Crônicas Alquímicas escrita por Bella Targaryen
Crônicas Alquímicas
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Inverno – Royai
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O auge do inverno chegava sempre em dezembro. O mês em que as árvores ficavam secas, o céu tornava-se branco e gélido, e as ruas uniam-se ao céu em sua brancura. Crianças brincavam de construir iglus, bonecos de neve ou criavam sua própria guerra por um mundo mais bonito. As chaminés das casas trabalhavam arduamente para manter o ambiente interno aconchegante, e não era diferente na última casa da viela de Central City.
O chá estava pronto e o cheiro se espalhava pela sala arrumada. Um cão de tamanho mediano estava deitado no tapete próximo à porta, sonolento. Black Hayate sempre ficava preguiçoso no inverno. De repente, o cão colocou-se em pé e começou a latir e se roçar na porta da frente. Riza Hawkeye deu um pequeno sorriso e colocou mais água para ferver.
Roy Mustang abriu a porta da frente de rompante. Chutou o beiral do chão para tirar a neve de seus sapatos e entrou, saudando Black Hayate com um cafuné entre as orelhas. Ele espirrou em seguida.
- Porcaria de inverno – o moreno resmungou enquanto tirava o sobretudo e o pendurava atrás da porta.
- Avisei você para se agasalhar mais – comentou a loira da cozinha. Observou Roy entrar no ambiente e encostar o ombro contra a parede, visivelmente incomodado.
- Não adianta. – rolou os olhos e fungou um pouco. – Odeio essa porcaria de estação.
Riza não respondeu e continuou a preparar o chá, agora cortando alguns limões. Segurou um sorriso ao sentir os braços fortes de Roy a abraçarem e o queixo do moreno apoiar-se em sua cabeça. Ela apenas esperou e ele logo começou a contar sobre a situação no quartel.
As coisas funcionavam até bem desde a saída da loira. Tinha colocado Breda e os demais para a informar se Roy vadiasse demais no trabalho. Aparentemente, Mustang ainda não desconfiava de nada.
Depois de servir o chá para a gripe do coronel, ambos se sentaram juntos ao sofá em frente à lareira. Riza estava encaixada entre as pernas dele e descansava a cabeça sobre o peito do moreno. Black Hayate estava aos pés do sofá, mastigando um osso de pano:
- Sinto sua falta – disse ele, chamando a atenção de Hawkeye. Ela sentiu a mão esquerda dele descer para sua barriga e ficar lá, alisando-a cuidadosamente. – No quartel.
Ela sorriu e bebeu um pouco de chá antes de responder:
- Achei que ficaria feliz por não ter quem ficasse acordando-o para trabalhar.
Roy fez uma cara de mágoa:
- Assim você magoa meus sentimentos, tenente!
Ela se virou para ele e deitou-se de frente contra seu corpo, deixando a xícara de chá na mesinha de centro:
- Eu sequer sabia que você tinha, Flame Alchemist – continuou provocando.
Ele, por sua vez, estreitou os olhos e escorregou até ficar deitado no sofá com Riza por cima de si:
- Eu só mostro para você, Hawkeye – ele disse – E ainda desconfia de mim?
A loira apoiou os braços no sofá ao lado da cabeça dele:
- Eu confio. – sorriu um pouco. – Desconfiando.
- Típico de você.
Riza relaxou de volta aos braços de Roy e ambos se beijaram demoradamente. O beijo teve que ser interrompido abruptamente para que Mustang virasse o rosto para o lado e espirrasse, o que causou risos na mulher:
- Mas que diabos! – exclamou tentando esfregar o nariz.
Riza tirou um lenço do bolso e limpou o nariz de Roy, ainda rindo um pouco:
- Não acha melhor ver um médico?
Teve que conter outra risada ao ver a expressão do moreno. Roy Mustang, Coronel do Exército Amestrino, ver um médico por causa de uma gripe? Aliás, de uma gripe que nem era uma gripe em si?
- Você só pode estar brincando, Riza – ele fechou os olhos e virou o rosto.
- Sim, estou – ela voltou, mais uma vez, para o seu ninho.
Resolvendo entrar na provocação também, Roy disse:
- Se bem que é melhor que fiquemos afastados. Não quer empestear você com os germes...
- Minha imunidade é bem eficiente, obrigada. – rebateu ela. Roy riu um pouco.
- Mas nessas condições... – ele coçou a lateral do rosto.
- Eu não estou doente, Roy Mustang.
Ela o beliscou:
- Ai! Riza! – ele massageou o peito beliscado. – Só estou preocupado com a sua saúde.
- “Minhas condições” estão perfeitas, coronel. Na realidade, sinto-me mais saudável do que antes.
Roy puxou Riza novamente para seus braços e encaixou seu rosto contra os cabelos dela:
- Eu sei, é verdade – sorriu, deliciando-se com o aroma característico de sua companheira. – Aliás – começou, alisando a pele clara dela – sua pele parece mais macia.
Riza sorriu:
- Gracia comentou algo assim.
- Hum...
Roy desceu seus carinhos para as costas de Riza. Ficaram novamente em silêncio, escutando o som do vento cantar do lado de fora. Provavelmente aquela noite seria mais fria do que as anteriores. O moreno desejou internamente que não precisasse sair em busca de comidas exóticas para sua mulher.
Pelo menos, pensou ele, esta noite ele poderia dormir agarrado à ela sem receber alguns protestos por segura-la com muita força. Para Roy, o inverno era a pior estação de todas, pois sentia-se prejudicado a todo momento, inclusive na hora de dormir.
Odiava ter que usar várias camadas de roupa, odiava o fato de que suas luvas ficavam mais frias com a temperatura, e odiava infinitamente o colchão gelado na hora de se deitar.
Mas, pelo menos, ele podia encarar o copo como meio cheio. Riza, durante o inverno, o abraçava mais e se aconchegava com frequência contra o corpo dele sempre que algum vento mais gélido passava. Mustang adorava isso.
Alguns minutos depois, Roy constatou que Riza estava dormindo em seu corpo. Com cuidado, ele a acomodou contra seu peito e ergueu-a no colo, saindo do sofá. Black Hayate levantou também, mas segurou um latido ao ver o olhar de Roy. Com um estalar de dedos, a lareira apagou.
Levou Riza para o quarto e a colocou na cama com cuidado, observando a pequena saliência no ventre da loira. Não pôde conter o sorriso. Era impossível não sorrir diante daquele pequeno milagre, crescendo e crescendo na barriga de Riza:
- Roy?
A voz de Hawkeye o despertou de seus devaneios:
- Você não vem?
Ela lhe esticou a mão. Mustang pegou-a entre as suas e num estante já estava aninhado com sua amada; ela com os braços atados ao redor do seu tronco. Inverno: sempre um motivo a mais para abraça-la.
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