Pov Rose

Tudo estava perfeito, em algumas partes do teto do salão de festas caiam cachos de flores brancas diminutas, e arranjos florais multicoloridos decoravam o ambiente, no meio do salão fora colodo um tablado que servia de pista de dança, e perto das varias sacadas estavam mesas para quatro pessoas onde os convidados iriam comer, todas as empregadas estavam na cozinha preparando a comida ou se arrumando. Mas eu estava ali bem no meio do salão pensando em como Lana iria gostar de tudo isso, ultimamente tudo lembrava ela, não é estranho? Quando perdemos alguém a nossa cabeça só consegue pensar mais nela. Também tinha outra coisa na minha cabeça: o que eu sinto pelo Colin. Essa era uma pergunta que estava martelando na minha cabeça há dias,desde aqueles beijos.

Sequei o suor das mãos no vestido que eu usava, era vermelho com pedras multicoloridas cobriam a única alça e iam até o lado aposto do vestido formando uma espécie de faixa. Meu cabelo estava preso em uma trança lateral, e a maquiagem bem leve apenas para realçar os meus olhos verdes. Resumindo eu parecia realmente da alta sociedade, Mariana rodopiava ao meu redor com seu vestido verde claro que destacava seus cabelos cor de mel, ela não parava de cantarolar que eu e Marcos iríamos casar, por mais que eu tenta se não consegui pegar a pequena garota e fazer coceguinhas até que se calasse.

Subi a escadaria, Mariana me acompanhava ainda cantando, chegamos ao quarto de Marcos bati uma vez e esperei a resposta, mas ela não veio. Quando estava cansada de esperar ouvi Marcos me chamar do fundo do corredor, ele usava um terno branco com uma grava preta, os cabelos estavam penteados e arrumado com perfeição. Quando eu me virei o ouvi soltar uma exclamação, ele sorriu maliciosamente para mim e veio em minha direção, sua irmãzinha o alcançou antes, e ele a pegou e a girou no ar, ele então a colocou no chão e me abraçou, com o salto alto eu ficava apenas dez centímetro mais baixa que ele. Ele então me rodopiou no ar, me deixando sem fôlego e disse:

–Pronta?

–Sim- eu disse tentando parecer o mais animada possível, mesmo que a ultima coisa que eu quisesse era estar lá.

Ele chamou dois irmãos menores, Tobias e Eduardo que vieram correndo em seus elegantes ternos com grava borboleta. Todos nós descemos a escada e recebemos os convidados como bons anfitriões. Eu sentia todos os olhares em mim, eu posso dizer que me sentia nua, pois a quantidade de olhos maliciosos e reprovadores eram muitos. Os olhares apenas aumentaram quando Tobias me deus um beijo na bochecha, e quando Marcos passou a mão pena minha cintura me deixando mais próxima dele. Eu conseguia olhar pelo canto dos olhos todos cochichando a meu respeito.

Quando o rei, sua mulher e seu filho único, Kleber, chegaram todo o salão ficou calado, o príncipe abraçou Marcos e os irmãos como qualquer outra pessoa teria feito, mas o gesto foi reprovado pela mãe do jovem. Já o rei e a rainha trocaram palavras gentis com Marcos, mas em nenhum momento pareceu que a família real me viu.

Após todos chegarem, inclusive Itália que nem me dirigiu uma palavra, todos os olhares foram então dirigidos para a escada de mármore branco que ficava do outro lado de uma porta de vidro , a mãe e o pai de Marcos então desceram a escada com um porte muito elegante ela parecia magnífico com o vestido azul escuro e o marido parecia nobre e elegante com o terno preto. A festa começou a ficar mais animada quando um DJ começou a colocar algumas musicas para as pessoas dançarem.

–Não os leve a mal- disse Marcos enquanto dançávamos.

–Tudo bem, é só que realmente me sentia pedaço de carne em meio a um grupo de abutres.

–Vamos sorria- ele segurou o meu queixo com uma mão, e me obrigou a olhar nós olhos dele, ele sorriu e disse- É fácil, viu?

–Seu bobo- eu reclamei enquanto ria baixinho.

–Você tem que entender que a nossa relação não é normal para eles.

–Nós temos uma relação?- eu perguntei com um sorriso malicioso, ele sorriu em resposta e disse:

–Só se você quiser- eu fiquei rubra e pisei em seu sapato de leve, ele fingiu que tinha doido e continuamos a conversar, felizmente não voltamos ao tema se tínhamos alguma coisa ou não.

Quando olhei para o lado vi alguém que me deixou nauseado, um pouco mais adiante dançando com um mulher alta estava o meu pai, seu porte elegante me deixava um pouco envergonhada, aquele parecia um pessoa tão boa, não o tipo de pessoa que prometia amor eterno para uma empregada, que lhe dava duas filhas e depois nem se dava ao trabalho de ir para o funeral simbólico.

–Troquem de pares- disse o DJ, meu coração bateu mais forte com a simples ideia de dançar com o meu pai, mas felizmente um homem moreno veio dançar comigo, quando me cansei fui até a varanda e procurei Rebecca e Itália com os olhos, mas não achei nenhum vestígio delas, por outro lado vi Marcos dançando com uma garota, essa garota dançava de uma forma vulgar e tosca, esfregando o corpo em Marcos. Subitamente senti meu coração bater mais forte e bombear o sangue até o meu rosto que viçou vermelho. Viu até Marcos e a garota e disse para ela:

–Você dança muito bem, mas será que pode devolver o meu par?

Ela me fuzilou, mas não pode fazer nada, pois Marcos me puxou para dançar.

–E minha impressão ou você estava com ciúmes?

–Ciúmes, eu? Que nada é só que aquela garota estava se esfregando em você de uma forma tão vulgar que eu estava quase vomitando.

Ele riu de mim, mas não disse nada. Após algum tempo Marcos me conduziu ao andar de cima.

–Não tem perigo de notarem a nossa falta?

–Eles estão bêbados de mais para isso, além do mais o que quero te mostrar é rápido.

Fomos até o seu quarto, ele se sentou na cadeira na frente do computador e começou a abrir um softer, ele começou a digitar alguns números e letras rapidamente até que uma aba da internet abriu sozinha. Subitamente percebi que ele era um hacker.

–O que esta fazendo?

–Eu estou quase lá- ele disse mais para si mesmo do que para mim.- Então, estou tentando impedir que o governo descubra que entrei em algumas pagina. – Achei estanho, para mim apenas os pobres eram rastreados e supervisionados com um rebanho de ovelhas. Ele então parou de digitar e sorriu, ele se virou rapidamente e disse:

–Consegui. Isso daqui seria chamado de Dep Web, Ou internet profunda o traduzindo ao pé da letra. Antigamente, tipo no ano 2011, essa parte da internet era usada para vídeos pornô e varias coisas pesadas, mas agora tudo foi reformado, e o que ainda resta de coisas ruins é descartado com esse softer.

–Ainda bem, pois se eu souber que você esta vendo vídeos pornôs antigos eu te dou um tabefe- eu disse com um sorriso, ele riu e continuou a explicar:

–Aqui estão todas as coisas que o governo esconde de nós- ele digitou “O MUNDO DE ANTES” em uma barra de pesquisa e de repente surgiram vários tópicos, ele entrou no terceiro. Quando a pagina carregou pudemos ver um mapa de nossa cidade, mas tudo estava errado. A Cidade da Luz não estava no centro de tudo, mas em um canto, eu olhei confusa para Marcos e ele respondeu:

–Era assim que eles planejavam que seria, mas aparentemente eles mudaram de ideia, decidiram então construir a grande cidade no centro.

Ele então começou a afastar o mapa, ainda podíamos ver um ponto vermelho sinalizando Galian, mas quanto mais ele afastava mais podíamos ver que o nosso território era diminuto comparado a Terra. Eu já tinha ouvido falar nas aulas que Galian era um território grande que englobava a maior parte da Terra, e somente agora percebi que mentiram para mim. Quando ele terminou de afastar o mapa pude ver cinco continentes. Galian estava dentro de uma península, o nome dela antigamente era Sinai, um espaço de terra que juntava suas regiões antigamente chamadas de África e Ásia.

–Eu também descobri um pouco sobre a história da formação de Galian, parece que ouve uma guerra mundial, a quinta pelo que eu descobri. Nessa guerra raça humana quase foi dizimada, então cinco grandes liderem dividiram o mundo em cinco partes. Artur Galian, o meus tatará mil vezes avô, ficou com essa parte. Mas não veio apenas ele e a família, com ele também vieram vários outros ricos que conseguiram se salvar. Após algumas anos foram achados outros sobreviventes, pobres que se esconderam em pequenos esconderijos subterrâneos, essas pessoas foram vendidas como escravos entre as regiões, e esse foi o ultimo contato que ouve entre todos os cinco territórios, aparentemente os outros territórios se dividiram e se multiplicaram, mas não se sabe ao certo.

–Então quer dizer que provavelmente os meus tatará mil vezes avos maternos era escravos?-Ele ficou em resposta, mas qualquer um perceberia que a resposta era sim.- Por que esta me contando isso?

–Sei lá, achei que você merecia saber a verdade.

....

Pov Valentine

Prendi a respiração ao ouvir aquela conversa, então meus tratará mil vezes avó era um escravo? Isso fazia sentido se você pensasse bem afinal como eles tinham separado um parte da população para viver na miséria enquanto outra vivia no bem e no melhor. Decidi desligar a escuta, provavelmente Colin me mataria depois, mas senti que aquele era um momento que Rose e Marcos deveriam ficar sozinhos.

Ao longo da noite eu tinha monitorado Itália, Rebecca e Rose com as escutas que Becca tinha implantado na casa e no vestuário das pessoas mais importantes. Enquanto eu pensava sobre essa “internet profunda” o celular tocou.

–Oi?

– Valentine?- disse uma voz que eu não reconhecia.

–Quem é?

–Não interessa, você só precisa saber de uma coisa.

–O que?- normalmente eu não conversaria com um desconhecido, mas ele parecia realmente preocupado como se a vida de alguém dependesse disso.

–Anastácia esta correndo perigo, precisamos nós encontrar, juntar forças para salva-lá.

–Por que eu me aliaria a você?

–Por que sem mim você nunca conseguirá. Me encontre daqui a meia hora, exatamente meia noite no parque, vá com algum se não confia em mim.

–Quem é você?

A ligação caiu, senti todo o meu corpo ficar gelado, o que eu ia fazer? Quem eu podia levar para ver esses estranho?