O tempo passou tão rápido nas ultimas semanas que quando notei o inverno já tinha acabado e as flores da primavera já eram visíveis em todo o distrito, era impossível não notar minha gravidez agora, com vinte e oito semanas eu estava com uma barriga bem notável. Só de pensar no quanto tudo havia mudado em tão pouco tempo chegava a ser assustador, afinal na primavera anterior eu estava desesperada sem rumo imaginando o que seria da minha filha, agora por outro lado eu tinha mais dois filhos ao meu lado e tudo era muito melhor, o que me faz pensar que nem todas as mudanças são ruins afinal.

As ultimas dez semanas haviam sido uma verdadeira loucura devido a obra do novo quarto do Nathan, que como Peeta mesmo tinha dito estava animadíssimo com a ideia do quarto novo, embora eu estivesse descrente e ainda não achasse a ideia da mudança para o sótão algo bom pude ver de perto o quanto ele estava animado e feito diversas sugestões algumas descartadas por Peeta como um espaço para uma sala de TV, um escritório e uma sacada, segundo Nathan não custava tentar enquanto Peeta garantia que estava fazendo um novo quarto não um apartamento, as pequenas discussões sobre o projeto entre pai e filho chegavam a ser cômicas e por fim o projeto que ficou pronto em menos de duas semanas e incluía um banheiro próprio que abriu uma certa discussão entre ele e Pietro, já que tirando meu quarto que era o maior da casa e a única suíte os outros três quartos tinham praticamente o mesmo tamanho e um único banheiro no corredor que até então era dividido pelos três o que não era nenhum problema até Nathan pedir para acrescentar um banheiro ao projeto.

Quando Peeta conversou com as crianças sobre a mudança do mais velho para um novo quarto Pietro havia feito piada com o irmão e durante a semana seguinte não deu muita atenção a qualquer conversa sobre o assunto quando o mesmo era citado, porem o projeto havia ficado realmente lindo e seja por ciúmes ou não Pietro não se mostrou nenhum pouco feliz ao saber que o irmão teria uma suíte enquanto ele continuaria a dividir o banheiro com Prim e futuramente com o bebê, foi preciso Peeta conversar com ele e embora ele não tenha ficado realmente satisfeito não falou mais sobre o assunto.

Logo que o projeto ficou pronto veio a pior parte, a obra por mais que fosse apenas no sótão era impossível não ouvir o barulho ou lidar com a bagunça, confesso que quando enfim tudo acabou me senti muito mais feliz principalmente por tudo ter ficado pronto na data prevista, então depois de nove semanas o antigo sótão tinha virado uma linda suíte e assim que entrei nela depois de mobiliada fiquei impressionada com o resultado final, o lugar estava muito bem iluminado e era um pouco maior do que o antigo quarto embora a diferença fosse pouco para evitar qualquer confusão entre os irmãos, aquele era o santuário de qualquer adolescente.

Além das obras houve também o aniversario de onze anos de Nathan que havia optado por não fazer nenhuma festa e escolhido no lugar ver um jogo de basquete do seu time com os amigos dessa forma na sexta feira de manhã antes do aniversario dele que era no domingo Peeta levou ele e mais dois amigos para o distrito Oito onde aconteceria o jogo naquela noite, por ter prova no dia do jogo Pietro não pode ir dessa forma passei dois dias tentando animar o pequeno que mesmo não torcendo para Os Tordos reclamou de não ir na viagem então passei o fim de semana em uma programação exclusiva para os dois pequenos lembrando sempre da promessa que Peeta tinha feito de uma viagem em família assim que o bebê pudesse viajar, isso pareceu anima-lo já que segundo ele tinha o destino ideal para irmos e que seria segredo para todos incluindo o irmão.

No domingo a tarde quando eles chegaram de viagem comemoramos com pizza e um bolo feito por Chaff na casa dos meus sogros juntamente com os Cartwright, mas naquele dia quem ganhou um presente fui eu no momento que Nathan deixou uma boa parte da sua muralha cair e me abraçou forte quando eu desejei-lhe os parabéns, um abraço diferente dos trocados nas festas de fim de ano, um abraço apertado não um leve tocar de ombros educado, naquele momento eu soube que aquele jovenzinho estava se abrindo para mim, naquele momento eu soube que ele estava me aceitando ao seu modo.

Obviamente como mãe eu senti falta do meu filho mais velho, mas ficar duas noites sem Peeta ao meu lado foi sem duvida diferente, e confesso que não um diferente positivo, por mais que tenhamos discordado sobre manter o contrato ou não ele não se afastou como pensei que ele faria em um primeiro momento, diferente do que imaginei ele simplesmente agiu com naturalidade, segurou minha mão mais tarde naquele dia quando fomos buscar as crianças e a noite se deitou ao meu lado me puxando para um abraço como todas as noites. Ele agia como se nada tivesse acontecido embora eu conseguisse notar nitidamente a diferença o modo como me olhava e como se dirigia a mim era diferente do de antes, ele era ainda mais carinhoso comigo e fosse proposital ou não estava aproveitando muito mais dos momentos públicos entre nós.

Fosse os seus braços estarem sempre ao redor do meu ombro quando estávamos sentados lado a lado, ou suas mãos que sempre seguram as minhas ou até mesmo os selinhos que ele agora depositava em meus lábios toda vez que chegava do trabalho ou antes de sair de casa, me deixando sempre com vontade de quero mais. Se a intenção dele era me conquistar ele não precisava de qualquer esforço, interiormente ele havia conseguido isso no momento em que o vi sorrir pela primeira vez eu desejava tanto não sentir tanto medo, queria tanto que fosse mais fácil e que eu pudesse me entregar inteiramente a ele e viver tudo que um casamento com ele poderia proporcionar.

Subi as escadas evitando fazer barulho, as luzes do quarto da Prim que era o mais próximo a escada estavam apagadas e pude ver que o mesmo se encontrava vazio e não me surpreendi , segui até o quarto do Pietro e vi aquela cena rotineira que tanto gostava e me recostando no batente da porta observei Peeta recostado na cabeceira da cama concentrado na leitura para os dois pequenos que acompanhavam um de cada lado.

– ... Será que eles vão chegar ao quarto das crianças a tempo? Se chegarem vai ser muito bom para eles, e nós todos vamos dar um suspiro de alívio, mas não vai ter história. Por outro lado, se eles não chegarem a tempo, eu prometo solenemente que vai dar tudo certo no fim. Eles teriam chegado ao quarto a tempo se não fosse pelas estrelinhas que os estavam observando... – aquela cena era encantadora - Cuidado, Peter! – Peeta mudava levemente a voz durante os diálogos e sorri involuntariamente - ... E lançou-se na noite, seguido por João, Miguel e Wendy. O Sr. Darling, a Sra. Darling e Naná chegaram tarde demais ao quarto das crianças.

– Lê mais um capitulo pai – Pietro pediu embora o sono fosse evidente em seus olhos e ele tenha bocejado assim que terminou de falar.

– Por hoje chega, esta tarde depois a gente termina – Peeta colocou o marca pagina no exemplar de Peter Pan e o fechou – Agora é hora de dormir.

– Não estou com sono papai – Prim se levantou animada.

– Esta sim – resolvi fazer minha presença conhecida antes que os dois o convencessem de ler mais um capitulo do livro – Sem manha Prim amanhã tem aula – avisei antes que ela começasse.

– Esta bem – a pequena saiu em direção ao próprio quarto com os braços cruzados em sinal de desaprovação e me segurei para não rir.

– Boa noite garotão – Peeta cobriu Pietro e se afastou, me aproximei em seguida beijando o loirinho e desejando boa noite também, encostei a porta e seguimos para o quarto da Prim que já estava deitada esperando – Boa noite princesa - assim como fez no quarto ao lado ele ajeitou as cobertas dela antes de dar espaço para mim, beijei minha pequena e antes de sairmos do quarto acendemos o abajur próximo a porta já que ela ainda não dormia sem uma luz no quarto. Peeta seguiu para a porta que dava acesso a escada para o quarto do Nathan e pude ver a luz ainda acessa.

– Boa noite Nathan – disse da porta um pouco mais alto do que meu tom normal para que ele ouvisse.

– Boa noite Katniss – a resposta veio em seguida.

– Você sabe que pode subir não sabe? – Peeta perguntou pela primeira vez desde que havíamos começado essa nova rotina.

– Sei – por mais que minha relação com Nathan estivesse melhorando eu evitava invadir seu espaço, ele precisava derrubar seus próprios muros e eu sabia que ele não estava pronto para um beijo de boa noite, antes da mudança de quarto eu costumava passar pela porta e desejar boa noite.

– Era só para ter certeza – ele comentou enquanto subia para dar boa noite ao filho mais velho.

O dia seguinte foi imensamente tranquilo nada fora da rotina para uma sexta feira, o inicio da noite, porém estava um tanto solitária depois de deixar Pietro e Prim em uma festinha de aniversario de um dos vizinhos e Nathan estudando na casa de um amigo, aproveitei o silencio da casa para ver um filme qualquer na TV, Peeta havia ligado dizendo que traria o jantar e no horário costumeiro ele chegou segurando uma sacola do restaurante chinês que ficava no centro.

– Espero que você tenha trago rolinho primavera – brinquei assim que ele chegou.

– Como esquecer os rolinhos da gravida – ele se aproximou e beijou o topo da minha cabeça com carinho e passou gentilmente a mão na minha barriga – A padaria estava um caos hoje – ele comentou enquanto deixava a comida na cozinha e em seguida subiu para tomar banho, esperei o fim do filme e em seguida fui até a cozinha.

Enquanto organizava a mesa para jantarmos fiquei pensando naquela rotina simples, e atitudes pequenas aquilo era o que eu sempre quis Peeta era o que eu sempre quis onde eu estava com a cabeça quando não quis arriscar viver isso mais intensamente? Não havia garantias mais haveriam os momentos vividos ao lado dele não sei quanto tempo fiquei pensando sobre a possibilidade de darmos certo até ouvir a campainha tocar. Como Peeta ainda não havia descido fui abrir a porta e olhei a mulher parada na minha frente, ela olhou para mim com curiosidade antes de perguntar.

– O Peeta esta? – antes que pudesse responder ou perguntar qualquer coisa ouvi Peeta descendo as escadas, me virei e o vi descendo tranquilamente enquanto colocava a camiseta.

– Katniss que horas ficou acertado para buscar ... – ele parou de falar no momento em que olhou para porta – Clove.