Felizes... para sempre? escrita por Enthralling Books


Capítulo 23
Uma resposta


Notas iniciais do capítulo

Voltei, my dears. Não morri nem nada, mas esse tempo longe de vocês foi um pesadelo.
Resumo da história: A placa mãe do meu computador queimou, fiquei sem internet, meus pais tomaram posse do notebook e minhas aulas voltaram com tudo depois de uma greve. Meu computador não foi consertado (e acho que nem será) e o notebook fica no quarto dos meus pais, o que significa dizer que meu acesso a ele é bem restrito agora. Estou reorganizando meus horários e escrevendo algumas coisas pelo celular (coisa que eu odeio fazer, mas é o jeito...) para não deixá-los esperando outra vez.

Passando para as coisas boas, a fic recebeu uma recomendação linda da BookQueen. Agora imaginem como essa autora ficou depois de ler que a fic é digna de um livro *-* OMG. Muito obrigada, BookQueen pela super recomendação. Eu amei.



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E agora, tio? Qual é o próximo passo?

– O último. Atacar o palácio e capturar seu avô.

::

– Sim, mas isso vai ter que esperar. Agora você precisa se recuperar. – Falei.

– O que? Desse arranhãozinho? Eu estou ótimo. – Arqueei uma sobrancelha, enquanto ele se ajeitava na cama, com o maxilar travado, tentando não demonstrar a dor que nós sabíamos que ele estava sentindo.

– Temos certeza que sim, Aspen, mas você não precisa matar a Lucy do coração, ela ficou muito preocupada. – Fui direto à fraqueza para evitar demonstrações desnecessárias de força da parte dele.

– Golpe baixo. – Resmungou e eu sorri.

– Bom, vamos deixar você descansar. Vem, filha. Evans, por que você não vai brincar com a Nicole? Tenho certeza que seu pai vai querer dormir um pouco.

– Mas, tia, meu pai ainda não me contou como foi lá. – Reclamou.

– Ele vai ter tempo pra isso. Ele deve ter ficado a noite inteira acordado, pequeno. Vem, vamos deixá-lo descansar um pouco.

– Eu não sou pequeno, tia. – Resmungou já indo atrás de Nicole.

– É claro que não, pequeno. – Dei uma piscadela para Lucy e saí do quarto, acompanhada de Maxon. Nicole e Evans já tinham desaparecido pelo corredor.

– Naquele dia que você ligou para Nicolleta, como foi? Alguma novidade da Itália? – Maxon perguntou, depois de um tempo apenas caminhando em silêncio. Já estava quase na hora do jantar, então fomos a um diminuto e belo jardim que temos atrás da casa, muito modesto em comparação ao Jardim Interno da Rainha – agora ex-rainha –, mas tinha os seus encantos.

– Da Itália, não. Mas tenho notícias da Inglaterra – Respondi.

– Quais?

– Eu não queria falar sobre isso agora que temos tantas preocupações, mas talvez goste de saber.

– O que? – Perguntou curioso.

– É sobre Lucca. – Respondi hesitante, esperando pela sua reação. Vi quando Maxon travou o maxilar e respirou profundamente.

– O que tem ele? – Perguntou rispidamente.

– Se mudou para a Inglaterra definitivamente. Nicolleta se recusa a manter os gastos dele com os jogos, então ele foi tentar extorquir a noiva. É claro que com a aproximação do casamento um deles teria que se mudar para o outro país em breve. Nick falou que recebeu uma ligação de Jules...

– A noiva dele?

– É. Então, ela ligou confirmando o casamento, mas perguntou se a Itália romperia a relação com a Inglaterra se Lucca fosse preso.

– Tudo bem, essa eu não entendi.

– Jules é uma nobre e foi criada para se casar através de um arranjo, Maxon. – Expliquei – Ao que me parece, Alexander tentou um arranjo com outro nobre italiano para ela, mas os parlamentares insistiram em Lucca porque ele é o parente mais próximo de Nicolleta que está disponível. Lucca sabe que não importa o que ele fizer o noivado não vai ser desfeito, então ele não se preocupa em parecer arrependido pelo que... Você sabe... O que ele fez. – Hesitei, já que esse ainda é um assunto delicado para nós dois.

Apesar de parecer há uma vida de distância, não tinha nem três semanas desde que nossa filha tinha sido sequestrada por aquele projeto malfeito de ser humano.

– Eu sei. – Ouvi outra respiração profunda.

– Então, ele exige dinheiro de Jules toda noite, quase a estuprou na semana passada e anda fazendo chantagens e ameaças.

– Se esse sujeito estivesse na minha frente, eu juro que deformaria a cara dele com minhas próprias mãos antes de matá-lo. – Maxon estava completamente irado, provavelmente pensando que Nicole e eu estivemos a mercê dele. Eu pus minha mão sobre o seu braço e ele me abraçou de uma forma protetora.

– Nick me disse que depois do casamento, Lucca ganharia sua nacionalidade inglesa e poderia ser punido na Inglaterra por seus erros sem que a Itália precisasse intervir.

– Então eles só estão esperando o casamento para prendê-lo? – Perguntou, precisando de uma confirmação.

– Sim. Logo, logo ele vai pagar pelo que faz. – Respondi.

– Ainda é pouco. Se Nicole tivesse...

– Ela está bem. Nós estamos bem. – Interrompi, me virando de frente para ele.

– Vamos mudar de assunto? – Perguntou e eu voltei a me aconchegar em seus braços. Assenti.

– Sobre o que quer falar?

– Não sei. Qualquer coisa.

– May está grávida de novo. – Comentei.

– Sério? Isso é ótimo. Alexander deve estar feliz.

– Nas palavras da Nick, ele está parecendo um idiota. – Ficamos um tempo em silêncio. Maxon absorvendo a notícia.

– Eu fui ao terraço naquela noite, sabia? – Olhei para ele depois que quebrou o silêncio.

– Imaginei.

– Eu não tive a oportunidade de parecer um idiota. Alexander tem sorte. – Percebi que ele estava ficando meio melancólico e tentei amenizar o clima.

– Você pareceu um idiota pra mim quando nossa filha nasceu. – Brinquei e ele sorriu – Na verdade, você pareceu muito idiota. Pensei que fosse desmaiar.

– Só se fosse de dor, America. Você quase quebrou meus dedos. – Maxon entrou na brincadeira.

– É sério que você quer falar de dor? Porque eu acho que um simples apertozinho não deve ter doído tanto quanto um bebê saindo de dentro de mim.

– Tudo bem, você venceu. – Mais um momento silencioso, embora tenha sido bastante confortável - Ames, você pensa em... Tentar de novo?

– Eu não sei, Max. Eu... Eu já perdi tantos filhos que tenho medo de... Tenho medo de falhar outra vez. E mesmo que eu quisesse, não seria agora com tanta coisa acontecendo.

– Eu sei. Não estou falando isso. É só que eu não consigo parar de pensar em como tudo teria sido se eu não tivesse deposto você. Fico pensando como teria sido passar por tudo ao seu lado, os enjoos, os desejos, os quilos a mais... – Soquei-lhe o braço de leve e ele sorriu - Queria ter participado do crescimento da nossa filha, não só assistido.

– Não dá pra voltar atrás, Max. Vamos fazer assim: esperamos essa poeira abaixar, conversamos sobre os riscos com o médico, e depois eu penso no assunto, tudo bem?

– Faria isso? – Me aproximei para beijá-lo e de certa forma, sabia que, se tudo desse certo, eu não teria que pensar de verdade. Me surpreendi desejando um segundo filho provavelmente tanto quanto ele.

– Você só quer me ver gorda. – Insinuei.

– Isso também. – Maxon sorriu outra vez e me puxou para outro beijo, desta vez mais vorazmente.

Tempos depois e após muita conversa trivial e muitos beijos, seguimos de mãos dadas para o quintal, onde o jantar aconteceria.

– Um minuto da atenção de todos, por favor – Maxon falou em bom tom assim que subiu em uma cadeira – Como todos sabem, alguns soldados foram até o palácio esta noite. Quero informar que a missão foi um sucesso e não tivemos nenhuma baixa. – A multidão comemorou com gritos, palmas e abraços – O General Aspen foi ferido em combate, mas já foi atendido por um médico aliado que veio do centro de Angeles e passa bem. Estamos cada vez mais próximos do nosso objetivo. Parabéns para todos nós!

Maxon desceu da cadeira ainda ouvindo palmas e jantamos ao som dos comentários dos soldados. Assim que os nove que foram ao palácio com Aspen apareceram para o jantar, foi uma balbúrdia geral. Todos queriam saber o que tinha acontecido e o que eles tinham enfrentado. Se eu não tivesse escutado a mesma história de Aspen, certamente também quereria saber.

– Vou levar o jantar para Aspen e Lucy – Disse de repente deixando Maxon confuso.

– Por quê? Uma criada pode levar.

– Eu sei, mas vou aproveitar para ver como Aspen está e se precisa de alguma coisa.

– Tudo bem. Qualquer coisa me avise.

– Pode deixar.

Peguei uma bandeja e coloquei algumas opções variadas nela. Uma criada se ofereceu para me ajudar, mas eu neguei e ela não insistiu. Fui ao quarto de Aspen e Lucy e bati na porta anunciando minha presença. Sabe-se lá que tipo de surpresa eu poderia ter se não batesse? Preferi não arriscar. Lucy abriu a porta já vestida para dormir.

– Oi, Meri.

– Pensei que não iria querer descer para jantar. Trouxe isso para vocês. – Estendi a bandeja, que ela pegou lançando-me um sorriso simpático.

– Obrigada. Você quer entrar?

– Não, não. Não precisa. Como ele está?

– Teimoso. Se recusa a dormir agora. Foi um sacrifício fazer com que ele não descesse para o jantar. Ele sabe que não pode forçar, mas é teimoso demais. – Disse num tom mais alto, claramente com o objetivo de que Aspen ouvisse a reclamação. Já podia imaginá-lo revirando os olhos, bufando e achando as medidas de precaução de Lucy exageradas.

– Bom, agora ele não precisa descer. Diga que, se ele levantar, eu farei com que a espada que o atingiu pareça um corte feito por uma tesourinha cega. – Aumentei o tom de voz também, dando uma piscadela cúmplice para Lucy e arrancando-lhe um sorriso sincero – Boa noite, Lucy.

– Boa noite, Meri, e obrigada de novo.

– Por nada.

Desci as escadas, comprometida a deixá-los descansar em paz. Já estava voltando para junto de Maxon quando algo me chamou atenção: Kota com uma expressão nada amigável no telefone.

– ...Fica calma! Eu vou falar com eles agora mesmo... Sim, você fez bem, mas temo que seja o suficiente... Se cuida! Tchau.

– Kota, quem era no telefone? – Perguntei assim que ele desligou o telefone.

– Que susto, America! – Disse virando-se bruscamente e com a mão sobre o peito - Era a nossa mãe.

– O que ela queria? O que está acontecendo? – Perguntei hesitante.

– Uma resposta.

– Do que está falando? – Silêncio – Kota, você está me deixando preocupada. O que aconteceu? É alguma coisa com o nosso pai?

– Chame o Maxon. Vamos precisar dele aqui.

– Será que dá pra você me expl...

– Agora não, Meri. Vá buscar o Maxon e depois eu explico.

Eu poderia ter exigido uma resposta, mas algo no tom de voz dele me disse que eu não deveria discutir: Urgência e preocupação. Corri em busca de Maxon como há muito tempo eu não corria, de modo que logo a minha respiração ficou descompassada. As pessoas que me viam correndo, provavelmente lançavam olhares de confusão, mas não parei para conferir.

Quase trombei com Maxon, mas ele me segurou pelos braços antes que eu o fizesse.

– Ames, o que foi?

– Não... Sei... Vem... Comigo – Respondi ofegante. Maxon correu ao meu lado de volta a casa. Encontrei Kota no telefone outra vez.

– ...Peço desculpas outra vez e agradeço pela ajuda... Vou sugerir isso imediatamente... Boa noite.

Maxon e eu nos entreolhamos e eu tenho certeza de que a feição preocupada dele refletia a minha.

– Kota, o que está acontecendo? – Maxon perguntou desta vez.

– Clarkson sitiou o Hospital da Monarquia. – Senti como se tivesse levado um soco direto no rosto, ou uma facada no peito. O que doesse mais. Caí sentada no sofá.

– Não!

– Como está a nossa família? – Maxon perguntou e, embora a situação fosse extremamente tensa e perigosa, apreciei o fato de ele ter dito “nossa família”, e não “a família de vocês”.

– Por enquanto bem. Eles foram transferidos para outra ala do hospital.

– Meu pai já atacou? – Percebi que Maxon havia assumido sua postura rígida, que sempre tinha quando precisava cuidar do reino, e uma espécie de nervosismo contido, que eu aprendi a enxergar e a associar com o medo de não ser bom o bastante.

– Ainda não, mas ele tem uma centena de soldados lá. Estamos em desvantagem numérica de vinte para um. Eu estava com o diretor do hospital no telefone que me disse que tem muitos pacientes em estado grave na UTI e que teme que não possa salvá-los se Clarkson resolver agir.

– O que o está impedindo? – Perguntei temendo a resposta, mas temendo ainda mais não tê-la. Kota não respondeu.

– Não dá para ter certeza, mas se bem conheço o meu pai, ele está esperando eles se renderem.

– Por que precisaria disso? – Perguntei confusa.

– Reputação. Não fica bem atacar um Hospital. Ele seria considerado um covarde.

– Precisamos enviar reforços. Precisamos fazer alguma coisa, qualquer coisa, mas não podemos apenas ficar esperando. – Exigi saindo de um torpor que parecia ter me dominado assim que Kota disse “Clarkson sitiou o Hospital da Monarquia”.

– Não. Não podemos. Vou falar com Avery sobre os reforços, mas enquanto isso, nenhuma palavra a respeito para Aspen. Não vai fazer bem ele fazer esforço. Ele precisa se recuperar antes de voltar à ativa.

– De acordo. – Kota concordou e eu assenti.

Maxon saiu à procura de Avery e eu encarei Kota.

– Eu gosto desse novo você. – Comentei de repente e Kota me olhou confuso.

– Novo eu? Do que está falando.

– Eu sei que você está diferente já faz um tempo, mas eu não presenciei a mudança. Agora meus olhos veem que você não é mais aquele idiota egocêntrico que deixou nossa família de lado enquanto precisávamos de você.

– Obrigado? – Soltei um riso mínimo, mais como uma pequena torsão no lado esquerdo da boca.

– Eu só queria que soubesse que senti sua falta. Mesmo quando ainda estava em Illéa, antes da Seleção, até quando eu fui morar na Itália, eu senti sua falta.

– Queria poder dizer o mesmo, mas estive perdido demais no meu egoísmo para sentir falta de qualquer coisa relacionada à nossa antiga vida. Nunca me envergonhei tanto de uma ação minha quanto desta. Espero que me perdoe, Meri. Toda nossa família já me perdoou, mas ainda falta você.

Talvez pudesse ter desconfiado se Kota fosse ator, mas como escultor, atuar nunca foi um talento dele. E mesmo que tivesse sido, a sinceridade dele era quase palpável. Me atirei em seus braços num abraço apertado.

Meu irmão, meu irmão!

– Kota, o nosso pai não tem como se defender. – Murmurei.

– Ele é forte, Meri. Ainda vai viver mais do que a gente, quer apostar?

Sua tentativa de piada não ajudou em nada no meu humor, mas pouco me importei. Kota estava tentando me confortar e para mim isso bastava.

Ficamos mais um tempo abraçados, antes de nos separarmos. Apenas o fizemos quando Maxon entrou na casa, acompanhado de Avery.

– Será que alguém pode me explicar por que, dentre todos os lugares, eu deixei as armas no quarto de Aspen? – Perguntou, mais para si mesmo do que para nós – Qualquer desculpa que eu der para pegar aquelas mochilas vai deixá-lo sobressaltado.

– Armas? Você não está pensando em entrar numa luta com o exército do seu pai nas portas do Hospital, está? – Me desesperei.

– Não, Ames. Mas precisamos estar preparados para o caso de ele querer isso. – Explicou calmamente e eu suspirei ainda tensa, mas um pouco mais aliviada.

Maxon subiu as escadas e Avery o acompanhou. Voltaram equilibrando as nove mochilas pesadas nos ombros, braços e mãos e Kota e eu fomos ajudá-los. Maxon me enviou um olhar atravessado, claramente rejeitando minha ajuda, mas eu ajudei Avery no lugar.

– Não vou quebrar por pegar um pouco de peso, Maxon. Não precisa ser tão superprotetor.

– Não sou superprotetor. Só estou cuidando do que é meu. – Bufou e eu revirei os olhos.

Eu deveria descrever o que aconteceu na hora seguinte, provavelmente a hora mais agitada do dia, quando Avery resolveu tudo o que era necessário e moveu uma centena de soldados para o centro de Angeles, mas, durante este período, eu estive ligada apenas no modo automático, minha mente incapaz de processar qualquer coisa que não fosse a preocupação pela minha família, até que algo chamou minha atenção o suficiente para me despertar.

– Saímos em dez minutos.

– Espera! O quê? Saímos? Você não está pensando o que eu acho que você está pensando, ou está? – Perguntei chocada.

– Se você está pensando que eu vou ao Hospital da Monarquia, sim, nós estamos pensando o mesmo.

– Você não pode estar falando sério. – Mesmo focada no homem diante de mim, minha visão periférica captou um vislumbre de Kota e Avery nos deixando a sós.

– Ames, eu prec...

– Droga, Maxon! O que aconteceu com o “estamos juntos nessa” e o “nada vai fazer com que eu me afaste de vocês”?...

– America...

– ...Agora, de repente, você sai armado comandando uma centena de homens para lutar contra seu próprio pai e eu sou obrigada a ficar aqui sentada, esperando você voltar...

– America...

– ...Quer que eu fique tricotando enquanto isso também?

– America...

– ...Quando é que você vai entender que...

Não consegui terminar minha frase. Antes que pudesse perceber, Maxon me puxou para um beijo que, apesar de brava, não demorei nem meio segundo para corresponder. Seu braço direito me trazia pela cintura para mais perto de si, enquanto sua mão esquerda passeava pelo meu corpo.

– Eu te amo! – Declarou assim que nos afastamos.

– Fica comigo. – Insisti.

– É a nossa família, Ames. Eu tenho que ir. – Ele explicou carinhosamente, mas o efeito que causou em mim foi vergonhoso. Senti uma culpa enorme por estar sendo tão egoísta. Eu o estava impedindo de lutar por nossa família e tal pensamento me corroeu por dentro de tal forma que finalmente me rendi.

– Me promete que vai voltar.

– Eu prometo. – Envolvi seu pescoço com meus braços apenas a tempo de sentir um aperto fraco que não era de Maxon na minha cintura.

Nicole estava chorando. De todas as conversas, ela tinha que ouvir justo a essa?

Maxon abaixou, segurando-a pelas coxas e levantando-a em seguida.

– Pai, o senhor vai embora? – Aquela simples pergunta o afetou mais do que meu ataque de histeria, segundos antes. Eu podia ver como ele estava sentindo o peso das lembranças sobre seus ombros. Era o peso do Oceano Atlântico que por onze anos distanciou marido e mulher, pai e filha. Depois de apenas quatro dias juntos, era inconcebível nos afastarmos outra vez.

– É claro que não. Eu vou até o Hospital ver se nossa família está precisando de alguma coisa, mas volto assim que der.

– Assim que der quanto?

– Algumas horas, eu acho. Não vou demorar. Logo eu volto para as mulheres da minha vida.

– Promete?

– Prometo.

As horas que se seguiram foram terríveis de tão agonizantes. A pior parte, sem dúvidas, era a falta de notícias. Permaneci dentro de casa para que nenhum dos nossos aliados precisasse me ver tão angustiada. Nicole ficou em seu próprio quarto tocando seu violino para se distrair, mas conhecendo-a como conheço, sei que ela está tão angustiada quanto eu, mesmo com a pouca idade. É o pai dela afinal.

Lucy descobriu o que estava acontecendo assim que desceu para buscar água e me encontrou encolhida no sofá da sala. Foi inútil pedir que não contasse nada a Aspen por hora. Assim que eu pedi o segredo, uns tiques apareceram sinalizando que a simples ideia de esconder algo dele deixava-a nervosa. Se eu percebi isso, obviamente Aspen percebeu também e logo descobriu do que se tratava. Acho que nem preciso dizer que ele ficou uma fera por termos o deixado de fora.

Estava quase que esquizofrênica quando o telefone tocou e eu atendi no primeiro toque.

– Alô.

– America? – Ouvi uma voz chorosa do outro lado da linha. Prendi a respiração.

– Mãe? Sou eu. O que aconteceu? Por que está chorando?

– Ah, America! Ele... Ele... – Gaguejou. Senti minhas pernas fraquejarem e vi quando Nicole desceu as escadas correndo, provavelmente em alerta pelo som do telefone. Ela me fitava com seus olhos castanhos transbordando de medo e ansiedade.

– Ele o que, mãe? Ele quem? Pelos céus, o que aconteceu? - Chorei.

– Ah, filha! Ele se foi.

Continua...


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Notas finais do capítulo

E então, caros detetives... Quem se foi?
Cada capítulo que eu posto é uma dor no coração, porque a fic está acabando, gente. Aproveitem os últimos capítulos e me deixem saber o que pensam.

Página da fanfic no facebook: https://www.facebook.com/enthrallingbooks

Beijos e até a próxima õ/



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