Loving In The Dead escrita por Miss Jackson


Capítulo 5
O passado atormenta


Notas iniciais do capítulo

Olá! Desculpem a demora pra postar, minha internet no computador só chegou na semana passada e mesmo assim não tive tempo pra postar. Agora sim os capítulos serão semanais! :)



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O fogo da Prisão já estava apagado quando eu, Rick e Carl terminamos de verificar a Prisão em busca de algum sobrevivente. Não havia nada a não ser Errantes sedentos por carne.

– Precisamos encontrar alguma civilização – disse eu, quebrando o silêncio que se formara enquanto nos afastávamos da Prisão. – E nessa civilização pode ter sobreviventes, talvez alguém da Prisão também possa ter se refugiado lá também e...

– Lindsey. – Carl me interrompeu. – Não há sobreviventes.

– Carl, pense, é claro que pode ter – intrometeu-se Rick. – Você têm uma bola de cristal, por acaso?

– Pai! – resmungou Carl.

– Rick está certo – concordei. – Carl, precisamos de positividade se quisermos encontrar a cura.

– Nós não vamos encontrar a cura – retrucou Carl. – Todos já somos Errantes, não somos? Todos nós estamos infectados, só que nós ainda temos como pensar e agir normalmente, não precisamos da carne viva dos outros seres vivos para nos alimentarmos. Mas em breve precisaremos, pois não demorará muito para nós morrermos, não com essas condições que estamos.

– Você deveria calar a boca um pouco – resmunguei.

– Escuta aqui, não é você que manda aqui, o.k? – disse Carl, se estressando.

– Os dois, parem – disse Rick. – Ninguém manda em ninguém aqui. Precisamos uns dos outros e não vamos nos matar por causa da opinião um do outro. Carl respeita a opinião da Lindsey e Lindsey respeita a opinião do Carl. Fui claro?

Eu e Carl baixamos a cabeça, como se fossemos duas crianças arrependidas.

– Sim, senhor.

– Ótimo – disse Rick, satisfeito. – Fiquem com armas em mão até a noite, não quero ninguém aqui sendo comido por Errantes.

. . .

– Civilização! – exclamei, um pouco alto demais, quando achamos um conjunto de casas depois de metade do dia procurando lugar para se hospedar. Alguns Errantes andavam cambaleando pela rua. Nós três já estávamos suandos, sangrando e totalmente exaustos. Cortei as cabeças dos Errantes que vieram na nossa direção sem nem olhar direito pra eles. Matá-los fazia parte do meu dia-a-dia, assim como respirar. Já era uma coisa super normal.

O que não era normal era a falta da Ruby. Não conseguia suportar a falta de uma cadela ao meu lado, rosnando para os Errantes para me avisar da presença deles. Ruby fora minha única companhia desde que tudo começou até acharmos a Prisão. Eu a adotara logo que era um filhote. Vi ela crescer. Ela me viu crescer. Era quase como se fossemos duas irmãs.

– Lindsey e Carl – chamou Rick. – Os dois ficam dos dois lados da porta para caso de os Errantes saírem da casa para matá-los e eu abro a porta. – Ele apontou para uma grande casa de dois andares. Parecia minha antiga casa. Era pintada de azul-bebê, minha cor favorita. Fomos na direção dela e nos posicionamos na porta. Eu e Carl ficamos em uma posição de alerta e Rick se preparou para abrir a porta. Normalmente abrimos uma porta usando a maçaneta, óbvio, mas Rick apenas se jogou por cima dela (tão normal quanto cavalgar em unicórnios). Um Errante caiu, grunhindo. Carl foi mais rápido que eu, acertando com a faca que ele ganhara recentemente na cabeça do Errante. Rick resmungou, saindo de baixo do monstro e se sacudindo. Era estranho ver Rick todo suado, sangrando, ofegante, quando se está acostumado com vê-lo sempre disposto a fazer as tarefas que lhe são dadas e bem mais saudável. – Carl, verifique os quartos e o banheiro. Lindsey, verifique a cozinha e o que mais que você achar. Vou fazer uma limpeza na sala que – ele pôs a cabeça para dentro da casa, entrando – é bem grande.

Nós assentimos. Eu e Carl fomos para direções opostas. A cozinha estava com cheiro de podridão. Havia um Errante se alimentando de um cão parecido com Ruby ali. Quase chorei ao ver a cena. Gemi e cortei a cabeça do Errante antes que ele reparasse na minha presença. Em seguida olhei para o cão. Era uma cena nojenta, como era de se esperar. Mas mais tarde com certeza nós daríamos um jeito de fazer uma limpeza geral em toda a casa.

Logo ao lado da geladeira havia uma porta semi-aberta. Franzi a testa, curiosa, e abri a porta cuidadosamente. Um Errante se atirou por cima de mim, e só quando eu já havia cravado minha espada em sua testa que eu fui ver quem era.

Uma menina, ainda criança. As vestes cor-de-rosa estavam ensanguentadas. Ela tinha um braço quando caindo e a mão esquerda agarrava um ursinho. Os cabelos eram louros, todos sujos. Ela lembrava uma priminha que eu tinha, eu era muito ligada com ela.

Também tive que matá-la.

Engolindo as lágrimas, entrei porta adentro. Era uma despensa, e fedia mais do que a cozinha. Era bem óbvio, claro. Mas havia uma coisa agachada no chão que fez meu coração dar um pulo. Um menininho, com a cabeça abaixada. Devia a recém ter aprendido a andar. E ele era... Era igual ao meu irmão!

– Oi, garotinho? – Chamei, me aproximando e me ajoelhando na frente dele. – Oi? Olhe para mim, não vou te fazer mal...

Infelizmente ele olhou. Eu caí para trás com o menino Errante em cima de mim, querendo se alimentar da minha carne. Eu olhei no fundo dos olhos dele, sem coragem de matá-lo, mas o empurrando para cima.

BAM.

Ele desabou em cima de mim, agora completamente morto. O empurrei para o lado e me levantei, limpando a poeira e encarando Carl, que me salvara do menino. Ele não tinha uma expressão muito simpática.

– Queria morrer? – perguntou ele quando eu finalmente terminei de me limpar.

– Carl, ele era uma criança.

– Um Errante – disse ele, dando as costas para mim. – Sinceramente, às vezes você me decepciona. – E saiu. Eu bufei e corri atrás dele.

– Carl, você não sabe de toda a minha história, não sabe dos motivos para eu ter um fraco por crianças – disse eu, em voz alta. Ele parou de caminhar e se virou para me encarar. – Não quero que você fique com pena de mim, não preciso de você nesse sentido, só quero que tente me compreender, o.k? Tente não, você tem que me compreender.

Ele soltou uma risada sarcástica.

– Te compreender? Isso é impossível.

– Cale a boca – murmurei. Em questão de segundos ele estava cara-a-cara comigo, o rosto tão próximo que eu podia sentir a sua respiração.

– O que você disse? – disse ele em um tom assustador, o rosto ficando ainda mais próximo do meu.

– Mandei calar essa boca. Não fale. Pense.

Ele pareceu sem saída por um momento, e ficou simplesmente ali, a testa colada na minha, sua expressão furiosa. Eu me afastei e dei as costas.

– Eu só tentei te ajudar.

. . .

Depois de termos feito uma limpa na casa, jogado todos os Errantes na rua e nos certificarmos várias vezes de que toda a casa estava bem-trancada e que podíamos ter uma boa noite de sono, nós comemos as sopas enlatadas e frias, quase vencidas, que eu tinha na minha mochila que sempre carregava comigo.

– Todos dormimos na sala – disse Rick. – É melhor, assim ficamos juntos.

Lancei um olhar furioso para Carl.

– Não vou dormir na sala. Eu fico com o quarto – disse eu.

– Não quero ninguém aqui morrendo, Lindsey.

– Ah, como se a minha presença fizesse grande importância nas vidas de vocês. – E dei as costas, me dirigindo ao quarto que aparentemente era de uma garota da minha idade. Tranquei a porta e as janelas, querendo ficar longe da vida humana e da vida zumbi dos Errantes. Acendi algumas velas que eu também tinha na minha mochila, pretendendo apagá-las logo. Comecei a dar uma olhada no quarto. Vários posters de bandas de rock espalhadas pelas paredes – Slipknot, Evanescence, Avenged Sevenfold, Nightwish... E também outras poucas bandas de pop. Havia também uma enorme estante de madeira cheia de livros. Ah, livros, sempre gostei tanto de ler.

Haviam variados títulos – House of Night, The Vampire Diaries, A Saga Crepúsculo – e vários outros de vampiros, mas havia um especial que me chamara a atenção. Não era de vampiros, na verdade passava longe disso. O Menino do Pijama Listrado.

– Interessante – murmurei, pegando o livro em mãos e examinando-o. Fiquei em dúvida por um momento, pensando se o levava para mim. Quem iria precisar dele? A dona dele não iria voltar, agora estava morta.

Olhei para a minha mochila e dentro de segundos estava jogando coisas inúteis para fora da minha mochila e colocando o livro Caninos Brancos que achara também. Joguei a mochila para o lado da cama e me deitei, colocando uma vela no criado-mudo e começando minha leitura.

Perdi a noção do tempo. Deveriam ter-se passado horas quando eu ouvi alguém bater na porta. Suspirei, larguei o livro em cima da cama e fui abrir a porta, dando de cara com Rick.

– Oi – disse ele, retribuí com um “Oi” em voz baixa e gesticulei, convidando-o para entrar. Ele balançou a cabeça positivamente levamente e entrou, logo fixando seu olhar no livro. – Gosta de ler?

– Sempre gostei.

– Eu ouvi sua pequena discussão com o Carl – disse ele, rapidamente mudando de assunto. – Como ele certamente não vai pedir desculpas eu mesmo estou pedindo desculpas pelo meu filho. Esse dia todo com o Governador fez muito mal para ele.

– Tudo bem – respondi, suspirando. – Eu entendo.

– Ele se importa com você.

É, dá pra ver, pensei. Mas logo me peguei perguntando-me mentalmente se o que eu pensara fora ironia ou verdade.

– Hm, o.k – respondi novamente.

– Durma um pouco, Lindsey. Amanhã você e Carl vão em busca de suprimentos.

– E o senhor? – perguntei, ele abriu um meio-sorriso.

– Tem algumas coisas por aqui que eu ainda não analisei muito bem.

– Hm, o.k – repeti.

– Boa noite.

– Boa noite.

E ele saiu do quarto, me deixando sozinha novamente.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? ~