Bom... Alguém pode me perguntar se eu já não havia reparado que meu cunhado, Sasuke, estava passando de ‘irmão gentil e carinhoso’ para ‘homem incrivelmente persuasivo e sedutor nas horas vagas’. E minha resposta seria um explícito e berrante: SIM! Posso ser uma pessoa extremamente tímida e reservada, mas talvez esses foram os estopins para que eu soubesse decifrar melhor as pessoas de longe.

Já fazia algum tempo que eu notava que o irmão mais novo do meu noivo me tratava de uma forma diferente. Nas festas de família, ele se sentava ao meu lado da mesa e sempre me tirava para dançar. Na roda de amigos, comparava-me ás outras garotas, mostrando os ‘porquês’ de eu ser a noiva perfeita para cuidar de um homem. Isso me incomodava. Me incomodava o fato de que em todo esse tempo eu tenha sido apenas gentil porque é algo de minha natureza, e que isso tenha feito com que um sentimento irracional brotasse no peito daquele jovem que deveria pensar em mim apenas como uma irmã.

Foi mais por essa razão que eu resolvi marcar um encontro casual entre minha amiga de longa data, Sakura, e ele. A Haruno quase pulou de felicidade por saber que eu tinha arranjado um meio dela se aproximar do homem que julgava ser o mais bonito da face da Terra, ao mesmo passo que eu sentia os olhos negros de Sasuke me dilacerando de indignação, apesar dele ter concordado com tudo. Eu fiz aquilo para provar que eu não era a única mulher no mundo que poderia suprir as necessidades dele, fiz isso para que ele acreditasse que eu não seria suficiente para ele.

Mas Sasuke se saiu muito mais vingativo do que eu imaginava. Ele realmente precisava usar de Sakura para me atingir? Levá-la para nossa casa, fazer sexo com ela no quarto no mesmo corredor que o meu... Eu não tive ciúmes ou uma crise nervosa por conta disso, mas saber que os sentimentos de uma de minhas amigas estavam em jogo me dava ânsia. Eu até mesmo tentei me virar e me encolher na cama, torcendo para que o sonho viesse logo e me levasse a um lugar onde eu pudesse me encontrar com Itachi. Um lugar onde eu não tivesse de ouvir os gritos de prazer de Sakura. Onde eu não tivesse de ouvir...

- Hinata! Aaahhh...!

Arregalei meus olhos, ao mesmo passo em que sentia meu coração ribombar desenfreado dentro do meu peito. Sasuke... Ele realmente me deseja acima de tudo. Não importa que Sakura esteja ferida, ou até mesmo que Itachi sofra, para o caçula dos Uchiha somente o sentimento deturpado de uma paixão infundada conta.

Tentando me acalmar da tremedeira involuntária, eu levantei da cama e rumei até a porta. O sol estava despontando no céu. Abri uma pequena fresta, tentando ao máximo não fazer barulho algum, e então eu vi um raio vermelho e rosa correndo pelo corredor, pegando seus objetos deixados na sala. Pobre Sakura, ela não merecia isso. Minha pobre amiga, agora lutava com as lágrimas e com a fechadura, tentando sair sem ser notada. Como nos olharíamos depois? Será que ela ainda seria minha amiga?

Respirando fundo e mentalizando algo que me protegesse da áurea negativa que me rondava, troquei o pijama por um vestido fresco e parti para a cozinha. Eu não iria comentar nada com Sasuke e nem com Sakura, afinal, fazer-se de invisível as vezes é a melhor saída. Ao passar pelo corredor para ir á cozinha, eu ouvi o chuveiro de Sasuke ligado. Ótimo! Um pouco mais de tempo á sós...

O sol estava aquecendo ainda mais o dia. Eu reguei as plantas da cozinha e comecei á pensar em algo para o café da manhã. Panquecas talvez pudessem ajudar. Eu só queria que aquela situação incômoda se extirpasse de nossas vidas. Na verdade, eu só queria...

- Itachi...

Meu coração deu outro solavanco, quando vi o jipe militar parar em frente ao nosso quintal, e dele sair meu amado noivo. Meu Itachi. Seu cabelo estava um pouco maior desde que o vira pela última vez, mas seu rosto continuava o mesmo. E seus olhos... Quando nos olhamos – mesmo separados pelo vitral da janela – tudo em mim voltou á fazer sentido. Seus olhos, emanando amor eram o que me motivava. Eu vi quando ele fez um sinal para cima, indicando que Sasuke já o tivesse visto, e então, ele virou para mim com o sorriso mais encantador da face da Terra.

Sem nem ao menos pensar em nada, eu corri porta afora e comecei á retirar o avental e joguei o pano para trás. Eu só queria senti-lo outra vez. Meu moreno de olhos ônix jogou a mala ao chão e amparou meu pulo, quando lancei-me aos seus braços fortes. E então nos beijamos. Um beijo que me arrepiou por inteiro, que me fez chorar de felicidade.

- Senti... tanto... a sua... falta... – ele murmurou por entre os beijos.

- Eu... também... – eu respondi, sorrindo – Te... Amo... Tanto!

- Te amo mais... – ele me respondeu sorridente, olhando-me diretamente – Minha noiva... Minha Hinata...

- Sua...

Antes que conseguíssemos pensar em algo mais, Itachi se afastou momentaneamente para pegar a mala e depois me pegou no colo. Ambos ríamos e nos beijávamos como se não tivesse amanhã. Tudo era felicidade em mim. E quando nós entramos em nosso quarto, era como se todo o tempo em que passamos juntos fosse um cronômetro, exigindo a pressa de nos sentirmos por completo.

Eu não consigo me lembrar como eu tirei a farda de Itachi tão rápido, ou como ele simplesmente arrancou meu vestido, mas eu me lembro de cada um de seus toques. Cada beijo, cada mordida, cada pressão... Cada movimento me preenchendo por completo. Com ele, eu não me sentia envergonhada em gemer ou chamar seu nome, tal qual não me privava de atendê-lo em cada pedido luxurioso que ele me sussurrava ao ouvido. E quando ele chamou meu nome, levando-nos ao auge, eu soube que finalmente tudo ficaria bem.

- Duas semanas... – ele murmurou, enquanto nos cobria com um lençol.

- Para que, querido? – perguntei divertida, enquanto me aninhava de costas em seu peito, sentindo-me protegida.

- Nosso casamento. – respondeu-me ele, puxando-me mais para si e beijando meu ombro e pescoço – Você tem duas semanas pra arranjar sua lista de convidados e tornar-se a noiva mais linda – se é possível. Eu não quero esperar mais...

Virei meu rosto e respondi com um beijo entusiasmado. Ao voltar-me, vi por entre a fresta da porta o rosto decepcionado de Sasuke. Nossos olhares se cruzaram por míseros segundos, antes que ele desse ás costas e saísse pela porta da frente. Suspirando, pensei nos corações quebrados daquela manhã de sol. Mas agora eu sentia minha alma tranquila... Pois Sasuke finalmente aprenderia a não desejar algo que nunca poderia possuir.

E eu viveria em paz com o homem que verdadeiramente me ama.