You're The One escrita por Giovana Serpa


Capítulo 15
The one with the maze


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo mais, quero pedir que, depois desse capítulo, não me joguem bombas virtuais, ok? e.e Vocês provavelmente vão me odiar, mas... Enfim.

Boa leitura!



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Clary

Eu passei o resto da semana inteira sem ver Jace já que o professor de Inglês ainda estava doente —,e não tinha certeza do que pensar sobre isso. Por um lado, eu estava triste, por motivos muito óbvios que eu sequer preciso citar. Mas, pelo outro, eu estava feliz, porque não saberia como encará-lo depois daquele quase beijo sem desmaiar. E, além disso tudo, bem no fundo da minha mente, eu pensava no que Sebastian havia dito, especulando o quanto daquilo seria verdade.

No sábado, para a minha surpresa, a campainha tocou. Eu estava sozinha em casa, porque minha mãe havia saído Negócios do trabalho, ela havia dito com o rosto corado e Sebastian estava muito ocupado fazendo alguma coisa que eu não queria saber.

Para a minha felicidade, porém, antes de sair, minha mãe havia me liberado do castigo antecipadamente. Sério. Acho que ela reparou que eu estava prestes a perguntar por que ela trabalhava tanto ultimamente, e simplesmente soltou isso, dizendo que eu poderia sair com meus amigos se eu quisesse e disse isso como se eu fosse a garota mais popular e extrovertida desde a Cleópatra.

Então, voltando ao assunto, eu franzi a testa e corri para atender a porta, me perguntando quem diabos poderia ser. Sequer reparei no que estava vestindo: uma blusa velha de Sebastian do AC/DC que não cabia mais nele, mas que ficava como um vestido vulgar em mim; calças de moletom pretas; meias longas com estampas de unicórnios meu eterno sonho de consumo ; e uma bandana verde amarrando um rabo de cavalo para controlar meu cabelo bagunçado.

Quando vi quem era, porém, realmente gostaria de ter pensado melhor, porque os olhos dourados de Jace me olharam com um tipo esquisito de sentimento que eu não consegui distinguir da pura estranheza.

Ah, Clary, você é tão idiota às vezes.

Jace? Pisquei, afastando um cacho revolucionário que havia se desprendido do meu penteado super sofisticado. Que diabos você está fazendo aqui?

Um conflito de emoções atravessou meu peito, como se a perplexidade e a felicidade travassem uma luta contínua, transformando meu cérebro em geleia de morango.

Eu me lembrei das exatas palavras de Sebastian. Se você não quiser sair machucada, não confie em Jace Herondale.

Para falar a verdade ele inclinou a cabeça para o lado, olhando desde as minhas meias de unicórnio até meu rosto, o que me fez corar como um tomate. Eu não faço a mínima ideia. Eu só estava lá sentado, lendo um livro, e, quando fui reparar, já estava vindo para cá ele encolheu os ombros, e eu percebi que segurava um livro nas mãos. Sinto muito.

Lutei inutilmente contra o sorriso que se formou em meu rosto. Eu sempre achara que parecia um palhaço assustador quando estava sorrindo, minhas bochechas mais redondas do que o normal e os olhos enrugados, e procurava evitar fazer isso. Mas, naquele momento, o motivo pelo qual eu não queria sorrir era uma certa garota asiática que ficava torcendo por Jace em partidas de esgrima.

— Não precisa se desculpar — falei. Meus dedos se apertaram juntos atrás do corpo, e eu sugeri nervosamente, repetindo para mim mesmo que eu era tremendamente estúpida por vários motivos diferentes: — Você... Quer entrar?

Jace hesitou por um momento, mas assentiu, o que me fez hesitar. Eu dei um passo para trás e abri mais a porta, permitindo que ele entrasse. Jace olhou em volta no hall de entrada, e eu me perguntei o que passava por sua cabeça. Talvez ele estivesse pensando em alguma garota de olhos puxados que provavelmente morava num lugar bem melhor que aquele ou algo assim, e pensar nisso me fez questionar as minhas próprias habilidades de controlar aquele ciúme idiota.

— É no terceiro andar — falei. — Gosta de fazer exercícios? Porque são bastantes degraus.

Ele sorriu, o que fez meu nervosismo fraquejar um pouco.

— Acho que eu aguento.

Nós subimos em silêncio. Eu ficava praguejando por ser tão desajeitada, por estar parecendo uma mendiga na frente do cara mais lindo do mundo. Entramos no apartamento escuro, e eu tratei de acender a luz. Jace olhou em volta novamente, e disse:

Esse lugar está uma bagunça.

Pisquei. Não era exatamente o que eu esperava que ele dissesse, embora não fosse mais do que a crua e pura verdade. Eu só queria que ele falasse imediatamente sobre a garota japonesa, chinesa, coreana ou algo assim (eu não enxergava exatamente a diferença entre eles), porque havia uma parte de mim que queria bater no rosto de Jace até que ele disse algo como "Eu te amo, Clary, e não ligo para garotas asiáticas".

Era sonhar demais?

Minha mãe é artista, trabalha demais, meu irmão mal para em casa e eu não estou exatamente ligando para isso falei, tentando controlar meu tom zangado. Certo, colocando desse jeito, acho que eu sou meio preguiçosa. Mas não importa. Eu estou fazendo cookies de chocolate, quer alguns?

Jace olhou para mim, os olhos brilhando como se eu houvesse acabado de dizer Eu descobri o mistério do Santo Graal e só vou contar para você.

Cookies? ele repetiu, e eu assenti. Você nem precisa perguntar. Que idiota não gosta de cookies? O que estamos esperando? Vamos logo.

Ele seguiu sozinho para a cozinha, e eu estava dividida entre rir e franzir a testa em surpresa. De qualquer modo, eu o segui. Não ousei dizer que havia feito os malditos cookies com a massa artificial que eu comprara no supermercado semana passada, e que só os fizera para que a massa não passasse da validade, porque ele parecia animado demais, e eu não queria estragar isso.

Quantos você quer? perguntei, depois de tirar a bandeja do forno.

Jace sequer pensou antes de responder:

Todos eles.

Eu ri, mas ele me olhou, confuso.

Está falando sério? perguntei. Jace assentiu, e eu balancei a cabeça depois de dar de ombros. Ok, pode pegar. Eu não estava com vontade de comer mesmo.

Ele sorriu.

Você é a melhor pessoa viva no mundo, Clary ele falou, fazendo meu peito aquecer, embora ele provavelmente não achasse aquilo de verdade.

Sentei-me no banco ao seu lado, e olhei para o livro que ele havia trago. Era o mesmo que ele estivera lendo alguns dias antes, de uma autora chamada Helena Kolody.

Este é bom? Perguntei, apenas para puxar assunto, apontando para o livro.

Jace olhou e abriu um sorriso, distante, como se lembrasse de alguma coisa agradável. Percebi, meio surpresa, que ele já havia devorado metade dos biscoitos de chocolate da bandeja. Pensei em como, no mundo inteiro, alguém poderia comer tanto e permanecer com o corpo digno de uma escultura do Michelangelo.

Sim ele disse. No começo, eu não esperava muito desse livro, mas é legal. É tipo uma coletânea de poemas soltos, e faz as coisas que a autora escreve parecerem mais reais. Se não fosse por uma amiga ter me indicado, eu nunca teria lido.

Pisquei. Amiga. Por que eu praticamente só ouvira aquilo de tudo o que ele havia dito?

Amiga repeti. Nunca vi você andando com as pessoas lá da escola, só se senta com eles e não participa muito das conversas.

Ele levantou uma sobrancelha.

Senhorita Fray, você anda me espionando no colégio? perguntou.

Ri, girando o banco pois é, eu sou infantil desse jeito.

Não tenho permissão para falar sobre isso, é informação estritamente confidencial respondi, utilizando um tom misterioso que soou esganiçado para os meus ouvidos.

Jace riu também, e terminou o último cookie antes de responder minha questão anterior:

Mas é verdade. Eu não falo com muitas pessoas na escola. Quem me indicou o livro foi Aline. Ela chegou de Xangai faz pouco tempo, nós nos conhecemos quando éramos crianças. Ela é uma das únicas pessoas com quem eu gosto de conversar.

Fiquei em silêncio durante alguns segundos, ligando informações de terceiros com fatos confirmados. Sebastian havia mencionado uma garota asiática. Jace havia dito que a tal Aline viera de Xangai. Tudo estava meio óbvio.

E a parte do "Ela é uma das únicas pessoas com quem eu gosto de conversar" não soava muito bom para mim. Sem sequer convencer a tal Aline, eu tive vontade de torcer o pescoço dela repetidas vezes. E Jace falava sobre ela como se fosse uma espécie de luz no meio de um labirinto escuro. Isso fez uma dor estranha e nova surgir no meu estômago, fazendo um rubor subir pelo meu pescoço até o meu rosto.

Legal foi tudo que eu falei, depois de um minuto.

E então o que Sebastian dissera sobre eu ficar longe de Jace se não quisesse ser machucada parecia plausível agora porque, diante da simples menção em tom carinhoso de uma outra garota, eu já tinha vontade de gritar. Eu sabia o que era, porém. Eu estava frustrada, e geralmente esse é o pior dos sentimentos.

Clary, eu estive pensando Jace murmurou. Sobre segunda-feira, você sabe...

É, eu sei falei, odiando o rumo daquela conversa por vários motivos diferentes. Eu também estive pensando.

E, antes que eu percebesse, o rosto de Jace estava em frente ao meu, a poucos centímetros. A maior parte de mim queria aproximar o meu também. Eu queria envolver seu pescoço com as mãos para aproximá-lo de mim até que não houvesse mais espaço entre nós, e meus lábios formigavam pelos seus.

Mas a parte mais teimosa e insistente de mim queria esbofeteá-lo, então eu simplesmente fiquei parada por um momento, me perguntando se algum dia Jace pararia de causar aquele efeito sobre mim. Quando eu estava perto dele, ficava dividida entre um milhão de emoções distintas, e isso me deixava confusa. Embora eu gostasse da imprevisibilidade quase sempre havia gostado , sabia que tudo o que faria era causar danos e mais danos.

Então eu virei o rosto, fugindo do contato visual de Jace, de seus olhos dourados que brilhavam demais.

Jace piscou, confuso, e eu já estava arrependida de ter feito aquilo. Que idiota eu era? Nenhuma ruiva sardenta tem direito de virar o rosto para um cara que poderia ter sido uma escultura Renascentista em pessoa. Nenhuma.

Mas... não. Eu estava começando a acreditar que Sebastian estava certo.

Eu acho... Eu acho gaguejei. Acho que você deveria ir, Jace.

Ele abriu e fechou a boca, olhando para o livro sobre o balcão, mas então direcionou o olhar para mim novamente. Eu me permiti encará-lo, perguntando-me se tomara a decisão certa. Acho que eu só precisava... Pensar. Ou bater a cabeça na parede repetidas vezes até recuperar o bom senso.

Tudo bem ele suspirou. Eu... Vou indo começou a se levantar, mas então olhou para mim novamente antes de dizer: Só quero que saiba que, ultimamente... Nem que eu queira, consigo parar de pensar em você.

E então ele saiu, tão rápido que minha mente atordoada não conseguiu assimilar. Ouvi o barulho da porta da frente bater e, em seguida, o ruído da porta lá embaixo.

Suspirei, sozinha na cozinha repentinamente fria e vazia. Afundei o rosto nas mãos, amassando os cachos com os dedos. Eu me sentia uma idiota e, muito baixo, admiti para o puro silêncio:

Eu também, Jace murmurei, sentindo minha garganta queimar. Eu também.


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Notas finais do capítulo

Aposto que vocês estão realmente considerando a ideia de vir aqui me bater, né? e.e Hehe, eu sei. Me desculpem. Mas, olhem pelo lado bom... Bem, na verdade não tem um lado muito bom agora, mas prometo que vai ter.

Ah, e eu tenho duas surpresas para o próximo capítulo, uma agradável e outra desagradável. Aposto que vocês vão ter bastante motivos para jogar pedras em mim depois... Err.

Mas, então, mandem reviews (comentários amigáveis, e não ameaças de morte, pessoal)! Eu não estou conseguindo responder todos, mas sempre os leio, ok? Amo cada um deles