nos olhamos chocados. Ela se separou de mim com um empurrão e voltou a superfície.

Eu fiquei um pouco mais lá em baixo tomando consciência de tudo e tentando raciocinar.

..........EU BEIJEI MINHA IRMÃ!!!

Emergi com tudo e vi Amaya pirando fora do lago. E fiz uma coisa muita inteligente.

Me juntei a ela.

– CARALHO EU BEIJEI A AMAYA! EU BEIJEI MINHA PRÓPRIA IRMÃ!

– NÃO! NÃO! NÃÃÃÃÃÃO! ISSO NÃO PODE TER ACONTECIDO!

– ACONTECEU SIM AMY! EU VOU PROS CAMPOS DA PUNIÇÃO! OU PRO PRÓPRIO TÁRTARO!

– MEU PRIMEIRO BEIJO FOI COM MEU IRMÃO!

– ESPERA! FOI SEU PRIMEIRO BEIJO?

– FOI!

– AGORA FUDEU MAIS AINDA!

– ERA PRA MIM SER CASTA COMO A NOSSA MÃE! ....... Não pera.....

Agente ficou se olhado por longos 32 segundos até que eu disse:

– Vamos embora.

– Vamos.

Saímos andando, molhado a estrada até a nossa casa, sem falar nada. Cada um com seus próprios pensamentos.

Seria pecado eu dizer que.... não foi ruim o beijo?

Sim. Seria. Com toda certeza.

– Então..... - ela disse repentinamente batendo as mãos- .. Isso nunca aconteceu?

– Claro! Já esqueci! O que acabou de acontecer lá atrás? Nada. Nada. Nada...

Chegamos em casa e cada um foi para seu canto. Amy entrou no banheiro para tomar banho.

Banho as 03:00 da madrugada, vai nessa irmã!

Eu me joguei na cama molhado mesmo e fiquei olhando o céu da noite. Os morcegos voavam baixo passando pela janela do meu quarto, zombando de mim.

Suspirei e me deixei cair no sono.

***

Na manhã seguinte acordei tarde, diferente de Amy que já de manhã estava de pé preparando o meu almoço.

As vezes ela fazia esse negócio de cozinhar pra mim e deixar a comida no forno pra eu comer enquanto ela passeava por ai.

E quando ela não fazia eu me virava com qualquer coisa.

Depois que eu comi meu prato de arroz com carne e ervilhas(risoto) sai para correr um pouco pela cidade.

Nossa cidade era pequena e não moravam mais de 5 mil pessoas nela e os carros eram poucos e só pros ricos.
Não sei pra que carro se aqui você pode andar pra chegar onde quiser.

Meu dia foi basicamente o mesmo de todos os dias. Eu corri, treinei, andei pelo bosque, lanchei no restaurante de sempre, andei um pouco pela cidade, deu meu melhor sorriso sedutor ganhando sorrisinhos das meninas.

Enfim.

A noite encontrei Amy sentada ao lado do moinho de água com uma mochila nas mãos. Ela estava usando uma saia comprida rosa claro que ia até seus pés e com uma blusa branca sem manga:

– Pra que essa mochila cigana?- Debochei dela

– Hahaha que engraçado- ela rolou os olhos- O negócio é o seguinte: Pegue seus pertences mais importante e coloque em uma mochila e vamos embora antes do anoitecer.

– Quê????- WTF?!- Como assim vamos embora?

– Riot, você tanto quanto eu, sempre soube que o dia de ir embora dessa ilha isolada dos deuses ia chegar. E hoje é esse glorioso dia, porque tem dois semideuses lá na cidade atrás de nós para nós levar até o acampamento.

– Ah

Eu me virei e entrei em casa rumo ao meu quarto. Pra ser sincero, nunca pensei no dia que ia ter de ir embora daqui. Eu vivi minha vida toda aqui.

Até os 11 anos era eu, minha irmã, meu pai Fred e minhã mãe Neusa. Isso, até o dia que ambos morreram como era previsto. (//N.A: People tem muita coisa aqui, tipo a morte dos pais deles, os poderes deles que eles herdaram, as maldições que os perseguem e tra lá, lá, lá, lá[Esse é o meu blá, blá, blá] que vão ser explicados no decorrer da história. Então não se desesperem.)

Então fomos só nós dois por 6 anos, sozinhos, morando aqui.

Não me sinto triste por ir embora. E só que agora eu vou ter um novo lar e isso...

– RIOT PARE DE FICAR DEVANEANDO E VAI ARRUMAR SUAS COISAS!- meus pensamentos foram interrompidos pela minha irmã mau-humorada.

Tratei logo de pegar a droga da mochila e enfiar algumas coisas ali como calças, meias, tênis e outras coisas pessoais. No final quase não deu pra fechar mas eu consegui. Porque i'm very foda.

Saí de casa e me encontrei com Amy e juntos olhamos pra ela uma última vez antes de ir embora. Não sei como, mas eu sabia que ia voltar algum dia.

Fomos andando em direção a cidade. Ao nosso destino tão esperado.

E que seja o que os deuses quiserem.