Opostos escrita por Mari


Capítulo 21
21. Visita indesejada.




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O Sol batia forte em meus olhos e me forcei a abri-los constatando que estava no quarto de Ethan. Minha cabeça doía de uma forma que nunca senti antes, e eu me viro somente para ver que Ethan não estava ao meu lado. A cama dele era confortável e servia quase como um sonífero para mim. Algumas poucas memórias sobre a noite passada retonam e sinto minha bochecha esquentar. Depois do nosso beijo, Ethan me levou para seu apartamento e eu passei muito mal. Aquela bebida não me fez muito bem e ele cuidou de mim como ninguém. Não me lembro de mais nada logo após isso.

Levanto-me caminhando até o seu banheiro e fazendo minha higiene matinal. Retiro minha roupa tomando um banho rápido, colocando a mesma vestimenta já que não havia nenhuma roupa minha ali. Faço um coque no cabelo e saio do banheiro, descendo as escadas, procurando por Ethan em todo o apartamento. Ele não estava ali, provavelmente havia saído. Abro sua geladeira na maior folga do mundo procurando algo para comer. Eu estava tonta então não parava de me apoiar nos móveis. Não havia nada ali. Eu já devia imaginar. Ethan provavelmente comia fora. Ouço o barulho da porta sendo aberta e ele entra segurando um monte de sacolas. Sorrio de imediato. Ethan caminha até o balcão da cozinha colocando as sacolas sobre ele.

— Bom dia. – Sussurro e ele sorri de lado abrindo uma das sacolas e me entregando um liquido nojento. – O que é isso?

— Acredite, vai melhorar a dor que está sentindo... – Ethan responde casualmente. – Você por acaso se lembra do... Do...

— Do beijo? – Ele assentiu e eu mordo o lábio inferior fazendo que sim com a cabeça. – Eu me lembro de tudo Ethan.

Nós dois sorrimos ao mesmo tempo e mais uma vez ele mexe nas sacolas que havia trazido, tirando de lá, um DVD.

— Eu queria te pedir desculpas sobre aquilo, eu me aproveitei de você... Nem sabia que havia bebido. – Arqueio a sobrancelha engolindo cada uma de suas palavras.

— Não... É... Claro... Quer dizer... – Cerro os olhos respirando fundo. De tudo, aquilo era o que eu menos esperava. – Tudo bem, só foi um copo, acho que é porque foi a primeira vez que bebi e considerando que pedi a bebida mais forte...

Ele sorri debochado.

— Eu devia saber... Bebida mais forte é uma espécie de código para bebida com êxtase. Me sinto idiota por ter te beijado agora. – Ethan murmura. – Eu trouxe esse DVD. Talvez pudéssemos assistir a um filme. A vendedora disse que esse é o filme favorito das mulheres então seria legal assistir com... É... Alguém.

— Oh... – Pego o DVD de suas mãos e observo o título. – Diário de Uma Paixão. – Mordo o lábio inferior. - É o meu favorito. Obrigada.

— Esse filme é uma droga. – Ele fala tão baixo como se estivesse falando sozinho.

— O quê? – Me faço de desentendida.

— Nada. Esse filme é bem... Legal. – Ethan diz após uma longa pausa. Estava me sentindo desconfortável perto dele depois do ocorrido. Ele acha mesmo que eu não estava lúcida durante o beijo. Eu sabia muito bem o que estava fazendo e eu tinha quase certeza de que ele sabia disso, só estava tão desconfortável quanto eu. E isso sinceramente, me impressionava. – Tem pipoca no armário, eu vou...Hm... Pode colocar o DVD?

— Claro. – Assenti sorrindo timidamente.

Caminho até a sua enorme sala e coloco o DVD, ajeitando tudo e pausando no começo do filme a espera de Ethan. Em questão de minutos, ele aparece com um balde de pipoca e nos sentamos em lados opostos. Durante o filme, estava completamente convicta de que ele mal prestava atenção no filme. E eu também não notava uma cena sequer, estávamos completamente inquietos. Me sentia o tempo todo observada e aquilo era embaraçoso. Trocamos muitas poucas palavras enquanto e comemos quase toda a pipoca antes mesmo do enrolar do filme se iniciar. Tudo aconteceu muito rápido. Levanto-me rapidamente encurtando a distância entre nós. Ethan coloca o balde sobre a mesa de centro e eu me sento em seu colo rapidamente.

— Eu não podia estar mais lúcida ontem. – Sussurro. Nossos lábios tão próximos implorando um pelo outro. Conseguia sentir seu coração pulando uma batida.

— E eu não podia ter mais certeza disso. – Ele responde com um sorriso no rosto. Coloco meus braços envoltos do seu pescoço.

Seus lábios pressionam os meus delicadamente e eu aprofundo o beijo em questão de segundos. Ethan me aperta contra seu corpo e eu percorro minhas mãos pelos seus braços, costas e peitoral, decorando cada milímetro de seu corpo. Abro mais os lábios deixando ele explorar cada canto de minha boca mais uma vez. Suas mãos estavam inquietas, com medo de que eu o parasse caso ele avançasse o sinal e algo lá no fundo implorava que ele fizesse isso. Eu sentia seu corpo responder aos meus toques e eu ouso acariciá-lo por debaixo da camiseta. Sua pele era quente contra minhas mãos e eu o desejava desesperadamente.

Afasto meus lábios puxando a barra de sua camisa me livrando dela e tocando-o com mais voracidade. Volto a beijá-lo com sofreguidão enquanto provocávamos um ao outro de forma prazerosa com nossa língua. Finalmente, uma de suas mãos desliza para minha perna, fazendo um caminho doloroso e perigoso até o feixe de meu sutiã por debaixo da blusa. Ouço-o gemer baixinho quando, mais uma vez me afasto e beijo seu pescoço dando leves mordidas e chupões.

Meus batimentos cardíacos aumentavam freneticamente e cada toque de Ethan me fazia ter mais certeza do quanto eu o amava. Minha consciência gritava, implorando para que eu parasse porque era isso que ele queria e provavelmente eu seria descartada amanhã, mas era como se eu não conseguisse escutá-la. Era como se, lá no fundo, eu soubesse que ele também me amava e me desejava mesmo nunca tendo falado isso. De repente sinto suas mãos na parte interna de minhas coxas e ofego. Uma de suas mãos se afasta indo até a barra de minha blusa quando ouvimos um barulho ensurdecedor. Ethan me afasta rapidamente, me colocando de pé.

— O que está acontecendo Ethan? – Pergunto baixinho.

— Instalei um alarme de segurança. Tem alguém aqui... – Ele sussurra caminhando até uma gaveta de sua cozinha e pegando uma arma. Ótimo.

— Ethan, eu...

— Vai ficar tudo bem. – Ele se aproxima beijando minha testa levemente. – Vai para o andar de cima.

Assenti correndo até as escadas e subindo os degraus em uma rapidez desconhecida. Sento-me no chão agradecendo internamente por termos sido interrompidos. Eu não sabia o que estava fazendo. Era lógico que estava dando a ele o que tanto queria. Ethan só queria diversão e principalmente, que eu o ajudasse no julgamento de Dave que seria em breve. Ouço a porta sendo arrombada e estremeço.

— Onde está a minha filha Ethan? Sei muito bem que a ameaçou depois do que aconteceu com você... – Grita um homem. Desço alguns degraus da escada até poder observá-los.

— Não sei do que está falando. – Ethan murmura tão espantado que eu podia jurar que ele realmente não tinha ideia do que o homem falava. De que garota ele mencionava?

— Pare de se fazer de idiota... Logan me contou sobre a ameaça que fez a Heather e do nada ela é sequestrada. Se minha filha estiver machucada, quem vai pagar é essa sua nova namorada. – Então ele era pai de Heather. E mal se importava com o que havia ocorrido. Aquilo me deu uma pontada de raiva.

— Você não vai encostar um dedo na Sophie, seu miserável porque em primeiro lugar eu jamais deixaria e em segundo porque não fui eu a sequestrá-la. – Ethan responde indiferente e me arrepio.

— Acha mesmo que consegue me parar? Se você não vai me responder por bem, vai responder por mal. Segurem ele. – Grita o homem.

Levanto-me assustada ao ver quatro capangas entrando e segurando Ethan.

— Isso é típico de você, não é? Um homem tão velho e poderoso, mas vai continuar sendo o mesmo Santiago covarde que meu pai derrotou tantas vezes. – Murmura Ethan com um sorriso no rosto. Esse idiota não podia parar de provocar nem em momentos como esse?

A arma de Ethan cai e Santiago lhe da um murro forte.

— Vou perguntar pela última vez Ethan... Onde está Heather? – Pergunta ele.

— Se eu soubesse, estaria espancando ela agora mesmo e nem precisaria de capangas para isso. – Provoca Ethan levando mais murros. Desço as escadas vagarosamente procurando pela arma de Ethan no chão. Por sorte, ela estava muito próxima a mim e eu a pego com muita dificuldade.

— Solta ele ou eu atiro. – Grito e todos os olhares se voltam para mim.

— Sophie... Você cresceu. – Arqueio a sobrancelha confusa. Ele se aproxima e eu levanto a arma, mirando para ele. Minhas mãos estavam muito trêmulas e eu não sabia como atirar. – Mal consegue segurar uma arma querida.

Ele tenta mais uma vez a aproximação e vejo Ethan de canto de olhos tentando inutilmente sair dos braços daqueles homens. Puxo o gatilho ouvindo o barulho do tiro e agradeço por não ter atingido o homem. Não acho que teria coragem de machucar alguém mesmo que seja para defender a mim mesma.

— Se afasta. – Sussurro quando estávamos a poucos centímetros de distância. Ele sorri quebrando a distância entre nós e segurando meus braços com força.

—Então Ethan, vou perguntar... – Santiago iria completar a frase, mas quando se virou para encará-lo, ele não estava ali e todos os homens estavam ao chão se levantando com dificuldade. Ouço o barulho da arma sendo destravada e as mãos de Santiago tensas. Olho de esguelha somente para ver Ethan com uma arma apontada em Santiago.

— Sophie, vai para o andar de cima. – Diz Ethan e eu corro até a escada, mas não subo os degraus temendo que acontecesse o pior ali.

— Ethan, Ethan... Você realmente é como seu pai. Não mede esforços para salvar a garota que ama. – Murmura Santiago me encarando com um sorriso no rosto. – Relaxe rapaz, eu só quero saber onde está minha filha... – Diz na defensiva.

— Ela não está aqui então... Some.

Santiago caminha até a porta e os homens o seguem rapidamente e em questão de segundos não há nem sinal deles. Corro em desespero para os baços de Ethan, o abraçando com força.

— Por favor... Me diz que não tem nada haver com isso... – Sussurro afundando meu rosto em seu peitoral.

— Eu juro que não tenho ideia de onde ela está... Acredite ou não, mas se eu a tivesse sequestrado, Santiago a teria encontrado morta em algum lugar por aí. – Responde Ethan e eu suspiro aliviada.

Heather

Abro os olhos com dificuldade. Mal sentia meu corpo. As lágrimas escorriam pelo meu rosto rapidamente e eu sentia minhas bochechas arderem. Levanto-me com dificuldade. Não conseguia enxergar nada em volta. Tudo estava negro, somente uma lâmpada fluorescente iluminava meu rosto. Sinto todo o meu corpo doer só de respirar. Ouço o barulho da porta sendo aberta e observo a sombra de um homem se aproximar. Estremeço.

— Ethan? – Sussurro seu nome sentindo mais lágrimas caírem.

— Vai desejar que fosse Heather... Vai desejar que fosse... – Diz uma voz grossa. E então ele me puxa com uma força desnecessária para mais uma série de espancamentos. Seja quem fosse, estava certo. Eu desejava com todas as forças, que fosse Ethan. Porque assim, eu já estaria morta há séculos.


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