Crônicas Alquímicas escrita por Bella Targaryen


Capítulo 5
Sweet child


Notas iniciais do capítulo

Esta drabble é bem pequenininha e Royai [de leve]. Em breve teremos mais explícitos! :) Espero que gostem.



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Sweet Child

Os pés de Riza Hawkeye estavam descalços e sujos de terra, pinicados pela grama verde e fresca da colina atrás de sua casa. Seus olhos, ainda longe de serem os olhos de falcão, esquadrinhavam o horizonte aberto sem reparar nas belas flores, nas nuvens peculiarmente desenhadas, no sol cálido ou em qualquer outra coisa que não fosse exatamente da sua altura, morena e de olhos chocolate. A loira mordeu o lábio com força em sinal de aflição com a demora da visita. Observou o próprio macacão que usava e se viu em estado deplorável. Quem iria querer ver uma criança daquela forma, tão semelhante à um mendigo qualquer.

Seu pai com certeza a puniria por isso e não conseguiu reprimir um tremor ao lembrar daquele olhar de Berthold.

“Riza! Ei!”, ouviu uma voz vinda ao longe, do declive da colina, e seus olhos âmbares imediatamente tomaram um brilho absurdo.

“Você veio!”

Uma figurinha pueril, da mesma idade da menina Riza, vinha ao longe entre a grama. Tinha longos cabelos pretos e a pele tão clara quanto a neve, e seu vestido era de longe o mais bonito que a Hawkeye já pusera os olhos.

“Claro”, a menina respondeu, parando apenas a alguns passos de distância “Eu prometi que estaria sempre contigo, né?”

“A-aham”, de perto, agora, Riza sentia-se envergonhada por estar tão mal vestida.

A moreninha tombou a cabeça para o lado aparentemente alheia a esse ponto.

“Está se sentindo mal? Teve um dia ruim?”, talvez aquela pequena fosse uma vidente. Aquelas perguntas fizeram a futura Primeiro-Tenente baixar os olhos.

“Meu pai”, era tão fácil se abrir com ela... Não que tivesse outros amigos, aliás não tinha nenhum, mas com ela era tudo muito diferente. Era como falar com um anjo. “Ele não está bem. Está cada vez mais distante”

Não ouve resposta verbal da morena, mas sim um abraço caloroso. Riza corou, mas sentiu-se imediatamente feliz.

“Sua mãe está bem”

Aquilo fez o coração de Hawkeye gelar. Como ela sabia de sua mãe? Sequer havia mencionado isso à ela desde que se conheceram, na mesma época da morte de sua mãe.

“Como você...?”

“Esquece isso!”, a morena rapidamente a interrompeu “Vamos brincar? As margaridas estão lindas hoje, vamos fazer coroas e colares!”

Como sempre acontecia desde que começaram a brincar todos os dias pela manhã, Riza não tinha como negar qualquer sugestão dada pela amiga. Não lhe satisfazia as flores, colhê-las, tirar os espinhos, entrelaçar os caules e dar formas bonitinhas. No entanto, com sua nova amiga, ela fazia aquilo sem perceber. Sem perceber a dor dos espinhos, a dor causada pelo luto, pelo afastamento do pai... Havia sempre sol junto da morena, enquanto sozinha, tudo parecia cinza e chuvoso.

“Eu nunca te perguntei... Mas qual é o seu nome?”, as bochechas claras arderam com a pergunta. Como ela sequer sabia-lhe o nome?

O sorriso brotou nos lábios da moreninha e seus dentes eram mais brancos que o leite.

“Qual você quiser”

Arqueou ambas as sobrancelhas loiras.

“Você não tem nome?”

“Tenho sim. Este que você está pensando!”, e ela riu.

“Melissa?”

“Melissa”

Riza não viu o tempo passar. Não viu o sol a pino, não viu a tarde chegar e partir, tampouco viu a noite se apoderar de si mesma. Quando percebeu-se, estava em sua cama, coberta até os ombros e quentinha. Sozinha. Naquele dia, mais tarde, seu pai havia saído logo cedo, e ao retornar, trouxera consigo um rapazinho. Moreno, mais alto do que ela própria, de nome Roy Mustang. Não podiam trocar palavras por ordem de Berthold, pois Mustang estava lá apenas para aprender alquimia, e Riza não devia se relacionar com ele.

Nos meses seguintes, essa regra foi sumariamente quebrada na surdina. Passaram a tomar chás durante as noites em claro, trocar conversas sussurradas sobre livros, e, pouco a pouco, a pequena Melissa vinha menos vezes.

Quando chegou à adolescência, sua “amiga imaginária” não vinha mais visita-la. Lera em alguns livros que crianças com problemas em casa tinham tendência a criar amigos para suprir a deficiência de afeto. Entretanto, ainda que tivesse Roy como amigo, aquela deficiência ainda existia. Sentiu raiva de Melissa por quebrar sua promessa antes que estivesse realmente pronta.

Mas estava errada, a jovem Riza. Não sabia ela que, quando estivesse no auge dos trinta anos, casada com o fuhrer Roy Mustang, Melissa voltaria para si para chama-la de mãe.


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Notas finais do capítulo

O capítulo não foi betado, portanto perdoem qualquer eventual erro. Quero comentários!