Eu eles e Nós escrita por Lanny Missmuse


Capítulo 46
Capítulo 34 - Lana


Notas iniciais do capítulo

Ae galerous caps quentinho saido do forno com um pouco de Angust pros musers mais espertos e até pra quem não é muser pq foi dolorido escrever

Temos novis que podem não ser muito bem recebidas tambem

Enjoy



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– Então isso tudo é um plano do pequeno Matt? – estávamos almoçando, três horas mais tarde, ambos famintos, mas felizes – Por isso Karl vivia dizendo que Matt estava lhe devendo um jantar.

– Isso mesmo. E por falar em jantar, Matt e eu queremos promover um jantar de reconciliação entre você e Amanda.

– Reconciliação? Ah não, não precisamos mais, eu e Amanda voltamos a nos falar – gargalhei ante a expressão curiosamente divertida dele – Agora que ela é finalmente a poderosa da Maxim, Amanda anda nas nuvens!

– Ela é a editora-chefe da Maxim?!

– Sim! Não me surpreende que vocês ainda não saibam isso tudo só foi resolvido essa semana.

– Caramba! Por isso ela nem quis ver Matt esses dias! Ela já devia saber... – Dom estalou a língua, seu olhar pesaroso – Matt vai se ferrar!

– É isso realmente pode complicar as coisas entre eles – dei um suspiro – Agora sei por que é tão complicado!

– Sabe e eu também. Quando foi a última vez? Há dois meses? Mais?

– Janeiro não foi? Final de janeiro... Mas você sabe por que...

– Relaxe, não se preocupe garota – eu afaguei sua mão sobre a bancada e ele me concedeu um sorriso – Só não vire a dama de ferro, por favor.

– Oh não, juro! Estou muito feliz por você estar aqui, de verdade. Vou tentar fazer uma coisa dessas também, arrumar um tempo... Eu sinto uma saudade imensa e só não sofro mais por que ando trabalhando duro! Sinto falta de você principalmente, mas tem os meninos, a equipe, Helen... Por falar nela, ela está toda animada com todos os festivais que vocês vão fazer!

– Verdade, muitos festivais. Inclusive o Glastonbury em junho... – ele me olhou, sua expressão indefinida – Depois de tanto tempo...

– Fiquei admirada quando Matt me contou. Ele parecia tão feliz!

– E está. Para Matt tocar no Glastonbury é muito importante, é uma consagração, – ele largou os talheres e cruzou as mãos sob o queixo – não é justo que o Muscle e principalmente ele não tenha tudo isso só por causa dos meus problemas... Foi um convite irrecusável, como há seis anos. Seremos a banda headline desse ano.

– Incrível! – mas mordi o lábio. Ele precisaria de todo apoio possível nesse momento, seria um grande momento para o Muscle sem dúvida, mas e para ele? –Tudo parece que vai acontecer em junho pelo que vejo.

– Tudo? – ele me olhou de lado, a sombracelha arqueada.

– É que junho tem a copa do mundo e...

– Você nem pensem em deixar de ir! Sabe que é muito importante que...

Fui até ele e o abracei, embora ele estivesse contrariado – Eu sei que pode ser um momento bom e ruim ao mesmo tempo e que você vai precisar de todo o apoio...

– Mas você não poderá estar lá por que vai para uma maldita competição de futebol! E eu nem sei o que você vai fazer lá!

– Fui convidada por um canal de esportes, foi com Karl e Marc e eu aceitei muito antes de Matt me contar que vocês confirmariam o Glastonbury... Mas isso não importa, eu poderei estar lá. O festival coincidirá com o intervalo entre as semifinais e a final e existe o avião!

– Duvido que você consiga ir. – ele se desvencilhou do meu abraço e foi embora.

Dominic achava que eu o estava trocando pelo trabalho. É claro que eu faria tudo para estar com ele, ele merecia isso de mim. Fui atrás dele e o encontrei no quarto, perto da janela com os braços cruzados e uma expressão distante e irritada. Eu o enlacei pela cintura e apoiei meu rosto nas suas costas.

– Meu amor, acredite quando digo que não vou deixar você nesse momento – senti sua respiração mais profunda, ele parecia querer controlar-se, estava à flor a pele. – Eu estarei lá, nem que eu tenha que fretar um avião, sabe lá! Eu juro! Você sabe que eu costumo cumprir minhas promessas.

Eu o fiz virar-se, ele o fez sem nenhuma resistência. Dominic afagou minha nuca, me fitando com aqueles olhos tão analíticos! Sua expressão era vaga, mas ele parecia tão frágil, tão vulnerável como nunca o vi. Eu o beijei delicadamente e pude sentir a sua tensão.

– Dom...

– Eu posso fechar os olhos e me lembrar de cada detalhe daquele dia – ele afastou o rosto, olhando a janela – Lembro-me da ultima vez que nos vimos, foi no backstage e ele me disse: “Veja Dom, você conseguiu meu filho. Veja a multidão lá fora, eles vieram ver vocês e isso é maravilhoso! Depois de tanto trabalho...” Lembro que ele me abraçou forte, que estava emocionado... – continuei fitando-o em silêncio e ficamos assim por um longo tempo. Dominic nunca me falara sobre aquele dia e ao que sabia, não falara disso a ninguém! Mas ele estava querendo falar agora – Subimos no palco e foi a ultima vez que o vi vivo. Na sexta musica “Enjoy your Mind”, estava enlouquecido por que é uma das minhas favoritas de tocar, ouvi uma agitação pelo ponto de comunicação e depois silêncio... David só voltou a falar com a gente quase no fim do show, quando tocamos “The kids aren’t” pensei tanto nele nessa hora por que era a musica que ele mais gostava... Aí saímos do palco, ovacionados e ao descer para o back stage todo mundo da equipe estava lá, alguns chorando e a gente sem entender nada! E minha família não estava lá...

Não consegui reprimir o soluço e ele me olhou, pude ver nos seus olhos todo o sofrimento outra vez, na voz, seu tom marcado profundamente pela dor. Como fã do Muscle eu sabia que aquele havia sido o melhor show da carreira deles naquele momento e que infelizmente não era lembrado apenas por isso, ficara marcado pela morte do pai dele.

Como filha que também perdeu o pai, eu sabia que não existia dor igual. Ele começou a enxugar minhas lágrimas com uma caricia e aquilo fez o choro irromper de uma vez. Eu chorava todas as lágrimas que ele não ousava verter e talvez por isso ele me aconchegasse em seu peito e ficamos em silêncio por tanto tempo, que não me lembro quem foi que decidiu se mexer.

***

Matt só apareceu para me ver no dia seguinte e não respondeu as nossas perguntas sobre Amanda. Jantamos os três em casa mesmo.

– Bem, continuem aí cozinhando enquanto vou dar uns telefonemas – eu disse – Quero que Marc veja umas coisas.

Peguei o celular e fui ligar para Marc, acabei passando mais tempo com ele do que previra e quando voltei, peguei um fio de conversa.

– Ela parece outra pessoa, embora algumas coisas ainda pareçam iguais. Mas não existe mais aquela Lana frágil e insegura! Ela agora é independente, confiante e forte.

– E você está achando que só por isso ela não ama você da mesma maneira? – Matt era muito perspicaz. Ele notou a duvida nas entrelinhas. Resolvi ficar onde estava e ouvir a resposta de Dominic – Não duvide disso. Lana quer que você sinta orgulho dela, ela não está fazendo isso apenas por si mesma, está fazendo por você também.

– Você tem sempre um bom conselho para dar, embora eu ache que você ande precisando mais deles do que eu.

– Eles não funcionam comigo – a voz de Matt era de resignação – era a minha deixa para entrar.

– Você e Amanda brigaram? – fui até ele e afaguei seus ombros magros.

– Eu a pedi em casamento... Mas ela é agora a editora-chefe da Maxim e não pode nem pensar numa coisa dessas! Eu quase acreditei que ela me amava.

– Cara, que merda! – Dominic bateu o punho no balcão – Por que Amanda não aceita casar com você cara? Ela é louca por você! Olha Matt, não sei como você é tão bom em dar conselhos, eu não consigo pensar em um para dar a você agora!

Isso e a cara de desamparo dele foram suficientes para nos fazer rir até as lágrimas, apesar de Dominic não achar nenhum pouco engraçado.

***

Na véspera de Dom ir embora, um assunto que eu nem lembrava mais, estragou um pouco a nossa despedida.

– Merda! – eu revirei o banheiro inteiro, mas não estava lá e eu lembrei tardiamente por quê.

– O que foi garota? Achei que estava tudo certo... Você não tem reclamado... E o anticoncepcional?

– Nem estou tomando! – entortei a boca. Esperava encontrar pílulas do dia seguinte no banheiro, mas lembrei de que não tenho uma caixa dessas em casa há tempos! E eu e Dom transamos loucamente esses quatro dias e ninguém lembrou a camisinha e eu de que não estava tomando remédio.

– Nossa! Você é tão preocupada com essas coisas... Por que não está tomando garota?! – ele me olhou com aquela cara: “Ela vai pirar agora”

– Eu suspendi o anticoncepcional por que me esqueço de tomar com frequência atualmente. – sai do banheiro e ele logo atrás – Fui ao médico e ele recomendou um tratamento prolongado que eu achei uma maravilha, mas preciso fazer uns exames que nunca faço por que não tenho tempo! Daí que eu não estou tomando nada.

– Esqueceu tanto que nem me disse nada! E agora?!

– Esqueci – coloquei as mãos no bolso do roupão – Não penso tanto nisso agora, com tantas outras coisas para pensar!

– Para quem já foi atropelada por isso... – eu estreitei os olhos para ele, mas isso não o impediu de continuar – Dizer que não pensa nisso é quase um milagre.

– Engraçadinho! Mas eu não quero ter um filho agora Dominic!

– Nem eu – ele me abraçou – mas talvez, esteja tudo bem, você toma remédio há tanto tempo...

– Pode ser... Nem estou no meu período fértil!

– E você sabe quando é isso? – ele me olhou, sobrancelha arqueada.

– Tenho uma ideia.

Eu não ia falar a ele que não fazia a minha ideia por que meu ciclo era uma bagunça principalmente quando eu não tomava anticoncepcional.

***

No dia seguinte Dom partiu e levou meu coração com ele. Estava mais difícil me separar dele, mas eu tinha que entender que agora a gente tinha trabalhos distintos e que tinha de ser assim pelo menos por enquanto. Fiquei pensando por algum tempo na possibilidade de engravidar e acabei comprando a pílula do dia seguinte só por desencargo de consciência! Tinha muito trabalho pela frente e isso incluía eu me virar para conseguir estar com Dominic em junho. Não havia a possibilidade de eu não ir. Tinha que estar lá!

***

Aconteceram muitas coisas até a data do Glastonbury, entre elas o fato de que peguei algum tipo de peste viral na África por que fiquei mal à beça! A minha sorte é que eu só ficaria na produção dos textos e fotos por que eu estava horrível!

– Você deveria voltar para casa. – Marc me falou assim que me viu, dois dias depois de eu ter chego a Johanesburgo – Como vai trabalhar doente?

– Eu ficarei bem – respondi com firmeza – Vamos trabalhar logo e poderei voltar para casa. A propósito, quero estar na Inglaterra daqui a três semanas ok?

– É eu sei – ele fitava os atletas que passavam mais a frente – Você está tão obcecada por trabalho quanto Karl!

– E você está tão pervertido quanto ele Marc Rodim! – eu o peguei pelo braço – Vamos embora daqui ou você fará um estrago!

Ele gargalhou e eu também! Mas ele poderia sim fazer um estrago daqueles do jeito que era um moreno esplêndido!

Os dias foram passando, fui melhorando e piorando conforme a predisposição dos vírus maldito que tomou conta de mim. Consultei um médico lá, ele disse que não era nada aparentemente sério, mas que eu precisaria fazer uns exames, como eu só ia ficar lá mais alguns dias, resolvi fazer os exames na Inglaterra quando voltasse e me contentei em repousar quando dava e comer pouco e coisas saudáveis! Eu apenas sentia muita náusea pela manhã e tontura, mas o resto do dia ficava bem e tinha até súbitos ataques de fome que ás vezes se transformava em vômito por que eu comia demais e um monte de besteira. Mas no geral eu estava bem e acho que não estava melhor por conta do calor! No meio de tudo isso, chegou o dia em que eu corri para pegar o voo de volta à Inglaterra cheia de felicidade.

Quando cheguei a Pilton todos estavam no Pyramid Stage e corri para lá! A viagem tinha sido horrível e eu estava muito mal, mas nada me impediria de ir até Dominic e depois ver o Muscle em toda sua plenitude no Glastonbury festival!

– Até que enfim! – Dominic resmungou quando me viu

– É muito bom ver você também Dom. – fui direto para os seus braços, sentir seu cheiro que sempre me fazia bem – Nem acredito que consegui chegar! Quase morri pelo caminho.

– Você está doente! – ele tinha me afastado, para me ver melhor. Ele sempre fazia isso, me olhava nos olhos para depois me beijar e eu achava tão lindo! Mas desta fez tudo que ganhei foi uma reprimenda – Como pode viajar doente?!

– Estou aqui não estou?! – aí perdeu todo o encanto de reencontro e larguei Dominic, indo abraçar o resto do pessoal... Até que vi Lilian e Roxanne.

Desde aquela confusão do Natal eu não via Roxanne. Lilian eu pude ver quando Dom bateu em Chris, mas já fazia um ano disso e naquela época ela também não foi tão receptiva.

– O que você tem Lana? – Lilian tomou minha mão e a afagou. Não foi um gesto ensaiado, pelo menos me pareceu franco e isso me deixou feliz – Aconteceu alguma coisa na África do Sul? Dominic me disse que você estava trabalhando lá...

– Peguei alguma virose por lá e estou me recuperando... É só. – olhei de viés para Roxanne, que não fez nenhum movimento para se aproximar. Eu fiz o mesmo.

– Isso é besteira que você anda comendo! Tenho certeza! – Helen me lançou seu olhar reprovador – Sua doida! Com certeza você anda comendo muito mal.

– Nem ando comendo tanto se quer saber. – dei de ombros – Estou tentando fazer dieta por que ando brigando muito com as minhas roupas ultimamente e...

– Você está grávida isso sim! – a voz de Roxy soou mais alta, mesmo que todo mundo tenha resolvido me brigar ao mesmo tempo. Como ela praticamente gritou, todo mundo ouviu e se virou para olhá-la – Obvio que é gravidez isso! Só assim para o meu irmão casar com você!

– Tá louca Roxy! – Dominic quase gritou, ele parecia assustado e eu tive de rir com essa.

– Obrigado pela preocupação. – era só o que me faltava. Dominic alarmado antes do show! Como se eu já não tivesse problemas suficientes.

– Leve Lana para descansar Dom e você também. – Matt interveio apaziguador – Todo mundo merece descansar para amanhã e nada de barracas para vocês dois! Lana precisa de uma cama decente.

– Nós dois precisamos – e Dominic riu e me beijou!

Saímos deixando para trás o sorrisinho de mofa de Roxanne. Ela nunca ia mudar então eu não precisava ficar fazendo sala para ela. Eu insisti para ficarmos por ali nas barracas mesmo, mas Dominic me levou para o hotel na vila mesmo assim. Acabou que foi até bom para tomar uma ducha, e relaxar!

– Você parece tenso – comentei quando sai do banheiro e vi Dominic jogado na cama com a cara enterrada nos travesseiros. Ele estava assim desde que saiu do banho, fui até ele e afaguei suas costas – Vai dar tudo certo você vai ver!

– Obrigado por ter vindo, mesmo doente... – ele se levantou e me abraçou, me aconchegando nos seus braços – Eu amo você!

– Eu te amo – eu o beijei dócil. Suas mãos acariciavam meu pescoço, meus ombros afastando o roupão e ele aprofundou o beijo eu cedi até perceber que ele queria algo mais do que só beijos.

Estava torcendo para que Dominic se contentasse em ficarmos juntos, abraçadinhos e só trocando beijos. Mas ele era insaciável e estava com saudades e se eu estivesse melhor, também estaria... Mas aquela altura da vida eu estava me sentindo tudo, mesmo desejável! Andava dolorida, doente e gorda! E ainda tinha minha suspeita de...

– Algum problema garota? Você não está se sentindo bem?

– Eu só estou cansada... – ajeitei o roupão.

– É só isso mesmo? – ele me olhou, seu olhar inquiridor. Eu não sabia mentir muito bem e acho que ele percebeu alguma coisa – Meu amor está acontecendo alguma coisa? Diga-me, por favor?

– Não está acontecendo nada... Venha vamos descansar, você tem um dia muito importante amanhã!

Eu o fiz deitar-se, ele me aconchegou e ficamos quietos por um tempo. Quando eu já pensei que ele estava dormindo. Dominic sussurrou sua voz trêmula.

– Você está grávida não está?


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