Easy escrita por Nora


Capítulo 9
8 – s. e. x.


Notas iniciais do capítulo

A música deste é S. E. X., também do Nickelback.

Boa leitura.



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— Eu sabia que você não ia derreter. – retrucou ele e Maya sentou-se ao seu lado.

Os cabelos vermelhos escarlate dela estavam totalmente secos.

— Viu? Nem molhou os cabelos. – disse ele, em tom de zombaria.

A ruiva – que não era exatamente ruiva, mas ele a chamava desse jeito mesmo assim – o fuzilou com os olhos e replicou:

— Por causa do capacete, seu idiota. Se eu pegar um resfriado a culpa vai ser sua. Agora, para de encher.

Ele deu risada e sorriu logo em seguida, e a carranca de Maya logo se desfez.

— Então, Scalettine – era mania dos dois chamar um ao outro por seus sobrenomes, às vezes –, diga-me. O que fez durante o dia?

— Dormi. O dia inteiro. – ela respondeu após pedir a Gracie outra garrafa de Heineken. – Mentira, eu acordei, almocei, li um livro e então dormi.

— Você dormiu até agora? – ele questionou, arqueando uma sobrancelha. – E depois eu sou o preguiçoso. – murmurou. – Então, para resumir, você não fez nada demais.

— Ei! – ela reclamou. – Querido, você é igualmente preguiçoso, e eu nunca neguei que sou. E além do mais, eu mereço uma folga, ok? Trabalhei o dia todo ontem. E, ao contrário de você, eu trabalho. – Maya retrucou, azeda. – E você também não tem um filho bagunceiro para cuidar.

— Só trabalha porque você já concluiu a faculdade, querida. Além do mais, eu não preciso trabalhar também. E graças a deus que eu não tenho um filho para cuidar, seria um desastre. – ele articulou, e então riu.

— Ah, e depois fica bravo se eu te chamo de riquinho. Nada além da verdade.

Os dois deram risada novamente e logo toda a irritação dela novamente se dissipou, transformando-se em gargalhadas.

Trevor a observou discretamente. Os cabelos de Maya eram curtos, um pouquinho abaixo dos ombros e repicados, completamente lisos de um jeito que causava inveja nas outras garotas. Ela tinha os cabelos naturalmente castanhos, mas agora eram tingidos de vermelho desde quando ela tinha doze anos. Sua franja e várias outras mechas do cabelo eram de um tom de vermelho vivo, que se destacava totalmente, enquanto o resto do cabelo era de um de vermelho mais escuro. Porém, quase todo o cabelo se destacava, pois as mechas cobriam quase todo ele. Ela tinha cílios grandes e pretos, e seus olhos eram castanho escuro, de um jeito que o contorno da íris era mais escuro e o preenchimento mais claro, e o tom lembrava a Trevor chocolate.

Maya era uma das garotas mais lindas que ele conhecia. Eles se conheciam desde que Trevor nascera, literalmente, quando ela tinha quatro. O rosto dela era diferente, angular, mas não era quadrado nem redondo. Suas maçãs do rosto eram um pouco salientes e seus lábios eram carnudos na medida certa, sem exagero. Ela tinha um corpo bonito, com muitas curvas, mas nunca usava roupas muito justas por isso. Suas curvas nunca eram visíveis.

Maya Scalettine era como a versão masculina de Trevor. Era conhecida como “Arrasadora de Corações” na cidade. Ela tinha várias tatuagens assim como ele, e o que fazia ele adorar ela mais ainda era que ela também tinha uma moto esportiva, branca.

Havia uma restrita regra entre os dois que nunca fora quebrada. Nada de sexo. Nunca. E ele não se sentia incomodado com isso, por mais que ela fosse gostosa segundo sua avaliação. Ter a amizade dela já lhe fazia bem e era o suficiente para Trevor.

Ele notou que faltava algo para completar o rosto dela. Ela percebeu que ele a observava e indagou:

— O que foi, McCalton?

— Cadê seu óculos? – ele respondeu com outra pergunta. Era isso, era o óculos dourado dela que faltava. Porém ela continuava bonita, tanto com quanto sem o óculos. Mas ele dava um charme a mais, isso era verdade.

— Ah, eu já tinha me esquecido de te falar. Comecei a usar lentes! – respondeu ela, ficando animada. – Como a cirurgia não conseguiu retirar toda a miopia e o astigmatismo, eu tive que continuar usando óculos. E agora finalmente consegui as lentes!

— Que bom. Tenho muita sorte de não precisar usar óculos. – falou ele e os dois riram.

— Ah, tem mesmo. É agonizante quando a visão vai deteriorando com o passar do tempo, e você percebe isso. Parece que você vai ficar cego.

— Credo. E aí, quando vai ter que viajar novamente? – perguntou.

— Semana que vem. – Maya respondeu, animada. – Mas parece que vou ter que ficar bastante tempo. – suspirou. Essa era a única coisa que ela não gostava das viagens que fazia: ficar muito tempo longe, tanto dos amigos quanto de seu filho, Matheus.

— Vai para onde agora? – Trevor questionou, curioso. Ela sempre viajava para os lugares mais exóticos possíveis.

— Não sei exatamente, mas parece que é algum lugar na África. Parece que acharam alguma coisa em alguma caverna, não me lembro bem, só sei que tem bastante árvores em volta no local.

— Não esquece de me trazer um presente de lá.

Os dois caíram em gargalhadas e ela disse:

— Se me der o dinheiro, posso até pensar no seu caso. – mas ele tinha certeza que ela traria alguma coisa, pois ela sempre lhe trazia algo de todas as suas viagens. – Trev, você se importa de ficar com o Anúbis enquanto eu estiver viajando?

— Sem problemas. Já estou com saudade do meu amigo peludo. – ele respondeu, rindo.

Anúbis era o gato persa preto de Maya. Toda vez que ela viajava ele ficava na casa de Trevor. Maya era arqueóloga, fizera faculdade no exterior, portanto mais da metade da sua vida ela passava viajando e então o gato era mais de Trevor do que dela.

— Anúbis parece gostar de você. Muito até. – ela murmurou. – Às vezes ele parece ser mais de você do que meu.

— Engraçado, eu estava pensando exatamente nisso agora mesmo.

— E aí, senhor McCalton, como foi o seu dia? – ela perguntou, enfatizando o “senhor”, pois sabia que ele odiava ser chamado assim.

— Não me chama assim. Parece que sou idoso. – ele resmungou. – Bem, seguindo os meus padrões de vida, foi normal. Acordei, fui para a Columbia, irritei a America, fiquei com a Stacy, depois eu voltei para casa... rotina cotidiana. – respondeu.

— “Irritei a America”? – perguntou ela, franzindo o cenho. Já ouvira todos os nomes de todas as “amigas” de Trevor, mas America era novo. Ela nunca ouvira. – Quem é essa?

— America? Uma francesa de cabelos pretos que eu conheci um dia no Corale’s. Na verdade, a gente não se conheceu de verdade lá, por causa que eu só fui descobrir o nome dela na universidade, mas... ah, tanto faz. E irritá-la se tornou meu mais novo passatempo. – ele concluiu com seu habitual sorriso de canto.

— Por que? Viu algo de especial nela? – ela indagou, curiosa. Poderia estar parecendo seca ou sarcástica, mas era novidade ele se interessar em alguma garota que não fosse para transar com ela.

— Mais ou menos. Ela parece ser... diferente. – Trevor respondeu, e seu rosto pareceu ser tomado por uma expressão diferente. Não era a mesma expressão maliciosa ou divertida dele de sempre, era algo... apenas diferente. Como se seus olhos tivessem um brilho a mais.

— Diferente em qual sentido?

— Ela não é fútil. Não é como a Stacy ou a Christine ou qualquer uma daquelas garotas idiotas da Columbia. Posso conhecer ela a pouco tempo, mas de uma coisa eu tenho certeza: ela não é vadia. Ela não fica se atirando pra mim, nem pra nenhum outro cara de lá. Ela me odeia, inclusive. E isso me faz querer saber o porquê de ela agir assim.

— Tem certeza que você não quer simplesmente transar com ela?

Ele revirou os olhos. Também gostaria de saber o porquê de as pessoas sempre acharem isso sobre ele, sempre.

— Não, eu...

A frase dele foi interrompida por uma garota loira que se aproximou e perguntou, indicando o lugar vazio ao lado dele:

— Você se importa se eu me sentar aqui?

Era óbvio que aquela pergunta era totalmente desnecessária. Mas as garotas não perdiam as oportunidades de se exibirem para ele.

— É claro que não, doçura. – Trevor era péssimo com apelidos, mas isso não pareceu incomodar a garota, que parecia mais ocupada em admirá-lo. – Qual é seu nome?

— Debbie. Você é o Trevor, certo? – ela perguntou, com um sorriso malicioso no rosto.

O rosto dele se transformou. Ele se tornou o mesmo e velho Trevor de sempre, com um olhar cheio de malícia e com seu sorriso sarcástico, e o brilho que aparecera em seus olhos ao falar de America desapareceu.

— Certo. – ele afirmou e então chamou Gracie. – Ei, Gracie, vê duas Heineken para mim.

— É pra já.

Ele olhou para a garota, Debbie. Ela também o encarava. Maya revirou os olhos, irritada, ao ser deixada de lado.

— Obrigada por me deixar de vela – murmurou, baixinho.

— De nada – ele devolveu, irônico, e ela deu um soco não muito forte no braço dele, que não pareceu notar.

Gracie entregou as cervejas e logo sumiu novamente. Trevor entregou uma das cervejas para a garota ao seu lado e ficou com uma para si. Tomou alguns goles e então disse, depois de passar um pequeno intervalo de tempo pensando:

— Debbie, o que acha de dar uma volta comigo, já que parou a chuva?

Ela sorriu inocentemente e Maya suspirou. Já sabia aonde aquilo iria acabar.

— Minha mãe costumava me dizer para não entrar no carro de estranhos.

— Bem, sua mãe está certa. Mas não é um carro. É uma moto. – ele sorriu, galanteador, como sempre.

Ela deu risada e logo estava na porta, esperando ele pagar a conta.

— Ainda vamos terminar essa conversa, McCalton! – Maya gritou a ele, alto.

— A gente se vê, Scalettine – ele apenas respondeu, vagamente, e então saiu com a garota.


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