Um novo olhar sobre uma nova Seleção escrita por Gato de Cheshire
P.O.V Samantha
–--Sam... Acorda... – sentia um hálito gelado em meu ouvido, mas estava com muito sono para reconhecer a voz – Sam! – gritou.
Quase cai da cama. Teria caído se mãos fortes não tivessem me segurado. Não precisei olhá-lo para saber que se tratava de Shane. As lembranças daquela manhã me atingiram como um soco.
–--Depois dessa eu mesma te peço em casamento só para acordar ao seu lado todos os dias. – disse irônica.
Ele riu.
–--Desculpe, mas é que está na hora de você tomar seu remédio.
Encarei-o, parecia estar falando a verdade. Mas o que eu não admitia era tomar remédio... Nada contra a medicina, porém eu tinha certo trauma de comprimidos, quando eu tinha três anos acidentalmente engoli um dos analgésicos da minha mãe e quase sufoquei.
–--Se era só por isso não precisava me acordar. – falei mal humorada – Não vou tomar remédio nenhum.
–--Como assim não vai? – perguntou confuso.
–--Não vou e ponto. – respondi cruzando os braços e fazendo bico.
Shane me encarou com os olhos azuis descrentes. Quando percebeu que eu falava sério e que estava irredutível, revirou os olhos e bufou.
–--Não faça birra. – disse me estendendo um comprimido em uma mão e um copo d’água em outra.
Continuei com braços cruzados e virei o rosto.
–--Sam... – falou repreensivo
–--Se quer tanto assim esse comprimido, tome você! – gritei.
–--Se você não tomar, eu enfio pela sua garganta! – ameaçou.
–--Tente se quiser. – falei com um sorriso debochado.
Ele respirou fundo, como se preparasse, então, sem aviso prévio, me agarrou pela cintura e ficou por cima de mim aproveitando meu grito de surpresa para enfiar a bosta do remédio na minha boca. Cuspi na cara dele. Shane continuou de olhos fechados, respirando fundo, parecia tentar manter a calma. Sorri com aquilo, eu gostava de deixá-lo irritado, até mesmo porque era raro isso acontecer.
Ele pegou outro comprido e tentou fazer com que eu abrisse minha boca, eu gritava ainda de boca fechada e me contorcia em baixo dele.
–--Você vai sim tomar a porcaria desse remédio! – gritou.
–--Não quero... – resmunguei fazendo birra.
–--Deixa de ser infantil. – revirou os olhos.
Ouvimos pigarros e olhamos surpresos para a porta, encontrando um Taylor assustado e a Rainha America rindo. Não me importei nem um pouco com a presença deles, eu não iria tomar remédio nenhum e nada nem ninguém mudaria isso.
–--Infantil o teu cu!
–--Você consegue ficar mais de uma hora sem falar um palavrão? Ou se referir a minhas partes intima? – perguntou irritado.
–--A boca é minha e eu falo o que quiser. E, além disso, eu gosto de ameaçar seus futuros filhos. – disse com um sorriso inocente.
Nesse momento Taylor não conseguiu mais se segurar e acabou rindo com a rainha.
–--Parece que vocês estão ocupados. – ela disse gentilmente quando se recuperou do ataque de risos – Vamos deixá-los continuar.
Então ela saiu puxando meu melhor amigo e fechando a porta em seguida. Eu não conseguia entender o que se passava na cabeça dessa mulher, mas gostava dela. Quando eles saíram, voltei meu olhar para Shane, ele me encarou de modo decidido e desafiador.
+ + +
P.O.V Shane
Depois de muito tempo consegui fazer com que a peste engolisse o maldito comprimido (forçada, mas tomou). Porém, para que isso acontecesse, eu tive que correr atrás dela pelo quarto todo e derrubá-la no chão. Após tudo isso, nós estávamos suados e descabelados.
Enquanto ela tomava banho eu esperava que Tatia e Rose trouxessem o jantar dela, que seria sopa. Ouvi a banheira ser esvaziada (depois de mais de meia hora que ela estava lá dentro, essa gosta de um banho) e pouco depois ela saiu vestindo seu moletom que já havia secado, o que é uma pena porque eu tinha gostado da camisola preta.
Samantha encarou-me, eu estava sentado em uma poltrona no canto do quarto, esperando por ela.
–--Onde está minha comida?
Nesse tempo que passei cuidando dela, aprendi algumas coisinhas interessantes sobre Samantha Ryan: ela aprecia muito seu sono e dorme como uma pedra; ela passa muito mais tempo no banho do que uma pessoa normal e, por fim; ela come como uma draga, eu não sei como não é obesa.
–--Já deve estar chegando.
Ela fez careta, claramente nada satisfeita de não poder comer ainda. Então ela se jogou na cama. Fiquei apenas observando-a enquanto ela fazia cara de tédio e balançava as pernas. Sam era muito pirada.
Não demorou muito para que Rose entrasse carregando uma bandeja com um prato de sopa e colocasse no colo dela.
–--Obrigada. – agradeceu com um sorriso gentil.
–--Sem problemas, Sam. – a criada respondeu com um sorriso antes de sair.
Eu gostava e admirava o modo como ela tratava suas criadas, eram praticamente amigas. Não que eu não tratasse bem os empregados do castelo, eu considerava Liam praticamente como um segundo pai e Esther era como uma avó, mas era legal saber que não era o único que agia assim.
Aproximei-me da cama e sentei-me tirando a bandeja de seu colo e colocando em meu próprio.
–--Ei! – ela protestou – Estou com fome.
Ri. Ela estava sempre com fome, era um saco sem fundo. Não respondi nada, apenas comecei a dar-lhe comida na boca. Sam não reclamou. Claro que não, preguiçosa do jeito que era...
Assim que ela terminou Tatia apareceu rapidamente no quarto para levar o prato sujo. Quando a criada saiu, me deitei ao lado dela novamente. Depois de um longo tempo em silêncio, ela finalmente falou.
–--Obrigada, Shane. – ela pareceu se esforçar muito para conseguir dizer aquelas simples palavras.
Sam não me olhou ao dizer aquilo, mas eu sabia que seria pedir demais. Ela bocejou e virou-se, ficando de costas para mim. Fiquei observando-a, sabia que ela não estava dormindo ainda, vi que ela tremia, parecia estar com frio, então me aproximei dela e passei um braço por sua cintura.
–--Estúpido! Me solta. – ela reclamou.
Soltei uma gargalhada, mas não a soltei.
–--Boa noite, Sam. – sussurrei em seu ouvido.
Ela bufou.
+ + +
P.O.V Samantha
Acordei com um braço ao redor de mim, tentei levantar-me, mas estava meio que presa. Virei minha cabeça para que pudesse encarar Shane, ele dormia profundamente e assim parecia um anjo, coisa que ele definitivamente não era.
Belisquei seu braço para que acordasse.
–--Que porra! – acordou assustado e eu gargalhei.
–--Como é maravilhoso acordar ao seu lado, amor. – disse de forma irônica revirando os olhos.
Ri ainda mais.
–--Foi só uma vingança por causa do modo como me acordou ontem. – respondi a ainda rindo.
Levantei-me indo em direção ao banheiro, ansiosa para tomar um delicioso banho.
–--Você parece bem melhor. – ele comentou antes que eu fechasse a porta – Te vejo no café da manhã?
–--Claro. – respondi antes de fechar a porta.
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