Lola já estava no corredor indicado por Rogers, inconscientemente por ansiedade, esfregava os dedos das mãos de maneira frenética; a garota mal podia esperar para estudar o alienígena. Com Thor ela só teve alguns poucos minutos e de nada serviram para apaziguar sua extensa curiosidade sobre a vida fora dos domínios terrestres.

Lola foi despertada automaticamente de seu mergulho no mar dos ansiosos quando uma figura azul se aproximou, sua cara de expectativa se transformou em uma cara de certo "nojo".

– O que você está fazendo vestido assim? - Ela via pessoalmente o Capitão América pela primeira vez, trajado em carne, osso, capacete e escudo. - Pensei que o Capitão não me levaria como companhia clandestina para ver o E.T...

Rogers tentou não sorrir antes de dizer o que iria falar. Ele se aproximou de Lola e sussurrou em confidência:

– Eu não sou o Capitão... Sou o Steve disfarçado...

Lola o encarou tentando não sorrir também. Os dois eram péssimos fazendo isso.

– Oh! Agora tudo faz sentido... - Ela sussurrou de volta.

– Pois é... Guarde meu segredo, ou posso arranjar problemas. - Ele sussurrou novamente.

– Okay... Shh!... Minha boca é um túmulo. - Lola tentava não rir, mas acabou explodindo. - Rogers, você está passando tempo demais comigo... Está aprendendo a ser idiota como eu...

– Você não é idiota... - Ele a defendeu de si mesma, ainda sorrindo um pouco.

Os dois começaram a caminhar pelos corredores, adentrar em elevadores e passar por portas cujas senhas apenas Rogers detinha.

– Mas é sério... Precisava mesmo vir fantasiado, ou isso é uma tentativa de me fazer aceitar sua identidade secreta? - Lola o seguia.

– Primeiro, isso não é uma fantasia, e sim um traje de combate...

– Que seja...

–... Segundo, eu não a pressionaria a acabar com seu trauma, não é assim que se cura nada; e terceiro, não tenho uma identidade secreta, nunca tive... O mundo sempre soube que Steven Rogers estava embaixo do "traje".

– Okay... Mas estou esperando pelo "quarto" motivo, em que você explica porque está vestido assim. - Lola levantou uma sobrancelha.

– Foi o Fury... Eu e ele decidimos que seria mais seguro levar você até o Loki se eu tivesse meios de te defender melhor caso algo desse errado...

Lola ficou meio boquiaberta.

– Você foi pedir permissão?!... E eu aqui pensando que o Capitão Rogers ia descumprir regras por mim...

– Você ia gostar mais se tivéssemos fazendo isso escondido? - Rogers questionou divertido.

– Seria mais interessante... Me sentiria corrompendo o maior ícone americano...

– E como acha que faríamos algo escondido com todas essas câmeras? - Steve apontou para os equipamentos nas esquinas das paredes.

– Eu não pensei nisso... - Lola sibilou inconformada com o óbvio.

– Percebi... - Ele riu brevemente.

Os dois adentraram um corredor abarrotado de agentes em posição de sentido. Os homens vestiam trajes negros e estavam vestidos com um tipo de colete a prova de bala reforçado (que, na verdade, era a prova de Loki), e capacetes negros cobrindo toda a face.

Os homens tinham todas as partes de seus corpos cobertas, numa tentativa de impedir o contato com o cetro “enfeitiçador” de Loki, caso alguém desse um jeito de trazer o objeto de Asgard para lá. Lola passou pelo corredor humano achando aquilo tudo meio assustador, os agentes a lembravam das armaduras de cavaleiros medievais vazias e grudadas nas paredes dos castelos, ou, remetiam aos guardas da armada da Rainha da Inglaterra, que nem parecem respirar.

– Assustador... - Lola sussurrou para Steve e sem perceber cravou os dedos no braço direito dele.

Rogers se sobressaltou, mas logo se permitiu deleitar ao perceber que ela se sentia segura perto dele.

– Está tudo bem... - Rogers sussurrou para Lola. -... Não são eles a quem você deve temer, e sim a criatura escondida por essas paredes.

Lola notou que estava se apoiando no Capitão e rapidamente o soltou confusa por não ter notado o que fazia inconsciente.

Sem muita demora, os dois chegaram ao final do corredor sinuoso encontrando uma porta com códigos diferenciados. Para destrancá-la não seria necessário digitar caracteres num teclado touchscreen, dessa vez, a porta só se abriria quando Steve pousasse uma de suas mãos num scanner de impressões digitais e sincronizasse seus olhos com um leitor de retina.

Ele fez todas essas coisas, e logo em seguida, uma voz cibernética confirmou:

– Capitão Steven G. Rogers, entrada permitida.

Aquilo esmagou bruscamente o plano secreto de Lola.

A garota estava decorando todas as senhas que Steve digitava sem que ele notasse, para que ela fosse sozinha quando achasse preciso ir visitar o alienígena sem a companhia de ninguém, pois seria muito mais interessante para sua pesquisa conversar com o espécime asgardiano sem a interferência externa dos vingadores ou quaisquer outras pessoas.

Mas esses leitores de digitais e retinas esmagaram devastadoramente os sonhos dela, Lola não contava com uma segurança tão restrita. A porta de aço reforçado se abriu autonomamente revelando um interior surpreendente para a garota.

Para falar a verdade, ela estava esperando um calabouço medieval digno da Santa Inquisição, com mil e um aparatos para torturar um prisioneiro, uma vez que todos os agentes que se encontravam pelo prédio pareciam nutrir um ódio "especial" pelo E.T., junto com um temor.

Entretanto, a sala se revelou como um galpão espaçoso, extremamente branco, que até doía aos olhos, quase completamente vazio. No centro estava uma figura toda em preto e verde-escuro sentado numa cadeira esquisita.

Em um polo da sala havia uma mesa-painel de controle, que com certeza comandava a "cadeira esquisita", e no outro polo havia uma mesa de verdade com dois assentos.

A "cadeira esquisita" que abrigava Loki, era na verdade um tipo de casulo de contensão para impedir possíveis movimentos hostis dele.

O asgardiano estava sentado, enquanto uma grossa camada de um material transparente gelatinoso (parecido com silicone visualmente, mas muito mais duro) recobria todas as suas pernas selando-o ao solo, ia do chão até pouco acima da região umbilical de seu ventre, fazendo-o parecer pertencer à estrutura inorgânica do prédio.

Uma tira também grossa do mesmo material transparente fixava os ombros do prisioneiro ao encosto branco de seu assento. Suas mãos pousavam sobre o casulo artificial, presas com uma algema dourada de origem asgardiana.

– Vamos?! - Rogers apontou o interior da sala para que Lola adentrasse.

Ela o fez, e em seguida a porta de aço se fechou atrás deles. Loki os encarou da mesma forma que tinha encarado Lola e Tony quando os encontrou nos corredores.

Lola sentiu um breve arrepio em sua espinha, os olhos do E.T. estavam a quase dez metros de distância e apesar disso amedrontavam como uma faca forçando um pescoço.

Ela não se permitiu ter medo por muito tempo, era exatamente o que ele queria; Lola não demonstraria fraqueza.

– Olá! - Ela disse dando alguns passos na direção dele. Loki a olhou com ainda mais raiva.

Ele não respondeu, só a encarava como se fosse assassiná-la com a mente.

– Eu sou Lola... E pelo quê me foi dito você é Loki, certo?!

O asgardiano passou a olhá-la com desprezo misturado ao ódio.

– Acho que ele não vai falar nada... - Rogers cruzou os braços e recostou-se na parede próxima à mesa de duas cadeiras. Não foi uma surpresa para o Capitão. -... Eu já esperava por isso.

– Esperava? - Lola questionou vasculhando a aparência do prisioneiro com os olhos ávidos por conhecimento.

– Ele é completamente hostil... Ou ele rejeitaria qualquer comunicação, ou ele faria dezenas de ameaças. - O Capitão explicou seu ponto de vista.

– Então falta senso de civilização para os asgardianos?!... O Capitão está certo, Senhor Loki? - Lola começou a rodear o assento do E.T., ainda sendo ignorada. -... Não é capaz de manter uma conversa científica pacífica com outros habitantes do universo?!

– Ele não vai conversar porque acha que somos vermes que deveriam ser esmagados. - Steve pousou seu escudo sobre a mesa.

– Não, Steve! Deixe-o responder por si... - Lola parou novamente na frente do asgardiano em voto de silêncio.

Loki soltou um olhar de desdém para a humana fraca e insignificante em sua frente.

– Certo... Pode tentar arrancar o quiser dele, mas não se aproxime demais... Foi parte do acordo. - Rogers disse notando que Lola já estava a um quarto da distância inicial entre ela e Loki.

– Por que nos considera seres inferiores? - Lola pegou um caderninho de anotações e uma caneta que estavam em seu bolso e começou a fazer apontamentos.

Loki bufou quase uma risada de deboche quando virou a cara para encarar uma parede, evitando Rogers e aquela criatura patética que o acompanhava. Apesar de não entender quem ela era, e o porquê dela começar a fazer perguntas, o asgardiano desconfiava de tudo, e só poderia ser um golpe daqueles que o aprisionavam para descobrir algum de seus segredos.

Pobres humanos infelizes, eles não arrancariam nada nele. Loki não cooperaria de maneira alguma, teriam que se esforçar muito mais do que apenas usar uma interrogadora com feições graciosas e agradáveis aos seus critérios de beleza feminina.