POV Bella
“Conferência nacional contra a Homofobia” realização Universidade de Dartmouth.

O grande cartaz em frente ao hotel anunciava isso em letras garrafais.

Eu estava extremamente arrependida de estar aqui. Quer dizer, não que eu não apoiasse a causa, apoiava totalmente, eu fui uma das elaboradoras do projeto para entregar ao reitor.
Mas... eu estava morta dentro do corpo, extremamente cansada. A noite anterior foi terrível.

Sonho em cima de sonho, um após o outro, quando eu finalmente conseguia cochilar... BAM! O sonho voltava, a diferença é que não foram os sonhos normais, com eles eu já estava acostumada, era mais fácil relaxar e dormir, com aqueles sonhos, mais esses...é exatamente isso.... Os sonhos eróticos. Sim. Eles também voltaram. Na noite anterior... Vamos dizer que eu gostaria que não fosse sonho.

Agora estou no Anfiteatro do Hotel Farewell, durante uma das palestras que eu mais queria ver, com olheiras enormes sob os olhos, depois de uns três copos de café e um Red Bull, tentando, inutilmente, resistir à tentação de dormir ali mesmo, naquela cadeira.

A universidade quase toda estava ali. Tá exagero meu, tinha uma 2500 pessoas ali, mas várias outras já tinham passado por lá e não ficaram para todas as palestras. Mas o pessoal do meu curso estava quase todo.

Meus amigos estavam lá, e eram eles que estavam me mantendo acordada. Cutucando-me, conversando comigo, mas principalmente me acordando quando eu me deixava levar pelo o sono.

Acordei com aplausos dessa vez. A palestra tinha terminado. Aplaudi também sem ter assistido nem 25%. As meninas riam de mim.

- você tá terrível Bella – Alice disse – o que tem tirado seu sono esses meses?

Era hora do almoço, e nos indicaram a um grande salão, cheio de mesas.

- sonhos estranhos – me limitei a responder.

Sentamos numa mesa, depois de servidos, a uns 50 metros da porta.

- eu preciso ir ao banheiro - falei e sai. Não necessariamente isso, eu fui é jogar um pouco de água no rosto, tentar ficar desperta pelos próximos 40 minutos.

Quando voltava a mesa às meninas conversavam animadamente, até o Jacob, ele fazia química na universidade, parecia animado, Angela e Ben não estavam na mesa conosco, estavam com alguns colegas de turma em outra mesa, acenei para eles quando os avistei. Aproximei-me da mesa.

- vocês vão adorá-lo. Ele só vai ficar hoje. Mas se tudo der certo ele se muda pra cá. Ele quer muito me ver.

- quem? Perguntei me sentando.

- meu primo, o ed.

- nosso primo. – Jacob corrigiu. – eu sei que ele não é meu primo de sangue, mas é de consideração. Ele é meu exemplo em vários termos.

- heim?

- pegador... – ele falou com um sorriso malicioso no rosto.

- ainda estou boiando aqui. – falei.

- meu primo está na cidade. E disse que mais tarde vai passar lá em casa pra me ver, eu pensei que a gente deveria sair com ele, mostrar a cidade.

- ele vai ficar conosco? – perguntei enquanto colocava mais um pedaço de camarão na boca.

- não. Claro que não. Ele veio com uns amigos, para um almoço de negócios. Eles estão em um hotel. Mas faz um ou dois anos que eu não o vejo. Ele faz direito.

- se ele ainda estuda com ele veio para um jantar de negócios? – perguntei, não sei de onde veio essa curiosidade toda.

- não entendi ao certo, algo como pagar o último semestre com estágio. E de onde surgiu essa curiosidade dona Isabella, já tá de olho em outro primo meu?

Eu me engasguei na hora – não se pode nem perguntar nada que você já leva na malicia. – eu disse e todos riram. – que mente devassa Alice.

- Blasfêmia sua, minha mente é mais límpida que a água dos Alpes suíços.

Todos riram novamente.

- falando nisso... – ela começou.

-não gosto desse olhar.

- que olhar?- perguntou inocente.

- esse de “Bella eu vou ferrar com você”

- você pensa muito mal de mim mesmo, primeiro eu sou devassa, agora eu só uma vilã de novela das oito.

- diz logo Alice. – resmunguei.

- vamos pra praia com a gente esse fim de semana?

- é....não.

- ah Bella, você foi à praia faz mais de um ano, e nem de biquíni ficou. Você tá mais branca que o gasparzinho.

- nem vem que não tem. Eu tenho muito que fazer e pretendo regular meu sono esse fim de semana.

Alice colocou uma expressão de sofrimento no rosto – Oh, que mal eu fiz pra merecer uma amiga tão desalmada que nem a praia quer ir comigo. Eu não mereço esse destino – ela colocou a mão na testa e se jogou na mesa como se estivesse se acabando de chorar.

Eu ri, ri muito dessa fez – Alice você é impossível. – falei ainda rindo.

- um dia eu consigo – falou se restabelecendo – essa muralha da China um dia vai cair.

Ri novamente. E voltei a comer.

- gente... o que é aquilo tudo? – Rosalie falou com o olhar perdido além de mim, eu a encarei.

- o que foi?

- gente aquilo tudo tá nos encarando? – ela falou e eu me virei.

Demorou exato cinco segundos para eu fixar os olhos em quem ela falava.

- Bella...aquilo tudo tá encarando você? – ela perguntou
E dois segundos para eu reconhecê-lo.

- o meu Deus. – eu falei embasbacada me levantando em seguida.

Ele me encarava com um sorriso deslumbrante. Meu coração bateu como há anos em não sentia. Eu sorri de volta indo a sua direção.

Eu queria ter me contido, ter chegado nele e apertado sua mão, dado um simples oi.

Eu não queria ter feito o que fiz.

Não, eu queria, eu queria muito.

E eu fiz, eu me esqueci do salão cheio dos meus colegas de universidade.

Eu me esqueci de minhas amigas na mesa.

Eu esqueci que não o via há cinco anos e não sabia que reação ele teria.

Eu só me lembrei que era ele, Edward Cullen, ali na minha frente, eu só lembrei-me de querer aplacar aquela saudade.

E num ímpeto, eu apenas o abracei, com muita força, como se ali estivesse toda a minha esperança de vida. E para minha felicidade e para desespero do meu coração ele fez o mesmo.