Identidade Homicida escrita por ninoka


Capítulo 46
Hórus


Notas iniciais do capítulo

oi minhas coisas lindas
eu tava com os caps prontos mas uma série de eventos no colégio me impossibilitaram de sentar no notebook e postar os caps!!!

cap anterior: > morte de personagem X
> nathaniel tava na bad

lembrando q o armin até então estava na enfermaria cuidando de algunsssss machucados q tinha sofrido depois d sair na porrada com o lys




cap com direito a deseinho q fiz quando tava meio inspirada



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[-x-]

 

No gabinete de Shermansky, o estalo do tapa reverberou por cada centímetro cúbico.  

— Acho que não fui muito clara…  — disse Shermansky, inabalável, repondo-se sobre sua cadeira após ter mirado certeiramente o rosto de Peggy. — … quando disse para que tomasse conta do seu mascote.

Peggy segurava a lateral vermelha e latejante do rosto, os olhos orgulhosamente tentando conter uma lágrima enganchada, prestes a sair.

— Ele não fez nada de errado.

— Não?! Viu o prejuízo que causou? Queimando a estufa, cercando a escola de autoridades!

— A senhora já deveria estar esperando por situações parecidas. — revirou os olhos.

— Os killers têm a clara noção de que quanto mais atenção chamarem, maiores as chances de serem desclassificados. Um furdúncio desse nível não aconteceria!

Shermansky se acalmou, de repente, respirando fundo; Peggy deu outra revirada com os olhos.

— Você sabe que ele só tem se mantido suficientemente estável por conta do tratamento que eu tenho oferecido. Outro escorregão por parte sua ou dele, e serei obrigada a tomar medidas drásticas, Peggy. Ah! E, principalmente, a minha galinha dos ovos de ouro; mantenha esse rapaz longe dela, entendeu? Se algo acontecer à ela, vocês dois irão pagar. Fui clara desta vez?



[Elsie]

 

Horário de almoço. Depois de algum tempo, finalmente: Armin, Kentin, eu; os três na mesinha da cantina. Pizza amanhecida, frango e batatas, noodle de carne picante -- o cardápio do trio era bastante variado. Tinham pouquíssimas pessoas na cantina, todo mundo conversando meio baixo, com risos disfarçados, nas mesas, debruçados nos cantos. Os ânimos estavam lá embaixo. Aquela foi a primeira vez que uma morte trouxe o clima esperado. Foi um sentimento estranho.

De repente, meu celular toca (sim, tenho um aparelho capenga que levo no bolso às vezes. O keypass só recebe ligações internas). Era o número da senhora Murple. Atendi.      

— Alô?

Alô. Gostaria de falar com Elsie Cotton.

— Ela mesma. — crispei a testa.

Sou o doutor Ivanov, doutor particular da senhora Murple. Ela sofreu um acidente doméstico e está de cama. Disse que gostaria de ver a senhora.

— M-Murple? Ela tá bem?!

— Sim. Ela está bem melhor agora, mas em estado observação. Ela quer falar pessoalmente com a senhorita, se possível.

— Claro, claro. — dizia enquanto desnorteadamente me erguia e ajeitava a cadeira pra baixo da mesa. — Diz pra ela que não vou demorar muito. Pego um ônibus e desço aí!

Em instantes, já estava com o dedo afundando a campainha da casa de Murple. O doutor quem atendeu; nos cumprimentamos. Ele me levou até o quarto de Murple, onde ela estava. Abri a porta de pouquinho em pouquinho, sem querer ser muito súbita. Fazia meses que não falava ou via Murple.

— Olha se não é a minha magnólia…

Murple continuava a mesma, intacta; as mesmas rugas, o mesmo sorriso e o brinquinho de pérola; embrulhada ao centro do colchão de casal com os lençóis estampados de sempre. Contudo, um único detalhe diferente: um aparelho de respiração, posto ao lado de sua cama; dois canais conectados às narinas.

— Murple…! — coloquei a franja pra trás da orelha e me sentei na ponta cama. Sorri. — Como a senhora tá?

— Bem melhor agora! — balançou a cabeça. Ela parou, me analisando de cima a baixo. — Deu uma cortada no cabelo, é?

Pus a mão no comprimento da madeixa e relembrei o tamanho.

— Uma mudança de visual de vez enquando não faz mal, não é? — ri, tentando não lembrar de que o cabelo não foi uma escolha minha.

— Tem toda razão. Você, jovens, devem mais é abusarem da juventude!

Eu adorava como Murple sempre tratava tudo de forma tão natural e leve.

Ivanov apareceu na porta:

— Como a senhora está se sentindo, senhora Murple?

— Estou bem, parem de se preocupar comigo. — abanou uma das mãos. — Coisa chata.

— O que houve, afinal? — perguntei, oscilando entre Murple e o doutor.

— Nada demais.  

— Parada respiratória.

Encarei Murple, atônita. Respostas, por favor!

— Não foi nada demais. — insistiu.

— O ataque fez ela cair enquanto lavava louça e se cortar com uma xícara quebrada.  

— Sh!

— Murple! — censurei-na.

— Tá, tá, Iva. Já falou demais. Sai daqui que quero falar com a menina. — deu a risada rouca e prolongada de sempre.

Ivanov saiu do quarto, nos deixando sozinhas.

— Me diga então, querida. Estava com saudades de você, por isso te roubei um pouquinho. Esse é o ano da sua formatura, não é?

— Ainda não. Ano que vem, se tudo der certo. — ri, desconcertada.

— Ah, mas Sherman me diz que é uma boa aluna. É claro que dará tudo certo.

Uma pena que não era disso que eu estava falando.

De repente me veio a ideia de abrir meu repertório de perguntas para Murple.

— Ei, Murple.

Olhei para a porta. Fechada.

— Será que você poderia me responder algumas coisas? — sussurrei.

— Que tipo de coisas? — riu traquinas. — A idade dos conselhos amorosos, hmm.

— Não…! Nada disso.

Chequei os arredores novamente e tomei mais proximidade, reduzindo a voz aos sussurros:

— É sobre a minha tia...

— Deus a tenha. — gesticulou a cruz com a mão.

Tirei o relicário de baixo da blusa e apontei-o para Murple.

— Eu achei o rapaz da foto.

— Jura?

— Sim. Ele e minha tia eram… grandes amigos.

— Isso é ótimo, não é?

— Sim… Mas, ele me disse algo… que me deixou com uma pulga atrás da orelha.

— Algo?

— Isso. Algo sobre minha tia — a saliva engrossou. Era difícil até de falar. — Ele disse que minha tia esteve internada durante um tempo, numa clínica de tratamento psiquiátrico, depois de ter ficado desaparecida por alguns meses.

Imaginava mil e uma reações que murple possivelmente viria a ter com a história. No entanto, ela foi capaz de esboçar tudo junto e um pouco mais. Nojo? Raiva? Tristeza? Medo? Frustração? Culpa? Indecifrável.  

— Esse sujeito… Tem certeza de que ele não estava só zombando com a sua cara, criança?

— Bem… Não. Mas isso foi tudo o que eu consegui. E eu preciso me apoiar em alguma coisa pra seguir adiante.

— Seguir adiante... pra onde?

— A justiça. É claro.

— E você acha que será capaz de encontrar quem fez aquilo com a sua tia?

Balancei a cabeça; absolutamente!

Havia um quadro do outro lado do cômodo, com uma moldura retangular e dourada. Uma fotografia em preto e branco estava exposta: Murple, no ápice da juventude, e Roger, o falecido. Murple, polidamente reclinada na cama, mirava o quadro com algum pesar.

— Eu e sua tia nos conhecemos quando ela começou a trabalhar no hospital. Eu era da ala de pediatria. Agatha… Ela sempre parecia estar fugindo de alguma coisa.

— Fugindo? — me acheguei à Murple — De quem?

— Ela... Parecia querer fugir de si mesma.



[Jackelino]

 

— Agatha está morta. — declarei.

Novamente, eu e Nathaniel conversávamos no grêmio. Jennifer não estava mais entre nós.

— Sabe o que mais me intriga? A Central não nos informou sobre isso. Agatha tem pé em parte do caso que ocorreu há vinte anos atrás, mas não nos reportaram sobre nada.

Nathaniel era um moleque forte. Me vi surpreso. As sucessivas ocorrências de perda logo num começo de carreira era um choque tremendamente forte; suas olheiras não negavam a proporção da situação. Mas ainda assim, ainda o via tentar, ainda o via querer ajudar e prosseguir com seu dever. Gesto nobre.
— Você também não sabia que isso tinha acontecido com ela. Logo você. — respondeu, terrivelmente cabisbaixo.

— É diferente, moleque. Trabalhamos para uma empresa de detetives. Uma informação dessas, que já ocorreu há cinco anos, deveria estar em nossas mãos desde o começo.
Ficamos em silêncio. Pensei muito antes de falar; acabei soltando:  
— Acho que a Central está nos escondendo coisas. — naquele momento eu era praticamente um herege.

— Por que esconderia?

— Não sei.

— E será que o que ela disse é verdade? E se ela não estiver tramando algo?

— Não acho que ela esteja mentindo.

— E acha que a Central mentiria?

— Não sei, moleque. Mas se há uma coisa que aprendi, é que você nunca deve acreditar ou confiar em algo sem contestar antes.

Silêncio, de novo. Nathaniel estava com a cabeça para o lado, escorada no antebraço; os olhos, distantes. Sabia como se sentia.

Agatha, Jennifer. Estávamos despedaçados -- cataram nosso peito e arrebentaram numa roda punk. Mas, diferentemente de Nathaniel, sou e sempre fui um cara um bocado rude. E caras rudes não demonstram quando estão despedaçados.

— Ficar pensando não vai mudar as coisas. — falei, com receio.

— Eu… Eu sei… — abanou a cabeça. — É que isso que você disse, sobre contestar e tudo mais… Parece muito com o tipo de coisa que ela diria.

Mais silêncio. Angustiante.

— Se nós ao menos pudéssemos ver o que a Jay viu naquela noite… — falou.

Ficamos pensativos. Até que me ocorreu a ideia:

— Bingo, moleque!

Nathaniel me entreolhou interrogativamente.

— Se lembra? Desde o incidente do armazém de limpeza a direção instalou câmeras em alguns pontos específicos da escola. Senão me engano, meteram uma no pátio, no caminho até a estufa.

— Mas essas filmagens são restritas. E a sala de transmissão sempre tem gente.

— Nem sempre. O guarda da tarde almoça na cozinha dos funcionários, um intervalo de quinze minutos, mais ou menos.

— E sai assim? Não tranca a porta da sala nem nada?

— A tranca da sala é um sensor de Keypass.

— E aí...? Vai pegar o keypass do cara “emprestado”?

— Não tem necessidade de nada disso. — sorri. — O keypass dos inspetores possui uma função de chave mestra. Passaríamos sem problemas.

 

***

 

Aguardamos num corredor do segundo andar, ao lado da sala de transmissão. Alunos passando, figurantes.

Algum tempo depois do som do sino de intervalo, saiu o guarda responsável pela sala, que parou de frente para a porta, ajeitando a barra da calça na cintura gorda, e nos cumprimentou casualmente. Depois de passar seu keypass e ouvir a trava da porta, o homem saiu, andando para longe da sala, e virou a esquina do corredor.

Estava na hora de botarmos o plano em prática.

Nathaniel tirou um pendrive do bolso e me passou discretamente. Acionei a chave-mestra no meu keypass. A porta abriu sem grandes mistérios.

Fizemos um aceno de cabeça -- significava que estava na hora de seguirmos nossas respectivas tarefas. Não saber me apoiar em diálogos ou encenações, tornou Nathaniel encarregado de uma tarefa crucial do plano: atrasar o retorno do guarda.

Ele foi para um lado. Entrei para o outro, fechando e trancando.

Aquela sala era uma caixa de fósforo, grande o suficiente apenas para caber uma única cadeira de escritório e uma única máquina -- um desses computadores bem equipados e modernos -- exibindo nove quadros de vídeo, cada um vindo de uma câmera da instituição. As imagens não tinham uma definição estupenda, mas logo de cara consegui encontrar meu alvo: um ponto bem específico, um caminho estreito de seixo que leva à estufa, com o foco intenso numa das namoradeiras do pátio.

Inseri o pen-drive no computador. Foi necessário digitar uma senha de segurança; tentei me lembrar de algumas que tinham em outros computadores do sistema da instituição. As tentativas foram tantas a ponto de que o sistema recebeu um maldito bloqueio de cinco minutos enquanto uma pequena mensagem aparecia abaixo do campo de digitar senha:

 

DICA: Aquele que tudo vê

 

Pensei. Fiquei durante os cinco minutos pensando. Quando a contagem acabou, freneticamente digitei:

Deus?

Erro.

“Câmeras”, “olho”, “olhos”, “guarda”, “águia”.

Enviei uma mensagem a Nathaniel antes que digitasse tudo errado e fracassássemos de vez: “aquele que tudo ve”. Estava esperando uma resposta inteligente, no entanto, em troca: “?”, pontuou ele.

É uma senhha”, digitei, nervosamente.

Alguns minutos de tensão me fizeram arrancar a pele envolta do mindinho. Não conseguia pensar em nada.

Chegou uma nova mensagem:

 

Hórus.

 

Digitei, tenso. O sistema abriu.

Agora era possível utilizar o mouse e interagir com a máquina.

Fui para as gravações da câmera “3”, a que me interessava. Naquele exato momento, a imagem mostrava o que estava acontecendo ao vivo: Uma cambada de adolescentes vagabundeando em horário livre, sentados na namoradeira e conversando, gesticulando feito marionetes mal-coordenadas. Mas não era isso que me interessava; adolescentes vivendo à toa ou o que estava acontecendo hoje. Queria saber sobre o dia anterior, sobre a madrugada, sobre o desaparecimento de Jay e o brutal assassino que estava entre nós.

Recebi uma mensagem de Nathaniel: “ele tá vindo. vou tentar atrasar”.

Havia uma opção de “Ver gravações de câmera 3” no programa que exibia as transmissões. Cliquei. Pelo o que parecia, as gravações eram automaticamente geradas após um período de 24h, desde o primeiro minuto do dia, até a meia-noite. Cada vídeo tinha um código numérico embaixo, um nome de arquivo, a qual rapidamente decifrei que se tratava da data em que foram gravados, num formato de mês-dia-ano. Enxerguei a data do dia anterior -- agora as respostas estavam na minha frente, dentro de um computador, dentro de um pequeno ícone medíocre. Não esperei um segundo sequer: cliquei.

Adiantei a gravação aos poucos, durante o intervalo antes do alarme de incêndio ter sido acionado. O pendrive já estava fazendo seu trabalho, entalado na placa-mãe e absorvendo cada pedaço do vídeo.

Não mostrava nada além do pátio, escuro e vazio, minimamente iluminado por um poste acima da namoradeira. Sem alunos vagabundeando ou possíveis assassinos.

Uma mensagem de Nathaniel: “!!!!!!!!!!!!”   

Logo em seguida, outra: “ele ta saindo. nn consegui segurar mais !!!!!!!!!”.

Fiquei acelerado, nervoso, frenético, analisando cada segmento do vídeo em pequenos intervalos. até que congelei: duas figuras apareceram na filmagem, duas sombras aparentemente indistinguíveis passaram pela namoradeira, uma delas carregava algo em suas costas. Quando ambas as silhuetas ficaram suficientemente próximas de um dos postes de luz, tudo, literalmente, ficou claro: Jade Klippel; Jade e uma figura mais baixa, cobrindo o rosto com o capuz de um casaco branco. Jennifer estava em suas costas.  

— Você!

Me arrepiei, voltei para trás e o guarda estava atrás de mim, logo ali, na porta da sala.





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Notas finais do capítulo

amanhã é o ENEM pra muita gente
bora manter a calma e a confiança

independente do resultado a vida continua
e podem ter certeza q, independente do resultado, todos nós ja somos bons pra krl e nn é uma nota q vai dizer o contrário

boa sorte, beijao no coração
YOLO