Loving In The Dead escrita por Miss Jackson


Capítulo 21
A menina e a família perdida


Notas iniciais do capítulo

PREPAREM SEUS FEELS PARA ESSE CAPÍTULO.



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Os próximos dois dias foram extremamente tranquilos na van. Conseguimos roubar gasolina de uns carros abandonados nas cidades em que passamos, mas chegou um momento em que já não era mais possível.

– Droga – resmunga Rick, tentando ligar o carro.

– Tudo bem aí, Rick? – pergunta Daryl, que está sentado ao lado de Carol e brincando com a Judith.

– A gasolina acabou – responde ele, praguejando. – Droga! – Ele dá um soco no medidor de gasolina.

– Hã... Não podemos roubar de nenhum carro? – pergunto inocentemente. Rick se vira pra mim com as sobrancelhas erguidas em ironia.

– Está vendo algum carro acessível por aqui, Lindsey?

– Desculpe – digo. – Pensei que... Ah, deixa.

– Parem de enrolar – diz Michonne, já pegando sua espada e abrindo as portas da van. – Pra fora todo mundo.

– Ficou maluca? – pergunta Glenn enquanto todos nós saímos da van. – Essa é, visivelmente, uma área cheia de Errantes. Olhe isso! – Ele aponta em volta, nervoso. – Tudo abandonado!

– Vamos nos acalmar, galera – pede Maggie. – Só porque estavam acostumados com a van? Se enxerguem, né.

– Maggie tem razão – apoia Carol. – Somos durões. – Ela dá seu melhor sorriso otimista. Eu e Carl balançamos a cabeça positivamente, concordando.

– Vamos, temos que explorar essa cidade – sorri Carl. Estou admirada por até ele estar otimista.

Com isso, passamos a explorar a cidade.

– Shh – chio enquanto entramos em um prédio. – Ouçam. – Sussurro. Todos paramos quietos. Os chiados e gemidos dos Errantes são altos. Desembainho minha espada e gesticulo para Michonne e Daryl me seguirem e os outros ficarem quietos. Eles obedecem. Michonne desembainha sua espada e Daryl prepara seu “atirador de flechas”. Nos esgueiramos pelas caixas e paredes, acertando todos os Errantes por trás. Depois damos mais uma verificada para confirmar se tá limpo.

– A barra tá limpa – anuncia Daryl. Todos saem de seus esconderijos, aliviados. – Acho que vamos ter que ficar aqui. Limpamos um apartamento. Se bobear ficamos por aqui mesmo até as coisas ficarem ruins pra gente.

Um grito vindo do terceiro andar nos alarma, e todos saímos correndo.

– SOCORRO! ALGUÉM! – grita uma voz feminina e infantil. A porta de onde vem os gritos está entreaberta, então apenas entramos. Carl pega sua pistola e acerta o primeiro Errante. São muitos.

Carol tranca a porta para impedir outros Errantes de passar. Carl corre para ver quem estava gritando enquanto damos conta dos Errantes que já estão dentro.

Quando tudo está mais calmo, Carl volta com um braço em volta dos ombros de uma garotinha trêmula. Sua palidez nos assusta, mas ela parece ter sido uma criança delicada e feliz no passado. Seus cabelos negros como a noite estão bagunçados, seus olhos castanhos escuros estão cheios de medo e seu vestidinho cor-de-rosa está manchado de sangue, sem contar que ela está muito, muito magra.

– Oi... – diz ela, quase em um sussurro, com uma voz doce. Carl acaricia os cabelos dela.

– Quem é você, querida? – pergunta Michonne, se abaixando para ficar do tamanho da garotinha.

– E-Eu... – ela hesita. – Minha mamãe sempre disse para eu não falar com estranhos e...

– Confie em nós – peço. – Olha, eu sou a Lindsey, mas você pode me chamar de Linddie, tá? – E apresento os outros.

– Sou... Sou a Annie. Minha mamãe me deixou aqui já faz tempo, eu não sei quanto tempo... Ela pediu para mim não sair daqui e disse que ia voltar logo – ela suspira. – Eu obedeci, mas ela não voltou.

Todos nós trocamos olhares tristes.

– Quantos anos você tem, Annie? – pergunta Rick, compreensivo.

– Eu tenho cinco...

Essa frase, vinda de uma criança tão doce como a Annie, me atinge como um soco no estômago. Por isso eu odeio tanto o apocalipse: Ele arranca de nós as fases mais doces e aproveitáveis das nossas vidas. Com cinco anos a Annie devia estar brincando de boneca, mas não, ela tem que sobreviver à um apocalipse zumbi longe da família.

– Annie – chama Zoë, que parece a menos abalada. – Você sabe... Sabe que sua mamãe não vai voltar, não sabe?

Annie parece tensa demais, mas assente.

– E você sabe por quê? – continua Zoë.

– Porque os bichos... – Annie abaixa a cabeça e começa a chorar. Todos fuzilamos Zoë com o olhar e Michonne é a primeira a dar um passo à frente e abraçar Annie.

– Você não precisa responder isso, meu amor – diz Michonne. – Estamos com você agora.

– Vocês não são malvados? – pergunta Annie, meio receosa.

– Não – responde Carol, balançando Judith em seus braços, que começa a resmungar. – Somos do bem, querida.

– Qual o nome dela? – Annie aponta para Judith.

– Judith – sorri Rick. Nunca o vi sorrir tão docemente. – Ela é minha filha e irmã do Carl. Lembra-se dos nossos nomes, né?

– Lembro – sorri Annie, mas um sorriso fraco, que ela parece se esforçar pra abrir.

– Vamos ficar aqui com você – promete Maggie. – Certo, Annie? Sua mamãe pode ter ido pro céu, mas agora você tem novos amigos.

– E você pode brincar comigo quando quiser – sorrio.

– Você gosta de brincar, Linddie? – Annie parece um pouquinho mais animada. Eu rio.

– Eu amo brincar! – respondo e ela bate palmas.

– E quando a Judith ficar maior ela também vai brincar com você – diz Glenn.

– Todos gostamos de brincar – diz Mika, animada por ter uma nova amiga. – Eu, você e a Lizzie vamos ser grandes amigas!

– É! – concorda Lizzie.

– Oba! – comemora Annie. Eu e Carl trocamos um olhar, ele parece um tanto sensibilizado por Annie.

– Você tem alguma coisa pra comer? Aposto que você está com fome – diz Michonne. Annie assente.

– Não sei se já estragou, mas eu estou com muita, muita fome, sim!

– Nós temos – diz Rick. – Vamos preparar comida pra todo mundo, tá? Especialmente pra você. – E ele começa a revirar as mochilas. Pega as coisas e, junto de Michonne, vai para a cozinha.

. . .

– Posso entrar? – pergunta Carl do lado de fora do quarto onde eu e as crianças vamos ficar.

– Pode – respondo, ele abre a porta e fecha atrás dele, se sentando ao meu lado sem dizer nada. – O que há?

– Só queria falar com você. Sua voz é a cura das minhas doenças.

Arregalos os olhos.

– Quem é você e o que fez com meu Carl?

Ele ri, não tão alto, mas uma risada gostosa.

– Seu Carl, hm? – Ele sorri malicioso. Dou-lhe um beliscão no braço e ele geme. – Ai! Eu só tava brincando!

– Na boa, o que você quer? – rio.

– Eu não sou uma pessoa muito direta – ele dá de ombros. – O que achou da Annie?

– Ela é uma menina muito doce... Sem dúvidas. Fico muito triste com a situação, ela não merecia isso. Eu quero poder sair viva daqui, sabe? Achar a cura e permanecer viva. Aí vou ter uma família, vou ter filhos e... – Sorrio. – Vou dar a vida que eles merecem. Se der, vou adotar a Annie também.

Quando olho para Carl ele está sorrindo junto comigo. Ele balança a cabeça, rindo, e a abaixa.

– Sabe que eu pensei no mesmo? – diz ele, erguendo a cabeça pra me encarar, os olhos azuis brilhando. – E se... Fizéssemos isso juntos?


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Notas finais do capítulo

hu3 desculpem pelo suspense final. Tia Lally ama vocês.