Porcelain Doll... Or Not? escrita por Apenas Eu


Capítulo 4
Fred e George


Notas iniciais do capítulo

Sim, sim eu sei. Vocês estão querendo a minha cabeça por ter extrapolado meu prazo de novo, mas antes de eu ir ao mundo dos céus, se é que ele existe, me deixem explicar, ok? Eu já tinha o capitulo pronto, tenho até o oitavo, na verdade, mas eu re-li esse capitulo, e odiei. Estava tão mal escrito e fantasioso como se nem tivesse nexo na historia, o que ainda está, somente mais suavizado. As informações escritas neles vão ser importantes para o futuro da fic, todos os capítulos que escrevi até agora são. Não pudia estragar a fic com um capitulo de merda daqueles, então rescrevi de novo. Varias vezes, de varias versões diferentes. Nenhum ainda ficou bom na minha opinião, mas esse é o mais próximo do original que eu pude escrever sem sair fora do contexto da historia, mesmo ele já sendo fora do contexto. Sinto muito, podia ter feito melhor que isso, mas prometo que a história irá melhorar no próximo apesar de ser um pouco mais melancólico que esse.
Não iria nem postar hoje, para falar a verdade, mas pela primeira vez em dias entrei no niah e vi um comentário de uma leitora tão positivo que me fez ficar tão feliz que resolvi postar um hoje. Por isso, mais uma vez sinto minha demora e se tiver erros, lembrando que eu não tenho uma beta, me avisem para que eu possa concertar por favor já que eu não pude o revisar inteiro ainda.

Beijos, boa leitura.



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Durmo em cima do telefone,

São duas da manhã e eu estou sozinho esperando

Me diga, por onde você tem andado?

Eu encontrei um bilhete com outro nome

Você manda um beijo, mas ele simplesmente não parece o mesmo

Porque eu posso sentir que você se foi

Eu não posso morder minha língua para sempre

Enquanto você tenta fazer isso parecer legal

Você pode se esconder atrás da suas histórias

Mas não me faça de idiota

Enfurecida e ignorando a dor, caminho até a saída deste quarto maldito, mas uma coisa me chama a atenção. Um bilhete. Um bilhete rosa cálido com um coração no centro jaz em cima da cama de Harry. Vencida pela curiosidade me aproximo da mesma e imediatamente sinto um perfume feminino forte presente nele. O que será que há ai dentro? Penso curiosa, e logo abro o bilhete que estava dobrado no meio. Quando leio o conteúdo o meu mundo desaba novamente.

Amor, sinto saudades. Quero me encontrar com você novamente, sem a songamonga da Hermione para atrapalhar o nosso amor. Quero sentir seu corpo sobre o meu, sentir seus beijos espalhados pelo meu corpo todo, sentir você dentro de mim. Por favor, se sente a mesma necessidade que eu venha me encontrar na casa dos gritos agora. Estarei esperando por você.

Ansiosamente,

De seu amor e somente seu, G.W

Releio varias vezes o mesmo bilhete, incrédula. Oh, Deus. Meus lábios tremem e meus olhos ardem. Como ele pode, penso tão traída como me sentia. Meu coração se afunda, dói tanto. Por que tem de doer tanto, por que eu ainda me importo com alguém que me causou tanta dor? Por que eu ainda o amo...

Lágrimas caem incontrolavelmente pelo meu rosto. Oh, que raiva era essa que eu sentia? Queria tanto ser sem sentimentos para que toda essa dor e raiva, não dele mas de mim, sumissem. Como pude ser tão idiota ao ponto de acreditar que o grande Harry Potter, o menino que sobreviveu ao não só temido Voldemort varias vezes mas também ao Avada Kedrava, pudesse gostar de uma menina feia, dentuça, traça livros, sem atrativos nenhum e sangue-ruim como eu. Fecho meus punhos, alto aversão cheio de raiva pura corroendo minhas veias como o mais forte veneno já criado. Quero chorar de raiva, quero gritar para o mundo o quão covarde e mentiroso Potter é, quero quebrar tudo dentro deste quarto para ver se esse ódio e rancor não só dele mas de mim somem do meu coração. Mas, não, não farei isso. Farei pior.

Ando cambaleante e com a visão embaçada até o quarto que dividia com a Gina e começo a juntar as minhas coisas. Faço um feitiço de expansão indetectável em minha bolsa de contas que me foi dado com tanto amor pela minha mãe e jogo todas as minhas coisas lá dentro, decidida. Não ficarei mais um dia dentro desta casa depois de tudo. Não mesmo.

Só então percebo o quão dolorido meu corpo ainda está. Mesmo a dor não estando tão forte como estava anteriormente, ainda a sinto corroendo meu corpo. O pior de tudo era que mesmo de longe não se comparava a mais forte ou a mais intensa. Havia tantas dores piores do que a dor em meu corpo que as amortecia, entranhadas em meu coração e mente. Eram tantas feridas abertas para perturbar minha mente.

Solto um suspiro assim que pego todas as minhas coisas e ando até a sala, determinada a ir embora. Tento olhar todos os lugares por onde passo memorizando todos os mínimos detalhes antes de ir embora. Sentiria tantas saudades daquele lugar. Os móveis velhos ainda davam um toque antigo a casa porém não havia um pingo de mofo ou sujeira em lugar algum, tudo era limpo ou arrumado. Tudo dava a sensação de familiaridade e conforto a casa. Era tão bom. Nada havia mudado desde a última vez que o vi, mas ainda sim há algo diferente no lugar.

Meu coração se aperta. É, talvez eu não esteja tão sozinha nesta casa quanto pensei. Sentados no sofá da sala, Fred e George sorriem para mim. Seus sorrisos me confundem. Será que eles sabiam o tempo todo? O sorriso será apenas fingimento? Será que eles os ajudaram? Oh, o quão complicado era isso. Todos aqui eram suspeitos. Não havia confiança. Havia apenas mentiras e verdades.

Olho para eles e tento dar um sorriso. É falho. Os dois me olham estranhamente. Deveria estar um horror para que me olhassem assim: olhos vermelhos, cabelos mais bagunçados que o normal, roupa desalinhada e rosto ainda com resquícios de lágrimas. E quer saber? Eu não me importava. Não queria me importar. Não com eles, não por eles. Com ou por ninguém. Se importar é amar. Amar é sofrer. E eu não queria mais sofrer, a dor já era tanta… Por que mais?

Balanço a cabeça e tento não os olhar mais. Me sentia estranha. Amarga, cheia de raiva e dor. Uma bomba relógio prestes a explodir. Não queria descontar tudo o que passei em alguém que não merecia. Bem, que ainda não deu nenhum indicio de que mereça. Mas quem poderia me culpar o fizesse? Pergunto-me se algum dia isso irá passar, o dia em que nada mais vai importar…

Ando em direção a porta, decidida. Tenho certeza de que se encontra um brilho estranho em meus olhos, não como antes onde eles eram castanho-avelãs leitosos. Era diferente agora. Mais sombrios talvez. Porém antes que possa até mesmo chegar a porta sou segurada não por dois, mas quatro braços fortes. O que...

Me debato o máximo que posso, mas Fred e George juntos são fortes demais. Oh, Merlin. O que fiz para merecer isso?

Calma, Hermione. Use o cérebro que deram a você! Penso tentando ver além da minha fúria incontida, tentando fazer o meu cérebro funcionar.

Paro de me debater e logo sou presa no sofá com magia por dois gêmeos furiosos cheios de hematomas vermelhos. Sorrio maliciosa já que sei que eu os fiz. Bem feito!

– O que querem? – Pergunto tentando ser fria sem nem ao menos olhar em seus olhos. Por que não me deixavam ir embora? Não é como se gostassem ou se importassem comigo de alguma forma… Bufo, contrariada.

– O que será que deu nela, George?

– Não sei, Fred... Será que ela ficou louca? Talvez possa ter sido enfeitiçada.

– Nem fale uma coisa dessa Gêmeo 2... É capaz da mamãe nos matar se alguma coisa acontecer com ela.

– É verdade, mas eu sou o Gêmeo 1, esqueceu? – George suspira e olhando de relance para ele vejo o suor escorrendo pela sua testa. Ele parecia tão tenso, nunca o tinha visto assim antes.– Eu sou muito novo e mais bonito que você para virar panqueca de bruxo tão cedo. Estou preocupado com ela! Será que ela está delirando depois do que aconteceu no banheiro? Acho que deve estar com febre, Fred.

– Não, acho que não – Fred tenta checa minha temperatura, mas eu logo o afasto. Não quero que ele e nem ninguém daquela família toquem em mim. Só quero ir embora, solto o ar pela boca. Será que não podiam entender? Não é como se não soubesse que estou ardendo; sei que estou, porém não de febre. Ah, não. O que me consome agora é o fogo de raiva, rancor e ódio que cresce cada vez mais em meu coração.

Mil coisas se passam pela minha cabeça a cada segundo e desconfianças e descobertas recentes rondam-me onde quer que eu vá. Posso tentar afastar tudo da minha cabeça, mas é em vão... Na verdade, tudo o que eu fiz foi em vão. Tudo o que eu me dediquei foi em vão. Eu sou em vão.

Fico triste com a minha constatação, mas me recupero rapidamente e começo a analisar Fred e George. Uma pergunta fica se repetindo em minha cabeça: o que querem comigo afinal?

Eles estão preocupados comigo, é obvio embora não saiba o porquê. Nunca os vi tão sérios antes. Vincos se formam em suas testas, preocupação é esbanjado em seus olhos, o sorriso e o olhar antes brincalhão e zombeteiro haviam sumido e nunca pareceram mais adultos do que agora – pelo menos para mim. Talvez não tenham nada ver com isso, talvez estejam só tentando me ajudar, talvez… Oh, são tantos talvez. Minha cabeça dá um verdadeiro nó. Será? Há tanto tempo eu não identifico mais o que é verdadeiro ou falso, será essa atitude deles verdadeira? Ou falsa?

Suspiro e antes que possa segurar a minha boca digo:

– Me desculpem meninos – Droga, Hermione! Por que não consegue mais nem segurar a sua língua? Suspiro, de repente sentindo-me cansada demais para falar ou até mesmo se mexer, exausta tanto física quanto mentalmente. A dor volta com mais precisão e, misturado com a exaustão, tudo vira turvo. De repente agradeço aos céus que estou sentada no sofá. Tombo a cabeça para o lado, exausta, e fecho os olhos tentando tirar da minha cabeça tudo o que me deixava mental e sentimentalmente doente.Preciso urgentemente de umas férias, penso cansada.

– Tudo bem, Mione. Não tem problema, apesar de eu estar todo vermelho por sua causa... Qualé, porque me machucou?

– Ah, jura que não sabe? – Pergunto irônica, mas depois sinto uma pontada no coração. Oh, como doía pensar nisso. A melancolia quase depressiva me invade mais uma vez.

Será que eu não fui boa o suficiente? Será que não fui uma boa namorada? Será que sou tão intragável assim? Por isso que ninguém gosta de mim? Coloco a mão em meu rosto, não quero que me vejam em meu momento de fraqueza.

Olho para longe, perdida em meus pensamentos. Por que ele me traiu? Não poderia ter me amado como eu o amava? Essas perguntas são as que mais predominam em meus pensamentos desde aquele bilhete e me ferem do jeito mais doloroso possível. Não sei como explicar essa dor, apenas sinto. Além do que como poderia explicar se nem a diferenciar das várias que parecem ser marcadas a ferro em mim eu consigo? Todas doem, todas machucam, todas ainda são feridas abertas. Ponto final. Claro, sempre há uma que é maior do que a outra ou que está aberta a menos tempo, que ainda arde quando pensamos ou tocamos nela. É uma das quais nós ainda não conseguimos lidar, uma dor que se sobrepõe a todas as outras. Todos tem ou já tiveram uma ferida assim, mas eu não tenho uma, tenho varias.

O bilhete ainda é tinta fresca em minha memória, vívido em mim. Me atormenta desde que li as informações que aquelas letras desenhadas com tinta barata traziam, mas que ainda assim não deixaram de perfurar-me de dentro para fora a cada vez que voltava a minha memória. Tudo o que sinto, toda a dor e amargor impregnados em meu coração é culpa deles. Não. Dele. Maldito seja Harry Potter e o dia em que nasceu. O dia em que tornou-me uma boba apaixonada por seu sorriso, sua pele branca e seus olhos verdes insensíveis mas, oh, tão solitários.

Tudo é culpa dele. Tudo que me fez passar, toda a dor de um coração partido e a dor da traição que ainda continua correndo em minhas veias e deixa um gosto ruim nos lábios é culpa daquele que um dia considerei o epítome da bondade e beleza interior, meu cavaleiro de armadura prateado e salvador dos indefesos, Harry Potter. É minha também, devo admitir a contragosto. Se não tivesse entregado o meu coração em uma bandeja de prata, pronto para ser abatido e esmagado, a esse bastardo mentiroso nada disso teria acontecido. Meu coração estava queimando nas chamas da raiva, mentira e ódio, chamas estas que o meu amado agora ex namorado causou. E todos sabiam, menos eu. Os outros? Só colocaram lenha no fogo. Agora, depois que todo o fogo se apagou, o meu coração está como eu. Negro, envolto de uma grossa camada que cresce a cada segundo de sangue negro representando minha dor, cheio de feridas que não param de sangrar mas que ainda tem chances de sarar depois de anos dedicados a cura, formando cicatrizes que nunca irão sumir. O que eu posso tentar fazer é lutar pela cura com o que dizem ser o remédio mais eficiente para as feridas da alma: o tempo. Se tiver sorte – coisa que eu não tenho – talvez possa sumir quase totalmente algum dia, restando apenas as memórias desses acontecimentos tenebrosos para impedir a cura total. Posso tentar superar, fugir para um lugar calmo e dedicar meus dias a cura do meu coração, mas como se minha mente, corpo e alma não querem? Talvez tenha virado masoquista. Talvez tenha virado louca. Talvez os dois. Dane-se.

Tento não entrecerrar meus olhos. Oh, como sentimentos são tão frustrantes. Nunca sabemos com precisão quando ele muda, quando continua o mesmo e ainda sim é uma doce e amarga ilusão. Sentimentos não se prendem em horários, dias, ou lugares como nós, meros humanos. Não, eles são descontrolados, livres para ir a qualquer lugar e a qualquer hora da maneira que eu nunca fui. Nunca sabemos quando e onde ele se transforma, se oculta de maneira que até mesmo nós não o encontramos ou simplesmente nos abandona deixando apenas a doce lembrança de sua presença. Misteriosos, complicados e ainda sim tão simplórios.

Nunca se sabe quando e onde uma doce e singela amizade se transforma em amor. Não se sabe também quando e onde uma pessoa tão boa e pura vira má e obsessiva. Muito menos se sabe quando e onde uma amizade de longa data vai embora só deixando rastros de ódio e rancor. Já para não falar que é quase impossível saber quando e onde um amor – que na verdade não é amor, e sim paixão – acaba restando apenas a memória dos doces dias vividos. Mas isso acontece desde o começo dos tempos. Claro, há suas exceções. Poucas, mas há. Todos já passaram pelas armadilhas que são os sentimentos, mas as mais perigosas são o amor e a paixão. Oh, sim. A paixão. Tão sorrateira, chega de mansinho e vai te conquistando aos poucos sem nem perceber. Quando vê já é tarde demais, não há escapatória, só basta aceitar. Quando reciproco, é indescritível no começo, um sonho realizado, cheio de pôneis e arco-íris e seu cantor preferido tocando apenas para você. Mas depois a relação começa a ficar fria e distante, tudo vai de mal a pior e mesmo tentando se iludir que tudo irá ficar bem, nada fica. Quando você vê já está sozinho nesse infinito de dor, tentando juntar de novo os pedaços do seu coração. Esse foi o meu caso. Não é pior dos vários que já ouvi pelas ruas. Não estou grávida, não fui abandonada pelo meu namorado por um sms e não fui expulsa de casa pelos meus pais como foi o caso de uma amiga trouxa. Não tive um namorado bandido que depois da fase ‘‘lua de mel’’ começou a me bater todos os dias, me trair na minha frente todo o fim de semana e me tratar como uma escrava. Nada disso aconteceu comigo, então por que ainda assim dói?

Saboreio o gosto amargo em minha boca e passo a língua por meus lábios ressecados e quebradiços. Meu coração dá uma pontada e meus olhos se enchem de lágrimas. Esqueço que estou numa sala acompanhada de duas pessoas e todo o resto, menos, é claro, da dor que estava me invadindo cada vez mais. Não conseguindo evitar mesmo já tendo percebido que chorei demais por que não merece, choro incontrolavelmente. Minha cabeça em algum momento do choro compulsivo vai parar no colo de alguém enquanto uma mão acaricia meus cabelos, De alguma forma fico feliz, talvez, e apenas talvez, eles sejam quem parecem ser. Talvez, pelos menos com eles, não há mentiras para me magoar depois, apenas a uma verdade segura. E talvez conforto. Oh, como precisei desse conforto que estão me dando um tempo atrás quando estava tendo todas aquelas descobertas de uma só vez. Quem diria que eu iria encontrá-lo justamente nos braços dos gemêos Weasley, não que eu esteja reclamando, é claro. Pelo contrário até, me aconchego mais em seu colo, seja ele qual gêmeo for.

Assim que as lágrimas se tornam escassas depois de não sei quanto tempo, em vez de me sentir cansada como a maioria das pessoas normais, me sinto revigorada. Minhas forças se renovam, sinto que posso seguir em frente e fazer qualquer coisa sem ter que, por exemplo, desmaiar no meio rua. Talvez mesmo que me custe a admitir não seja só pelo choro, talvez também seja porque agora sei que não estou tão sozinha quanto eu pensei. O talvez pode não ser um talvez. Talvez seja a realidade. Ah, são tantos talvez.

Sorriu para o nada inconscientemente e depois para Fred e George que me consolaram. Assim que me sinto em condições mentais melhores do que antes levanto a cabeça cautelosamente. Percebo que estou no colo de Fred pela pinta negra que tem no lado direito inferior do pescoço e os cabelos ruivos quase impercetivelmente maiores do que George. George, ao seu lado, acaricia meus cabelos enquanto sorri suavemente, perdido em seus pensamentos. Tão acolhedores, não poderia ser essa atitude apenas fingimento. Não quando dava para sentir o amor transbordando de dentro deles, verdadeiro, forte, protetor e sem fim. Sorrio, admito que um pouco emocionada, e levanto com tudo, abraçando apertado os dois ao mesmo tempo. Eles sorriem para mim, não um sorriso qualquer mas um verdadeiramente genuíno. Me sinto feliz momentaneamente com seus sorrisos, porém vejo que estão preocupados.

– O que foi que aconteceu, Mione? Nunca te vi assim chorar, sempre foi tão forte, mesmo nas piores situações. Algo grave deve ter acontecido, quer contar para gente? Olha, se não quiser contar, tudo bem. Quer dizer, não, nada tá bem! Eu, assim como o George, podemos te ajudar se deixar. O que aconteceu? – Fred bagunça os seus cabelos mais do que já estavam antes e franze o cenho como se fosse difícil falar o que viria a seguir. – É... Olha, eu sei que nós nunca fomos muito próximos, mas eu sempre tive uma grande consideração por você. Você é para mim como uma irmãzinha mais nova que precisa ser protegida. Sempre tive uma ligação de irmã com você que eu não sei explicar. E bom... Sempre te afastaram da gente, mas... – Fred tagarelava meio embolado, nervoso e preocupado, mas eu o interrompi com uma gargalhada. Nossa, parecia que a décadas não ria, muito menos gargalhava. Foi uma doce sinfonia para meus ouvidos. Era tão bom ouvir esse som tão contagiante que, quando olho as expressões faciais idênticas de Fred e George, acabo rindo mais. Eles me olhavam com cara tão hilária de ‘‘ será que ela está chapada e não nos contou?’’ que não consigo mais parar de rir. Coloco a mão na minha barriga, que dói de tanto rir e tento parar, mas não consigo.

– A cara de vocês estão hilarias – Rio mais um pouquinho com os meus olhos lacrimejando a cada meio segundo pelo riso.

– Deviam se olhar no espelho – Falo mais calma, limpando os resquícios de lágrimas que ainda restavam do riso e de todo o resto, com a minha barriga doendo pela gargalhada. Eles se entreolham e me prendem novamente no sofá com magia. O que eles estão fazendo?

– Merlin, tire esse espírito malvado de dentro do corpo da Mione. Ela não é merecedora disso, senhor! Santificado seja a vossa calça listrada, com o amor do pai, do filho, e do poder do espírito… É santo é? Não, não… Bom, isso, bom – George fala balançando minha cabeça como se estivesse tento um ataque epilético. Ele, assim como Fred, olha para mim com expectativa, mas ela logo se esvai – É, não funcionou. Sai coisa ruim... Deixa a nossa Hemione em paz! Se você sair desse corpo eu te arrumo um novinho de uma gostosa da Corvinal, é sério, mas sai deste corpo que não te pertence, coisa feia! – Eu começo a rir de novo do jeito desesperado que George fala. Só eles mesmo para me fazerem esquecerem tudo, são realmente bons amigos. Sorrio mais uma vez.

– Eu sou eu, George, está tudo bem comigo. Ninguém me possuiu – Rio de novo – Nossa, parece que não rio assim a milênios desde… Bem... – Meu sorriso cai quando repasso o que aconteceu no dia de hoje. Os gêmeos, que parecem conversar pelo olhar, se sentam do meu lado e me lançam novamente um olhar inquisidor. Poderia eu realmente confiar neles?

– Hey, pode confiar na gente. Somos seus amigos, sempre vamos estar ao seu lado. É uma promessa, ok? – Eles falam ao mesmo tempo, segurando cada uma das minhas mãos. Arqueio a sobrancelha para os dois. Como eles conseguem falar ao mesmo tempo? Será que são legilimens? Se não, como eles leram o meu pensamento?

– Tudo bem... – Respiro fundo tentando me acalmar para a contar minha infeliz história, e, ignorando a dor de relembrar tudo aquilo mais uma vez, conto tudo o que aconteceu durante todos esses anos e, principalmente, o que aconteceu hoje – ocultando algumas partes sem significância, é claro, como o sonho estranho do homem sem rosto que dormiu e sussurrou coisas em meus ouvidos por exemplo. Eles me ouvem atentamente; suas expressões se tornam cada vez mais duras, indignadas para dizer a verdade, a cada palavra dita por mim. Quando termino de contar toda a historia suas expressões são incompreensíveis, duras como pedra.

– Eu não acredito que esses filhos de uma... – Fred diz, seus olhos estão num tom azul escuro quase violeta em vez de azul céu como sempre foram, imediatamente sei o que ele está sentindo. Ódio, raiva, decepção e... Traição. Por que traição?

– Calma Fred, não xingue a nossa mãe. Ela não tem nada a ver com isso. Ah, mas eles vão pagar por isso, Hermione. Vão pagar por tudo o que fizeram com você. Ah, se vão... – George fala tentando acalmar o irmão, que está andando de um lado para o outro na sala com um olhar perdido falando coisas sem nexo e sentido. Olho para George e imediatamente sei que ele esta sentindo o mesmo que o Fred, mas dá para ver em seus olhos que a traição é a sensação que mais predomina nele. O que estão me escondendo?

– O que eles prometeram a vocês... Vamos, me contem. – Eu falo fria como um cubo de gelo assim que a ficha cai. Ah, como sou idiota. A traição que eles sentem não é por nada, obviamente. Como pude acreditar que… Que... Solto um suspiro. Nem sei mais no que acreditar ou pensar, como chegou a esse ponto? Fred finalmente se acalma e senta-se novamente a meu lado no sofá. Os dois olham para a sola dos pés aparentemente envergonhados e, quando eu penso que não irão falar mais nada, Fred levanta a cabeça de repente e sussurra:

– Nos desculpe, Mione. Nós realmente queríamos te proteger, mas pelo visto a minha tentativa não deu muito certo. Eu queria... E-eu realmente queria... Eu prometi... Ele nos prometeu, deu a palavra dele... Que idiota eu sou. Ele me fez de idiota. Eu, eu, eu… Arg! – Fred dá um soco na mesinha que estava a nossa frente e puxa os seus cabelos mais de uma vez, desiludido. Franzo o cenho. O que ele quer dizer com isso? Como assim me proteger?

– Como assim me proteger, Fred? O que vocês fizeram? Vamos, me explique... – Falei, mas quem respondeu minha pergunta não foi o Fred, e sim o George.

– Por favor nos deixe explicar até o final, depois você fala, tudo bem? – Ele falou parecendo tão acabado quanto Fred ou até mesmo eu. Não pude negar a ele este pedido, então apenas acenei com a cabeça em sinal de concordância. Sentado do meu lado, aperta a minha mão. – Hermione, há muito tempo, mesmo que você não esteja lembrada agora, nós nos conhecemos. Eu e o Fred quando crianças fugimos de casa por uma semana e fomos parar no mundo trouxa.

‘‘ Não sei como fomos parar no mundo trouxa, é verdade, apenas aconteceu. Fugimos de casa na calada da noite... Não me pergunte o porquê, tudo bem? Até hoje eu não sei o que deu na gente para fugir de casa... Loucura? Ou alguma coisa sobrenatural? Talvez...

Perdidos e sem nenhuma noção de como voltar para casa após a fuga, andamos sem rumo pelas ruas bruxas, até encontrar um muro falso que nos levou para um lugar estranho e totalmente desconhecido por nós dois. Era tudo tão estranho, tão... Trouxa. Quando a ficha finalmente caiu eu gritei para o Fred ‘‘ Acho que a gente se meteu numa furada bem grande... Aqui é o mundo trouxa seu tapado!’’. Ele, como o idiota que é, me convenceu a procurar algum bruxo naquela cidadezinha pequena. Eu sabia que era melhor voltar para o muro, mas acabei aceitando a ideia de Fred. Andamos pelas ruas trouxas atrás de algum bruxo que pudesse nos fornecer alguma ajuda, mas não achamos nenhum. No final estávamos mais perdidos do que antes e agora sem saber como voltar até o muro que nos trouxe para cá. Estávamos ferrados, mas ainda sim continuamos a andar por aquelas ruas vazias, até parar num beco escuro e fedido. Já estava bastante escuro e as estrelas estavam em seu auge no céu, devia ser uma da manhã a essa hora, estávamos perdidos, em lugar totalmente diferente do nosso cotidiano, com medo, com frio, com fome...E, pelo amor de Merlin, éramos duas crianças na época. É, estávamos no fundo do poço e eu não sabia, mas estava para piorar ainda mais.

Logo fomos encurralados por cinco pessoas sujas e maltrapilhas, com olhos maliciosos e cheios de má índole. Quando pensei que iria virar panqueca de George vi uma luz no fundo, atrás daquele pessoal sujo e fedido a bebida que estava nos encurralando. Era linda, brilhante, pura. E eu não sei porque, mas me senti impelido a ir atrás dela. Quando virei para o Fred e vi que ele estava do mesmo jeito que eu, fizemos a conexão de gêmeos. Conseguimos conversar pelo olhar tão bem que logo já sabíamos o que tínhamos que fazer. A gente passou por entre as pernas dos bêbados que já estavam cambaleantes demais para nos seguir e fomos atrás da luz misteriosa que parecia chamar os nossos nomes a cada segundo. Era hipnotizante e puro, eu me senti bem seguindo ela, assim como Fred também. Seguimos a luz até uma pequena praça onde ela, tão de repente como apareceu, sumiu.

Nós começamos a procurar aquela tal luz estranha que nos levou até lá, mas só o que achamos foi uma linda garotinha de mais ou menos três ou quatro anos, de cabelos cacheados volumosos e lindos olhos castanhos avelã brincando em um balanço, conversando com alguém que era invisível para nós. Essa pequena garotinha era você, Hermione. Assim que você nos viu, sorrio para nós e nos convidou para sentar no balanço ao lado – sendo que você estava no do meio. Foi amizade a primeira vista.

Assim que nos sentamos no balanço ao lado, você disse que estava esperando por nós dois. Eu estranhei, não é todo dia que uma garotinha desconhecida fica esperando nós dois numa praça abandonada no meio da madrugada afinal. Mal eu sabia que você tinha mais surpresas para nós dois. Você sabia os nossos nomes, sabia que nós viríamos, sabia o horário em que nós nos encontraríamos, sabia que nós estávamos perdidos e sabia até que nós éramos bruxos. Você sabia de tudo, mas como? Eu estava tão confuso, mas você apenas sorrio angelicalmente para a minha cara de confuso e nos disse:‘‘ Foi o meu anjinho protetor que me contou’’. E então sorrio novamente como se soubesse mais do que a gente – sorriso esse que encantou tanto a mim quando ao Fred – e nos levou para a sua casa.’’

– Uma luz desconhecida guiou vocês, sério? Tem certeza que era eu, George? Poderia ter sido qualquer um, eu me lembraria se tivesse levado dois ruivinhos danados para casa mesmo tendo quatro anos. Quer dizer, eu acho que lembraria. Para falar a verdade eu não lembro de nada da minha infância até os dez anos, meus pais dizem que é porque eu cai da escada, bati a cabeça e perdi a memória. Mas mesmo assim eu teria lembrado se visse o rosto de vocês assim como aconteceu com todos que conheci. Vocês não são tão fáceis de esquecer, mas ainda sim eu não lembro. – Era verdade. A minha vida até os dez anos é um branco para mim, a minha primeira lembrança foi de acordar internada no hospital com os meus pais do meu lado cheio de lágrimas e abraçados entre si, dando graças a Deus. Segundo eles, eu estava brincando de correr com a Karen, minha melhor amiga na época, e não vi a escada então dei de encontro com ela e cai de cabeça na escada. Apaguei na hora e entrei em coma devido a queda. Muitos diziam que eu não iria acordar mais devido a gravidade da situação e tive que passar um mês no hospital em coma, mas por fim consegui acordar. Porém, por causa da gravidade da queda, tive sequelas e acabei perdendo minhas memórias. Até hoje há coisas da qual ainda não lembro, mas todos nos quais olhei no rosto lembrei não demorou nem uma semana. Meus pais ficaram tão orgulhosos, disseram que eu era um milagre. Mas até hoje quando tento lembrar daquela época minha cabeça dói e acabo vendo apenas o vazio, até desisti. Doía muito tentar lembrar e me deixava exausta por dias, pensei na época que ainda iria ter muitas memórias e lembranças, não era como se minha infância fosse o auge da minha vida e fizesse falta. Apenas deixei para lá então.

Fred e George se entreolharam cheio de perguntas não respondidas e suposições, era como se estivessem conversando pelo olhar de novo. George sorriu para mim assim que a conversa mental acabou, o que me deixou mais curiosa.

– Podemos continuar?

Eu acenei, dizendo sim.

– Onde eu parei? Ah sim… Continuando...

‘‘Não sei como, mas você deu um jeito de nos esconder na sua casa sem que ninguém soubesse... Rá! Me lembro das nossas palhaçadas em conjunto, aprontamos muito com os seus pais. Eles nem sabiam quem nós éramos e pensavam que a casa era mal-assombrada. Teve uma vez que Fred e eu, que estávamos escondidos no alto da escada, utilizamos magia involuntária porque estávamos bravos com seus pais por gritarem com você e a fazerem chorar, todos os móveis começaram a voar e a luz começou a piscar. Eles começaram a gritar tanto que pareciam duas almas penadas e fugiram pela porta da frente deixando você sozinha, só voltaram no outro dia. Teve outra vez que… Acho que estou me desviando da história, não é? Continuando...

Você agia de um jeito... Diferente, Mione. Todo o dia você se sentava no seu quarto e ficava conversando com alguém que, para nós, não existia ou era coisa da sua imaginação. Mas com o passar do tempo, nós começamos a acreditar. Era inacreditável como você sabia das coisas antes mesmo de acontecer ou de nós te contarmos, você sempre dizia ‘‘foi o meu anjinho protetor que me contou’’. Como você sabia? Era uma coisa tão sem explicação ou lógica. Preferimos parar de bater a cabeça e acreditar no que você dizia então.

Com o passar do tempo começamos a sentir saudade de casa, da mamãe, do pai, dos meus irmãos, e você percebia isso. Ficava triste junto com a gente. Você diminuiu o tempo que falava com o seu ‘‘anjo protetor’’, ficou mais calada, mais triste e quando a gente perguntava o porquê você dizia ‘‘ quando chegar a hora certa vocês vão saber’’.

Certa noite, quando estávamos nos preparando para ir dormir, uma semana e meia depois, aquela luz estranha apareceu novamente, brilhando agora mais do que nunca dentro daquele quarto. Eu fiquei com medo, obviamente. Para onde ela iria me levar agora,perguntei cheio de sarcasmo a mim mesmo.

Você, que já estava dormindo a essa hora, se levantou da cama rapidamente e sorriu para a luz. Eu não entendi porque tinha sorrido, mas logo tudo se encaixou quando você chegou mais perto do mesmo e o chamou de ‘‘meu anjo protetor’’. Ele nos levou para lá e fez com que nós nos conhecêssemos, essa não era uma pergunta e sim uma afirmação, mas por quê?

A luz começou a tomar formas de um homem alto, mas sem rosto... Só formas. Você nos falou que era para seguir a luz novamente, que ela iria nos proteger e nos levar para casa, mas que iria sentir a nossa falta. Essa foi a nossa despedida, Mione. E desde ai você se tornou a minha irmãzinha do coração que eu faria de tudo para proteger... Ah, como eu queria ver você de novo depois disso, mas como?’’ – George falou com um olhar perdido, emocionado. Já eu estava zonza com a quantidade de informações que tinha recebido até agora. Era verdade então, já tínhamos nos conhecido. Mas como?

– E-Eu não posso acreditar, George! É fantasioso demais, mesmo para o mundo mágico. É loucura, não pode ser real. – Eu falei, quase histérica.

– Nós podemos provar, Hermione – Ele assim como Fred tiraram o sapato e mostraram a mesma marca no formato de estrela que tinham abaixo do tornozelo esquerdo. Arregalei os olhos. Como eles tinham a mesma marca que eu? Tirei meu sapato também e vi o mesmo sinal que os dois. Oh, Merlin. Que confusão!

– Ganhamos essa marca porque éramos idiotas naquela época – Fred riu, os olhos cheios de emoção. – Nós três queríamos ser irmãos, não só de coração mas de sangue, e você disse que irmãos de sangue tem que ter um sinal igual no mesmo lugar como eu e George temos em um lugar muito indecente para seus nobres ouvidos puros. Nós dois concordamos, então você pegou um pingente de aço em forma de coração que tinha ganhado de aniversário e falou ‘‘Tenho uma ideia!!’’ pulando que nem um canguru doido. Puxou a gente para cozinha e colocou o pingente no fogo, assim que ele esquentou o suficiente você nos marcou bem de baixo do tornozelo esquerdo. Então, desde aquele dia somos irmãos. – Ele sorriu para mim que estava boquiaberta.

– E-eu nem sei o que falar… Pelas calças de Merlin! – Estava sem palavras. O que aquele acidente tinha me levado a mais? Talvez, se ele não tivesse acontecido, em vez de ser ‘‘amiga’’ deles, poderia ser dos gêmeos. Poderia ser brincalhona e marota também. Apesar de todas as detenções e confusões que me meteria, poderia ser feliz.

– Posso continuar?

– Ainda tem mais? Quer dizer, já não basta? – É muita informação para uma pessoa só em um dia. Merlin, nem mesmo em um mês poderia absorver toda essa informação sem minha mente ter que parar temporariamente no final. Nada se encaixava ou tinha nexo, oh, tudo era tão confuso.

– Tem Mione, quer continuar a ouvir? Eu posso parar e continuar amanhã depois de um bom descanso se quiser e…

– Não, tudo bem, continua.

Oh, santo Merlin. Haja coração...

– A luz estranha nos guiou direto para o muro e depois para a nossa casa. Nós a seguíamos, o que mais poderíamos fazer, ficar perdido naquelas ruas escuras novamente? Nunca. Quando encontramos nossa casa ficamos imensamente felizes, foi uma festa para todos com a nossa volta. Foi uma surpresa que todos, até mesmo Percy, sentiram a nossa falta… A mamãe até esqueceu de nos colocar de castigo de tanta felicidade em nos ver, mas eu sentia que faltava alguma coisa importante, George sentia-se da mesma maneira também. Sentíamos saudades, Você era o que faltava naquela festa.

‘‘Toda a noite, tanto eu quando o George, sonhávamos com a mesma luz estranha que nos trouxe de volta para casa, como o chamava? Ah, sim, de seu anjo protetor. Toda a noite eu o ouvia dizer as mesmas palavras: ‘‘ Sei que sente saudade, mas o destino é mais misterioso do que você sonha em pensar. Há mistérios em volta de tudo, inclusive vocês... O reencontro entre vocês está próximo, mas devo avisar que há perigos a espreita. Peço que cuide bem do meu anjinho, Fred, conto com você’’. Eu sempre respondia com a mesma resposta. A promessa de que não iria o decepcionar, que iria te proteger. Em seu tom de voz dava para perceber o sorriso enorme, depois sumia como num passe de mágica me deixando em um breu de escuridão.

Era estranho. Sempre o mesmo sonho, nunca mudando, mas eu gostava deles porque matava, pelo menos um pouco, a saudade que sentia de você. Só de pensar que eu poderia ver novamente a minha irmãzinha de coração ficava sorrindo feliz e esperançoso com a ideia... Não sei por quê, Mione, mas sinto que nós, tanto eu quanto o meu irmão, temos uma ligação especial com você. É inacreditável, mas desde que os sonhos começaram alguma coisa aconteceu com a gente. Não me pergunte o que é, não posso lhe responder essa pergunta por enquanto, saberá na hora exata...

Sabe quando você sente que é o seu destino proteger aquela pessoa? Era assim que eu e George nos sentíamos em relação a você. Mas, como era bom demais para ser verdade, de repente, como começou, terminou. Os sonhos pararam de ocorrer e eu comecei a me esquecer de você com o passar do tempo, mas uma coisa não mudou: a saudade, mesmo esquecendo de quem especificamente, que eu sentia daquela aquela garotinha que eu conheci na praça, e sei que meu gêmeo imperfeito também sentia-se da mesma forma que eu.

Quem será essa pessoa que me faz tanta falta, eu perguntava-me para explicar esse vazio dolorido que existia em meu coração toda a noite, até que finalmente nos reencontramos.

Quando vi você pela primeira vez, ao lado de Rony e Harry, imediatamente as lembranças daqueles dias que passamos juntos e o sonho voltaram. De repente já sabia lá do fundo do meu peito que era você a garotinha que eu encontrei a tantos anos atrás e que sentia tanta falta. George e eu ficamos tão felizes de ter a nossa Hermione de volta que nem sabíamos como agir perto de você.

Nós ficamos por dias tentando fazer uma abordagem sutil, tentando chamar a sua atenção, mas você ficava sempre tão grudada naquele dois idiotas que nem dava a chance de nós nos reaproximarmos de você. Até mesmo quando conseguíamos ter pelo menos a sua atenção eles davam um jeito de nos separar. No fim, depois de varias tentativas falhas, desiludidos e com uma saudade enorme de ter você só para gente, decidimos te proteger de longe. Pelo menos você estaria bem e feliz, e era isso que importava para nós dois, por mais que doesse.

Ficamos te protegendo às escuras por muito tempo, sempre de longe já que não conseguíamos chegar perto de você, sempre a espreita, procurando qualquer sinal de que alguém que queria lhe machucar. Até que... Bem... Noticias se espalham não é, Hermione? Eu não sei quem espalhou tal fofoca, mas logo o colégio todo comentava que você era um fantoche sem personalidade, segundo as línguas mais ferinas, usada por aqueles dois babacas. Todos na escola comentavam sobre você, era a ‘‘fofoca do século’’, como as meninas fofoqueiras se referiam a você. Usamos tantas azarações e brincadeiras em qualquer um que falasse mal de você naquele ano que vivíamos de detenção, não que servisse para nos fazer arrependidos de qualquer forma.

Nós fomos tão ingênuos, tão idiotas! Arg... Não sabíamos se esse boato era verdadeiro, quando fomos tirar a limpo sobre esse assunto com Harry, Rony e até mesmo Gina nos disseram que eram puramente falsos, fofocas de tal mal gosto que garantiriam eles mesmos sumiriam, me prometeram de pés juntos que tudo não passava de um terrível mal entendido. Tanto eu como meu gêmeo imperfeito acreditamos. Não pude acreditar que meus próprios irmãos mentiriam para mim. Ah, como estava errado em acreditar.

A cada ano que se passava os boatos pioravam, você passou a ser motivo de chacota em toda a Hogwarts. Nós tentamos te defender, fazíamos questão de exterminar qualquer boato que houvesse sobre você com brincadeiras pesadas direcionadas a todos os alunos que caçoavam ou que riam pelas suas costas. Quebramos tantas vezes a cara do Malfoy por te chamar de Sangue-Ruim que até perdi a conta. Por que você acha que eu e George sempre íamos parar na sala do diretor, hum?

Eu realmente acreditei naqueles, naqueles... Arg! Não consigo nem achar um xingamento adequado para eles. Eu estou me sentindo tão mal com tudo isso. Falhei com você, falhei com a minha missão de te proteger, falhei comigo mesmo. Eu fui traído, não tanto quanto você, é claro, mas eu fui. Olha... Não sabe como eu estou arrependido de ter acreditado na palavra daqueles três, me desculp...’’ – Ele não pode terminar a sua frase. Me joguei sobre ele e dei um abraço de urso no mesmo. Finalmente, eu estava em casa.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, eu sei. Uma merda, já sei. Mas pelo menos ele explica um pouco do mistério que envolve Hermione Jean Granger, se vocês forem espertos o suficiente para verem isso. O problema é, nada é o que parece. Lembrem-se disso. Espero comentários, ok?
Bem, como fui uma vadia sem alma com meus leitores que ficaram esperando todo esse tempo por um novo capitulo, vou quebrar o galho e fazer uma previa a vocês:

''Olho para a porta, pensativa. Tudo o que estava entre mim e aquela porta somente eram alguns degraus feitos de madeira escura, agora podre, assim como a maioria da casa. Tentando aguçar minha visão, vejo algo diferente. Que estranho! Por que a Casa dos Gritos tem um aura cinza em volta de si? Será algum feitiço?
Franzindo o cenho, fecho os olhos, tentando sentir em vez de olhar o diferencial daquela casa mal-assombrada. Sinto algo adentrando meus poros lentamente e me regozijando por dentro. Magia, percebo logo de cara. Mas não qualquer magia, esta é diferente, especial. Sinto o seu poder e é maior do que tudo que já senti antes. Fico surpresa com a minha constatação, mas não posso evitar de ficar encantada. É tão forte, tão bruta e pura, tão amedrontadora, tão única. A casa exalava magia, mas, pelo que eu podia sentir, não era própria. A magia que está exalando da casa é algo que vem de dentro, não de qualquer pessoa, mas vinda de algum objeto para mim ainda desconhecido. Não é como nada que eu conheça, e isso me assusta. Seu poder é enorme, posso sentir de longe, o que poderia fazer este objeto em mãos erradas? Sem pensar, assustada por tamanha magia, dou um passo para trás. Então, de repente, a imagem de um pequeno colar toma forma em minha mente.
**************************************************************************
Sentia um misto de sentimentos. Desprezo. Raiva. Decepção. Ódio. Rancor. Era um paradoxo imperfeito. E de repente eu não me importava mais. Eles já tinham me levado tudo, o que mais poderiam fazer?
E, sem perceber, todos os resquícios de bons sentimentos por eles que eu ainda sentia, mesmo não querendo, simplesmente sumiram, dando lugar a algo mais forte.
Eu iria me reerguer. Iria sair desse poço sem fundo. Iria conseguir o que este paradoxo pede desesperadamente: Vingança.
E aqui, uma nova Hermione Granger surgiu.
– Sectumsempra.''

Até o próximo capitulo amores, espero postar quarta feira ou quinta já que percebi que esse irá ser um dos maiores capítulos da história. Jesus, quanto trabalho! Vou ter que começar a mudar algumas coisas e o ajeitar logo, beijo meus queridos leitores. Espero realmente comentários.
Apenas Eu.