The Wind escrita por HikariBibii


Capítulo 5
Rajada de vento


Notas iniciais do capítulo

Heeellooou people!!!! I'm back! :3
Finalmente, depois de um bom tempo esperando, eu trago a vocês o capítulo 5 de The Wind! Além de ser um dos maiores capítulos da fic até agora, é também a chave para o arco Ferriswheel da fic! A partir de agora que as coisas realmente vão começar a esquentar! Ficaram ansiosos? Então boa leitura! Mas antes que eu me esqueça, apenas um aviso prévio: se você ainda não estudou a matéria de "genética" em biologia na escola, talvez você não entenda algumas piadinhas desse capítulo, mas eu espero que se divirta mesmo assim (ou caso você realmente queira entender as piadinhas, PEGUE UM LIVRO E VÁ ESTUDAR! >8D).
Bom, agora que eu estou de férias da faculdade até 12 de AGOSTO, isso mesmo A-GOS-TO! Vocês podem em importunar pedindo por novos caps xD (é sério que eu disse isso mesmo?) Enfim.... no final das contas eu só vou postar quando tiver boas ideias mesmo u-u
Bom chega de delongas, e BOA LEITURA [2]! :3



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Terça-feira, 18 de Setembro.

O relógio de pulso do garoto sentado na carteira mais próxima da minha e o meu estômago resolveram fazer um complô para me torturar. Faltavam poucos minutos para meio-dia, o horário de almoço, e por eu infelizmente ter perdido a hora de acordar, não tive tempo de tomar o meu café da manhã. E para piorar tudo, nem consegui sentar no meu lugar de costume, ao lado da Bianca, o que significava que até agora, mesmo depois de 4 tempos de aula, eu ainda não tivera oportunidade de conversar com ela. Além disso, o que mais me irritava também é que Bianca não parou de mexer em seu celular nem por um segundo durante as aulas. Isso não é normal, não vindo dela! E eu sabia que isso só poderia significar uma coisa: o moreno de olhos castanhos de ontem.

Após alguns segundos a mais me remoendo de pensamentos sobre a loira em minha carteira na tentativa de esquecer a fome, o meu estômago havia sido salvo literalmente pelo gongo: meio-dia em ponto. Assim, todos os alunos se levantaram imediatamente se dirigindo para a porta da sala de aula na maior agitação. Eu estava tão desesperada para não perder a Bianca de vista que foi exatamente isso que acabou acontecendo. Confesso que fiquei bem chateada por ela não ter nem ao menos me esperado do lado de fora da sala. Desse jeito eu não ia conseguir falar com ela nunca, e meu interrogatório sobre o tal do Black iria pro béléleu! Não havia mais nada que eu pudesse fazer, o jeito era seguir o fluxo de alunos até a cantina da esperança de conseguir encontrá-la em alguma das mesas.

O caminho para salvar o meu estômago se tornava mais difícil a cada passo que eu dava. Os corredores estavam repletos de alunos do colegial, todos em busca de comida, assim como eu. Se o meu caminho continuasse difícil dessa forma seria capaz de eu desmaiar ali mesmo! Mas felizmente, eu fui salva por uma mão misteriosa no meio do caminho.

Cabelos verdes presos em um rabo de cavalo. Olhos da mesma cor. Uma mão quente de uma forma estranhamente familiar, que fazia o meu coração acelerar. Sim, era o professor N, que me puxou para fora da multidão.

– Hoje você não vai fugir de mim, não é? – a voz provocante penetrava nos meus ouvidos, do modo mais sedutor possível.

– N-não! – balbuciava deixando minhas bochechas corarem um pouco – Que-quero dizer, se eu continuar faltando que nem ontem minhas notas não vão melhorar, não é?

Ele apenas sorriu e me empurrou de volta para a multidão de alunos. Maldito! Se quer me salvar, que pelo menos me salve direito!

x-x-x

Depois de mais alguns minutos lutando para chegar na cantina, eu finalmente havia chegado no meu destino, mas ainda teria que enfrentar uma fila até o balcão para saciar a minha fome. Logo, fitei o cartaz pendurado atrás do balcão, a comida do dia era tacos. Aaaaah, então isso explicava o porquê da minha terrível dificuldade de chegar até a cantina: os tacos. Todo o semestre, no dia dos tacos a escola vira uma loucura no horário do almoço. Normalmente apenas os estudantes que não trazem comida de casa compram na cantina, mas no dia do taco não, simplesmente todos os estudantes do colegial resolvem comprar o seu almoço! Pra minha sorte, até que a fila estava andando rápido. Mas isso não deveria ser motivo para preocupação, afinal, a USS, sempre se preparou muito bem para o dia do taco, dobrando a quantidade de funcionários da cantina. A minha única preocupação era que justo hoje, no dia mais conturbado para se comprar comida nessa escola, eu fui perder a hora e não consegui tomar o meu café da manhã! Eu mereço...

Felizmente, quando eu pensei que fosse desmaiar, um belíssimo taco brotou magicamente na minha bandeja, fazendo com que todas as minhas energias voltassem ao seu padrão normal só de olhar para ele! Tacos tem realmente muito apelo visual... Mas, bom, agora que o problema da fome estava solucionado, eu precisava solucionar o meu outro problema: achar a Bianca. O que não foi muito difícil, poucas são as garotas loiras da escola, ainda mais as com cabelos curtos. Porém, para a minha infelicidade, a loira já estava em companhia, e de quem seria? Ah, claro, do moreno de ontem!

Me sentei na mesa ao lado dos dois, não queria atrapalhar a conversa que parecia estar fluindo tão bem. Apenas me concentrei em devorar logo o meu taco enquanto tentava ouvir, sem sucesso, o que eles tanto estavam conversando. Eu não gostava do fato de ver a Bianca tão próxima de outra pessoa sem ser eu... Eu me sentia como se estivesse sendo substituída, mesmo que lá no fundo tivesse algo me dizendo que isso era só uma fase da loira. Será que é isso o que chamam de ciúmes?

Felizmente, não demorou muito para que Bianca percebesse a minha presença bem do seu lado. Logo, se despediu do moreno, e veio na minha direção.

– E aí, Tou! – cumprimentou-me com um sorriso ao sentar-se na mesa onde eu estava – A gente não se fala desde ontem. Me desculpa por isso. Como tem sido o seu dia?

– O pior dos piores. – retruquei.

– Aaaah, não fique assim! Aposto que tudo isso vai melhorar quando você for ter a sua aula de recuperação particular mais tarde com o professor N e-

– Quem é ele? – lancei a pergunta que não queria calar com um tom bem sério, que até me surpreendeu. Deixando de lado completamente o fato de eu ficar mais chateada a cada segundo com a loira a minha frente. Principalmente pelo fato dela não ter sequer indagado o motivo do meu dia estar tão ruim.

– Ah! Você tá falando do Black? – perguntou ao apoiar o rosto em uma das mãos.

Apenas assenti e ela continuou:

– Bom, eu e o Black nos conhecemos há 12 anos atrás quando eu ainda morava na Itália. Por isso que eu chamava ele de Nero, que é preto em italiano, tal como seu nome, Black, que é preto em inglês. Nós fomos amigos inseparáveis durante três longos anos, estudando juntos e saindo para nos divertir. Assim, quando eu fiz 8 anos eu me mudei pra cá, por conta do trabalho do meu pai, e nós nunca mais nos vimos.

– É só isso? – indaguei fitando seriamente os seus olhos verdes, sentindo que ainda faltava alguma coisa a ser dita.

– Bom... – a loira fez uma pausa – Ele também foi o meu primeiro amor. – finalizou com um sorriso envergonhado.

Eu sabia! Eu sabia que tinha alguma coisa a mais nessa história! A Bianca olhou para ele ontem de um jeito surpreso bem diferente do normal. Eles definitivamente devem ter ótimas memórias juntos. Mas peraí... primeiro amor, isso quer dizer que...

– M-mas, Bianca! Se você disse, que ele foi seu primeiro amor... isso quer dizer que... seu primeiro beijo não foi com o Cheren como você me contou? – indaguei tentando disfarçar a minha curiosidade.

A loira corou imediatamente na mesma hora em que finalizei a pergunta:

– S-sim e n-não! – ela balbuciava sem conseguir fazer o menor sentido.

– Como assim, sim e não? Explica isso melhor Bianca! - persisti em obter a resposta para a minha questão.

– Bom... a gente teve um beijo sim, mas foi daqueles de criança, sabe? Um selinho daqueles bem mal dado e todo torto. E além do mais, foi um beijo acidental. Não sei se isso conta como um primeiro beijo oficial, sabe?

– Mas é claro que conta! Um beijo é um beijo, sem exceções! – exclamei – E além do mais... você só fala isso porque já beijou alguém de língua, não é? – completei fazendo a loira corar.

– B-bom! É que quando você beija alguém de língua... você passa a ver os selinhos como algo meio bobo e infantil, sabe?

– Hunf! Só diz isso porque já beijou dos dois jeitos! – me levantei cruzando os braços com um ar de brincadeira - Você não devia falar isso pra uma velha idosa de 17 anos boca virgem como eu! – exclamei ao apontar para o meu próprio lábio.

Bianca entrou na gargalhada. Iniciou uma risada melodiosa e bem gostosa de ouvir, daquelas que só ela consegue fazer.

– É por isso que eu gosto tanto de você, Tou. – disse enxugando uma lágrima por de trás dos óculos – Você é honesta demais.

Sorri involuntariamente com o que ela falou. Pela primeira vez no dia eu estava me sentindo próxima dela de novo. Dei um soquinho na minha própria cabeça, ainda rindo. Mas sem deixar a próxima perguntar escapar, fui em frente:

– Mas e o que vocês conversaram tanto ontem? E além disso... como ele te achou aqui em Unova? – perguntei, ainda completamente curiosa.

– Ah sim! – a loira exclamou ao encostar o dedo indicador no queixo – Ele disse que desde que eu falei que iria me mudar para Unova, o nome da cidade ficou na sua cabeça e ele decidiu que conseguiria de alguma forma se mudar pra cá para podermos nos reencontrar. E bom, o jeito que ele conseguiu foi estudando muito para passar para a USS, e conseguir fazer o colegial aqui. E ele disse que quando viu o meu nome em uma das turmas ele ficou surpreso por ter me encontrado e com raiva de si mesmo por não ter percebido que estávamos na mesma escola desde o primeiro ano colegial.

– Woaaal! – exclamei. – Sei que posso estar enganada, mas... parece até que esse garoto ainda é louco de amores por você!

– E-e-e-e-e- ele é! – Bianca confessou corando. – Ontem mesmo ele ficou surpreso por saber que eu estou namorando com um universitário. Ele parecia até um pouco desapontado, mas ainda falou que isso não devia ser surpresa já que eu sou tão... bonita. – a loira finalizou ainda mais corada.

– Fiu, fiu! – assobiei. – Mas que Romeu, hein! Pena que ele já perdeu pro Cheren, não é?

– S-sim! – Bianca afirmou ainda corada e um pouco cabisbaixa.

Tinha alguma coisa estranha no ar. Talvez a Bianca ainda sentisse lá no fundo alguma coisa por ele, principalmente por ele ter sido o seu primeiro amor. Mas de qualquer forma, depois de ter começado um namoro tão bom com o Cheren é bem improvável que alguma coisa venha a mudar.

– Bom, é melhor voltarmos para a sala agora. A próxima aula vai começar em 5 minutos. – alertou-me a loira, rompendo com o silencio.

– Certo! – afirmei, deixando os meus pensamentos para uma outra hora.

x-x-x

As últimas três aulas do dia foram completamente tediosas. Não são todas as matérias que tem a honra de ter um professor lindo como o N. Mas, para a minha sorte, ou azar, apenas eu permaneceria na sala para ter a aula particular de recuperação de biologia com o tal professor que fazia o meu coração disparar. E lá estava ele, às 15 horas em ponto.

Cabelos verdes presos em um rabo de cavalo. Olhos da mesma cor. Um sorriso aconchegante e um olhar provocador que me seguia desde a sua entrada na sala.

– Pronta para começar? – ele perguntou ao colocar as suas coisas sobre a mesa do professor.

– S-sim! – murmurei, já começando a sentir o meu rosto esquentar.

– Bom, vamos começar com genética. – disse ele, se virando e começando a fazer anotações no quadro negro.

O professor N escrevia o conteúdo em uma velocidade incrível! Transparecia bastante a sua prática com a matéria e seu domínio de escrita no quadro negro. Ele podia ser um homem um tanto sedutor, mas a sua caligrafia era delicada e muito bem desenhada, assemelhando-se com a de um poeta. Eu ouvi uma vez,que só de olhar para a caligrafia de alguém é possível descobrir um pouco sobre sua personalidade, mas... por mais que eu tentasse, a caligrafia do professor N, por mais bela que fosse, não conseguia me dizer nada sobre ele, apenas que é um professor, e isso eu já sabia. Parecia que ele continuaria sendo uma incógnita para mim.

– Está vendo isso aqui? – ele perguntou ao apontar para o quadro, rompendo completamente com os meus pensamentos a seu respeito.

– Uh, o quê? – indaguei demonstrando a minha total falta de atenção.

– Você sabe o que é isso? – ele continuou perguntando ao apontar para uma espécie de desenho no quadro.

– São várias bolinhas e quadradinhos que se ligam alternando entre preto e branco? – arrisquei, apoiando o meu rosto em uma das mãos.

– Você não prestou atenção em nada mesmo nas últimas aulas, hein. – debochou, contendo um risinho leve. – Isso se chama heredograma genético e foi basicamente o que nós estudamos para a primeira prova. Isso explica por que você está aqui. – finalizou de forma rude, mas ainda com um ar sedutor.

– E-e-e-ei! Eu tenho dificuldade com biologia, ok?! – retruquei, começando a ficar um pouco irritada, mesmo com um cara lindo desses.

– Parece que você tem dificuldade em não olhar para mim. – afirmou, sorrindo de forma provocadora.

– C-c-como ousa?! – exclamei ainda mais corada do que antes, com um misto de vergonha e raiva me preenchendo.

Ele apenas riu de leve mais uma vez, e visando acabar logo com o clima, retomou as suas explicações:

– Por exemplo, com base nesse heredograma genético de herança quantitativa.

Esse sou eu, e essa é você. – comentou, ao puxar uma seta saindo do quadrado e escrevendo “N”, e uma seta saindo do círculo e escrevendo “Touko”.

– E o que isso quer dizer? – perguntei sem entender porra nenhuma do que ele estava falando.

– Isso quer dizer que, como em todos os heredogramas genéticos, os quadrados representam os indivíduos do sexo masculino, e os círculos os indivíduos do sexo feminino. Logo, no caso do exemplo, eu e você tivemos relações sexuais, dando origem há mais um indivíduo, do sexo masculino.

– M-M-M-MAS O QUÊ?!?!!??! – exclamei bem alto, chegando no meu auge de vergonha, com o coração batendo a mil e a minha temperatura corporal em erupção vulcânica.

– Ei, se acalme, isso é só um exemplo. – ele comentou com um sorriso sarcástico no canto da boca. – Continuando... De acordo com a herança quantitativa para a cor dos olhos, se nós dois tivéssemos um filho, ele teria 50% de chances de ter olhos verdes e olhos azuis. Isso porque, o gene da cor azul é recessivo, logo ele é “aa”, e como o gene da cor verde é intermediário entre o azul recessivo e o castanho dominante, ele é “Aa”. Dessa forma, ao realizarmos o cruzamento entre os genes “aa” e “Aa”, nós temos ½ de chances para as cores verde e azul. Entendeu? – a beldade de cabelos verdes finaliza sorrindo ao se virar para mim.

– A-acho qu-que s-sim. – por mais que eu estivesse completamente corada, ainda dava para entender e prestar atenção no que ele falava, principalmente quando ele me metia no meio da sua explicação.

N sorriu de leve ao ver o meu estado completo de vergonha após o seu ensinamento, e ainda continuou:

– Agora, sobre a cor do cabelo do bebê, ele definitivamente teria cabelos castanhos como os seus, já que tanto na cor dos cabelos como na dos olhos, o castanho é a cor dominante, logo ele é “AA”. – o professor finaliza com o mesmo sorriso provocador da última vez.

O professor N definitivamente estava se divertindo me provocando desse jeito. Mas ao mesmo tempo, pude perceber a inteligência da sua estratégia para me ensinar a matéria. Já que ele, infelizmente, percebeu a minha pequena queda por ele, está fazendo uso disso para me manter concentrada em suas explicações.

Depois de mais algumas explicações um tanto constrangedoras, o professor N me passou para a segunda hora da aula, uma listagem de exercícios sobre genética para ser resolvida por mim. E não é que em todas, simplesmente TODAS, as questões o nome do marido e da mulher era N e Touko? Parece que esse professor pensou em tudo mesmo... Após resolver as questões, ele as corrigiu comigo, me constrangendo mais uma vez com as suas palavras. Mas no fim, parece que eu não fui tão mal assim, das 20 questões, eu acertei 13. Já é um começo.

Quando menos pude perceber, o sinal já soava. Eram 17 horas da tarde.

– Ah que pena. Acabou a diversão por hoje. – ele comentou, lançando-me mais um de seus sorrisos provocantes.

– Que pena? Eu finalmente estou é livre dessa tortura! – comentei, ao me espreguiçar, para não parecer completamente enfeitiçada pela sua beleza.

Ele apenas sorria com tudo o que eu falava. Era impressionante.

x-x-x

Saindo da escola, me lembrei que a minha mãe havia pedido para eu passar no supermercado para comprar alguns ingredientes para o jantar. Ainda bem que eu tinha me lembrado, caso o contrário, jantaria sanduíches de queijo pela terceira noite consecutiva. E para a minha sorte, o supermercado ficava há apenas um quarteirão da USS. Não teria que andar muito.

Durante o caminho, peguei o meu celular e chequei nas anotações a lista de compras, para ter certeza de que eu não iria me esquecer de nada, caso o contrário, a minha mãe ficaria furiosa! A lista era clara e simples: duas caixas de leite, uma caixa de ovos, um saco de farinha, e uma lata de creme de leite. Aparentemente, a minha mãe pretendia fazer panquecas.

Chegando no supermercado, peguei um dos carrinhos de compra disponíveis e iniciei a minha busca pelos ingredientes. Comicamente, o supermercado estava bastante cheio para uma terça-feira no final da tarde. Parecia até que toda a região de Unova havia decidido fazer compras no mesmo horário, o que dificultava as coisas para mim. Estava até mesmo difícil de andar pelos corredores do estabelecimento.

Após uma hora lutando para completar a minha lista de compras, eu me deparo com uma fila gigantesca, na qual eu passaria, pelo menos, a minha próxima uma hora. Era esforço demais para jantar simples panquecas.

x-x-x

Após exatas duas horas no supermercado, eu finalmente consegui sair dali, e já eram 19 horas da noite. O céu já estava bem escuro, e a rua residencial, na qual eu iria seguir até a minha casa estava um tanto deserta, mesmo com a quantidade absurda de pessoas que continuavam dentro do supermercado. Eu estava certa, Unova inteira deveria estar lá dentro.

Sempre fico um pouco receosa de andar sozinha de noite, ainda mais carregando uma bolsa escolar e um saco de compras, mas como eu não tinha para onde fugir, o jeito era deixar o receio de lado e seguir em frente.

Cada passo que eu dava era uma batida mais forte no meu coração. Acho que eu conseguia ouvir os meus próprios batimentos cardíacos. Aquela rua escura e deserta me remetia até mesmo a um filme de terror. Eu tinha que manter a calma e respirar fundo. Mas parece que o quanto mais eu pensava em ficar calma, mais nervosa eu ficava. Era um ciclo vicioso.

Quando já estava na altura da USS, pude ouvir alguns passos. Me virei bruscamente para trás. Não havia nada ali. Devia ter sido só a minha imaginação. Ou quem sabe, um gato assustado procurando por comida. Tudo o que eu tinha que fazer era seguir em frente até o final da rua. Eram apenas mais dois quarteirões até a minha casa.

– A-ah! – sinto uma mão grande e fria me puxar para trás, jogando-me contra o chão.

Prenso os meus olhos com força. Sinto o meu corpo bater contra o asfalto em uma velocidade incrível. Ouço o barulho de todas as minhas coisas rolando pelo chão. O medo domina o meu corpo.

A mesma mão grande e fria volta a me importunar. Abro os olhos e me deparo com três homens enormes me cercando por todos os lados. Suas faces eram horríveis e peludas, e todos estavam olhando para mim do jeito mais malicioso possível. Eu já sabia o que estava acontecendo ali, eu só não conseguia acreditar.

Sinto o laço azul do meu uniforme escolar começar a se desfazer. Sinto uma vontade desesperadora de gritar, mas só consigo soltar palavras rocas e mal faladas. O meu corpo fica paralisado com a situação e eu não consigo pensar em nada. O meu coração estava a mil e tudo o que eu desejava era morrer naquele exato momento.

Duas mãos frias apertam meus seios contra a camisa, despertando-me para a realidade novamente:

– N-NÃO! – grito ao me contorcer, deixando-me ser dominada pelo desespero e pelas lágrimas incontroláveis que transformavam o meu rosto em uma cachoeira ativa.

Uma das mãos frias que estava em meu seio passa para a minha boca, e uma voz extremamente nojenta sussurra em meu ouvido:

– Sssshh.... shhhshsh.... Fica quietinha aí, princesa. A gente só quer se divertir um pouco com você. Seja uma boa menina e fica aí na tua que depois a gente vai embora. – finalizou dando uma lambida em meu lóbulo da orelha.

Minha vontade era de gritar, de gritar tão alto a ponto dos meus pulmões explodirem. Até que eu comecei a sentir a minha saia sendo puxada para baixo. Eu já estava prevendo a minha morte.

De repente, uma rajada de vento estoura em meus ouvidos, levando um dos homens para o outro lado da rua. Rapidamente, os outros dois se levantam e vão na direção do homem caído. Em questão de segundos, ouço a rajada de vento estourar mais uma vez, fazendo os dois que estavam de pé voarem para direções distintas.

Quando eu percebi, estava livre. Caída no chão, com a camisa aberta e com as minhas coisas espalhadas ao meu redor. Mas eu estava livre. Assim, sem hesitar, me ajoelhei, olhei na direção a qual ouvi a rajada de vento estourar, e foi então que as lágrimas tornaram-se ainda mais incontroláveis.

Cabelos verdes presos em um rabo de cavalo. Olhos da mesma cor. Um olhar feroz, mãos extremamente feridas e uma respiração ofegante. Era ele, o professor N, que veio me salvar.

Corri de forma completamente involuntária, atirando-me em sua direção com um abraço muito apertado. As lágrimas pareciam controlar as minhas emoções, e caíam cada vez mais, como se já fizessem parte de mim. As mãos quentes do professor N me apertavam com mais força, enviando-me toda a sua ternura.

Eu estava feliz. Eu estava aliviada. Eu estava confusa.

– Co-como vov-você m-me en-encontrou? – balbuciava entre soluços sufocados pelas minhas lágrimas.

– Eu apenas gosto de ficar de olho no que é importante pra mim. – ele respondeu, com um ar ainda sério, sem me soltar por sequer um segundo.

– Obrigada! Obrigada! Obrigada! Obrigada pra sempre! – conseguia ouvir os meus próprios batimentos cardíacos. – Obrigada por existir!

Pude sentir o abraço do professor N se intensificar cada vez mais. Eu não sentia mais medo. Eu me sentia completamente protegida entre os seus braços. Sentia como se ele fizesse parte de mim. Me sentia no paraíso, sendo envolvida por todo aquele calor aconchegante. Um calor que eu nunca queria que acabasse.

O abraço do professor N era realmente quente. Um abraço caloroso.

A lua se pôs, o vento soprou e o sol nasceu. E eu nem sabia que a partir daquele dia, tudo começava a mudar.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Se você leu o capítulo até aqui, muito obrigada! E por favor, não se esqueça de comentar, a sua opinião é muito importante pra mim! ♥
P.S: Continuem acompanhando a fic, não vão se arrepender!! ♥ ♥ ♥