Can't Go Back escrita por Gessikk


Capítulo 29
Capítulo 29- Súplica


Notas iniciais do capítulo

Demorei para postar? Sim, eu demorei, mas já tinha avisado que isso ia acontecer, por motivos de:
1. Recuperação.
2. Estudo.
3. Prova final (sim, ainda não estou de férias)
4. Só terminei de escrever o primeiro capítulo da segunda temporada hoje.
5. Confesso que senti falta de muitos comentários e isso me desanimou, maaas vou deixar esse desânimo de lado, afinal aqui está o ÚLTIMO capítulo!!

Ahh! Amanhã é meu aniversário, então como presente eu espero que todos que lêem a fic deixem um comentário dizendo o que acharam dessa temporada e se vão acompanhar a próxima!
Vou parar de escrever e deixar vocês lerem, mas não deixem de ler as NOTAS FINAIS, porque vou dar informações da segunda temporada!

No capítulo anterior...

"(...)-Ele vai morrer!- Ela berrou em meio a sua corrida(...)"

"(...) a Banshee sentia a mesma dor de Stiles(...)"

"A Banshee e o humano estavam presos em uma conexão inexplicável, a menina sentia sua vida se esvair enquanto o garoto morria lentamente."

" – Nem por um segundo eu te deixei!- A caçadora disse com um frágil sorriso nos lábios.- Eu sempre vou estar ao seu lado."

"Um grito se estilhaçou dentro da menina, ela pode sentir o calor vir do seu peito, inundar sua garganta e se derramar pelos seus lábios escancarados(...)"

"Lydia era a única que respirava, era o único coração que batia e tudo a sua volta era morte e destruição."



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Derek foi o primeiro a voltar a vida. Segundos após ter sido liberto do poder da morte, ele arqueou a coluna, arfando e seu coração voltou a bater em um ritmo acelerado, bombeando sangue para seu corpo completamente ferido pelos vidros, começando a se curar imediatamente.

Com Kira aconteceu a mesma coisa, a Kitsune despertou e logo a sua ferida no quadril, feita pelo lobisomem, começou a se curar junto com as feridas dos vidros que sumiam enquanto tirava os cacos presos em sua pele. Já Callie, apesar de ferida e não ter um processo de cura, voltou a vida já se pondo sentanda, os olhos selvagens analisando o lugar com extrema lucidez.

Scott voltou a consciência rosnando, os olhos vermelhos brilhando perigosamente, as presas e garras se pondo para fora, quase atingindo Stiles que estava caído perto dele. Quando o alfa notou o amigo desacordado ao seu lado, a fúria que o preenchia sumiu e foi substituída pelo desespero ao perceber que o humano não respirava.

Lydia permaneceu parada em seu lugar, os olhos verdes fixos somente na silhueta de escuridão, ela sentia com clareza o poder se contorcendo dentro dela e somente relaxou o corpo quando a névoa sólida se desfez novamente em tentáculos e com rapidez foi em direção a um dos prédios quebrados, voando e desaparecendo logo em seguida.

"A névoa vai voltar", era a única certeza que a menina tinha, mas algo lhe dizia que por enquanto ela não voltaria, não naquele dia, ela se preocuparia com aquilo depois, pois naquele momento ela só tinha um pensamento " Stiles".

A menina cambaleou, com seu salto quebrado, indo em direção ao corpo que permanecia estendido no chão. Lydia engoliu em seco quando teve que desviar do corpo de Kate para chegar até o humano e observou Derek, Callie e Kira se levantando e cambaleando como ela até o garoto desacordado que estava ao lado de Scott.

– Não, não, Stiles!- O alfa gritava frustado, fazendo massagem cardíaca no corpo que não reagia.

"Ele morreu. A morte chegou.Ele morreu. A morte chegou", as vozes sussuraram na mente de Lydia assim que a garota chegou perto do corpo e pôs a mão no ombro de Scott, o afastando do menino.

O rosto da ruiva era sem emoção, sem vida, a garota parecia um defunto ambulante, repleta de feridas, sangrando, pálida, com a maquiagem completamente escorrida pelo rosto.

– O meu desenho...- Foi a única coisa que a Banshee murmurou, ao analisar o estado do menino que parecia ter sido espancado pela névoa.

Sua blusa social ensanguentada estava rasgada mostrando suas cicatrizes, seu corpo estava caído sobre milhares de cacos de vidros, o rosto mais pálido do que o normal, sem vida, havia sangue escorrendo de seus lábios secos.

– Você não vai fazer isso comigo! Você...você não pode fazer isso comigo!- A garota começou a gritar, sendo preenchida por um fúria.- Eu não posso...- Sua voz falhou e ela encarou furiosa para Scott que continuava a massagem cardíaca.- Se afasta dele! Ele não morreu!- Ela gritou e empurrou o lobisomem com força dessa vez, se abaixando ao lado do humano.- Você não vai me deixar!

Algumas lágrimas confusas escorreram de seus olhos e palavras incoerentes começaram a sair de sua boca quando ela pôs a mão sobre o peito do garoto.

– Eu não vou deixar que você morra.- Ela sussurrou baixo, ignorando os gritos misturado ao choro desesperado de Scott.- Eu já te trouxe de volta a vida uma vez, posso fazer isso de novo.

Lydia fechou os olhos com força e se concentrou no menino caído. Ela esqueceu de tudo que havia acabado de enfrentar, esqueceu que ele estava possuído e das coisas horrendas que fez na sua frente, esqueceu seus próprios medos e a própria dor que sentiu. Por alguns instantes ela se concentrou somente em Stiles.

#Abertura#

"Alguém que tenha uma forte ligação com você, como uma corrente emocial. Alguém capaz de lhe trazer de volta", a fala de Deaton ecoava na cabeça de Lydia junto com a recente lembrança de sentir exatamente aquilo que Stiles sentiu. Eles tinham aquela ligação inexplicável, mais forte do que podiam entender, e seria aquilo que faria com que ela salvasse Stiles. Se ela estava viva ele também estaria.

– Meus poderes precisam ser úteis de alguma forma.- A menina sussurrou permanecendo com a mão sobre o peito do garoto e colocando a outra em seu rosto.-Vamos, se eu tenho algum poder oculto está na hora de descubrir.

Lágrimas quentes rolaram de seus olhos fechados, mas a menina não se permitiu fraquejar, ela seria forte por ele, precisava ser.

Uma batida fraca vindo do peito imóvel foi o suficiente para a esperança invadir Lydia. Sua mão espalmada no peito do garoto pode sentir com perfeição quando o coração do menino lutou em seu peito.

A Banshee pode sentir seu próprio vigor escapando por suas mãos, sua respiração se tornou lenta e difícil e seus batimentos cardíacos diminuíram gradativamente de acordo com que o coração de Stiles voltava a bater de forma irregular e insegura, bombeando sangue para o corpo sem vida, até que finalmente houve o primeiro fôlego e o humano inconsciente voltou a respirar.

A menina perdeu a própria respiração e seu corpo pesado desabou ao lado do menino no mesmo instante que o garoto retornou a vida.

Lydia havia compartilhado de sua própria vida com Stiles.

***

Sirenes, gritos, choro, médicos aflitos, policiais e imprensa. Era o que resumia o hospital da pequena Beacon Hills quando Scott e Kira chegaram ao hospital, carregando os corpos inconscientes de Stiles e Lydia.

Havia muitas pessoas feridas e pais desesperados, alguns chorando pela morte dos filhos e outros preocupados com os feridos. Todos que estavam no baile desastroso e todos os familiares dos alunos pareciam estar acumulados ali.

– Stiles! O que aconteceu com meu filho?- Foi a primeira coisa que Xerife Stilinski disse ao ver Scott carregando seu filho.

O alfa apenas negou com a cabeça, chorando, incapaz de encontrar a sua voz e o homem pegou o filho em seus braços, gritando por Melissa e a procurando com o olhar, pois tinha certeza que havia algo sobrenatural relacionado aquilo, então o humano não poderia ficar aos cuidados de qualquer médico.

– Esse sangue é de quem?- O homem disse horrorizado ao perceber que o sangue nos braços e no rosto do garoto não pertenciam ao seu filho.- O que aconteceu Scott?- Ele insistiu mais uma vez quando Melissa correu em sua direção com duas macas.

– Malia morreu.- Foi a única coisa que Scott disse antes de sua mãe imobilizar Stiles e Lydia nas macas, indo em direção a emergência e dizendo que só o Xerife poderia acompanhar o filho.

Quando o lobisomem e a Kitsune ficaram sozinhos no meio do caos do corredor, a menina somente abraçou Scott com força e ambos choraram silenciosamente, sem conseguir acreditar em tudo o que havia acontecido.

Os dois adolescente sabiam que teriam que enfrentar a investigação policial e inventar alguma mentira para explicar a morte de Malia, pois não tinham como simplesmente sumir com o corpo e fingir que nada havia acontecido. Porém, o problema do corpo de Kate já estava sendo eliminado por Derek e Callie que escondiam qualquer vestígio que a mulher esteve ali e ficaram com a tarefa mais difícil, locomover o corpo inerte de Malia para que não tivessem que explicar a devastação total dos prédios abandonados e o que faziam naquela rua deserta.

– Eu não acredito que isso está acontecendo de novo.- McCall falou rouco em meio ao choro.- Eu tinha que ter evitado que Malia morresse e agora Stiles, ele...- Sua voz sumiu em um soluço, o lobo estava deixando toda fragilidade transbordar para sua namorada.

– Scott, você não podia fazer nada para evitar, escutou?- A menina falou o encarando com os olhos marejados.- Você é um ótimo alfa e cuida de sua matilha com o melhor que pode.

– Mas isso não é suficiente, todos estão morrendo.- O garoto não conseguiu conter os pensamentos sobre Allison, ele sempre lutava para não se lembrar da caçadora, mas naquele momento que estava tão devastado, seu coração se inundou de saudade pela Argent.- Pessoas inocentes morreram, pessoas que nem sabe do mundo sobrenatural e tudo porque não deti Kate e agora o Stiles, eu...- O menino abaixou o olhar e a voz, não havia mais forças nem coragem dentro de si.- Eu pude ver o garoto que conheci quando criança morrer naquela hora, aquele não é o verdeiro Stiles, o Stiles que eu conheço jamais machucaria alguém mesmo se merecesse e o vi matando daquela forma, não foi Nogtisune que fez aquilo, dava para perceber pela maneira como ele nos protegeu dos lobisomens.- O alfa jorrava as palavras, apertando a mão de Kira com força.- E o Nogtisune não saiu dele, ele ainda está la não está? O Stiles ainda está possuído?- Era para ser uma afirmação, mas as palavras saíram como uma pergunta.

– Scott, nós vamos dar jeito.- Foi a única resposta que Kira pode dar.

***

O menino abotoou o ultimo botão de sua camisa social preta e encarou o espelho.

Olheiras profundas, rosto vermelho pelo choro, olhos pequenos e nariz inchado, pele mais pálida que o normal e a tristeza estampada em seu rosto. Ele parecia um morto que por engano não havia sido enterrado.

Naquele dia, o que Stiles mais queria era que o coveiro pegasse um caixão e consertasse o engano, falando que havia esquecido de enterra-lo e que ia fazer isso mesmo com seu corpo já em decomposição, pois era assim que se sentia, em decomposição.

Assim que fechou os olhos, flash de lembranças do último enterro que havia ido invadiram a sua cabeça.

Ele recordou do corpo de Allison no caixão, o desespero das pessoas, o choro alto e a mobilização total da escola, havia muitas pessoas e todas desoladas, desesperadas, mas nada se comparava com a reação de Chirs, Isaac, Scott, Lydia e Stiles, pois estavam repletos de culpa pelo o que havia acontecido e os únicos que tentavam se manter firme era Chirs e Stiles.

Chirs estava suportando uma dor indescritível, o rosto transtornado, mas os olhos secos, sem nenhuma lágrima, apenas se mantinha firme ao lado do caixão, sem acreditar que aquilo era verdade, abraçado a Isaac que chorava sem pudor e Stiles morria internamente por carregar o peso da morte da garota, a culpa era somente dele, ele tinha certeza disso, mas tinha que ser forte o suciente para abraçar Lydia que chorava alto e para sustentar o corpo de Scott que parecia prestes a desabar no chão a qualquer momento, fraquejando até que por fim caiu de joelhos e permaneceu ali, sem deixar que ninguém o consola-se.

Ao abrir os olhos novamente, Stiles expulsou as lágrimas de seus olhos marejados e fungou, coçando as palbebras com as costas das mãos e respirando fundo, estalando os dedos e a coluna, tentando se preparar para encarar o pai, para tentar estar com uma expressão melhor, o que era impossível. Ele não estava preparado para enfrentar mais um enterro, mais uma morte.

O menino desceu as escadas devagar, segurando com força no corrimão e mordendo o lábio inferior, os olhos sempre apontandos para o chão, para evitar ter que encarar o pai.

– Stiles!- O xerife chamou e não obteve resposta, o menino apenas ficou de frente a porta de casa, em silêncio, encarando o chão.

O homem suspirou frustado, Stiles não havia dito uma palavra sequer desde que saiu do hospital, naquela mesma manhã após passar a madrugada na emergência. Melissa teve que tirar inúmeros cacos de vidros do corpo do garoto, o que provocou diversos machucados e ele ainda não havia dormido, nem comido. Ele simplesmente despertou no hospital assustado, agitado e não emitiu nenhum som, apenas ficou com o olhar vazio e a expressão distante como estava naquele momento.

O humano continuou parado no lugar até o pai vir abrir a porta e entrar em sua viatura policial. O menino não questionou o fato do seu pai ir dirigindo, ele sabia que não tinha condições ir em seu Jeep.

O caminho pareceu durar uma eternidade até finalmente chegarem ao cemitério. Stiles foi o primeiro a sair do carro, cambaleando a frente do pai em direção ao pequeno grupo de pessoas, que já cercavam o caixão trancado.

Quando Scott havia sugerido ainda no hospital que tivesse uma cerimonia antes do enterro, Stiles negou desesperado com o rosto, mesmo com seu silêncio absoluto, ele demonstrou com clareza que aquilo era uma péssima ideia. O humano conhecia Malia e sabia que ela odiaria aquilo, toda aquela atenção de pessoas que não haviam se preocupado com ela enquanto estava viva. Seria somente a alcatéia, seu pai e Melissa, pois somente esses haviam realmente convivido com a coiote.

Stiles ficou ao lado de Scott, que o envolveu em um abraço desajeitado, agarrando seus ombros e dando o equilibrio que o garoto precisava. O menino permaneceu calado, encarando o caixão fechado, não houve sequer a possibilidade dele estar aberto, pois o corpo da menina estava estraçalhado no peito.

O humano queria que sua última imagem de Malia fosse dela viva e corajosa mesmo com o perigo iminente, sendo irritante e sarcástica com ele, com seu sorriso lindo e desafiador, mas, ao fechar os olhos ele só conseguia lembrar dela estirada no chão com o peito aberto, banhada de sangue, enquanto ele a sacudia e chorava, sem acreditar que aquele pesadelo era real.

O menino desviou o olhar por apenas um segundo, encarando Lydia que estava do lado oposto do semi-circulo. A Banshee parecia completamente acabada, o cabelo preso, roupas desleixadas e o rosto inchado e vermelho.

Quando os olhos verdes encontraram os do humano, ela arregalou os olhos e imediatamente desviou o olhar, encarando o chão. Seu coração disparou em seu peito e ela lutou bravamente para conseguir esconder o medo que sentia para que não demonstrasse em sua expressão. Apesar de Lydia ter salvo a vida de Stiles naquela madrugada e se desesperado com a ideia dele morrer, o pavor que sentia por ele pareceu aumentar quando soube no hospital que ele ia ficar bem, então o medo de que ele morresse, foi substituído pelo medo do que o humano seria capaz de fazer e do que havia acontecido com o Nogtisune que estava o possuindo.

Stiles ficou sem reação ao perceber que Lydia estava com medo dele. Os olhos dourados ficaram fixos na Banshee por longos minutos e só desviou o olhar quando notou a movimentação do caixão a sua frente.

Aquele era o enterro mais silencioso que Stiles tinha presenciado, não havia quase ninguém para lamentar a sua morte. Seu "pai" humano nem ao menos sabia o que havia acontecido, depois de Malia ter saído de casa e ido morar com Derek, ele não quis mais saber da garota. Peter era um mistério, ninguém de fato sabia por onde estava o lobisomem e se ele estava consciente da morte da filha, mas eles tinham certeza que ele não reagiria da melhor forma.

Por causa do jeito desconfiado e animalesco que Malia tinha para se relacionar com os outros, os únicos que de fato conviveram com ela foi Stiles e Derek e ambos eram os mais silênciosos enquanto o caixão era posto na cova e a terra era atirada com lentidão, cobrindo o corpo.

Quando o coveiro terminou o seu trabalho, Stiles continuou estatelado, encarando a lapide com o nome de Malia. As pessoas tentaram se despedir do humano, mas ele simplesmente não reagia, então um por um foi se retirando até ficar somente ele, Scott e o Xerife.

A única coisa do mundo exterior que o humano percebeu foi que Lydia nem ao menos tentou falar com ele, ela simplesmente foi embora sem olhar para trás.

– Vai para casa, é melhor descansar.- Scott sussurrou para o Xerife que controlava o choro, encarando o filho.- Deixa que eu fico aqui com ele.- Quando o adolescente disse aquilo, o homem o encarou com uma expressão de medo que o Alfa entendeu de imediato, depois de tudo o que tinha acontecido com Stiles era natural que o pai temesse se afastar dele.- Eu vou cuidar dele e você realmente precisa descansar, Stiles vai precisar de você quando for para casa.

O xerife finalmente concordou e bateu com carinho nas costas do filho antes de entrar na viatura e dirigir lentamente até sua casa.

Scott foi até o amigo em silêncio e ficou ao seu lado, sem encarar Stiles para que o menino não se intimidasse quando finamente começou a chorar.

Seu corpo magro e frágil tremia compulsivamente e o choro começou a descer sem nenhum pudor, ele parecia uma criança assustada, desolada e completamente perdida.

Depois de alguns minutos suas pernas falharam e ele desabou no chão, ao lado da lápide, onde seu choro aumentou a proporção.

O menino chorou pela morte de Malia, chorou pelos flash de lembranças que o atingiam aos poucos, o fazendo lembrar do que havia sido capaz de fazer com Kate, chorou por Lydia que tinha medo dele e chorou por sua inutilidade, por não ter sido capaz de proteger Malia e por ter afastado Lydia de si. Chorou por tudo que o atormentava, por tudo o que havia acontecido com ele.

Stiles era apenas humano e era obrigado a suportar uma dor imensurável, um peso muito maior do que tinha sanidade para lidar.

Scott ficou com o humano pelas horas que se passaram, ele sabia que o garoto precisava passar por aquele luto e jamais deixaria seu amigo enfrentar aquilo sozinho. O alfa sabia exatamente como era essa dor desesperadora, ele já havia passado por isso e Stiles ficou ao seu lado quando ele não queria ver mais ninguém no mundo, o humano não o deixou por nenhum momento, mesmo tendo que dividir a sua atenção com Lydia que enfrentava a mesma dor, o garoto se desdobrou, deixou de dormir e comer por muitos dias seguidos, ignorando seus próprios traumas apenas para os ajudar.

Stiles sempre se doava por inteiro aos seus amigos e agora Scott retribuiria isso.

***

Pov. Stiles

Sangue. Sangue. Sangue por toda a parte.

Eu só conseguia enxergar em vermelho vivo, presenciando um ardor dentro de mim, me queimando vivo.

Estava completamente em chamas, mas nunca me senti tão vivo, tão poderoso. Essas chamas que me consumiam eram feitas de uma força sombria, um poder sobrenatural, era algo que eu já havia presenciado antes e ansiava para sentir novamente.

A força que se movia dentro de mim nunca foi tão intensa, meus músculos entravam em colapso, um prazer mórbido me preenchia, me deixando completamente extasiado.

Prazer. Quase ri ao pensar nessa palavra, havia tanto tempo que não sabia o que era uma simples satisfação e agora, quando estava repleto de sangue, podia sentir esse prazer proibido. Esse prazer subia pelas minhas mãos e invadia meu corpo enquanto sugava a dor do corpo a minha frente, da garota que gritava miseravelmente.

Eu não me dava ao trabalho de olhar para quem eu me alimentava, só me importava que a sensação era muito boa. Meus dedos se enroscavam no braço fino, emetindo o som de um estalo enquanto eu quebrava seus ossos. Sorri abertamente com isso, fechei os olhos, deixei meus lábios se abrirem enquanto deslizava a mão pela ferida aberta da garota, aumentando a sua dor para que pudesse me alimentar melhor.

– S- stiles.- A voz sufocada da garota sussurrou e aquilo me incomodou, ela era meu alimento, não queria que falasse enquanto eu a devorava.

Abri os olhos e encarei furioso a mulher, já envolvendo minhas mãos em seu pescoço, a sufocando. Ela não tinha o direito de falar, muito menos de dizer meu nome ridículo, eu não queria lembrar da minha própria existência como Stiles, pois Stiles era o garoto frágil que somente sofria, era machucado, torturado, ameaçado, que via todos ao seu redor morrer e eu já estava cansado disso. Era bem mais interessante ser o assassino, ser o que tortura, poder causar dor e aflição aos outros, em vez de ser vítima disso.

Uma breve confusão me atingiu ao ver a mulher morrer lentamente. Ela era tão bonita, era esplendorosa mesmo com o rosto inchando e ganhando um tom de roxo enquanto perdia o fôlego. Por debaixo do sangue que cobria seu corpo podia ver que sua pele era extremamente pálida, seus cabelos tinham um lindo tom de ruivo e os olhos eram de um verde exuberante.

Quando seu corpo se tornou flácido e sua respiração parou, eu finalmente a reconheci e entendi o motivo de achar que sua beleza era tão deslumbrante. Era Lydia, minha Lydia.

Soltei seu braço quebrado no mesmo instante, me levantei tonto, cambealando para trás, encarando o lugar ao meu redor, eu estava em uma rua desconhecida, no meio da madrugada. Olhei para meu próprio corpo repleto de sangue, sangue esse que estava me fazendo delirar de prazer, era o sangue de Lydia que cobria meu tronco, braços, pernas e rosto.

– Isso não pode ser real. Isso não é real.- Sussurrei, as lágrimas escorrendo de meus olhos.- Eu não posso ter feito isso, eu não...

Respirei profundamente, engolindo em seco o bolo que se formava em minha garganta.

– Acorda Stiles, vamos! Acorda Stiles!- Coloquei as mãos em volta da cabeça, apertando com força.- Acorda Stiles!- Gritei com fúria.

***

Abri os olhos com uma vertigem me atingindo, havia alguma luz forte iluminando meu corpo.

Um enjôo surgiu em meu estômago e foi subindo, queimando em minha garganta, minha boca se escancarou quando o sabor amargo atingiu minha língua antes de um vômito ruidoso ser despejado pelos meus lábios.

– Onde eu estou?- Murmurei com a voz rouca ao me assustar e perceber que não estava dentro do meu quarto.

Encarei a luz forte que aumentava a minha tontura e percebi que era um poste de luz. Eu estava fora de casa, só não sabia como.

Lembrava perfeitamente de ter tomado banho e ter ido dormir, depois tive o pesadelo que parecia fixado em minha mente.

– A não ser que...- Arfei, sentindo meu corpo se tornar trêmulo ao pensar na possibilidade daquilo não ter sido um pesadelo.

Olhei para baixo, para meu próprio corpo. Eu estava repleto de sangue.

Aquilo era real.

Reconheci onde estava assim que encarei a casa a minha frente e sem pestanejar corri até a porta e comecei a esmurrar, chorando e gritando.

A porta se abriu pouco depois e Scott me encarou completamente confuso, me analisando em frente a sua casa, completamente ensanguentado e desesperado.

– Por favor, diz que Lydia está bem.- Foi a única coisa que fui capaz de dizer.


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Notas finais do capítulo

Então gente, primeiro queria agredecer o carinho de todos vocês por lerem a fic que eu jamais pensei que tantas pessoas pudessem gostar! Obrigada pela paciência em ler os erros ( preciso urgente de uma beta), aguentar minhas demoras e me incentivar a continuar essa fic que passei o ano todo escrevendo no bloco de notas do meu celular!
Nem sei como agradecer a cada comentário, a cada recomendação e a cada pessoa que está acompanhando, mas saibam que foi muito gratificante para mim escrever essa fic e espero que tenham amado tanto quanto eu! E claro, espero encontrar todos vocês novamente na segunda temporada, quero continuar tendo o apoio de cada um e recebendo as suas ideias maravilhosas que tentei ao máximo segui-las para que participassem no desenvolvimento da história!!
Sobre esse capítulo eu só espero que ninguém me mate porque não teve nenhuma conclusão dos vilões ( foi intencional para lerem a próxima temporada) e que tenham apreciada a breve lembrança do enterro da Allison, que tantas pessoas pediram para aparecer, depois, se vocês quiserem eu posso escrever uma One descrevendo como foi o enterro dela!
Enfim, chega de enrolação, aqui está o que precisam saber sobre a proxima temporada:

1. O primeiro capítulo será lançado SEMANA QUE VEM, então fique atentos.
2. Minhas amigas até me zoaram falando que o nome das minhas fics vão ser " A Série Can't", porque o nome da segunda temporada será: Can't Kill The Past
3. Agora que sabem que lança semana que vem e o nome da fic, fica mais fácil de acharem a segunda temporada, mas de qualquer forma depois que eu postar vou colocar o link da segunda temporada aqui!
4. Aqui vai alguns poucos trechos do primeiro capítulo:

"Ele pode ouvir com perfeição quando a perseguição começou. "

"(...)a anestesia não fez efeito, (...) está sentindo tudo, está sofrendo(...)"

" Sua colcha, seus lençóis, travesseiros, toda sua cama, estava repleta de sangue."

"- Me deixem em paz, por favor, me deixem em paz!"



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