Road escrita por Fenix


Capítulo 2
Nunca vá à uma parada na estrada




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– Eu não estou vendo esta estrada no mapa - Ana fala com um mapa em mãos.

O carro segue por uma estrada de asfalto cercado por montanhas e florestas.

– Estamos indo pelo oeste, é mais rápido - Responde Felipe.

Ana joga o mapa no chão do carro.

– Não se acabar a gasolina - Ela diz, apontando para o ponteiro.

– Eu cuido disso...

– Ótimo, estamos perdidos.

– Não estamos.

– Sim, estamos - Ela diz, aumentando o tom de voz - Quem está sendo infantil agora? - Ana encosta-se novamente no banco, ficando alguns minutos em silêncio - Preciso ir ao banheiro!

– De novo? - Felipe a olha.

– Sim, de novo! - Ela responde seco.

– Ta, eu vou encostar!

– Não vou fazer xixi no mato - Diz Ana.

– E porque não?

– Tem cobras lá - Responde Ana.

Felipe a encara debochando com um sorriso de canto.

– E eu não estou sendo infantil - Ela diz, depois o ignora olhando para o lado - Só encontre um banheiro!

Felipe respira fundo e acelera mais o carro.

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Em frente havia uma placa de madeira escrita "Parada", o carro azul de Felipe vira para o caminho que a placa indicava. Se afastando um pouco da estrada, eles chegam a uma grande área descampada, com terra no chão e capim para todos os cantos, algumas poças de lama indica que poderia ter chovido há pouco tempo.

Felipe estaciona o carro em frente a um trailer, porém com alguns metros de distância. Ana olha para o lado e encara o banheiro com algumas pequenas janelas na parte superior da parede.

– Que lindo! - Ana diz ironizando.

– Eu disse para ir no mato!

Ela sai do carro batendo a porta. Felipe nega com a cabeça pegando o cigarro e retira-se do veículo. Ana caminha em direção ao banheiro, atrás do local ela pode avistar o começo de uma floresta, algumas árvores chegaram a crescer na frente do banheiro, perto da porta do banheiro feminino. Felipe acende o cigarro e encosta-se a porta do carro, admirando a paisagem.

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Ana empurra a porta adentrando no banheiro, deparando-se com o local completamente bagunçado e sujo, a porta do último lavabo, está quebrada e caída para o lado, sendo segurada pela parede da dispensa que está com a porta trancada, as pias são verdes de limo, o papel para secar as mãos está amarelo e com manchas pretas, o espelho na parede acima das pias, ainda está sujo.

– Ai meu Deus... - Ana caminha em direção aos lavabos, seus passos são cautelosos, seus olhos analisavam rapidamente os cantos mais sujos do local. Ela olha para dentro dos lavabos, encontrando no último, o vaso sanitário entupido de papel higiênico, que por sinal tem muitos sujos no chão ao redor do vaso, e uma roda dentro.

– Argh... - Ana resmunga indo para o lavabo ao lado, ela segura a porta com a ponta do dedo e a puxa para fora, em seguida e bem cuidadosa, entra no lavabo. Ela retira a calça e segura nas brechas laterais da porta, seus olhos inquietos, não deixam de ler as escritas na parede e porta do lavabo.

"O desgraçado me cortou e matou meu marido".

Ana olha para o lado ignorando.

"Maluco DBO 606" O número da placa estava como descasque na parede.

"Um maluco apareceu e matou meu namorado, Peter - Peter, eu sinto muito".

Ana revira os olhos e levanta. Ela sai do lavabo fechando o zíper e lava as mãos na pia, virando para secá-las, se enoja com o estado do papel, assim resolvendo secá-las na calça. Com breves passos em direção à porta, um barulho de algo caindo surge da dispensa, Ana vira-se encarando.

– Ratos... Era só o que faltava!

Ana sai dali. Ela anda com os braços cruzados e olhar para o chão, levantando-o, para de andar, seus olhos fixam para frente.

– Felipe? - Ana não encontra o carro de Felipe onde ele havia estacionado, apenas o trailer.

Ela corre para o largo onde ficam os carros.

– Felipe?... Droga... - Ela corre assustada, ainda não estava encontrando-o.

Seus passos rápidos, fazem barulho na ponte de madeira em cima do riacho. Ana para em seguida e olha para os lados, não havia nenhum sinal do carro, somente o trailer se mantinha no local.

Ana corre para o largo sem acreditar no que estava acontecendo, ela olha para os lados com seus olhos arregalados.

– Felipe? - Ana o chama, ficando mais tensa.

Em frente havia uma cabine da polícia florestal com a porta fechada, ao lado dela e afastado, está o trailer, e do mesmo lado, porém mais próximo um quadro de madeira onde havia diversos papeis.

– Felipe? - Ana gesticula acreditando que é uma brincadeira. Ela avista o cigarro no chão perto de seus pés - Certo Felipe isso não tem graça! - O silêncio permanece, Ana pega seu celular no bolso da jaqueta - Felipe, você é um idiota! - Celular sem sinal, ela o guarda no short.

Ana bufa encarando o local, o som de motor de carro lhe chama atenção, Ana olha para o caminho até a Parada, e avista uma caminhonete se aproximando, ela a estranha dando alguns passos para frente. Ela força a vista tentando enxergá-lo, a luz do sol refletia em seus olhos, tornando impossível uma visão perfeita. A caminhonete fica parada uns instantes, dá a ré e afasta-se dali.

– E você é super normal - Diz Ana, ao vê-lo se afastar.

Ela se aproxima de um telefone público, ao retirá-lo do gancho, nota o cabo cortado.

– Merda! - Ela da uma risada sem acreditar e bate com força o telefone no gancho - Merda... - A mão dela leva o cabelo caindo na lateral do rosto, para trás - Filho da mãe, Felipe...

Ao lado do telefone, está o quadro de madeira com vários papeis. Ana lê um papel sobre uma menina desaparecida, então começa a ler os outros, todos sendo sobre pessoas desaparecidas, eram mais de vinte papeis. Ana da um passo para trás sem entender muito bem o motivo por apenas ter panfletos de pessoas desaparecidas.

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Ana bate na porta da cabine da polícia floresta, ela gira a maçaneta tentando abri-la, mas está trancada. Ana tenta ver pelo vidro a porta, que está embaçado de tão sujo. Ela bate contra o vidro irritada e se afasta.

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Ana bate na porta do trailer bege.

– Olá!

Ela bate novamente e tenta abrir a porta.

– Olá... - Ela bate de novo - Droga!

Ana sai dali.

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Ana chega na estrada, ela fica ao lado da placa de "Parada", a estrada está deserta. Ela avista outra placa azul, "Próxima Parada, 93Km".

– Andar não é uma opção! - Ana volta andando para a Parada.

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Ana volta andando para o largo da Parada, até que um flash surge da janela de trás do Trailer, Ana o encara e surge novamente.

– Ei... - Ana caminha rápido em sua direção - Olá... - Ela chega a janela - Com licença, eu preciso de ajuda... Por favor, estou perdida aqui!

Ana fica encarando a janela, nenhum resposta. Ela chuta a lataria do trailer.

– Babaca!

E caminha para longe.

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Ana está sentada em uma pedra, com o cigarro de Felipe na mão.

– Felipe... Isso foi um grande erro... Talvez devesse me levar pra casa... - Ana fica olhando para o cigarro, ela respira fundo e olha para frente - Felipe, será você o meu demônio interior?

Um motor de carro soa pelo silêncio local, Ana corre para o caminho que dava à parada. A caminhonete se aproxima em alta velocidade, Ana arregala os olhos e joga-se para o lado no instante em que a caminhonete passa por ela. O carro vira rapidamente e acelera em sua direção, Ana grita no chão assustada. A caminhonete passa por ela e o motorista lhe joga algo, logo freia um pouco mais à frente.

Ana pega o que ele havia jogado no chão, ela observa o celular sem bateria de Felipe.

– Não... Não... Não... - Ela diz, ficando nervosa. Ana da poucos passos para frente - ONDE ELE ESTÁ?... O QUE FEZ COM ELE?

Ana ofegante fica esperando alguma resposta. Seu olhar desce para a placa, "DBO 606", ela arregala os olhos.

– Droga...

Ele acelera o carro, Ana da uma breve corrida e não o alcança. Ela põe a mão na cabeça, sua boca fica seca, seus olhos arregalados.

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Ana entra no banheiro correndo e entra no lavabo. Logo começa a ler todas as coisas escritas nas paredes e na porta.

– "O desgraçado matou meu marido"... "Não tem escapatória"... - Ana está ofegante, sua tensão aumenta a cada frase que lê - "DBO 606"... Ai meu Deus...

Ela da um soco na parede, ergue a cabeça fechando os olhos e quase chorando. Ana sai do banheiro e fica parada na porta, encarando a cabine da polícia floresta. A noite já está chegando, e as luzes se acenderam com o tempo.

Ana olha para os lados, e respira fundo.


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