— Você quer que eu durma na sua cama?

— É! - Não é nada disso que vocês estão pensando. - Os meus pais sempre dão uma olhada no meu quarto a noite e não posso mais falar que vou dormir na casa do Tom todo mês.

— Eu não vou fingir que sou você durante a lua cheia.

— Mas Zoe, nós dois somos loiros e temos olho claro, talvez no escuro ninguém desconfie.

— Não!

— Por favor?

Aqueles malditos olhos me convenceram.

— Ta bom.

— Tudo bem, amanhã você vai sair dessa casa comigo para irmos na minha.

— Tá. Mas e se sua mãe, sei la...

— O que sentir um cheiro diferente? Ela não é uma wolfblood, mas pensando bem não precisa ser um pra sentir seu cheiro.

— Rhidian cala a boca.

Ele sorriu, um sorriso que me era muito familiar, mas não sabia da onde.

— Então ta eu vou na sua casa, tomo banho e durmo no seu quarto.

— Então se prepare pra ter uma verdadeira aventura. - Ele disse já saindo.

— Nossaaaa que aventura.

Ouço um gargalhada distante.

***

— Estou ouvindo um batimento acelerado.– Disse Rhidian aparecendo na porta.

— Estou assim desde que ouvi você entrando.

— Que droga de audição de lobo. Queria te assustar.

— Então vamos ou não?

Segui ele até a porta da frente da casa. De repente ele parou e disse:

— Damas primeiro.

— Certo cavalheiro.

Logo que passei na frente, ele fechou a porta e correu na minha frente. Por que na lua cheia os wolfbloods tem que ficar tão eufóricos? O segui também correndo. Quando estávamos a poucos metros da casa, ele se abaixou atrás do muro, o imitei.

— Vou enrolá-los e levá-los para o segundo andar, quando você ouvir eles subindo entre correndo e vá no banheiro, lá vai ter tudo que você precisar.

Apenas concordei com a cabeça.

Ele entrou na casa e ouvi ele dizer que não encontrava seu celular e pediu para o pai e a mãe irem com ele procurar, por incrível que pareça eles foram. Quando a luz de cima acendeu, entrei pela porta e passei pela cozinha, corri por um corredor e lá no final encontrei o banheiro, entrei e tranquei a porta.

Me virei e vi um conjunto de pijama no chão remexi e caiu um bilhete. "Aqui esta a roupa que você deve usar, tome um banho rápido. Vou aparecer na porta daqui alguns minutos. Rhidian."

Fiz o que pediu o bilhete, depois que me troquei me senti bem melhor, e só então percebi que havia coisas tão normais, como tomar banho ou até escovar os dentes que eu não fazia a quase um mês. Depois desse pensamento peguei o enxaguante bucal e fiquei um minuto com ele na boca.

Ouvi batidas na porta, fiquei um pouco desconfiada, mas abri mesmo assim. Lá estava Rhidian, sorrindo loucamente para mim. Senti um frio na barriga. Ele apontou para uma porta a direita, entrei atrás de mim Rhidian fechava a porta. Observando o quarto, parecia de um menino normal; com vários quadro de coisas que gostava, no caso dele eram lobos, bagunça pelo chão e pela cama.

— E aí gostou?

Tentei falar mais nada saiu da minha boca.

— Ei, que isso. Você não falou nada desde que chegamos.

— Seus dentes já estavam afiando. Por favor, avise sua mãe que você vai dormir sem jantar hoje.

— Tudo bem. - Ele me olhou preocupado, mas saiu do quarto e o ouvi falando o que pedi. Quando voltou, seus olhos já estavam amarelados.

— Tenho que ir, deite e durma com os anjos.

Estava nervosa demais para responder. Só vi ele pulando pela janela e sumindo no escuro. Estava tão cansada de dormir no chão, quando deitei na cama e senti toda aquela maciez, fechei os olhos e desmaiei.

"Voltei a floresta, mas agora tinha uma trilha torta que se estendia infinitamente. A segui, mas a cada passo que eu dava a trilha parecia crescer. Quando estava para desistir, minha mãe apareceu com os braços abertos, como ela fazia quando eu era pequena, corri ao seu encontro. Mas a poucos centímetros de poder tocá-la, ouvi um barulho ensurdecedor, um tiro, tentei olhar para frente mas só havia sangue. Ela sumiu."

Gritei mas não no sonho e sim de verdade. Olho pela janela, o sol já estava nascendo, logo Rhidian apareceria. Mas quem apareceu foi outra pessoa.

— O que é isso Rhidian?...