A Vida Continua - Fase 02 escrita por Andye


Capítulo 19
O Traidor


Notas iniciais do capítulo

Olá galerinha linda... Cheguei com um capítulo que considero importantíssimo, e meio que intenso, ou contraditório, como preferirem...
Grande abraço para gvit... OBRIGADA por estar por aqui!!!

Sem mais, espero que gostem!



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Rony caminhava na sala da Toca com a filha recém-nascida nos braços enquanto Hermione dormia depois de ter recebido uma poção do sono feita por Gina. Estava tão nervosa que qualquer mínimo ruído era o suficiente para que ela se desesperasse e procurasse a varinha.

A pequena tinha nascido havia poucas horas e estava muito enrugada e extremamente mole, o que deixava o rapaz um pouco desconcertado de fazer algo errado que viesse a machucá-la, mas a tranquilidade na qual a menina cochilava e se aninhava em seus braços o fazia pensar cada vez menos naquela possibilidade.

– De onde veio toda essa sua capacidade, eim, Roniquinho? - Gina falou num sussurro ao se aproximar do irmão.

– Acho que a situação faz o ladrão - ele respondeu sussurrando - Jamais iria me privar de ter minha filha nos braços, mesmo que eu ainda me sinta inseguro.

– Por quê?

– Tenho medo de derrubá-la ou de sufocá-la. Nunca havia segurado uma criança tão pequena antes. Ela nasceu há algumas horas. Isto é bem estranho...

– Não tenha medo Ron, está ótimo. Bem melhor que o Harry quando pegou o James pela primeira vez.

– Você acha? - Rony sorriu bobo tirando os olhos pela primeira vez da filha e fitando a irmã.

– Acho - Gina sorriu - Mas não conta pra o Harry, tá bem?

– Certo.

– Tenho certeza que você será o melhor pai do mundo, Ron, e a Rosa jamais poderia ter escolhido um pai melhor que você.

– Obrigado, Gina.

– Estou sendo sincera. Você é maravilhoso, Ron, nunca se esqueça disto.

– Tentarei não esquecer.

– E não se preocupe, tenho certeza que irá sufocar demais a minha sobrinha - ela falou mordaz enquanto acariciava o rosto da menina.

– Por que diz isto? - o ruivo arqueou uma sobrancelha.

– Porque você é Ronald Weasley, a criatura mais ciumenta de todo o universo.

– Não tem graça, Gina - retrucou irritadiço.

– Mas é a verdade... - ela encerrou o assunto – E como você está?

– Aflito. - suspirou;

– Imagino - Gina se entristeceu e fitou a pequena de cabelos vermelhos que dormia tão tranquila nos braços do pai - Seria tão bom se tudo estivesse bem.

– Eu vou fazer o possível, Gina, eu te prometo, farei o que for preciso pra capturar a Estella e os demais comensais e acabar de uma vez com esse pesadelo infeliz.

– Ai, Rony...

– Seja forte, Gina, precisamos ser.

– É difícil sabendo que noventa por cento da minha família vai estar lutando logo mais e...

– Não vai acontecer nada. Vamos voltar como sempre voltamos, quebrados, arranhados, sangrando, mas inteiros.

– Oh, meu irmão - Gina o abraçou de lado ainda fitando a pequena Rosa - É tão triste tudo isso.

– Eu sei, mas vamos resistir certo? Dará tudo certo.

– Quando vocês vão? Assim que a mamãe e os outros chegarem.

– Promete que vai nos manter informadas?

– Prometo que farei o que puder para manter vocês informadas, tudo bem? - Gina assentiu com a cabeça, derrotada - E você me promete que vai se cuidar e cuidar da Mione? - ela novamente assentiu - Precisamos ser fortes. Você sempre foi a mais forte de todos nós, e eu te amo, Gina.

– Eu te amo também, Ron...

– Que bom que chegou mamãe - Rony adiantou-se ao ver a mãe chegar sendo seguida por Harry, Draco, Astoria e Louise.

– Sim - a senhora respondeu prontamente - Estamos todos aqui como você pediu.

– Certo - Rony continuou entregando Rosa a Gina - Peguei uma das barracas do papai e fiz uma extensão. Não é seguro que fiquem aqui na Toca por enquanto. Isto é por enquanto - enfatizou o "só" ao ver a cara de espanto que Gina lhe fez - Logo mandaremos vocês para um local mais seguro.

“A Gina e a mamãe serão responsáveis pelos feitiços de proteção. Eu, o Harry e o Draco seremos os fieis do segredo. Faremos o possível para manter vocês informadas.”

– E meu filho? - Astoria adiantou-se abalada.

– Temos certeza que ela não fará nada com o menino - Harry argumentou tentando parecer confiante - Ela quer a nós. Enquanto não aparecermos, é a única arma que ela tem.

– Traremos o seu filho de volta - Rony completou olhando para Draco - Eu garanto.

– Onde estão os outros? - Gina perguntou.

– Ficaram em suas casas - Harry respondeu - Fizemos alguns feitiços e alguns segredos. Não é bom que todos estejam no mesmo lugar.

– Tudo bem - a ruiva respondeu.

– Onde está Hermione? - Molly adiantou-se.

– Está dormindo. Ela estava muito nervosa e a Gina lhe deu uma poção de sono.

– Precisamos ir - Harry adiantou-se - Mais aurores estão procurando...

– Vocês nem sabem onde ela está... Merlin amado, meu filho... - Astoria desesperou-se.

– Calma, meu amor - Draco a abraçou.

– Temos uma forte suspeita - Harry foi rápido em responder - E é por lá que começaremos.

– Onde? - Gina perguntou.

– Escócia.

– Não - Hermione que estava no alto da escada assustou-se.

– Hermione - Rony adiantou-se para a esposa que vestia uma camisola de Gina e um roupão por cima - Por que levantou?

– Simplesmente acordei - Hermione chorava - Por favor, não vá Rony, fique comigo, por favor, por favor... Eu te imploro, Ron...

– Mione, eu não posso, eu preciso ir...

– Não vai, por favor ... - Hermione o abraçava pela cintura possessivamente enquanto repetia entre lágrimas, a voz abafada pelo peito do marido, o pedido desesperado.

– Por favor, fiquem calmas todas vocês - Draco falou finalmente - Precisamos ir rapidamente. Precisamos encontrá-la e salvar meu filho. Por favor, eu peço... - suspirou aparentemente cansado - Vocês são pais e mães como Astoria e eu. É a vida de nosso filho que está em jogo. Vamos logo, por favor...

Ninguém mais contestou. Apenas despediram-se. Harry adiantou-se para Gina, que tinha James nos braços e chorava em silêncio. Abraçaram-se e beijaram-se. Harry despediu-se do filho.

– Volto logo - Gina apenas sorriu. Não conteve mais uma lágrima que caia de seu rosto.

– Prometo, Tory. Vou trazer nosso filho de volta.

– De verdade? - a mulher perguntou aflita.

– Farei o que for preciso. Trarei o Scorpius de volta.

– Tenha cuidado Draco, por favor.

– Eu terei. Eu te amo... - Abraçaram-se e beijaram-se rapidamente. A mulher estava desesperada pelo filho e agora pelo marido. Não sabia o que pensar. Não conseguia raciocinar.

– Cuida bem dela, certo? - Rony pediu a esposa.

– Ron, eu...

– Mione, seja forte. Eu preciso que você seja forte. Ajude a Astoria, ela sim precisa de todo o nosso apoio.

– Eu sei, mas...

– Eu vou voltar...

– Promete?

– Sim. Eu prometo. Eu sempre voltarei pra você.

Depois de alguns instantes, as mulheres dentro da barraca alongada viram seus maridos e filhos saírem. Sentiram todas o mesmo aperto no coração. A aflição poderia ser distinta para cada uma delas, mas todas compartilhavam o mesmo temor diante daquela batalha.

Ouviram o som da desaparatação. Foi possível enxergar muitas lágrimas silenciosas romperem dos olhos de cada uma delas. O medo voltara da forma mais dura e vil, não sabiam como agir.

[...]

A casa onde haviam encontrado um pesadelo estava como fora deixada há meses atrás. A sensação de abandono e morte pairava no local, e Harry, Rony e Draco adiantaram-se para a entrada. Não poderiam perder mais tempo esperando outros aurores. Se as suspeitas fossem certas, logo tudo estaria terminado.

Por dentro, tudo escuro. Nenhum barulho. Nenhum movimento. Os três homens, diferentes em físico, mas idênticos no interesse, adentraram e cada novo passo era meticulosamente calculado.

Varinhas em punho, devido às experiências passadas, preferiram não se separar desta vez. Sabiam agora com quem estavam lidando e acharam melhor permanecerem juntos.

– Como demoraram a aparecer. Pensei que fossem mais espertos que isto - a voz familiar rompeu de uma poltrona. Estella estava muito bem sentada, pernas cruzadas, ainda trajava a roupa de enfermeira.

– Onde está o meu filho, sua louca?

– Ah... Ele está muito bem guardado, e eu mediria as palavras se fosse você, Draquinho, ou posso matá-lo daqui mesmo - o tom sínico irritou aos três.

– Me diz onde ele está - Draco gritou e adiantou-se enfurecido. Foi segurado as pressas por Rony.

– Fica calmo, Draco.

– Como posso ficar calmo?

– É melhor você ouvir o traidorzinho do sangue ai... Ah... Draco! Como você se rebaixou. Juntar-se ao Potter e ao Weasley. Que desonra. Me envergonharia de ser uma Malfoy.

– Cala a boca sua louca - Draco esbravejou entre os dentes.

– Crucio.

Ouviram a maldição, mas não viram de onde rompeu. Apenas viram Draco cair ao chão e gritar de dor. Estella continuava sentada e sorria. Os gritos de Draco foram cessando e Rony e Harry circulavam o homem caído, protegendo-o de mais algum ataque cego.

– Fique atento, ela não está só - Harry murmurou enquanto Draco gemia de dor aos seus pés.

– Bem observado, Potter. Ao menos é inteligente.

A voz feminina era familiar aos ouvidos de Harry. Ele virou-se para a voz e comprovou suas dúvidas.

– Aleto Carrow!

– Sim, Potter! E não estou sozinha - Harry virou-se um pouco mais e pode ver seu irmão, Amico Carrow.

– Então agora vocês trabalham juntos? - Harry perguntou tentando ganhar tempo.

– Pois é, Potter, ou pensou que só você tem um clube? - Estella falou mortalmente irônica.

– Tudo bem - Rony falou o mais tranquilamente que pode - Sabemos que vocês nos querem, então, digam onde está o menino e nós nos entregamos assim que ele estiver em segurança.

A gargalhada de Estella foi estridente. Rony e Harry sentiram a espinha gelar. Lembraram-se de Bellatrix Lestrange. Sentiram o medo do passado voltar. Draco erguia-se penosamente.

Finalmente de pé, Draco olhava enfurecido de um para o outro e tentava desvendar nos olhos de Estella onde estaria seu filho. Precisaria se concentrar para colocar o que aprendera de legilimência com Snape em prática agora.

– Você acha mesmo que vai ser assim tão fácil, Weasley? Entrego a criança e ponto. Não, não... Será que todo o tempo que passou em minha companhia não foi o suficiente para você perceber que não sou idiota?

– Teria percebido se eu não estivesse enfeitiçado na época.

– Silêncio, Weasley. Eu entrego o menino, mas com uma condição.

– Qual? - Harry adiantou-se

– Quero a filha do traidor no lugar...

– Você está louca? - Rony gritou.

– Cru...

– Eu pensaria duas vezes antes de tentar me acertar, Draco - Estella falou ligeira e ironicamente - Você não sabe que tipo de magia eu estou usando em seu pequeno Scorpius. Talvez, e que fique claro que é apenas um talvez... Se você me acertar, eu possa perder a ligação do meu feitiço, e quem sabe o pobre menininho poderia despencar de um lugar muito alto. Acredito que na idade e nas condições dele, um acidente assim seria fatal, e eu não gostaria de ser a responsável pela morte de um menininho tão lindinho.

[...]

– O que será que está acontecendo? - Hermione andava na sala.

– Hermione, se acalma, por favor.

– Desculpe, Gina. Estou nervosa.

– Acredito em você, Mione, mas precisamos ser fortes. Precisamos ajudar a Astoria.

– Eu sei. O que ela está passando é inaceitável.

– Pronto, Astoria - Molly adiantou-se para a mulher - Tome esse chá. Vai fazer você se acalmar um pouco.

– Obrigada, senhora Weasley, mas não quero me acalmar. Quero meu marido e meu filho comigo, só isso.

– Eu sei. Eu sei o que quer - Molly continuou - Tenho meu marido engajado nessa empreitada também, e tenho dois filhos procurando seu filho com o seu marido. Além disso, todos os meus outros filhos estão á serviço do ministério e provavelmente irão para a Escócia também. Sei o que você sente. Sempre sofri esses temores, mas eu posso te garantir que o melhor a fazer agora é tentar se controlar.

– Certo - a mulher concordou com a cabeça e aceitou o chá. Permaneceram todas em silêncio. Já havia passado horas desde a saída dos três e até agora não havia noticias.

[...]

– Tudo bem, Estella - Draco adiantou-se parecendo mais calmo - O que você quer de mim? Faça o que quiser, mas devolva meu filho.

– De você? Ah, Draco, o que você está pensando? Que é a última bolacha do pacote? Vou me vingar de vocês três.

– Então podemos começar de uma vez? - Amico adiantou-se.

– Acredito que sim - Estella concordou - Pode vir irmão.

– Irmão? - Harry sussurrou.

– Grayback? - Rony verbalizou o susto que os três tiveram. Além de Grayback, viram entrar na sala Avery e Mulciber.

– Ah, traidor do sangue. Pensou que tinha me matado, não é?

– Como pode...? - Harry assustou-se. Sentiu-se encurralado.

– Finalmente meu irmão concordou comigo e me transformou também. Agora sou tão lobo quanto ele e podemos limpar o mundo mágico do lixo como vocês.

– O que vocês pretendem com meu filho? - Draco tentava de todas as formas manter um mínimo contato com os olhos da mulher.

– Com seu filho? Imagina? Ele vai ser o primeiro a ser transformado.

– NÃO!

– Calado, Malfoy. Crucio! - Aleto praguejou e Draco gritou. Dor e pavor em sua voz.

– Será a minha primeira vítima - Estella continuou sorrindo - Estou esperando apenas a Lua cheia. Meu irmão falou que como será meu primeiro ataque, talvez eu não me controle, e pela pouca idade da criança, pode ser que ele não suporte... Mas eu terei que tentar, será divertido, não acha?

– Você é louca - Rony falou.

– Abaixem as varinhas - Mulciber ordenou.

– Não antes de sabermos se o menino está bem - Harry argumentou.

– Vocês não estão em posição de exigir nada, Potter - Amico sorriu.

– Tudo bem - Draco falou se levantando novamente, ainda sentindo fortes dores - Me perdoe por ter te entregado ao Potter, Estella. Eu não sei onde estava com a cabeça.

– O que você está falando, Malfoy? - Rony assustou-se.

– Eu sabia que você tinha encontrado o Lobo, e eu fui procurar o Potter e o Weasley para trazê-los até vocês e me desculpar.

– Mas que merda é essa, Malfoy? - Rony indignou-se.

– Está pensado que sou idiota, Draquinho? - Estella fitou o rapaz.

– Jamais. Apenas conversei com meus pais e eles me abriram os olhos. Sei como vocês fugiram. Fui eu que facilitei as coisas para vocês. Me senti mal traindo meu sangue, mas você foi longe demais sequestrando meu filho.

– Draco - Harry olhava espantado.

– Sei onde os outros estão. Devolva meu filho e eu digo o segredo de onde a Granger, a Potter e a Weasley estão juntamente com seus filhos.

– Eu sabia que não podíamos confiar em você, Malfoy. Você não vai entregar minha família a ninguém, seu bosta.

– Calado, Weasley - Estella lançou a Imperius em Rony, e ele caiu calado no chão - Estou começando a gostar disto, Draco. Parece que ao todo, não foi uma total perdição.

– Pode acreditar em mim, Estella. - Draco sorria agora.

– Avery, amarre o Potter e o Weasley, e Potter, não tente lutar. Você está sozinho. - Harry sentiu as entranhas arderem quando foi atingido por um crucio. As cordas surgiram da ponta da varinha de Avery e os dois foram amarrados costas contra costas. Estella sorria enquanto via a cena e Greyback apenas orgulhava-se da irmã.

– Certo, Draco. Qual é o segredo? - Greyback perguntou.

– Antes, me deixe levar meu filho em segurança.

– Ah, Malfoy, está me subestimando? - Estella gracejou - Eu te deixo ir embora e você desaparece. Não sou idiota, seu menino burro - praguejou.

– Não desaparecerei. Prometo voltar. Aleto pode ir comigo para se certificar e assim ela já vê onde fica o segredo.

– Pode ser - Estella ficou pensativa.

– Entrego a filha do Weasley se, em troca, me devolver o meu filho.

– Você está louco, Malfoy - Rony berrou - Minha filha acabou de nascer. Como pode propor este tipo de troca? Que tipo de homem é você, seu...

Rony não conseguiu interromper a frase pois sentiu fortes dores em seus ossos, provavelmente um crucio, e Harry quase caiu no chão quando sentiu o penso do amigo pendendo para o chão amarrado ao seu. Se esforçou para continuarem de pé. Estava impressionado com a situação e pensava em algo capaz de remediar aquilo tudo.

– Ah... O amor paterno... - Estella gracejou balançando a varinha.

– Parece uma boa troca, irmã - Greyback comentou aparentemente animado.

– Um sangue puro por vários traidores e sangues ruins - Estela repetiu para si - É. Parece ser realmente uma boa troca. O que acha, Weasley? Você vai poder presenciar a sua filhinha transformar-se em um lobinho...

Rony se contorcia contra as cordas mágicas que apenas apertavam a cada nova tentativa de fuga. Harry desesperou-se, confiou em Draco, mas ele se mostrou indigno de qualquer confiança. Via-se de mãos e pés atados, literalmente. Não sabia o que fazer, estava preso, não tinha varinha e sua família estava a ponto de ser destruída. Harry temeu.


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