Identidade Homicida escrita por ninoka


Capítulo 59
Exame Final




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Shermansky acordou, levantou, vestiu o roupão -- brilhante, perolado, seda pura -- e o ajustou ao redor do corpo redondo. 

Sabia que era dia; isso somente por conta de algum relógio interno que seu organismo sistemático havia naturalmente criado. Afinal, era impossível observar a luz da manhã  naquele lugar.  

Seguiu por um corredor artificialmente iluminado e chegou a um pequeno cômodo, com uma pequena mesa quadrada e uma única cadeira. Ao lado, um serviçal, elegantemente vestido e prendado, que reverenciou Shermansky no momento que a percebeu. 

Eleonora Shermansky se assentou no lugar que lhe era unicamente reservado, e aguardou o prato lhe ser servido. Vestiu o guardanapo no pescoço. Salmão e mostarda, uma taça de vinho -- o café da manhã estava servido.

Durante a refeição, até então, nenhuma palavra. Apenas o mastigar grotesco e sons do garfo batendo na louça cara. 

Tudo havia um preço; e Shermansky parecia ter acolhido a escolha daquela vida enclausurada quando seu mundo desmoronou. Era fácil viver àquela maneira, transmutando de um lugar para o outro sem ser vista, às sombras; vivendo sob as entranhas do colégio, nos subsolos mais profundos, privando-se de qualquer luz primária, mesmo em seu pequeno antro, fartando-se de toda a fortuna que seu plano macabro fazia frutificar, e saindo ocasionalmente, quando bem entendesse.

— Enric, — disse a senhora, e passou o guardanapo sobre os lábios. — preciso que contate a Peggy. Peça pra que ela me encontre na sala de transmissão. 

— Certo. Há que momento? 

Shermansky levou a taça até os lábios e, depois de um gole deleitoso, com os olhos encarando o nada, respondeu:

— Agora mesmo. 

Outra reverência pomposa por parte do empregado:

— Sim, senhora. — disse, e retirou-se. 

Era de manhã e Shermansky já roteirizava todos os planos diários em sua mente. Aquele era um dia especial, afinal. 

A sala de transmissão era um cômodo médio, com dezenas de tubos e hélices de ventilação que, àquela altitude, precisavam eliminar todo o ar quente que o excessivo número de computadores e telas de monitoramento geravam e acumulavam na sala. 

Quando Shermansky chegou em suas vestimentas casuais, Peggy já estava à sua espera, desleixadamente jogada sobre uma das cadeiras de escritório ali contidas, distraída,  cutucando as unhas da mão. Até que ouviu o som da porta e monotonamente desviou o olhar para a porta, onde Shermansky estava. 

— Já estamos prontas? — perguntou. 

E Peggy sorriu:

— Sim. Parece que cada personagem finalmente se adequou ao seu papel. 

Shermansky abriu os lábios, exibindo todos os seus dentes, tão, tão contente:

— Então está na hora de colocarmos em prática o Exame Final. 







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Notas finais do capítulo

sherman, sherman................