"Ei, sabe aquela luz no fim do túnel? Adivinha, não é o céu... É o metrô!"

– Desculpe a demora! eu acordei atrasada hoje!

– Hmm... Tudo bem. Fico imaginando o que faria a nossa estagiária brilhante se atrasar para o trabalho em plena segunda-feira. – Uma linda mulher de longos cabelos negros, olhos azuis e roupas sofisticadas dizia enquanto segurava delicadamente uma xícara de café. Ela se encontrava sentada em uma das mesas de um Café em frente ao famoso escritório principal da empresa Baroque Works, atualmente, no segmento de arqueologia.

– Eu não sabia que a reunião seria marcada aqui, Robin! Cadê o chefe!? – A ruiva dizia um pouco exasperada enquanto sentava numa cadeira. Ela tentava arrumar o cabelo despenteado, pois chegara ao local às pressas.

– O Crocodile não vem, porém, me pediu para adiantar algumas coisas. – A morena prosseguiu, tomando mais um gole de café logo em seguida.

– Certo. Vou anotar tudo e... Espere... Cadê o meu bloco de notas!? Eu jurava que estava aqui! – Nami passou a vasculhar a bolsa com desespero e Robin começou a rir discretamente.

A garçonete do Café se aproximava com um bloquinho de anotações.

– O que vai querer senhorita?

– Eu quero um copo de suco de laranja, um sanduíche de presunto e queijo e uma fatia de bolo de chocolate! – A ruiva dizia enquanto espalhava em cima da mesa tudo o que havia em sua bolsa.

– Trago em um minuto! – A garçonete anotou os pedidos e logo se retirou.

Robin observava o desespero de Nami e então sorriu docemente.

– Por que está tão alarmada hoje? Aconteceu algo nesse fim de semana? Me conte! – Robin era uma mulher calma. Mesmo as notícias mais catastróficas não lhe tiravam a paz por um segundo sequer.

– Aconteceu sim... Tudo o que você pode imaginar! Aqueles capangas do nosso concorrente me acharam na boate em que estava com meus amigos.

– Isso é sério? – Robin indagou.

– Claro! Está cada vez mais perigoso trabalhar para o Crocodile e isso está interferindo na minha vida pessoal!

– Hmm... Isso significa que eles querem extrair alguma informação de você, por que sabem que você é a única que sabe sobre o local onde iremos escavar em breve.

– Eu também acho, mas isso não é justo! O Crocodile deveria dobrar o meu salário, se isso iria me expor a riscos! – Nami protestava com raiva e Robin se divertia com o ataque de histeria da garota.

– Não se preocupe. Falarei com ele hoje, mas... Você já está ganhando um salário digno, então eu sugiro que providencie alguns itens que possam te livrar desses perigos. E também não se esqueça que você assinou um contrato, sabendo de todas as circunstâncias.

– Claro, claro... Eu me lembrarei disso. Ainda bem que tive ajuda da última vez, senão, algo poderia ter dado errado. – A ruiva fazia um bico enquanto a garçonete trazia seus pedidos.

– Algum amigo seu testemunhou isso? Você sabe que exigimos sigilo absoluto. – A morena ponderou.

– Para a sua tranquilidade, não foi nenhum dos meus amigos. Só um perseguidor implacável que não sabe quase nada da minha vida.

– Quem? – A morena perguntou com curiosidade.

– Acho que você deve conhecer esse cara... O nome dele é Trafalgar Law.

– Trafalgar Law!? Ele estava com você nessa hora!? – Os olhos de Robin se estreitaram em espanto. Aquela era uma feição óbvia, de que a mesma não gostou do que ouviu.

– Sim... É uma história esquisita, mas ele meio que anda me seguindo nos últimos tempos e... Oh meu Deus, será que ele não está se disfarçando para vir atrás de mim por causa das nossas escavações!? – A ruiva arregalou os olhos.

– Não. Ele não tem por quê fazer isso. – Robin afirmou convicta.

– Como pode ter tanta certeza? – Nami arqueou uma sobrancelha.

– Simples. Trafalgar Law é um médico rico e herdeiro de uma fortuna. Ele não se interessaria por isso, até por que, seu foco não é dinheiro, pois isso ele já tem de sobra.

– Então por que você está com essa cara de preocupada? – A ruiva questionou e Robin demorou um pouco para responder.

– Nami... Eu não tenho ideia de como o conheceu e qual é o grau de convivência de vocês, mas... É melhor que fique longe dele.

O olhar da morena era de seriedade mesclado com apreensão.

– Posso perguntar por quê...? – Nami inquiriu, totalmente intrigada e ao mesmo tempo curiosa.

– Bem... Digamos que ele não seja totalmente perigoso, mas o irmão mais velho dele com certeza é.

– E por que você está mencionando sobre o irmão dele?

– Há uma briga envolvendo famílias e muitas coisas estão em jogo, principalmente dinheiro e muitos bens materiais. O irmão mais velho dele é um homem poderoso e pode fazer qualquer coisa.

– Quem é ele...? – A ruiva continuou a perguntar, totalmente interessada na história.

– Donquixote Doflamingo. Presidente da maior companhia de munição de dez países na Europa.

...

– O-O QUÊ!!?

...

Nami engasgou com o suco de laranja e começou a tossir sem parar.

– Isso não é tudo, mas... Há rumores de que...

– DO QUÊ...!? – Nami aproximou o rosto ao de Robin, apenas para ouvir atentamente o que a mesma diria.

– Que ele matou o seu irmão mais novo por questões familiares que envolvia a herança... – A morena proferia em baixo tom.

Mais uma vez Nami ficou em silêncio e com os olhos muito abertos.

– Não acredito... Então esse cara é um monstro! Mas espere! Se ele matou um irmão e está em guerra com o outro, com toda a certeza o próximo a alvo será-

– Trafalgar Law. – Robin completou.

Nami ficou espantada e em silêncio mais uma vez por algum tempo.

– Sério... Isso é mesmo verdade? Será que não há algum engano nessa história?

– Pessoas próximas sabem do incidente, porém, Doflamingo possui fama, poder e dinheiro. Ele pode comprar qualquer um para conseguir o que quer.

– Quem te disse isso?

– Crocodile. – Robin respondeu calmamente.

– CROCODILE É PRÓXIMO DESSE CARA!? – Nami praticamente gritou e todos que passavam na rua ouviram seus berros fora de sincronia.

– Seja mais discreta, e sim, eles se conhecem há um tempo.

– Acho que vou pedir demissão hoje. – A ruiva dizia amedrontada, enquanto mordia um enorme pedaço de seu sanduíche.

– Não se preocupe. Crocodile não representa perigo à ele, mas o cirurgião Trafalgar Law sim. Então se zela por sua vida, fique longe dele. – Robin terminou a frase com um lindo sorriso no rosto.

– Sim senhora! – Nami comia desesperadamente o enorme pedaço de bolo enquanto tentava conter os lábios trêmulos.

A morena atentava para a expressão da ruiva.

Uma das características mais marcantes dela...

O MEDO.

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– Sério, você devia se alimentar direito ou vai ficar igual aquele tal de Mephisto do jogo do Diablo! – Bonney praticamente gritou no ouvido de Trafalgar Law, que se encontrava sentado no balcão de uma lanchonete numa das Avenidas principais do centro da cidade, enquanto tomava apenas um copo de água no café da manhã.

– Pare de gritar... Você está me deixando com dor de cabeça... – Law replicou friamente.

– Eu só estou preocupada com você! Aposto que está fora do peso! Você precisa comer mais! Vamos lá! – A rosada pegou o X Burguer que estava em cima do balcão e tentou enfiar na boca do cirurgião.

– Pare com isso sua-

– ENGULA ISSO JÁ!!!

Enquanto o cirurgião tentava empurrar a garota para longe e a mesma continuava em empurrar comida goela abaixo, o ruivo Eustass Kid, que havia sido chamado por Law para conversarem, adentrou ao local e se deparou com a cena grotesca dos dois.

Uma garota de longos cabelos róseos, totalmente enroscada com o cirurgião.

– Mas o que é isso...? – Kid perguntava a si mesmo, espantado.

– Me larga sua louca!

– Não antes de você comer!

– Hey Law! Quando acabar a sessão de acasalamento, me chame! Enquanto isso vou comer alguma coisa por aqui mesmo! – Kid gritou, chamando a atenção de todos para a dupla barulhenta logo ao lado.

Law finalmente conseguiu empurrar Jewelry Bonney.

– NÃO SE APROXIME DE NOVO, OU EU JURO QUE VOU APLICAR UM SOSSEGA LEÃO EM VOCÊ DA PRÓXIMA VEZ! – Law berrou e Kid se espantou com o ataque, já que o mesmo era uma pessoa calma e ponderada.

– Tsc... Seu cretino... Só estou querendo ajudar... – Bonney fez uma careta enquanto se dirigia à porta, porém...

O chão estava úmido por conta da limpeza que as garçonetes faziam, e então ela escorregou, fazendo com que seu corpo tombasse rapidamente para trás.

Mas alguém correu para ampará-la da queda e então...

Bonney caiu diretamente nos braços de...

EUSTASS KID.

A garota arregalou os olhos e piscou lentamente por diversas vezes.

O ruivo apenas havia reagido por instinto e acertado o momento em que a mesma cairia, resultando na posição atual dos dois.

Segundos que pareciam eternos. Ambos se olharam, um pouco assustados pelo ocorrido, mas em meio à isso, eles tiveram impressões intrigantes enquanto continuavam a se encarar.

“Ela é leve como uma pluma” – Kid pensava enquanto permanecia segurando a garota em seus braços.

“Ele é extremamente forte e ágil” – Bonney pensava enquanto sentia os braços firmes circundados em sua cintura.

– Hey... Vocês dois... – Uma voz interrompia a linha de raciocínio da rosada e do ruivo.

– Hã...? – Eles disseram em uníssono e repararam a cara esquisita que Law estava fazendo naquele exato momento.

– Aah, me desculpe! – Bonney se afastou, um tanto desconsertada pela cena estranha.

– Você está bem...? – Kid perguntou em tom de cavalheirismo.

– Sim... Graças a você... – Ela respondeu educadamente, transparecendo uma pose totalmente diferente de quando tentava fazer o cirurgião comer na marra.

– Heh... Parem com isso vocês dois... Até parece que vocês são tão calmos assim... – O cirurgião sorriu cínico e a dupla lhe desferiu um olhar mortífero.

– Muito obrigada por me ajudar! – Bonney cumprimentou animadamente o ruivo.

– Disponha... – O ruivo retribuiu.

A rosada não disse mais nada. Apenas se dirigiu rapidamente à porta, saindo da lanchonete.

Kid ainda olhava para a porta de vidro do local, seguindo-a com o olhar.

Ele parecia estar em transe.

Law suspirou fundo, tentando entender por que Eustass Kid ainda permanecia num estado de completo idiota.

– Será que você pode parar de sonhar agora? – O cirurgião interrompeu.

– Aah, tá... Eu... Nossa... O que foi tudo isso...? – Perguntava enquanto tentava discernir como aquela situação havia acontecido.

– A Bonney escorregou, você correu para ajuda-la e então conseguiu interromper a queda. Entendeu agora?

– Então o nome dela é Bonney? – O ruivo sorriu discretamente.

– É, mas em vez de ficar aí perdendo tempo se apaixonando, você trouxe os relatórios que te pedi?

– Sim, eu trouxe e... PERAI! SE APAIXONANDO!? VOCÊ TÁ LOUCO!? ESQUECEU QUE SÓ SAIO COM MULHERES MAIS VELHAS!?

– Sim, mas é obvio que gostou dela, então não tente me enganar com essa desculpa ridícula, porém, não estou interessado na sua vida amorosa e sim no material que trouxe pra mim.

– Idiota... – O ruivo replicou um tanto constrangido.

======

– Uau... O que foi isso...? – Bonney perguntava a si mesma enquanto se recordava da cena na lanchonete.

De alguma forma, o amigo misterioso de Law conseguiu tirá-la de órbita. Algo totalmente impossível àquela altura do campeonato.

Ela bateu em seu próprio rosto, fazendo com que o resto do frenesi saísse completamente.

– Devo estar pirando... – A rosada resmungava, enquanto passava em frente a uma mesa onde se encontrava duas pessoas sentadas, e finalmente entrou no Café logo a frente.

Uma garota sentada numa das mesas do lado de fora, falava mais alto do que o comum.

– Sério Robin! Para chegarmos nesse ponto do mapa, precisamos cruzar esse rio! E eu já falei com a empresa de turismo local! Eles não têm ordens para chegar a esse lugar!

Nami e Robin discutiam sobre etapas de uma viagem de trabalho, ainda sentadas na mesa do Café.

– Se entrarmos ilegalmente, teremos problemas... – A morena dizia, enquanto tentava achar uma solução.

– Estamos sem saída... – Nami jogou o lápis na mesa, caindo em cima de um mapa velho e surrado.

– Bem... Eu vou para o escritório. Talvez consiga achar uma saída. – Robin se levantou da cadeira.

– Certo... Eu vou organizar a minha bolsa e já entro. – A ruiva dizia enquanto arrumava todos os papeis em sua bolsa.

Robin se afastou e atravessou a Avenida. Nami continuou sentada, organizando tudo.

Depois de colocar tudo em sua bolsa, ela olhou para cima.

O céu estava ensolarado e havia muitas nuvens.

Ela se encostou totalmente na cadeira e suspirou impaciente, fechando os olhos logo em seguida.

– Por que tudo é tão complicado...?

...

– Por que a vida de uma linda garota não poderia ser tão fácil.

...

Nami abriu os olhos rapidamente quando ouviu uma voz totalmente familiar em seu ouvido.

Ela levantou imediatamente da cadeira e tomou um susto com quem vira em sua frente.

– Essa não... – Sussurrou, totalmente assustada.

Lá estava o sujeito, vestido com uma camisa escura, calça jeans e tênis All Star.

Cabelos negros desgrenhados.

Costeletas e cavanhaque.

Olhos prateados.

Alto, magro, tórax e abdome definidos.

Tatuagens ornamentais que mais pareciam tribais abstratos.

Um sorriso tão obstinado que fazia todas as donzelas desmaiarem.

Rico, estiloso e carismático.

O protótipo de homem maravilha...

E extremamente perigoso.

Trafalgar Law. O homem bomba.

PS: Ela havia lhe apelidado dessa forma a poucos minutos.

...

– Sério... Acho que vou vomitar... – Nami replicou inconscientemente com uma feição alarmada e o cirurgião arqueou uma sobrancelha quando ouviu.

– Você não parece bem... – Ele sorriu. Um sorriso maravilhosamente cínico e sedutor.

Automaticamente, Nami fez uma carranca horrível.

– VOCÊ ESTÁ ME SEGUINDO!? – Ela apontou para ele.

– Eu estava tomando café do outro lado da calçada e te vi... Então vim te dizer oi. – Ele contradisse totalmente educado. O oposto dela.

– Qual é o seu problema!? Por que está sempre atrás de mim!!? Será que você não tem coisa melhor pra fazer!? – Ela gritou, exasperada, porém, Law se deliciava com as expressões de raiva, por que simplesmente...

A ruiva ficava ainda mais linda daquela forma.

– Sabe... Estou começando a achar que você foge por que eu te causo algum efeito... – Ele disse com um tom galante e passou a se aproximar lentamente dela.

– É mesmo!? Que tipo de efeito? – Nami contestou intrigada.

– O tipo que... – Ele parou a poucos centímetros dela e em seguida tornou a dizer em seu ouvido.

...

– Sonha em me ver pelado.

...

Um, dois, três.

A respiração da ruiva engatou, enquanto seus olhos se estreitaram. Sua expressão era de alguém desacreditada do que ouvira.

– Sério? Eu sou tão transparente assim!? Vem cá então! Por que não procuramos um motel barato aqui mesmo e realizamos o meu desejo...?

A ruiva redarguiu com uma expressão de tédio. O que esse cara estava pensando afinal?

– Eu prometo que será especial, mas se isso não te convencer, terei de usar outros métodos mais violentos... – O cirurgião finalizou, fitando-a completamente de modo fatal, encarando o par de orbes castanhos com muita ousadia.

– É isso que você faz com as suas peguetes? As ameaça com essa aura assassina para leva-las pra cama? - A ruiva retrucou entediada.

– Acredite ou não, algumas garotas não precisam ser persuadidas por mim. Elas simplesmente não conseguem resistir à minha beleza, meu estilo, meu charme e à minha incrível habilidade de ouvir Miley Cyrus.

– Péssimo gosto musical... Eu tenho pena dos seus vizinhos... – Nami ajeitou a alça da bolsa em seu ombro e virou de costas para o cirurgião, seguindo alguns passos para fora dali.

– Se você fugir, vai dar a entender que minhas táticas estão dando certo. – Ele disse num tom mais alto.

Ela parou no meio da calçada e virou para encará-lo.

– Não passa nem um minuto pela sua cabeça que eu estou fugindo por que você é insuportável? - Ela cruzou os braços e exibiu uma pose intimidante.

– E não passa nem um minuto pela sua cabeça que você é carismática e especial...? – Ele passou a se aproximar novamente dela.

– Sério? Estou me sentindo a Mel C quando iniciou a carreira solo depois das Spice Girls! – Nami ironizou, porém a carranca continuou por mais tempo em seu rosto.

– Você não acredita em amor à primeira vista, acredita...? – Law arriscou, e lançou uma expressão sólida em seguida.

Nami segurou o riso.

– Claro! Assim como acredito em fadas e gnomos!

– Então... nunca foi amada...? – Ele se aproximou novamente. Nami recuou um passo para trás.

– Amor é coisa de criança. – Rebateu cínica, deixando a cena de um Loki preso na jaula do Hulk sendo ‘interrogado’ pela Viúva Negra, passar em sua mente.

– Posso dizer então que é maravilhoso reviver a infância. – O cirurgião rebateu, enquanto continuava a fita-la intensamente.

– Por Deus... Eu só quero ir embora... – Ela disse irritada e logo depois suspirou alto.

No entanto o cirurgião parecia ter uma bela resposta para cada rebatida.

– Nunca esteve em um relacionamento? – Ele perguntou, desafiadoramente, esperando uma resposta óbvia.

– Em matéria de relacionamentos eu só consigo me dar bem comigo mesma! – Ela atacou perfeitamente, enquanto mantinha o olhar obstinado preso no dele.

– Não acredita em amor e nunca esteve em um relacionamento? Mas é inegável dizer que nunca se apaixonou... – Retorquiu firmemente.

Aquela ruiva não podia ser um veneno extremamente fatal. Ela com certeza tinha algum lado vulnerável e ele estava disposto a descobrir.

– Já acabou? Quando é que vai se declarar? – Nami fez cara de nojo.

– Se você quiser, pulamos para a parte da lua de mel... O que acha...?

– Tsc... Você e essas frases idiotas... Daqui a pouco vai dizer que eu sou o rato que faltava na sua coca cola!

– Eu adoro o seu senso de humor. – Ele sorriu e dessa vez foi algo mais claro. Algo mais limpo e cristalino.

A feição de raiva sumiu no mesmo instante. O rosto da ruiva agora estava perfeitamente normal.

Ela já tinha percebido que em meio aos diálogos estranhos dos dois, poucas eram as horas em que ele parecia ser sincero. Era sarcasmo e arrogância do começo ao fim, mas em certos momentos, ela sentia que o cirurgião realmente parecia...

Ser ele mesmo.

Nami se aproximou ainda mais e ficou frente a frente com ele.

Ela ergue o rosto mais uma vez, por que ele era muito mais alto.

– Você parece uma criança querendo presente de natal. Estou com pena. – Nami redarguiu simpaticamente e arrancou um novo sorriso dele.

Desde que se conheceram, aquela era a primeira vez que ela estava sendo simpática.

Uma muralha quebrada. Mas ainda faltavam muitas barreiras para chegar verdadeiramente até ela. Mas esse não era o pior de seus problemas...

Ela estava tão próxima, que ele se sentia tentado.

Law a encarou por alguns segundos. Segundo longos antes de quebrar o silêncio do jeito que só ele sabia.

...

– Você tem que saber que se chegar mais perto... Eu não vou te largar...

...

Ele afirmou, fitando-a com mais intensidade e por um momento e se aproximando em mais um passo.

Nami se sentiu coagida.

– Isso é assédio... Se fizer isso, eu vou chamar a polícia. – Ela também o encarou, de modo intransigente por fora, mas temerosa por dentro.

– Chamar e polícia? O que eu teria feito de tão grave além de... Dizer que estou vivendo intrigado depois de te conhecer...?

Ele lançou um meio sorriso audacioso.

Nami piscou diversas vezes enquanto permaneceu com o olhar preso no dele.

Ele era perigoso. De verdade. E ela precisava fugir dali o mais rápido possível, porém... Havia algo nele, que ela tinha a imensa curiosidade de desvendar.

– É melhor ficar longe de mim. – Ela respondeu depois de ficar muito tempo em silêncio.

Novamente ele se aproximou, ficando mais perto dela.

– É isso mesmo que você quer...?

Nami segurou a respiração. A voz dele soou tão suavemente ameaçadora e quente, fazendo-a derreter por dentro.

Céus... O semblante tão misterioso e esplêndido. Tudo parava de fazer sentido.

O sangue da ruiva ardeu. Uma sensação desconfortante invadiu seu ventre, lhe fazendo ter a impressão que seu ar havia sido roubado.

O olhar cinza soava mortífero e abrasador. E por um momento ela sentiu seu coração dar uma pequena disparada.

“Droga” – A ruiva praguejou mentalmente. Mesmo sabendo de toda aquela história perigosa de Robin, ela...

Não tinha a menor vontade de se afastar...

Nami olhava para os cabelos negros desgrenhados... Lisos, mas aos mesmo tempo tão desordenados... Ela tinha vontade de tocá-los e bagunçá-los ainda mais.

“Ele é perigoso Nami! Ele é perigoso! Ele é perigoso!” – Ela repetia várias vezes por pensamento, mas...

Um suspiro feminino impaciente pode ser ouvido depois de longos segundo e então...

A ruiva ergueu a mão e tocou os cabelos lisos, desgrenhando perfeitamente sob seus dedos.

Law arregalou os olhos por baixo da franja bagunçada e vislumbrou a cena onde...

Nami ria como uma criança.

– Olha, até que você fica bonitinho assim! – Ela dizia enquanto continuava a tocar as madeixas desordenadas sobre o rosto masculino.

– Muito engraçado... – Ele replicou irritado, tirando a mão dela de se cabelo e tentando arrumar o que a mesma havia bagunçado.

– Eu não posso ficar aqui fora de papo com você. Tenho que trabalhar, então, se me der licença... ADEUS! – Ela rapidamente se virou e passou a caminhar para o outro lado da calçada.

Law manteve o olhar sobre ela e acabou se surpreendendo...

Quando a ruiva acenou para ele, ainda de costas.

O cirurgião sorriu.

Pela primeira vez, depois de duas tentativas, a ruiva havia finalmente dado uma brecha. Mas o mais impressionante...

É que ele não imaginou que fosse daquela forma.

Não muito longe dali, Bonney que se encontrava dentro do Café, observava tudo de longe com um sorriso satisfeito nos lábios.

– Então... Essa é a misteriosa mulher por quem você se apaixonou...? – A rosada replicou a si mesma enquanto sugava o Milk Shake do enorme copo pelo canudinho.