POV. Steve Rogers

Estávamos todos esperando por Simmons e os prisioneiros depois que ela desse a notícia para enfim irmos atrás desse estranho doutor (n/a: trocadilho horrível '-' desculpem a lerdeza). Eu não tinha certeza se estava fazendo algo certo ou seguro, mas queria acreditar que colocando minha fé em Jemma tudo daria certo.

Enquanto aguardávamos todos, eu observava Natasha, que estava ao meu lado. Olhando-a por completo agora, de cima a baixo, foi deixado claro para mim que eu tinha a maior sorte do mundo em ter aquela mulher carregando o meu filho. Sempre quis ter uma família, desde a década de 40, quando eu ainda não era o Capitão América. Perceber o quão perto eu estou de ter essa realidade junto de Natasha me deixa extasiado.

Mas eu continuo incomodado com o fato de ela estar aqui, lutando do nosso lado. Eu não estou 100% seguro de que deixá-la combater com um bebê na barriga é uma coisa boa ainda. Óbvio que Natasha jamais iria deixar que eu a tirasse da batalha, portanto, eu preciso confiar nela, acreditar nela, ela sabe se virar sozinha. E preciso acreditar em mim também. Eu não vou deixar nada acontecer a ela, nem ao meu filho.

Natasha percebe que eu a estava encarando e me fita, levantando a sobrancelha com um olhar questionador. Eu sinto minhas bochechas queimarem e desvio o olhar. Isso me faz perceber uma coisa.

Era incrível o fato de que, mesmo depois de tudo, Natasha tinha a capacidade de me deixar extremamente sem graça. Qualquer coisinha e eu já estou enrubescendo ao seu lado. Mas, talvez, isso fosse esperado. Quer dizer, é só olhar para essa mulher.

Eu não tinha certeza se merecia (ou se conseguia lidar com) uma mulher dessas, considerada por muitos um verdadeiro mulherão, em todos os sentidos. Natasha é uma mulher extrema e facilmente desejada/desejável, em todos os aspectos possíveis, além de ter uma garra e um punho firme que eu não sabia se conseguiria ter. Hum, engraçado. Mesmo esperando um filho meu, Natasha ainda conseguia me deixar inseguro. Eu tinha medo de perdê-la, afinal.

– Steve!– Escuto no ponto eletrônico; era a voz de Simmons - Steve, estamos sendo atacados! A invasão de Ultron começou, ele está atacando a sala em que os prisioneiros estão!– Ela ofegava e tentava falar baixo. Acho que ela ainda estava no local onde Ultron se encontrava e fazia de tudo para não chamar a atenção dele.

POV. Natasha Romanoff

– Simmons, sai daí agora, está me ouvindo? Agora! - Fala Steve no ponto eletrônico - Fomos enganados. A invasão de Ultron começou. Eu quero que vocês se dividam: Thor, Banner, Coulson, Stark e Fury, vocês vão para a sala em que os prisioneiros estão, o ataque está surgindo de lá. Nat, Barton, Sam, Hill, May e Trip, vocês vão para o saguão caso a Legião de Ultron apareça por aquelas bandas. Fitz, vá para os quartos e procure qualquer informação que possa nos ajudar, eu irei mandar Simmons para lá num instante. Eu e Skye iremos para a oficina.

Eu não gostei nem um pouco da ideia de Steve ficar sozinho com outro alvo de Ultron. Isso faz com que o risco seja duplo. Sei que ele não vai me ouvir dessa vez, já que é quase tão teimoso quanto eu, então não digo nada.

De qualquer forma, os times que foram divididos foram cada um para sua posição. Estávamos quase chegando ao saguão, todos nós correndo com afinco, quando algo me fez parar.

Antes, quando conversava com Clint, eu sentira apenas uma pontada na barriga, nada que realmente fosse preocupante ao meu ver. Mas agora eu tinha sentido tamanha dor ao ponto de vacilar e cair, ofegante. Era como se minha barriga tivesse sido esmagada de uma vez só.

Clint, que estava correndo atrás de mim, se deteve imediatamente e se abaixou ao meu lado. Seus olhos demonstravam uma preocupação sincera.

– Nat, está tudo bem? O que houve? - Perguntou ele. Eu senti uma gota de suor escorrer na minha testa, mas sorri.

– Eu... Eu senti o bebê chutar. - Falei, passando uma incredulidade feliz na voz de forma impressionantemente convincente - Ele chutou. Mas... Mas agora não é hora. Temos um robô para pegar. - Clint assentiu e me ajudou a levantar.

Me senti culpada pelo o que disse, pelo modo que Clint me olhou quando eu disse que o bebê tinha chutado. Nos olhos dele eu vi uma mescla de felicidade e pesar, tristeza. Alegria por eu estar feliz e tristeza por ainda sentir algo por mim. Ele não merecia uma mentira dessas.

Voltamos a correr para o saguão, mas eu tomo mais cuidado. Corria mais devagar e, por instinto, segurava a minha barriga. Sinceramente, eu estava com medo. Não por Ultron nem nada do tipo, mas por esse serzinho dentro de mim. Não é normal eu sentir dores tão extremas, não é natural numa gravidez. Estava aterrorizada com o que isso podia significar agora, como isso podia afetar o bebê. Essa perspectiva, esse medo de acontecer algo ruim com meu filho...

Meu filho. É estranho dizer isso. Meu filho. Incrível como essas palavras fluem tão facilmente agora. Como eu posso estar quase gostando dessas palavras. Meu filho...

De qualquer forma, questão é que esse medo de acontecer algo com essa criança pode ter muito mais significado do que eu imagino. Se eu tivesse tempo para pensar nisso agora, diria que isso se trata da minha exclusão de dúvidas sobre o que sinto sobre esse bebê.

Chegamos no saguão. Não havia nada. Ouvimos Stark falar no ponto eletrônico:

– Acabamos de tirar os prisioneiros da sala; estão desacordados, mas não há sinal de Ultron. Tiramos o gás sonífero e Simmons já foi se juntar ao Fitz. Tudo que encontramos foi um robô da Legião de Ultron que já foi derrotado.

POV. Skye

Eu estava na oficina junto com o Capitão Rogers, e eu sabia que eu estava aqui para que ele pudesse me proteger; mas também tinha plena consciência de que isso era perigoso para ele também, considerando que ele era alvo também. Porém esse não era o meu foco agora.

Eu queria evitar, eu queria que isso não estivesse acontecendo, mas eu não conseguia parar de pensar em Ward. Eu estava preocupada com ele, ele estava sozinho com Os Gêmeos, sendo atacado e sendo um dos alvos do robô louco. Droga, Skye. Pare de ser imbecil. Não se pode confiar em Ward, você sabe disso.

Não tive mais muito tempo para pensar em meu antigo treinador, pois imediatamente depois Ultron entra com violência pela parede da oficina, atacando o Capitão América sem nem mesmo nos dar tempo para respirar.

Ultron já adentrou a sala dando um murro na direção de Rogers, que por pouco consegue se proteger com o escudo, mas é mandado para longe da mesma forma. Entretanto, Steve se recupera ao avançar na direção do robô e atinge um murro na cabeça do mesmo através do escudo estrelado. Ultron cambaleia, sem nenhum dano maior, mas o Capitão pega uma mesa de ferro que estava ao seu lado com uma facilidade impressionante e a QUEBRA NO MEIO ao atingir o sintozoide, que dessa vez se distancia. Nesse meio tempo, ele me dá uma rasteira e me empurra rapidamente para debaixo de outra mesa, para me deixar segura.

Essa luta iria render.

POV. Steve Rogers

– Ultron está aqui. - Aviso no ponto eletrônico - Repito, Ultron está na oficina e, pelo amor de Deus, eu preciso de reforços agora. - Termino, já usando meu escudo para mandar para longe uma bombinha que o robô lançara contra mim, explodindo a parede oposta; eu consegui me arrastar, de joelhos, até Skye, protegendo a nós dois com o escudo. Por Deus, Stark vai precisar de muita perseverança para lutar contra esse humanoide. Ela adora destruir as paredes da Torre.

Passado o impacto da explosão, eu imediatamente me levanto e pulo de mesa em mesa cheias de ferramentas, me aproximando de Ultron ao mesmo tempo que consigo me esquivar de seus raios; quando estou na última mesa, a mais próxima dele, dou um salto enorme, dando uma cambalhota no ar de forma que ficasse em cima de Ultron, nas suas costas e ombros. Eu uso meu escudo contra sua barriga, mas nada acontece além fazer um barulho metálico e fazer Ultron se dobrar ao meio; mas não antes dele me pegar pela cabeça e me jogar longe, me fazendo cair com violência no chão. Meus lábios estavam sangrando e eu ofegava.

Então, graças a Deus, Natasha e os outros chegam na oficina, olhando estarrecidos para a cena. Eu noto que Nat está com a mão na barriga, mas eu não fui o único a perceber isso. Ao ver a mãe de meu filho segurando o receptáculo do feto, Ultron exibe um sorriso nada menos que doentio.

– Ah, é mesmo. Quase ia me esquecendo. - Ele se aproxima lentamente de uma das mesas da oficina - Parabéns pelo bebê. - Então, com toda a sua força, ele joga uma ferramenta qualquer contra a perna de Nat, que cai com uma violência absurda no chão, de bruços. Então o robô, gargalhando, se retira, como se tivesse cumprido seu objetivo. Eu olhava aterrorizado para Natasha, que, ao erguer o rosto, demonstrava sentir uma dor dilacerante, ao ponto de fazê-la suar. Mas não foi isso que mais me assustou.

Quando Natasha se levantou, se sentando de forma desajeitada no chão, ela primeiramente procurou meu olhar, mas foi por um momento muito breve. Ela olha para o chão e, aterrorizada, vê o mesmo que eu.

Ela estava sentada sobre uma poça de sangue.